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sexta-feira, 14 de maio de 2010

O Espiritismo e os Espíritos Malignos

“O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais...” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec, cap. XII, item 6). “Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Deus, que é soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres predispostos ao mal por sua natureza e condenados por toda a eternidade” (Livro dos Espíritos, Kardec, quesito 131).

Para o Espiritismo, Satanás, anjos maus, demônios são maus espíritos desencarnados, em fase de evolução. Analisemos o que Jesus nos revelou a esse respeito, Ele que foi, segundo Kardec, a “Segunda Revelação de Deus”.

A Palavra de Jesus

“Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 8-10).

Coloco-me no centro da teoria espírita para dizer que Jesus na qualidade de “Espírito Puro” teria plenas condições de identificar ali, não um adversário em potencial, mas um pobre espírito humano de classe inferior, necessitado de reencarnação. Esse “espírito perverso”, ao qual Jesus se dirigiu com palavras de ordem, alcançaria a perfeição mediante muitas vidas corpóreas. Ora, por conhecer o drama de seu “irmão”, Jesus o chamaria pelo nome da sua última encarnação. Diria mais ou menos assim:

“Meu caro Joaquim, não faças mais isto, ouviu? Na qualidade de Bom Espírito eu te aconselho a reencarnar rapidamente e escolher uma prova bem difícil, a fim de expungir suas culpas. Eu também já passei pela prova da evolução. Agora vá em paz, medite sobre sua vida, e largue essa mania de desejar ser adorado. Vá em paz e dê notícias minhas aos seus”.

Essas hipotéticas palavras estariam de acordo com o Espiritismo. Vejam a questão 116 do Livro dos Espíritos: “Os Espíritos não ficam perpetuamente nas camadas inferiores; todos eles tornar-se-ão perfeitos; mudam de classe, embora devagar”. Questão 117: “Depende dos Espíritos apressar sua marcha para a perfeição. Chegam mais ou menos rapidamente, conforme seu desejo e sua submissão à vontade de Deus”. Os espíritos maus só voltarão a Terra se quiserem. Se não desejarem reencarnar, permanecerão por aí infernizando a vida das pessoas. Deus na sua infinita paciência e misericórdia ficaria de braços cruzados esperando a boa vontade deles.

Observem que o diabo daria a Jesus “os reinos deste mundo” (Mt 4.8-9). Algum espírito desencarnado, da “terceira ordem”, teria sob seu domínio o sistema mundial? É evidente que tal domínio se aplica realmente ao império do mal sobre o qual reina o diabo, o deus deste século (2 Co 4.4). O diabo não é dono da Terra, mas possui nela, temporariamente, o seu reino de trevas, engano e sedução. Esse reino foi reconhecido pelo próprio Jesus: “Se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?” (Mt 12.26). O Senhor Jesus disse também:

“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” (Jo 8.44).

Como em outras passagens, Jesus identifica, nomeia, aponta, distingue, intitula, indica, mostra, esclarece, particulariza, define o diabo. E diz que ele foi “homicida desde o princípio”. Ora, segundo a tese kardecista da preexistência, as almas são criadas por Deus em estado simples e sem conhecimento, porém sem maldade. Vejam a questão 115 do Livro dos Espíritos: “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem ciência”. Logo, se o “diabo” a que Jesus se referiu fosse um desencarnado ou uma alma em seu estado inicial, como poderia ser homicida e mentiroso desde o princípio? Se Jesus estivesse se referindo a um espírito perverso, não poderia fazer distinção entre um e outro, pois todos os espíritos impuros seriam considerados “pai da mentira”. Jesus identifica somente um, o diabo. Não cabe dizer que se trata da “personificação do mal”. Nas duas passagens já citadas há indicação clara de que se trata de uma só entidade, um espírito inteligente, astuto, enganador e vil. Também não cabe o argumento de que se trata de alegoria.

Jesus identifica o diabo como uma pessoa, capaz de desejar alguma coisa, influenciar e dominar criaturas humanas, de ter domínio sobre as que lhe são submissas.

“Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).

Jesus particulariza, nomeia e identifica o diabo dentre os demais seres espirituais. Ao anunciar que o destino dos demônios é o inferno, não está se referindo a espíritos humanos, que também terão o mesmo destino se, na vida corpórea, não andarem nos caminhos do Senhor. Jesus afirma que o diabo e seus anjos já possuem um lugar previamente preparado. Ora, se houvesse uma segunda chance; se Jesus estivesse falando de espíritos em vias de progresso, como deseja o Espiritismo, a conversa seria mais ou menos assim: “Olha, meus filhos, porque vocês fizeram coisas erradas na terra retornarão a ela inúmeras vezes até ficarem perfeitos. Mas vocês têm liberdade de escolher se desejam ficar muito tempo errantes, ou se querem reencarnar o mais rápido possível. Mas, por favor, comportem-se melhor doravante, porque desse jeito não dá”.

As poucas palavras registradas em Mateus 25.41 colocam por terra quatro posições do Espiritismo: inexistência do inferno, do juízo final, de Satanás e seus anjos, e existência de chance de recuperação.

Ainda com referência a Mateus 25.41, como Jesus poderia chamar esses desencarnados de “malditos”, se concordasse que eles, no futuro, poderiam ser espíritos puros? Ora, “maldito” diz-se daquele que foi amaldiçoado. Entende-se, portanto, que Jesus estava falando de espíritos sem nenhuma chance de salvação. Como poderia Jesus preparar o inferno para o diabo, se este fosse um desencarnado com possibilidade de recuperação?

Certo espírita assim interpretou o versículo em análise: O “apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”, significa, simplesmente, o destino imposto compulsoriamente aos maus, de serem remetidos às reencarnações expiatórias em mundos inferiores ao nosso, até que a lição da humildade seja aprendida. O ‘fogo’ é eterno, isto é, de duração indefinida, ou seja, dura até que seja o pago ‘o último ceitil’, como nos ensina o mestre Aurélio, entre outras coisas, é um conceito de ‘pessoa má’, uma pessoa de ‘mau gênio’.

Ora, segundo o mesmo mestre Aurélio, “eterno” significa “que não tem princípio nem fim”; que dura para sempre; constante; incessante”. Se o castigo é eterno, não terá fim. Nas palavras de Jesus não vemos nenhuma chance para os rebeldes, para o diabo e seus anjos. Conforme o Espiritismo, a reencarnação tem por objetivo o “melhoramento progressivo da Humanidade”, pois em “cada nova existência o Espírito dá um passo na via do progresso” (Quesito 167, do L.E.). Ou seja, todos os espíritos humanos estão sujeitos às reencarnações; todos passarão por esse “inferno”. Então, Jesus teria dito o óbvio? Jesus falou a respeito do Juízo Final, um tempo determinado em que os rebeldes receberão o devido castigo.

A verdade é que Jesus apresentou uma situação em que uns são chamados de “benditos de meu Pai”, a serem recebidos no céu (Mt 25.34), e outros chamados de “malditos”, a serem lançados no inferno (Mt 25.41). Nessa passagem, Jesus define duas classes de espíritos: de um lado, os espíritos humanos que na vida terrena tiveram oportunidade, a única, de se arrependerem, serem obedientes e tementes a Deus; do outro, os anjos decaídos liderados pelo diabo, o “maioral” dos demônios.

“Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios. Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino? E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam então vossos filhos? Portanto, eles mesmos serão os vossos juízes. Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus” (Mt 12.24-28).

Os fariseus acreditavam na existência de um “príncipe” ou “maioral” que exercesse autoridade sobre os demônios. O líder dos demônios, chamado Belzebu, ou Satanás, é quem poderia expulsar o espírito maligno que estava no endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22). Acreditaram na libertação daquele homem, mas rejeitaram o uso do poder divino. Jesus admitiu a existência desse “príncipe”, porém ensinou que espíritos malignos pertencentes ao mesmo reino das trevas não podem expulsar seus próprios parceiros.

Penetrando no túnel da teoria espírita, nada encontrei sobre a existência de um líder entre os espíritos perversos. Ora, se o Espiritismo diz que “os demônios são as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais”, como então poderia omitir informação tão importante? Os “instrutores espirituais” deveriam ter informado sobre esse “príncipe”. Por que ocultaram essa informação?

“Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito imundo” (Mc 5.8).

Encontrei no Livro dos Espíritos, quesito 113, a informação de que os “Puros Espíritos são mensageiros e ministros de Deus”, e “comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e lhes confiam missões”. Contrariando tal assertiva, Jesus, “Espírito Puro”, não se coloca como orientador desses demônios. Ao contrário, admitiu que eles possuem liderança própria e reino próprio, e até fez a separação irreconciliável entre o Reino de Deus e o reino de Satanás, o maioral.

Em nenhuma das libertações consignadas nos evangelhos, vemos Jesus tratar os demônios com brandura ou confiar-lhes missões para ajudá-los a se despojarem de suas imperfeições. Ao contrário, Jesus disse que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos. A autoridade de Jesus sobre os espíritos malignos não decorre de uma relação fraternal, como de pai para filho, de irmão para irmão, de um líder para seus comandados. Jesus não veio para auxiliar os demônios nas suas fraquezas. Por exemplo, Jesus ordenou que Satanás saísse de sua presença (Mt 4.10).

Jesus contrariou a tese espírita em outro ponto. Veja o quesito 126 do Livro dos Espíritos. “Deus contempla os transviados com o mesmo olhar e os ama com o mesmo amor. Eles são chamados maus porque faliram”. Se correta essa palavra, Jesus deveria ter tratado os demônios com misericórdia, mas não o fez. Jesus chamou de “imundo” o espírito que estava naquele homem. Como admitir que Jesus estivesse lidando com espíritos humanos com possibilidade de progredir até chegar ao estado de pureza? Em outras situações semelhantes, Jesus não manteve qualquer diálogo fraternal com os demônios (Mc 1.25; 5.8; 9.25; Lc 13.16).

“Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo”(Jo 12.31).

Quem seria esse a ser derrotado na cruz? Uma alma rumo a novas encarnações, necessitada de bons conselhos dos “Espíritos Puros”? Não. O apóstolo esclarece: “Para isto o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3.8). Paulo confirma: “Tendo despojado os principados e as potestades, os expôs publicamente ao desprezo, e deles triunfou na cruz” (Cl 2.15; Hb 2.14).

Outras referências

“Sujeitai-vos, pois a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). .

A Bíblia ensina como proceder para evitar as influências satânicas. O caminho é submeter-se à vontade de Deus; crer que o nosso Salvador Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio em carne, morreu para remissão dos pecados e ressuscitou dos mortos (Jo 3.16; Rm 10.9).

Um dos argumentos usados pelo Espiritismo é o de que se Deus proibiu a comunicação com os mortos (Lv 19.31; 2 Cr 33.6; Is 8.19) é porque existe tal comunicação, pois Ele não iria proibir algo impossível de acontecer. Citam o exemplo da advertência “não pise na grama”. Á primeira vista parece um sólido argumento. Todavia, convém lembrar que Deus conhece as ciladas do diabo. Ele sabe o perigo que corremos em consultar feiticeiros, adivinhos, médiuns ou necromantes. Deus sabe que esse é um caminho maldito, que nos levará à perdição. Se essa comunicação com o além fosse uma prática saudável; se trouxesse qualquer benefício aos homens; se os desencarnados fossem de fato mensageiros de Deus, como deseja o Espiritismo, Deus recomendaria essa prática, sem nenhuma restrição.

“Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados” (2 Pe 2.4,9).

Mais uma vez a Bíblia faz distinção entre demônios e espíritos desencarnados. Acima, vimos a autorizada palavra de Jesus. Agora, a de Pedro. A questão 128 do Livro dos Espíritos declara que anjos são os “puros Espíritos”, que formam uma categoria especial de seres criados por Deus, e que percorreram todos os graus rumo à perfeição. Jesus teria sido, portanto, um anjo que passou por esse sistema evolutivo. Essa teoria está em desacordo com o que ensina o Cristianismo. Diz também o Livro dos Espíritos (quesito 131) que: “Não há demônios no sentido ligado a este vocábulo; os partidários do demônio apóiam-se nas palavras do Cristo. Não seremos nós que contestaremos a autoridade do seu ensino... Mas estamos seguros do sentido por ele emprestado ao vocábulo demônio? Não se sabe que a forma alegórica é um cunho distintivo de sua linguagem e que nem tudo quanto encerra o Evangelho deve ser tomado ao pé da letra?”.

Não merece crédito tal tese. Iríamos buscar apoio na palavra de quem? Não há como admitir que Jesus usara de alegoria ao referir-se a Satanás. Jesus definiu, apontou, qualificou, distinguiu Satanás dos espíritos humanos.

“E estava na sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual exclamou, dizendo: Ah! que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele. Então o espírito imundo, convulsionando-o, e clamando com grande voz, saiu dele” (Mc 1.23-26).

A forma inamistosa com que Jesus sempre se dirigiu aos demônios conflita com a posição espírita. Na qualidade de “Espírito Puro”, Jesus, se concordasse com o ensino dos “espíritos”, deveria ajudar os demônios a se aperfeiçoarem; deveria saber que “todos os espíritos tornar-se-ão perfeitos”; deveria saber que “Deus contempla os transviados com o mesmo olhar e os ama com o mesmo amor” (Quesitos 113, 116, 126,127 do L.E.). Perdoem-me pela ênfase nesse ponto e pela repetição. Todavia, a ”Segunda Revelação de Deus” fez exatamente o contrário: mandou que se calassem, chamou-os de imundo, ordenou que entrassem numa manada de porcos, disse que o inferno os aguardava. E ainda, sem nenhuma consideração, disse que o líder Satanás era mentiroso e pai da mentira. O pior é que os demônios foram considerados imundos, isto é, sujos, porcos, impuros, indecentes, obscenos, imorais.

Merecem uma reflexão as palavras do espírito imundo. Ele reconheceu Jesus como uma Pessoa especial, com autoridade e poder; chamou-O de “o Santo de Deus”, e admitiu que haverá um tempo em que receberá um duro castigo. O demônio sabia que o “inferno já estava preparado para ele”. Por isso sua pergunta: “Vieste destruir-nos?”. Usando a forma plural, admite que o castigo alcançará os demais demônios, isto é, “Satanás e seus anjos”.

Há falsários no mundo dos Espíritos

O médium pode confiar no espírito que, através dele, escreve cartas, menciona fatos do passado ou ensina alguma “verdade”? Quem responde é Allan Kardec, o pai do Espiritismo. Vejam:

“Um meio às vezes usado com sucesso para assegurar a identidade, quando o Espírito se torna suspeito, é o fazê-lo afirmar em nome de Deus todo poderoso que é ele mesmo. Acontece muitas vezes que o usurpador recua diante do sacrilégio. Mas há os que não são assim escrupulosos e juram por tudo o que se quiser. Deve-se concluir disso que a recusa de um Espírito em afirmar a sua identidade em nome de Deus é sempre uma prova de que usa de impostura, mas que a afirmação nos dá apenas uma presunção e não uma prova da identidade” (Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 259).

Kardec afirma, em outras palavras, ser impossível a identificação de qualquer espírito, ainda que alguns concordem em usar o nome de Deus. E mais:

“Pode-se também colocar entre as provas de identidade a semelhança de caligrafia e de assinatura. Mas além de não ser dado a todos os médiuns obter esse resultado, ele nem sempre representa uma garantia suficiente. Há falsários no mundo dos Espíritos, como no nosso. Certamente se dirá que se um Espírito pode imitar uma assinatura, pode também imitar a linguagem. É verdade. Temos visto os que tomam afrontosamente o nome do Cristo e para melhor enganar imitam o estilo evangélico, excedendo-se nas expressões mais conhecidas: Em verdade, em verdade vos digo” (item 260/261). Em seguida, Kardec ensina que os Espíritos devem ser julgados pela linguagem e por suas ações, e que a questão da identificação é secundária.

Como ter certeza de que determinada mensagem não provém de um espírito maligno, se esse mundo é de falsários, em que até os que juram em nome de Deus não merecem confiança? Como podemos confiar uma teoria que os instrutores, os espíritos, além de serem invisíveis são trapaceiros e mentirosos? Ora, isso é um terreno minado, cheio de armadilhas, de surpresas desagradáveis. O melhor mesmo é seguir o conselho do salmista: “Entrega a tua vida ao Senhor, confia nele, e tudo Ele fará” (Salmos 37.5).

Os “Espíritos Impuros são inclinados ao mal, objeto de suas preocupações; dão pérfidos conselhos, insuflam discórdia e a desconfiança e tomam todas as máscaras a fim de enganar melhor... arrastam as pessoas à perdição... animam criaturas inclinadas a todos os vícios gerados pelas paixões vis e degradantes, tais como a sensualidade, a crueldade, a traição, a hipocrisia, a cupidez e a avareza sórdida; fazem o mal por prazer... são flagelos para a Humanidade” (Livro dos Espíritos, quesito 102).

O pai do Espiritismo chegou muito próximo da verdade. Descobriu a falsidade e o engano, mas se deixou levar pelos seus próprios informantes espirituais. Jesus foi direto ao assunto ao dizer que não há verdade no diabo, “pois é mentiroso e pai da mentira”. Nem todos os médiuns ficam a meio caminho da verdade. Foi o que aconteceu com Victor H. Ernest. Leiam seu relato:

“Quando o megafone retornou para minha terceira e última pergunta, reexaminei o que o espírito havia dito. ´Ó espírito, crês que Jesus é o Filho de Deus e que Ele é o Salvador do mundo? Crês que Jesus morreu na Cruz e derramou o seu sangue para a remissão do pecado?´ O médium, em profundo transe, foi arremessado de sua cadeira. Foi cair bem no meio da sala de estar e gemia como se estivesse sentindo profunda dor. Os sons turbulentos sugeriam espíritos num carnaval de confusão. Nunca mais fui a outra sessão. Eu havia provado os espíritos e achado que não eram de Deus. O que eu havia pensado ser um grande poder de Deus havia explodido como uma bolha de sabão. A partir dessa ocasião, comecei a buscar a Palavra de Deus para encontrar a verdade” (Eu Falei com Espíritos, p. 24 e 25, Victor H. Ernest, citado por Davi Nunes dos Santos, em O Espiritismo e a Bíblia, S. Paulo, 1978).

O espírito acima foi provado, tal como ensina a Bíblia: “Amados, não creais em todo espírito [pessoa impelida ou inspirada por algum espírito], mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus. E todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus, mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo” (1 João 4.1-3). O “espírito do anticristo” compara-se a Satanás, pois “se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto, de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. A vinda desse iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios de mentira” (2 Ts 2.4,9).

Expulsão de demônios

Extraímos dos quesitos 475 a 480 do Livro dos Espíritos a seguinte orientação sobre a libertação de uma pessoa endemoninhada: “Havendo vontade firme, a própria criatura poderá livrar-se dos maus Espíritos; um homem de bem conseguirá ajudar a vítima, desde que invoque os bons Espíritos; as fórmulas de exorcismo [libertação] não possuem influência alguma sobre os maus Espíritos; “quando esses Espíritos vêem que alguém toma a coisa a sério, riem-se e se obstinam [teimam em permanecer]”. O quesito 478 assim diz: “O melhor meio de libertar criaturas obsidiadas [possuídas por um espírito mau] é cansar-lhes a paciência, não ligar importância às suas sugestões e mostrar-lhes que perdem tempo”. Então, ao verem que nada têm a fazer, afastam-se”.

A benevolência com que o Espiritismo trata os demônios fortalece a minha convicção de que os instrutores espirituais são os próprios. Em casa de enforcado ninguém fala em forca. Cansar a paciência dos demônios? Não ligar importância? Para os kardecistas Jesus é o máximo em perfeição e veio com a missão divina de ensinar. Por isso, estou sempre usando Seu nome, ensinos e exemplos. Como ocorreu em várias ocasiões, Jesus não procedeu dessa maneira, não esperou a boa vontade dos “maus espíritos”. Em nenhum momento Jesus tentou cansar a paciência dos espíritos malignos. Contrariando o ensino kardecista, Jesus, além de dar exemplo, nos ensinou como tratar os demônios e como expulsá-los (Mc 16.17). Os demônios são expulsos, e somente assim são expulsos, em nome de Jesus, porque “debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12); porque Ele está “acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef 1.21); porque “Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.9-11).

A origem de Satanás e seus anjos

Como foi dito no início, o Espiritismo ensina que demônios são almas dos homens perversos. Em Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, está escrito que a serpente convenceu Eva a desobedecer a Deus (Gn 3.1-6); Deus se dirige a uma entidade espiritual, que no futuro será vencida (v.15); a Bíblia diz que a serpente é Satanás, pois “foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana a todo o mundo” (Ap 12.9); Jesus identificou o diabo como mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44). Devemos então procurar entender quem era esse espírito enganador que conversou com Eva. Um espírito humano, desencarnado? Não, Adão e Eva foram os primeiros. Nenhum espírito havia deixado seus corpos, porque a morte só veio depois da desobediência (Gn 3.19). A serpente era uma “alma simples e ignorante”, perversa e rebelde, que aguardava o momento de encarnar? Não. As almas, segundo o Espiritismo, foram criadas sem maldade, porém simples e sem ciência. Então, quem se apresentou a Eva não era uma alma desse tipo; o que Moisés escreveu foi apenas uma alegoria? Não. A desobediência de Eva é confirmada em outros livros da Bíblia (Rm 5.12-21; 2 Co 11.3; 1 Tm 2.13-14; Ap 12.9). Ademais, Moisés, segundo o Espiritismo, foi a primeira revelação da divindade, e veio com a missão de revelar Deus aos hebreus e pagãos (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap I, itens 6 e 9). Então, quem era o espírito imundo que enganou Eva? Satanás é seu nome.

Um dos argumentos apresentados pelo Espiritismo trata da impossibilidade de Deus, justo e bom, ter criado “seres predispostos ao mal por sua natureza”. Esse raciocínio é uma faca de dois gumes para o kardecismo. Seguindo essa mesma tese, perguntamos como surgiram os espíritos maus, perversos, falsários, mistificadores, mentirosos e enganadores, cuja existência é reconhecida pelo próprio Allan Kardec? O Espiritismo explica que foram criados sem maldade, mas com livre arbítrio. A tese é muito parecida com a doutrina da origem do pecado ensinada pelo Cristianismo. A diferença está, dentre outras, na identificação desses espíritos maus. Para o Espiritismo, são desencarnados, isto é, espíritos que encarnaram várias vezes, não passaram pela prova a que se submeteram, faliram na missão, optaram pelo mal.

Como vimos acima, esses espíritos maus foram chamados de demônios, liderados por um “maioral”. A diferença entre espíritos humanos, Satanás e seus anjos foi estabelecida pelo próprio Jesus (Mt 25.41).

A Bíblia diz que Lúcifer era um anjo perfeito, querubim da guarda, inteligente, mas não imutável. Em sua autodeterminação e capacidade de escolher, rebelou-se contra Deus e transformou-se em Satanás. Os anjos que o acompanharam nessa rebelião se transformaram em demônios, espíritos imundos, espíritos maus ou anjos decaídos. Vejamos as passagens bíblicas que falam da situação privilegiada de Lúcifer no céu, e como ficou depois da queda.

“Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti (Ez 28.12-17).

“Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo” (Is 14.12-15).

As situações e qualidades acima não podem ser atribuídas a um ser humano. Em apoio a essa interpretação, vejamos outras passagens:

“E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele (Ap 12.7-9).

Vejam que as passagens bíblicas, embora escritas em épocas e por pessoas diferentes, se harmonizam. “Levado serás para o inferno”, de Isaías, se harmoniza com a declaração de Jesus de que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25.41). Em Lucas 10.18, Jesus, por sua eternidade, declara que viu “Satanás caindo do céu como relâmpago”. Esta declaração coaduna-se com a expulsão do grande dragão, como relatado em Apocalipse. A afirmação de que “Deus não poupou os anjos que pecaram”, em 2 Pedro 2.4, confirmada em Judas 6, fortalece ainda mais a nossa convicção de que a verdade está com o Cristianismo.

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