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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Deus existe

"O insensato diz no seu coração: 'Não há Deus" (Sl. 13,1)

Esta insensatez é por muitos tomada como uma verdade. Antes de mais nada isso ocorre por não quererem admitir a existência de Deus, por não quererem admitir que seus pecados são vistos e contados por Aquele que os fez. Para quem não aceita a Deus, nada provaria a Sua existência. Quem vive na mentira foge da Verdade, e fecha os olhos para todas as evidências.
Deus existe, e podemos prová-lo.

Podemos prová-lo pelo próprio fato de existir movimento e transformação.

Uma coisa não se transforma nem se move sozinha, sem que algo aja nela. Uma madeira que se transforma em carvão precisa do fogo, e uma bola que voa precisa do chute do jogador.
Ora, para que haja o fogo, é necessário que algo o tenha acendido, e para que algo o possa ter acendido, é preciso que haja outra coisa anterior que tenha feito com que saísse de sua inércia. Do mesmo modo para que o jogador se mova algo precisa tê-lo feito mover-se, e algo deve ter movido o que fez o jogador mover-se, e por aí vai.

Ora, isso não pode continuar ao infinito, pois sempre é necessário que haja algo que mova ou transforme o que move ou transforma uma coisa; é portanto necessário que haja Alguém que move mas não é movido.
Este alguém é Deus.

Podemos prová-lo pelo fato de cada coisa ser causada por outra.

É impossível que um acontecimento no futuro cause uma coisa no passado; a chuva não pode cair sem que as nuvens tenham sido formadas pela evaporação do mar, e o mar não pode ser evaporado sem o calor do sol, etc. Seria impossível que a chuva caia antes que a nuvem tenha sido formada, e a nuvem não pode ter sido formada sem haver o sol, etc. Ora, é necessário que haja algo que causou sem ser causado. O filósofo grego Sócrates chamava a Deus "Causa das causas". A própria teoria científica do Big-Bang exige que haja Alguém, anterior à existência de tudo o mais, que tenha causado esta súbita expansão de todo o universo.
Este Alguém é Deus.

Podemos prová-lo pelo fato de que as coisas que existem não existiram em algum momento no passado e deixarão de existir em outro momento do futuro.

Todas as coisas que vemos ao nosso redor são coisas passageiras; até mesmo as montanhas, tão altas e firmes, são abaladas pela erosão e, em muitos casos, já foram parte do leito do mar. Assim, como cada coisa que vemos, como cada ser, vivo ou não, que existe pode ser ou não ser (em algum momento ele não existiu, sendo depois criado), é possível que em algum momento nada, absolutamente nada, tenha existido. Ora, para que algo passasse a existir, seria necessário que houvesse algo que fizesse com que ele passasse a existir. Cada ser precisa de outro ser, anterior a ele, que possa ter-lhe dado existência. Se em algum momento não houvesse ser algum, nada haveria hoje. É necessário que haja um Ser que É (Ex. 3,14), Alguém que existe sem que ninguém tenha lhe feito existir.
Este Alguém é Deus.

Podemos prová-lo pela gradação que encontramos nas criaturas.

Paulo já nos lembra disso em Rm 1,20: Há coisas que são mais belas que outras, mais justas que outras, melhores que outras. Ora, "mais belo", "mais justo", "melhor" são palavras que dizem respeito a quanto essas coisas se aproximam do máximo em beleza, em justiça, em bem. O que é o máximo em uma coisa é a causa dessa coisa. O máximo em calor é a causa do calor menor que o rodeia, por exemplo. Assim é necessário que haja Alguém que é o máximo em Bem, em Justiça, em Beleza.
Este Alguém é Deus.

Podemos prová-lo pela ordem e funcionamento do mundo.

A Segunda Lei da Termodinâmica, chamada "Lei da Entropia", nos assegura que um sistema fechado, como o é o universo, tende à desordem; suas transformações tendem a assumir forma cada vez mais desordenada, acabando por transformar-se em puro calor, que é a forma de energia mais desordenada que há.

Ora, o mundo não é desordenado, longe disso. O ciclo da água, por exemplo, é algo extremamente complexo e que depende de uma quantidade enorme de fatores para que se mantenha funcionando: a gravidade exata, a temperatura correta, a pressão atmosférica precisa... Do mesmo modo qualquer outro mecanismo ecológico precisa de um ajuste extremamente fino para que possa continuar operando. Uma pequeníssima diferença na gravidade da terra ou em sua temperatura tornariam a vida em nosso planeta impossível. Ora, mas esta diferença não existe. O planeta, o universo inteiro, mantém-se em ordem, com uma extraordinária interdependência entre todas as coisas, vivas ou não. Isto faz presumir uma ordem concebida por uma inteligência muito acima da nossa.

Cada animalzinho irracional age de acordo com esta ordem, fazendo parte de seu nicho ecológico, que por sua vez faz parte do ecossistema da Terra, que por sua vez faz parte de toda uma ordem presente no delicado equilíbrio dos corpos celestes. Isto tudo tende a um fim e é concebido para funcionar de modo adequado em vistas a esse fim.

O célebre exemplo da máquina fotográfica na Lua cabe bem aqui: se os primeiros astronautas encontrassem uma máquina fotográfica na Lua tirando fotos deles, será que eles achariam que ela se formou sozinha devido aos fenômenos naturais da superfície daquele satélite ou chegariam à conclusão lógica de que algo tão complexo quanto uma máquina fotográfica em pleno funcionamento só poderia ter sido feito por um ser inteligente? Evidentemente que chegariam à conclusão evidente de que alguém fez aquela máquina e a deixou lá.

Podemos aplicar o mesmo raciocínio ao universo: em sua complexidade, ele não pode ser devido ao acaso, e é necessário que Alguém muitíssimo mais inteligente que nós o tenha feito e o governe de modo a manter o seu equilíbrio e direcionamento rumo a seu fim.
Este Alguém é Deus.

Alguns poderiam perguntar: mas se há Deus, como pode haver mal no mundo? Se Deus é o bem infinito, não pode haver mal.

Disse Santo Agostinho: "Como Deus é o Bem Supremo, Ele não permitiria que nenhum mal existisse em Suas obras, a não ser que Sua onipotência e bondade fossem tais que desse mal tirassem o bem". E isto é verdade. Não há mal de que não possa vir bem. Por outro lado, poderíamos reverter a pergunta, e perguntar como poderia existir bem sem existir Deus. O bem, podemos facilmente observar, predomina. A temperatura do planeta não sofre oscilações assassinas, os ecossistemas funcionam, as crianças nascem e crescem, em sua imensa maioria sem problemas graves... O mal existe, mas não é de modo algum o que domina o universo. Além disso, como Sto. Agostinho já observou, do mal é freqüente que saia o bem. O homem tem capacidade de fazer o mal, e mais ainda, tem tendência a fazer o mal. Nem todos os homens passam o tempo todo a fazer o mal, entretanto. Até mesmo os piores assassinos fazem vez por outra algum bem. Como poderia ser isso se não houvesse Deus, se não houvesse Aquele que é o Bem em Si? Como o homem, sem Deus, poderia jamais fazer qualquer coisa de bom, quando vemos que sua natureza tende para o mal?

A quem acredita em Deus cabe mostrar que do mal pode sair o bem. A quem não acredita, cabe explicar como poderia haver um universo, e neste universo haver o bem, sem Deus. E isso é impossível.

Autor: Carlos Ramalhete

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