Em 1907, um adventista chamado Dr. Stewart publicou um panfleto de 89 páginas, no qual arranjou em colunas paralelas citações do livro da Sra. White e do livro de Conybeare. O panfleto demonstrava além de dúvida que ela copiara seu material diretamente do livro mais antigo. Após essa controvérsia ter emergido, o livro foi retirado de circulação e não é mais sequer alistado entre os livros escritos pela Sra. White. Acusações de plágio haviam circulado ao longo do tempo, mas este livro talvez seja o mais patente caso disso. O fato de que a Sra. White plagiou este livro certamente suscitaria indagações a respeito de seus outros livros. Já estavam vindo à tona muitas acusações de plágio com respeito a seus outros livros, como O Conflito dos Séculos. Portanto, a fim de aquietar maiores controvérsias e debates a respeito da inspiração e ética da Sra. White, o livro foi retirado de circulação. O presidente da Associação Geral, A.G. Daniells discute o incidente no concílio sobre o Espírito de Profecia de 1919:
"Agora, já sabem algo sobre esse pequeno livro, The Life of Paul. Vocês sabem das dificuldades em que nos metemos por causa dele. Nunca poderíamos reivindicar inspiração do pensamento todo e organização do livro, porque foi posto de parte em vista de ter sido mal preparado. Créditos não foram dados às autoridades apropriadas, e algo disso terminou indo parar no Conflito dos Séculos. Suponho que todos saibam de como acusações foram levantadas contra ela, alegações de plágio, mesmo pelos autores da obra, Conybeare and Howson, e estavam a ponto de trazer problemas para a denominação por haver grandes porções do livro deles introduzidas no The Life of Paul sem quaisquer créditos ou aspas. Algumas pessoas de lógica estrita podem sair dos trilhos quanto a isso, mas não sou dessa estrutura. Descobri o fato, e li-o com o Irmão Palmer quando ele o encontrou; apanhamos Conybeare and Howson, e a História da Reforma de Wylie, e lemos palavra por palavra, página após página, e nenhuma citação, nenhum crédito, e realmente eu não sabia a diferença até que comecei a compará-los. Eu supunha que era obra da própria Irmã White!... Ali eu vi a manifestação do humano nesses escritos. Logicamente, eu poderia ter dito isso, e realmente o fiz, que desejaria que um rumo diferente fosse dado à compilação dos livros. Se cuidado apropriado tivesse sido exercido muitas pessoas teriam sido poupadas de serem lançadas fora do caminho..."1
As revelações a respeito do plágio em Life of Paul aparentemente lançaram um número de pessoas "fora do caminho". Imaginem o choque que seus leais seguidores devem ter sentido quando perceberam que o livro que estavam lendo não era produto de visões inspiradas recebidas pela profetisa de Deus, mas fruto da imaginação de autores não-adventistas. Isso imediatamente pôs em questão outros de seus escritos. A. G. Daniells viu "a manifestação do humano" nos escritos da Sra. White, e assim o fizeram muitos outros.
Aproximadamente 100 anos após a publicação de Life of Paul, o pastor adventista Walter Rea publicou os resultados de sua pesquisa em que descobriu que um montante significativo dos escritos de Ellen G. White foram plagiados de outros autores. Ele explica como a igreja manteve-se alterando o montante que admitiam ter sido plagiado segundo novas evidências vinham à tona:
A defesa para as ações dela [de Ellen White] de que se valiam até nosso tempo [os anos 80] era de que o montante vinha a ser o ponto importante da questão e que esse montante variava de 8% a 10%, dependendo do apologista que se lia ou no qual se desejava acreditar. Não foi senão até a igreja contratar o Dr. Fred Veltmen [teólogo ASD do Pacific Union College] para estudar o livro O Desejado de Todas as Nações que esse número foi elevado a 30% ou mais, dependendo dos capítulos escolhidos do livro que se está empregando. Após grande despesa e quase oito anos, Veltman confirmou o que outros estudos haviam revelado, que dependendo do material usado dos escritos de Ellen White, o trabalho de cópias poderia ser até de 90%. De fato, o Dr. Don McAdams, um erudito adventista [que preparou sua tese doutoral sobre O Conflito dos Séculos] tinha declarado na reunião de Glendale de 1980 que ‘se cada parágrafo do livro O Conflito dos Séculos, escrito por Ellen White, fosse devidamente referido com notas de rodapé, então todo parágrafo teria que contar com tais notas.’ Essa declaração nunca foi seriamente desafiada por qualquer membro da igreja.” 2
O Dr. Fred Veltman posteriormente publicou suas descobertas em O Desejado de Todas as Nações, e observou:
"Implícita ou explicitamente, Ellen White, e outros que falaram em nome dela, não admitiram, e até negaram, a dependência literária [cópias] da parte dela”. "Devo admitir desde o começo que, na minha opinião, este é o problema mais sério a ser deparado com relação à dependência literária de Ellen White. Isto assesta um golpe ao coração de sua honradez, sua integridade, e, portanto, sua confiabilidade”. 3
Depois da morte de Tiago White, começou uma nova era nos escritos de Ellen White. Antes de sua morte, ele a havia ajudado a corrigir seus escritos. Agora ela necessitava de um novo ajudante, e encontrou uma na pessoa de uma escritora de talento chamada Marian Davis. Em 1881, a Srta. Davis se encarregou do trabalho de corrigir os escritos da Sra. White. Em 1887, Fannie Bolton passou a integrar o pessoal da Sra. White. Estas damas ajudariam a Sra. White a compor alguns de seus livros mais famosos, incluindo Steps to Christ [O Caminho a Cristo] e Desire of Ages [O Desejado de Todas as Nações].
Fannie Bolton não só escreveu livros para a Sra. White, como também artigos e algumas cartas sob o nome da Sra. White. Fannie confessou a Merritt G. Kellogg, meio-irmão de John Harvey Kellogg, que o que ela escrevia...
"Publicava-se na Review and Herald... como se o tivesse escrito a Sra. White sob inspiração de Deus... Sinto-me muito angustiada por esse assunto, porque sinto que estou agindo com engano. As pessoas estão sendo enganadas acerca da inspiração do que eu escrevo. Parece-me muito mal que qualquer coisa que eu escrevo saia sob o nome da Irmã White como um artigo especialmente inspirado por Deus. O que eu escrevo deveria sair com minha própria assinatura [;] assim crédito seria dado a quem lhe corresponde”. 4
Depois de 1881, os escritos da Sra. White foram examinados muito mais de perto pelos dirigentes da igreja para evitar custosas e embaraçosas situações como as afirmações relativas ao amálgama. Os dirigentes da igreja até aprovaram uma resolução da Associação Geral em 1883 criando uma comissão para supervisionar os escritos dela:
"33. CONSIDERANDO, que muitos destes testemunhos foram escritos sob as mais desfavoráveis circunstâncias, estando a escritora sob uma pressão demasiado forte, causada pela ansiedade e o trabalho, para dedicar pensamentos críticos quanto a perfeição gramatical de seus escritos, e que estes foram impressos com tal pressa que estas imperfeições ficaram sem ser corrigidas; e CONSIDERANDO, que cremos que a luz dada por Deus a seus servos é por meio do esclarecimento da mente, comunicando assim os pensamentos, e não (exceto em raros casos) as mesmíssimas palavras em que as idéias deveriam ser expressas; portanto, RESOLVE-SE que na publicação desses volumes, façam-se mudanças verbais para eliminar as imperfeições mencionadas mais acima, até onde seja possível, sem alterar o pensamento de qualquer maneira; e, além disso,
34. RESOLVE-SE que este corpo nomeie uma comissão de cinco pessoas para que se encarregue de tornar a publicar estes volumes de acordo com os preâmbulos e resoluções que antecedem”. 4
Aparentemente, os dirigentes da Associação Geral criam que tinham o direito de alterar os escritos da Sra. White, mas 22 anos depois, em 1905, a Sra. White afirmou que as palavras que ela escrevia procediam de Deus e que não deviam ser modificadas:
"A palavra que me foi dada é: 'Repreende fielmente aos que desejem empanar a fé do povo de Deus. Escreve as coisas que eu te darei, para que fiquem como testemunhas da verdade até o fim do tempo.' Eu disse: 'Se algum cidadão de Battle Creek deseja saber o que a Sra. White crê e ensina, que leia os seus livros que foram publicados. Meus trabalhos não seriam nada se eu pregasse um evangelho diferente. O que escrevi é o que o Senhor me ordenou escrever. Não me foi dito para alterar o que enviei”. 5
1-A.G. Daniells, Transcrição da Conferência de 1919 Sobre o Espírito de Profecia.
2-Walter T. Rea, "How the Seventh-day Adventist ‘Spirit of Prophecy’ was Born," p. 1.
3-Fred Veltman, Ph.D., Ministry, nov. 1990, pp. 11,14.
4-Review and Herald, 27 de nov. de 1883.
5-Ellen White, Review and Herald, 26 de jan. de 1905.
Extraído do Artigo: A Nuvem Branca de Dirk Anderson
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