A Trindade é um ensino bíblico difícil de entender. Alguns pensam que é uma
contradição e outros, que é um mistério que não cabe a nós compreendê-la. Como
pode um Deus único existir como três pessoas co-eternas, co-divinas, distintas
e absolutas ao mesmo tempo, conhecidas como o Pai, o Filho e o Espírito Santo?
Talvez,
toda esta dificuldade de entendimento advenha da falta de exemplos práticos e
concretos que sirvam como referências para nossa mente treinada racional e
empiricamente no modelo de educação que recebemos. Mas para nos ajudar a
compreender melhor doutrinas conceitualmente elevadas e de extrema profundidade
como é a Trindade, Paulo escreveu aos romanos: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do
mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e
claramente se vêem pelas coisas que estão criadas…” (Rm 1.20).
Isso
significa que podemos aprender sobre os atributos, poder e natureza de Deus
observando o que Ele fez. Quando um escultor cria uma obra de arte seu coração
e sua mente são as fontes da escultura que surge. A obra é realizada pela sua
habilidade criativa deixando nela suas marcas, coisas que lhe são próprias e
reflitam o que ele é. Acontece o mesmo com Deus. Deus deixou claramente
expressas suas marcas na criação. “… No dia em que Deus criou o homem, à
semelhança de Deus o fez” (Gn 5.1).
Ao
longo da história cristã, muitos exemplos naturais foram usados com esse
objetivo, ajudando, de alguma forma, a lançar luz em temas bíblicos como a
Trindade (O ovo, trevo de três folhas, água, triângulo etc). O que queremos
aqui é acrescentar outros exemplos com o mesmo propósito: elucidação.
Acompanhe-nos a seguir:
O
universo (basicamente) consiste de três elementos:
•
Tempo, espaço e matéria.
Cada um
desses elementos consta de três componentes.
•
Tempo: passado, presente e futuro
•
Espaço: altura, largura e profundidade
•
Matéria: sólido, líquido e gasoso
TEMPO —
o passado é distinto do presente, que é distinto do futuro. Se pensarmos apenas
sobre o passado distintamente, ele é o tempo em absoluto, isso também é verdade
sobre o presente e o futuro. Mas se pensarmos nos três juntos como um todo,
veremos que são apenas UM, ou seja, o TEMPO. Não existem três “tempos”, mas
apenas um tempo.
E
podemos aplicar o mesmo raciocínio ao espaço e à matéria.
ESPAÇO
— a altura é distinta da profundidade, que é distinta da largura. Ainda assim,
não temos três “espaços”, mas apenas um espaço com uma única natureza.
MATÉRIA
— o sólido não é o mesmo que o líquido, que não é o mesmo que o vapor. Ainda
assim, não temos três “matérias”, mas uma, apenas.
Assim,
nesta simples observação do universo podemos verificar esses exemplos como as
marcas de Deus na sua criação. E isso nos ajuda a responder a alguns hereges
que dizem que ensinar a Trindade é ilógico, que é o mesmo que ensinar a
existência de três deuses e não apenas um. Ou, ainda, que Deus Pai, Deus Filho
e Deus Espírito Santo seriam três manifestações da mesma pessoa.
É
possível esclarecer essa questão usando os exemplos acima da criação. Deus não
é uma pessoa que adquiriu três formas consecutivas, isto é, o Pai tornou-se o
Filho que, depois, tornou-se o Espírito Santo como manifestações em tempos
determinados. A distinção das pessoas benditas: Pai, Filho e Espírito Santo,
não forma uma tríade, ou seja, a existência de três deuses.
Reafirmamos
o conceito bíblico vetero e neotestamentário de que a Trindade significa que o
Pai, o Filho e o Espírito Santo são o mesmo e único Deus em três pessoas
distintas na mesma substância divina. O Pai não é a mesma pessoa que o Filho e
o Espírito Santo, o Filho não é a mesma pessoa que o Espírito Santo e o Pai e o
Espírito Santo não é a mesma pessoa que o Pai e o Filho. Mas Eles pessoalmente
são o mesmo Deus em toda a sua plenitude e natureza. Eles são co-poderosos,
co-iguais, co-existentes e co-eternos.
“Eu sou o SENHOR , e não há outro;
fora de mim não há Deus” (Is 45.5)
Extraído do site do ICP em 08/12/2019
Fonte: CACP
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