Como explicar o fato de Jesus se referir ao seu Pai
como o “único Deus verdadeiro” em João 17.3?
“E a vida eterna é essa: Que te conheçam a
Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste”.
Esse pedido faz jus ao ministério sacerdotal
intercessório funcional do Logos em sua encarnação e humilhação para o
benefício daqueles que recebeu do seu Pai antes dos tempos eternos mediante
Filiação assumida (v.6, 9; Ef 1.4,11; 2Tm 1.9). Em sua oração, o mesmo faz
referência a seu Pai como “único Deus verdadeiro” em contraste com o politeísmo
pagão, o naturalismo filosófico, e o panteísmo místico existente no mundo de
procedência maligna, do qual pede para que o Pai os livre em sua súplica
(v.15). Ora, sabemos que na economia da Trindade o Pai é o Deus de Jesus de
Nazaré de modo ímpar (Jo 20.17; Hb 1.9), e que isso diz respeito ao aspecto
messiânico da encarnação e humilhação do Logos aqui na terra (Sl 89.26,
Fp 2.8), perdurando após sua ascensão ao Céu para cumprimento do propósito
divino e salvífico (Ap 3.12; 1Tm 2.5; Fp 3.20, 21). Sua subalternidade se dá
devido a forma de servo, mediador e sumo-sacerdote que o mesmo assumiu. De
igual modo, o próprio Logos também assume suas prerrogativas humanas, a saber:
Servo (Fp 2.7) — escravo, aquele que tem um Senhor,
e a ele é subserviente. No programa de redenção, a Trindade — As 3 Pessoas —
assumiram funções específicas para realização do mesmo. A segunda Pessoa na
Divindade (Logos) assume a função de servo tomando forma de homem, adotando uma
posição inferior a da primeira pessoa (o Pai), que então passa a ser seu Deus.
Essa subordinação (ou melhor, submissão) não compreende a natureza Divina do
Logos, más sua humanidade e posição no plano salvífico até a consumação do
mesmo (1Co 15.28).
Mediador (Hb 9.15) — Aquele que medeia ou intervém
para conciliar as partes em litígio. Essa mediação está relacionada com Logos
como homem (Rm 1.3), visto que foi mediante sua morte que tornou possível a
reconciliação entre o Deus e os homens (Rm 5.10), e o Logos, como Deus, não
pode morrer (1Pe 3.18; Jo 2.19-22; 1Jo 1.2). O Cristo, nosso mediador, está
numa posição acima dos homens, pois, o ministério que recebeu é superior ao
deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga,
sendo baseada em promessas superiores, contudo, é bem verdade que
funcionalmente ele deverá estar abaixo de seu Pai, como seu Deus de maneira sem
igual (Hb 8.6; Jo 20.17).
Sumo Sacerdote (Hb 3.1) — Responsável pelo culto,
adoração e sacrifício na congregação dos filhos de Deus, para representá-los
diante do mesmo e por eles fazer expiação. É também neste sentido que Jesus —
Logos encarnado — tem um Deus a quem possa entregar a sua oferta. Em suma, não
haveria possibilidade alguma de salvação se não mediante um ser impecável, pois
precisaríamos de um ente perfeito, e só em Deus há tal perfeição sem
possibilidade de mácula — diferente de anjos, estes, propícios a queda. Diga-se
de passagem, nenhum anjo/arcanjo poderia ser escolhido para esse fim, visto que
aos olhos do próprio Deus eles não são confiáveis (Jó 4.18; 15.15). Por esse
motivo o próprio Deus na pessoa do Filho se entregou pelos pecados do seu povo
(Mt 1.21,23).
Apesar disso, ao se referir ao Seu Pai como “único
Deus Verdadeiro”, Jesus não poderia contrastá-lo com sua própria essência
Divina nesse clamor pelos discípulos, visto que sua Divindade é co-igual a do
Seu Pai. Essa verdade era reconhecida pelos mesmos (Jo 20.28), a saber, que
tanto o Pai quanto o Filho são o mesmo Deus por natureza (Jo 1.1). Esse fato
por si só já nos fornece o necessário para dispensarmos essa alternativa. O
Filho é tão verdadeiramente Deus quanto seu Pai, e isso é insofismável à luz da
Bíblia (1Jo 5.20).
Por:
Brício Lube
Fonte: CACP
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