“Toda verdade é verdade de Deus mesmo que
pronunciada pela boca de um ímpio”.
No ano passado
(2016), tive uma experiência interessante com os adeptos da Torre de Vigia
(Testemunhas de Jeová). Para quem não sabe, são aqueles que batem na porta das
casas, geralmente aos domingos e durante a manhã, a fim de “evangelizarem”
novos adeptos para seita. Vendem ou doam aquela revista de sofá (SentiNela!).
Em um dia de
evangelismo que a nossa igreja realizava cruzamos com eles, onde houve um
evangelismo mútuo. Nesta oportunidade eu pedi para que viessem a minha casa
para conceder o discipulado, e assim foi por quase um ano – por deveres
novos que apareceram, paramos com tais estudos.
Durante
este tempo desenvolvemos uma boa amizade, conversas proveitosas e tempos
gostosos. Contudo, a estratégia a qual eu adotei foi outra, não a de ficar
confrontando ou divergindo de suas doutrinas, ou ainda indo direto para a
“briga” ou “debate”. Busquei em tal tempo achar os pontos de
contato, o que tínhamos em comum, e a partir dai, de forma discreta,
mostrar a superioridade das doutrinas da fé cristã revelada nas Escrituras
Sagradas em relação às heresias
deles (jamais usando esse termo). Fui compartilhando as experiências de
trabalho, transformações de vidas, missões, mensagens e etc., e sempre nesse
compartilhar havia junto, como fundamento, alguma instrução daquilo que cremos.
Logicamente, que no momento que eles começavam a expor suas doutrinas erradas,
especialmente sobre Cristo e o Espírito Santo, eu buscava de uma maneira muito
amigável e educada mostrar o “outro lado da moeda”, onde se tornava perceptível
à dúvida que aparecia no olhar de um deles.
Cornelius
Van Til, grande apologista reformado do século passado, nos ensinou que entre
um cristão e o não cristão existe um ponto de contato.
Um ponto de referência final entre os sistemas de ambos que pode tornar ou
facilitar os fatos e as leis entendidas. O diálogo deve partir de tal e
conforme vai se desenvolvendo, naturalmente, mostrará a superioridade das
respostas que a fé cristã revelada nas Escrituras Sagradas tem. Gordon H.
Clark, outro apologista reformado, argumentou que há entre os cristãos e os
não-cristãos um campo comum. Na teologia reformada existe algo conhecido como
graça comum, isto implica que Deus providenciou algumas bênçãos naturais, como
também, posturas íntegras e morais, como também, opiniões corretas para todos
os homens. Devido a tal graça comum entra nosso dever de enxergar qual é o
ponto de referência, contato, ou campo comum que há entre nós a fim de
iniciarmos o diálogo. Por isso que o nome deste artigo é: CONVERGINDO. A
convergência, grosso modo, é quando existe uma direção a um ponto comum.
Nosso problema
é que já adotamos naturalmente uma apologética divergente, adialógica, em
constante desacordo da maneira de crer, ver, pensar e viver. Não critico a
funcionalidade de tal apologética, é um bom sistema. O que questiono é o uso
pleno dela!
O apóstolo
Paulo quando esteve no Areópago em Atenas (At 17.15 – 34) usou o método
convergir. Ao chegar observou o altar ao “DEUS DESCONHECIDO” e partir de lá
começou o seu discurso, não falando do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, nem
citando textos veterotestamentários, mas, sim, citando uma poesia grega e dela
levando os ouvintes compreenderem a verdade do evangelho. O tal altar e a tal
poesia foi o ponto de contato, referência, campo em comum, a fim de apresentar
a mensagem da fé cristã.
O que fica de
desafio para nós? João Paulo II no CVII trouxe um termo chamado de aggionarmento
que significa atualização, ou seja, a devida contextualização da mensagem para
os nossos dias. Quando apresentou tal termo ele também incentivou para que os
católicos (podemos aprender com tal verdade) conheçam seus Novos Areópagos,
especialmente uma referência às mídias. Este é, portanto, o nosso desafio!
Observemos esses Novos Areópagos que vivemos em nosso contexto pessoal e nele
achemos um ponto comum, que nos leve a convergir com quem nos ouvirá ou
dialogará, e partir de então mostremos a superioridade e relevância da fé
cristã revelada na Bíblia. Façamos tal ponte!
Pastores façam
isso em seu púlpito! Pais de família façam isso em sua casa! Jovens façam isso
em sua escola! Universitários façam isso em sua universidade/faculdade! Homens
e mulheres façam isso em seu trabalho! Todos nós façamos isso nas redes
sociais! Descubramos os Novos Areópagos,
achemos neles o ponto de convergência, e por fim apresentemos a fé cristã que a
bíblia revela como sua “prosa”!
“Nos meus
próprios livros sobre apologética tentei sistematicamente basear-me em algum
ponto útil de contato entre o evangelho e a cultura”!
(John Edward
Carnell)
Fonte: www.napec.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário