Por Rev.
Doug Kuiper.
O que mais se vê nestes “últimos dias” são heresias
pregadas em muitas igrejas por aí. A cada dia ficamos mais indignados com
tamanha distorção Bíblica, o Evangelho genuíno está sendo deixado de lado e
sendo trocado por uma “teologia popular” voltada ao misticismo, aos modismos,
as falsificações bíblicas e fetiches populares.
Apóstolos, pai-póstolos, gurus gospel tem surgido
por aí trazendo um "outro evangelho". A palavra de Deus em sua
essência é trocada por modismos, por hierarquias eclesiásticas, por dinheiro e
por interesses particulares destes "super crentes". São tantos
"shofás proféticos" que não aguento mais tanta barulheira. É tanto
"mantra gospel" que meus ouvidos já estão estourando, é tanto
ré-plé-plé que meu senso de racionalidade clama por socorro! Quebra de
maldições hereditárias onde o crente nunca se converte de verdade, seções de
descarrego, sabonetes de arruda, rosa ungida, sal grosso... É tanto "copo
d'agua consagrado" que dá até vontade de ir ao banheiro. Unções especiais,
urros, gritos, histerias, regressões, encontros tremendos, etc.
Diante de tudo isso, muitos Cristãos infelizmente
tem se calado, pois existe um conceito errado de que não devemos julgar nada,
que não é o nosso papel estar julgando o que ocorre com estas pessoas,
principalmente se vamos falar de algum “líder” que esteja em um comportamento
que vai contra as escrituras.
Resumindo, querem nos calar mesmo! Já não bastasse
a perseguição contra os Cristãos que hoje em dia ocorre em muitos lugares no
mundo, inclusive no Brasil, ainda temos que aguentar a distorção bíblica de que
jamais deveremos abrir a boca de pastor x, apóstolo y, pois são os
"ungidos de Deus". Nestes ninguém fala, até Davi foi repreendido pelo
profeta Natan, mas estes líderes contemporâneos não podem ser repreendidos por
algum erro ou heresia. É proibido pensar, é proibido julgar! Muitas mentes
estão sendo cauterizadas por esta "nova doutrina".
Existem algumas passagens Bíblicas que muitos
Cristãos têm interpretado erroneamente a respeito de julgamento. Meu
compromisso nesta postagem é desmistificar e esclarecer ao Povo de Deus de que
não devemos nos calar jamais, pelo contrário, devemos por obrigação exortar e
lutar pelo Evangelho genuíno de Cristo, afinal, quem ama, luta pela verdade,
pois "O amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a
verdade". (1 Co 13:6).
“Não
julgueis, para que não sejais julgados.” Mateus 7:1
Em primeiro lugar deixo claro que aqui JESUS
claramente proíbe o julgamento. Mas a grande questão é se JESUS proíbe qualquer
julgamento ou somente certo tipo de julgamento. O versículo 1 por si mesmo não
nos dá uma resposta para esta pergunta. Por isso temos que aplicar uma regra
fundamental para poder interpretar a Bíblia. Analisar sempre o contexto da
passagem citada para poder saber de que se trata a mesma, pois sabemos que
texto fora de contexto é um pretexto para formar até mesmo uma heresia.
Para sabermos de que tipo de Julgamento JESUS
proibiu nesta passagem vamos analisar o contexto:
“Pois, com o critério com que julgardes, sereis
julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que
vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no
teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho,
quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e,
então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão” Mt 7:2-5
Analisando o contexto podemos ver claramente que
JESUS proíbe especificamente o “julgamento hipócrita”. Jesus diz aos judeus no
versículo 1 que eles não devem julgar. No versículo 2, ele dá a razão pela qual
eles não devem julgar: o padrão que eles usam para julgar os outros será o
mesmo padrão que os outros usarão para julgá-los. Eles não devem ignorar seus
próprios pecados, enquanto condenando os mesmos pecados nos outros. Fazer isto
é julgar com um “padrão Duplo”, ou seja, julgar hipocritamente.
Não é hipócrita condenar o irmão por uma pequena
falta, ou mesmo tentar ajudá-lo a sobrepujá-la, quando você mesmo é culpado de
uma falta maior? Esta é a grande questão que JESUS estava colocando diante do
povo nesta passagem.
Note que o pecado dos dois pecadores (a pessoa e seu
irmão) é o mesmo em dois respeitos. Primeiro, é o mesmo em natureza: em ambos
os casos um pedaço de madeira estava no olho da pessoa. Segundo, ambos estão
atualmente pecando: o pedaço de madeira estava no olho deles naquele momento. A
diferença entre as suas faltas é somente uma de tamanho: um pedaço é pequeno, e
o outro é grande. É hipocrisia alguém cujo pecado é maior condenar alguém cujo
pecado é menor, sendo em ambos os casos o mesmo tipo de pecado (vs 5). Em
outras palavras, uma mulher que está abortando um feto de oito meses não está
na posição de repreender um homem que mata um caixa de banco, e o homossexual
não está na posição de criticar infidelidades num casamento homossexual!
Mateus 7:1, de acordo com o seu contexto, não
proíbe todo julgamento e intolerância, mas somente o julgamento e intolerância
hipócrita. De fato, ele requer de nós que, após nos arrependermos dos nossos
próprios pecados, condenemos o pecado do irmão como pecado, e ajudemo-lo a se
voltar dele.
“tira primeiro a trave do teu olho”, diz Jesus, “e
então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão”. Mt 7:5
Jesus ordena uma intolerância genuína, e não
hipócrita, do pecado que o irmão comete.
Outra passagem bastante utilizada é João 8:7-11. O
contexto é a história da mulher que foi pega no próprio ato de adultério e
trazida a Jesus pelos escribas e fariseus. No versículo 7, Jesus diz aos
escribas e fariseus: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro
que lhe atire pedra”. No versículo 11 ele fala para a mulher: “Nem eu tampouco
te condeno; vai e não peques mais”. Os defensores da tolerância usam estas
palavras para argumentar que ninguém deveria condenar outras pessoas, pois não
é melhor que elas.
Entendamos por ora que, quando alguém julga, ela dá
um veredicto: Culpado ou inocente. Após ser julgada, a pessoa é sentenciada: A
pessoa culpada é condenada (sentenciada ao castigo) e a inocente é liberta. O
ponto é que julgar e condenar são duas coisas distintas, relacionadas, mas não
idênticas.
Tendo isso em mente, note que Jesus de fato julga
esta mulher, mas não a condena. Ao dizer-lhe “vai e não peques mais”, Jesus
indica que ela tinha pecado. Em si mesma, a acusação dos fariseus estava
correta, e Jesus julgou o pecado como sendo pecado.
Isto mostra intolerância pela ação pecaminosa!
Seguindo o exemplo de Jesus, devemos dizer aos pecadores que mostrem
arrependimento genuíno não mais cometendo pecado.
Embora Jesus tenha julgado a mulher, ele não a
condenou. Ela pode ir embora: ela não foi executada. O evangelho para o pecador
penitente é:
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus.” Rm 8:1
Esta é a mensagem que Jesus dá à mulher; o próprio
Jesus foi condenado por ela! Ele suportou o castigo que lhe era devido, para
que ela pudesse ser livre!
A resposta de Jesus aos fariseus expõe o julgamento
hipócrita deles no assunto (o propósito primário deles, certamente, não tinha
nada a ver com a mulher; era pegar Jesus em suas próprias palavras. Todavia,
Jesus sabia que os fariseus se orgulhavam da justiça própria deles, e respondeu
à luz deste fato).
Os fariseus, Jesus Recorda-os, também eram culpados
de pecado, e especificamente de adultério, quer físico ou no coração. Porque
também não eram livres de pecado, também eram dignos de morte como ela. Assim,
ao desejar saber que julgamento ela deveria ter recebido, eles revelaram sua
própria hipocrisia e motivação errônea.
João 8:7 e 11 nos ensinam como tratar os que pecam.
O versículo 11 diz que devemos desejar o arrependimento do pecador; o versículo
7 nos ensina que não devemos fazer isso hipocritamente, nem com motivos
errôneos ou de uma maneira imprópria. Contudo, a passagem não quer dizer que
nunca devemos considerar as pessoas responsáveis por seus pecados (isto é,
julgar o pecado como sendo pecado).
Agora
gostaria de colocar as passagens Bíblicas que nos ordenam julgar.
João 7:24
“Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta
justiça”.
Outras passagens na Escritura nos ordenam
positivamente a julgar. Uma passagem que nos diz isso claramente é esta citada
acima. Ela se encontra no contexto da discussão de Jesus com os judeus que
questionaram sua doutrina, e tinham-no acusado de ter um diabo (Jo 7:20) e de
quebrar o dia do Sábado curando um homem (Jo 5:1-16). A eles Jesus diz: “Não
julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”. Ao dizer “não julgueis”,
Jesus não pretende proibir o julgamento como tal, mas proibir certo tipo de
julgamento, como a parte positiva deste versículo deixa claro. Podemos julgar,
mas quando o fizermos, devemos julgar justamente.
O julgamento exterior e superficial – isto é,
julgar simplesmente sobre base do que parece ser o caso, sem conhecer todos os
fatos – é um julgamento imprudente, injusto e sem discernimento, que é
contrário ao nono mandamento da lei de Deus. Deus odeia tal julgamento. O
Julgamento justo é feito usando a lei de Deus como o padrão pelo qual
discernimos se o que parece ser é o caso é realmente o caso.
1 Co 5
1 Coríntios 5 é um capítulo importante com respeito
ao dever positivo de julgar. Primeiro, no versículo 3 Paulo declara, sob a
inspiração do Espírito, que ele tinha julgado um membro da igreja em Corinto
que estava vivendo no pecado da fornicação. Seu julgamento foi “seja entregue
[tal pessoa] a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo
no Dia do Senhor Jesus”. Este é um julgamento ousado da sua parte.
Segundo, nos versículos 9-13, Paulo lembra aos
santos do seu dever de julgar as pessoas que estão dentro da igreja, quanto ao
fato destes estarem, ou não, obedecendo a lei de Deus.
Aqueles que alegam ser cristãos e são membros da
igreja, mas que são julgados como sendo impenitentemente desobedientes a
qualquer mandamento da lei de Deus (vs 9-10), devem ser excluídos da comunhão
da Igreja. Paulo, sob a inspiração do Espírito, diz para a igreja não tolerar
pecadores impertinentes!
Outras passagens
Outras passagens também indicam que é nossa
responsabilidade julgar. Jesus pergunta às pessoas em Lucas 12:57: “E por que
não julgais também por vós mesmos o que é justo?”. Jesus repreende os escribas
e fariseus em Mateus 23:23 e Lucas 11:23, dizendo: “Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho
e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis,
porém fazer essas coisas e não omitir aquelas”. Era o dever deles, de acordo
com a lei, julgar – mas eles tinham falhado neste dever. Paulo orou para que o
amor dos irmãos filipenses “aumentasse mais e mais em pleno conhecimento e toda
a percepção”. (Fl 1:9). Ele diz aos de Corintos: “Falo como a criteriosos;
julgai vós mesmos o que digo”. (1 Co 1:15).
Os cristãos são solicitados a examinar tudo e reter
o bem (1 Ts 5:21). Eles também são obrigados a provar se os espíritos são de
Deus: "Irmãos, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os
espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas tem saído pelo
mundo afora." (1 Jo 4:1)
Mesmo nas reuniões cristãs eles devem
"julgar" o que ouvem: "Tratando-se de profetas, falem apenas
dois ou três, e os outros julguem." (1 Co 14:29).
Os Crentes de Corinto receberam ordens para julgar
imediatamente a imoralidade existente entre os seus membros (1 Co 5:1-8). Mesmo
o estrangeiro de passagem não deve ser hospedado se for verificado que não se
trata de uma pessoa alicerçada na verdadeira fé (2 Jo 10,11). E um anátema
(maldição) deve ser proferido contra aqueles que apresentarem um tipo diferente
de evangelho (Gl 1:9).
Conclusão
Algumas passagens da Escritura parecem proibir o
julgamento, enquanto outras claramente exigem isso. Estudando os contextos
daquelas que parecem proibir o julgamento, descobrimos que o que é proibido não
é realmente o julgamento em si, mas sim um tipo errôneo de julgamento. Deus
odeia o julgamento hipócrita! Mas Deus ama o julgamento justo da parte dos seus
filhos.
Portanto, é dever de todo Cristão julgar!
“Irmãos,
se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o
com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.” Gl
6:1
“Prega
a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com
toda longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã
doutrina, pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à
verdade, entregando-se a fábulas.” 2 Tm 4:2-3
Fonte: http://adielteofilo.blogspot.com.br
Imagem: Google
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