Poucos leitores da Bíblia estão familiarizados com
os dois personagens bíblicos, Himeneu e Fileto, e muito menos com os seus
ensinos, os quais Paulo criticou na sua segunda carta a Timóteo (2Tm. 2.16-18).
Não é fácil também obtermos informações sobre eles em vários dicionários
bíblicos. Leiamos o que dizem os versículos apontados:
“Mas evita os falatórios profanos, porque
produzirão maior impiedade. E a palavra desses roerá como gangrena; entre os
quais são Himeneu e Fileto. Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a
ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns”.
Embora Himeneu seja mencionado duas vezes na
Bíblia, uma no texto em apreço e outra em 1 Timóteo 1.19-20, Fileto é
mencionado uma única vez e pouco sabemos de suas vidas como obreiros e
companheiros do apóstolo Paulo.
Três informações colhemos de 2 Timóteo 2.16-18:
1. a) Se desviaram dá verdade;
2. b) Afirmavam que a ressurreição era acontecimento do passado;
3. c) Perverteram a fé de alguns.
Podiam realmente ser enquadrados no que Paulo
declarou em 1 Timóteo 4.1: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos
últimos dias, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores,
e a doutrinas de demônios. Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo
cauterizada a sua própria consciência”.
O nome Himeneu é derivado de Hímen, deus grego do
casamento. Himeneu se tornou apóstata do Cristianismo, durante o primeiro
século. Na sua apostasia doutrinária, juntamente com um certo Fileto, ensinava
doutrinas falsas, e pervertiam a fé de alguns. O ensino falso deles era que a
ressurreição já era coisa do passado. Uma pergunta surge: como poderiam afirmar
que a ressurreição era já feita se ela realmente não podia ser comprovada por
ninguém da época? Contra fatos não há argumentos. Se realmente a ressurreição
já ocorrera como um fato, qualquer argumento contra esse fato em nada
adiantaria. Entretanto, a explicação desses homens, pervertidos
doutrinariamente, era simples: a ressurreição ocorrera apenas simbólica ou
espiritualmente. Nada literal. Ora, nós sabemos que a ressurreição espiritual
ou simbólica ocorre com os que estão vivos fisicamente e mortos
espiritualmente. “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas a pecados,
em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe
das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência.
Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo
(pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez
assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Efésios 2.1-5).
Como vemos, os mortos espiritualmente, quando
recebem a Cristo como Salvador, ressuscitam espiritualmente: “Portanto, se
já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo
está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não das
que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com
Cristo em Deus” (Colossenses 3.1-3). Abordando depois a ressurreição dos
corpos, literal, e não mais espiritual ou simbólica, continua Paulo: “Quando
Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis
com ele em glória” (verso 4).
A EXPECTATIVA DOS PRIMITIVOS CRISTÃOS
Podemos afirmar que a grande expectativa dos
primitivos cristãos, nos dias de Paulo, era com relação à segunda vinda de
Cristo. Esperavam que essa vinda se desse ainda em seus dias. Entretanto, a
grande dúvida que tinham era com relação àqueles que tinham morrido antes de se
ter dado a segunda vinda de Cristo. Qual a situação deles? Será que esses
cristãos falecidos iriam participar da ressurreição por ocasião da vinda de Jesus?
Paulo então esclarece: “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes
acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os demais, que não
tem esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também
aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele” (1
Tessalonicenses 4.13-14).
O FATO DA RESSURREIÇÃO DE JESUS
Paulo tomando conhecimento dessa dúvida procura
argumentar em favor da ressurreição dos cristãos já mortos e como base
fundamental para essa ressurreição estava o fato da própria ressurreição de
Cristo. Expõe que testemunhas oculares ainda vivas poderiam atestar o
acontecimento da ressurreição de Cristo.
“Porque primeiramente vos entreguei o que também
recebi; que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi
sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi
visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de
quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também.
Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de
todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.” (1 Co 15.3-6) Dessa forma,
os cristãos não precisavam alimentar suas dúvidas quanto aos que dormiram no
Senhor. É preciso ter presente que a palavra dormir não se refere à alma ou ao
espírito, mas ao corpo. O corpo dorme, “E abriram-se os sepulcros, e muitos
corpos de santos que dormiam foram ressuscitados.” (Mt 27.52) Assim, ao morrer
os espíritos dos cristãos partiam para estar com Cristo (At 7.59; 2 Co 5.6-8;
Fp 1.21-23) e os corpos ressuscitariam por ocasião da volta de Jesus (1 Ts
4.14).
OS QUE NEGAVAM A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Havia naqueles dias também falsos mestres que
negavam a ressurreição de Jesus. Paulo então estabelece os seguintes pontos: os
mortos ressuscitam tendo em vista a ressurreição de Cristo; ou não há
ressurreição de mortos, o que implicaria na negação da ressurreição de Cristo,
um acontecimento historicamente comprovado:
“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os
mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se
não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não
ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos
também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus,
que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os
mortos não ressuscitam” (1
Coríntios 15.12-14). Mas conclui Paulo: “Mas, de fato, Cristo ressuscitou
dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (1 Coríntios
15.20).
Com base na ressurreição de Cristo, estabelece o
que acontecerá por ocasião de Sua vinda: “Eis aqui vos digo um mistério: Na
verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados. Num momento,
num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e
os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1
Coríntios 15.51-52).
A RESSURREIÇÃO ERA JÁ PASSADA
À semelhança do ensino de Himeneu e Fileto, que se
desviaram da verdade e ensinavam aos seus contemporâneos ter já ocorrido a
ressurreição, também hoje encontramos os discípulos desses dois falsos mestres
que repetem o mesmo ensino criticado por Paulo. Afirmam que a primeira ressurreição,
apontada em Apocalipse 20.4-6, já se deu: “E vi tronos; e assentaram-se
sobre eles… e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de
Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e
não receberam o sinal nas suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram
com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil
anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem- aventurado e santo
aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a
segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil
anos”. Essa ressurreição é chamada a primeira em dois sentidos: primeiro no
tempo e primeiro na qualidade do corpo ressuscitado, isto é, um corpo glorificado
como ocorreu com Jesus (Filipenses 3.20-21).
DATAS DA PRIMEIRA RESSURREIÇÃO
Como a confusão doutrinária é uma característica
das Testemunhas de Jeová, que dificilmente sustentam um mesmo ensino por muito
tempo, o mesmo ocorre com respeito à data da ocorrência da primeira
ressurreição, que, segundo antigo ensino, se deu em 1878 e 1918. Duas datas
foram indicadas para essa ressurreição espiritual e simbólica pregada por essa
organização religiosa:
1878 – “Por exemplo, foi em 1927 que A Torre de
Vigia apontou que os membros fieis do corpo de Cristo que dormiam não foram
ressuscitados em 1878 [como certa vez se pensava]” (Anuário das Testemunhas
de Jeová de 1976, p. 149-STV).
1918 – “Uma das muitas verdades esclarecedoras que
Deus forneceu então às suas testemunhas, referia-se aos membros da nação
espiritual de Deus, que já tinham morrido fisicamente. Isto se deu em 1927.
Naquele ano, as testemunhas entenderam que os israelitas espirituais falecidos
tinham sido ressuscitados em 1918 à vida no céu, junto com Cristo Jesus.
Tratava-se, naturalmente, duma ressurreição invisível. Invisível aos olhos
humanos, a ressurreição dos membros falecidos da nação espiritual de Deus para
a vida celestial deu-se conforme a Bíblia predissera” (Do Paraíso Perdido ao Paraíso
Restaurado, p. 192- STV).
Cumpre-se, com as Testemunhas de Jeová, o que Deus
falou por meio do profeta Jeremias: “E disse-me o SENHOR: Os profetas
profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem
lhes falei; visão falsa, e adivinhação e o engano do seu coração é o que eles
vos profetizam” (Jeremias 14.14). Com que desfaçatez declaram: “Uma das
muitas verdades esclarecedoras que Deus forneceu”. Atribuem a Deus a falsa
profecia de que os mortos ressuscitaram em 1918, quando já o tinham dito para
1878. Deus não é um “Deus de confusão” (1Coríntios 14.33).
Insistem em afirmar a mesma mentira religiosa: “A
partir de 1918, quando um dos últimos da nação espiritual de Deus morre, ele
não precisa dormir na morte. Deus o ressuscita na morte para a vida no céu,
assim como o apóstolo disse a respeito dos
últimos
da nação espiritual de Deus, que vivessem depois de 1918: “Nem todos dormiremos
na morte, mas todos seremos mudados, num momento, num abrir e fechar de olhos”
(Do Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado, p. 192, edição de 1959, STV).
“Toda a evidência indica que essa ressurreição
celestial começou em 1918, após a entronização de Jesus, em 1914” (REVELAÇÃO Seu Grandioso Clímax, p. 103, edição de 1988, STV).
ALGO INQUIETANTE ENTRE AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
A grande pergunta que se deve fazer às Testemunhas
de Jeová é:
Como poderia ter a primeira ressurreição ocorrido em 1878, e depois
a mesma ressurreição ter ocorrido em 1918? Por exemplo, a ressurreição de Jesus
teve a comprovação de várias pessoas e ainda de estar o seu túmulo vazio:
“Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu
mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes
que eu tenho. E, dizendo isto, mostrou- lhes as mãos e os pés. E, não o crendo
eles, ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes
aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe
assado, e um favo de mel; o que ele tomou e comeu diante deles” (Lucas 24.33-43).
“Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava
com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o
Senhor. Mas disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mão, e não puser
o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira
nenhuma o crerei. E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos
dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e
apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe
aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado;
e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e
Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os
que não viram e creram” (João
20.25-29).
Mas, qual a prova da primeira ressurreição ter
ocorrido em 1878 segundo ensinavam as Testemunhas de Jeová? E por que essa
ressurreição não foi comprovada por ninguém? Por que a ressurreição ensinada
por elas é estritamente espiritual? A ressurreição ocorreu só na mente das
Testemunhas de Jeová, e tanto é assim que a seu bel prazer mudaram a data para
1918. Recorrem à válvula da invisibilidade.
AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ PERVERTEM A FÉ DE MUITOS
No seu afã de sobreviver à Batalha do Armagedom, as
Testemunhas de Jeová cumprem rigorosamente o que seu Corpo Governante
determina, para que ganhem a vida eterna no paraíso na terra. Devem empregar
várias horas por dia para divulgar a mensagem do reino de Jesus estabelecido no
céu em 1 de outubro de 1914.
“Contando-se 2.520 anos a partir de princípios de
outubro de 607 A. E. C. chegamos a princípios de 1914” (Raciocínios à Base das Escrituras, p. 111).
“A evidência bíblica mostra que no ano de 1914 E.C.
o tempo de Deus chegou para Cristo voltar e começar a dominar” (Poderá Viver para Sempre no Paraíso na Terra? p. 147/16).
“A volta de Cristo não significa que ele volta
literalmente a esta terra. Antes, significa que assume o poder do Reino com
relação a esta terra e volta sua atenção para ela. Ele não precisa deixar seu
trono celestial e realmente vir à terra” (Poderá
Viver…, p. 147/16).
Nesse trabalho, duas vezes por semana, um grande
perigo correm as pessoas, quando recebem em suas casas a visita de duas pessoas
que se identificam como Testemunhas de Jeová, e que estão advertindo as pessoas
sobre o perigo do Armagedom. Para que possam sobreviver ao Armagedom precisam
abandonar sua religião e entrar para a Sociedade Torre de Vigia, a única
organização visível de Deus na terra. Agregando-se às Testemunhas de Jeová a
liberdade delas está perdida. Assim, a liderança das testemunhas passa a
dominar tais pessoas, que se tornam propagadoras dos ensinos heréticos dessa
organização, destacando-se que creem na existência de uma classe de pessoas que
vai morar no céu, e que já ressuscitou espiritualmente, para morar com Cristo
no céu a partir de 1878, posteriormente mudado para 1918. Afastam-se assim da
verdade bíblica e pervertem as Escrituras para sua própria perdição. Jesus
advertiu sobre o perigo às nossas portas, dizendo: “Acautelai-vos, porém,
dos falsos profetas, que veem até vós vestidos como ovelhas, mas,
interiormente, são lobos devoradores” (Mateus 7.15). E se cumpre o que
declamou Paulo: “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior,
enganando e sendo enganados” (2 Timóteo 3.13).
A GRAVIDADE DO ENSINO DE HIMENEU E FILETO
Para avaliarmos a gravidade do ensino falso de
Himeneu e Fileto, Paulo os entrega a Satanás. Disse Paulo: “Este mandamento
te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti,
milites por elas boa milícia; conservando a fé, e a boa consciência, a qual
alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé. E entre esses foram Himeneu e
Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar”
( 1 Timóteo 1.18-10).
Pr.
Natanael Rinaldi
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