A ideia do Domingo como o Dia do
Senhor tem sido afrontada em vários sentidos. Alguns ensinam que o sábado do
sétimo dia é aquele que deve ser guardado pela Igreja Cristã, outros dizem que
o quarto mandamento foi abolido e que não há mais um dia de guarda, outros
ensinam que, o que permanece é o princípio de um dia em sete, e que não importa
qual dia da semana guardar. Este artigo defende que o primeiro dia da semana
[domingo] é, hoje, o sábado cristão.
DEUS DESCANSA NO SÉTIMO DIA
DEUS DESCANSA NO SÉTIMO DIA
No Sétimo Dia da Semana criativa, o
Senhor Deus o santificou e descansou (Gênesis 2.4). O repouso divino não
ocorreu porque o Criador estava literalmente cansado (Isaías 40.28). Se
entendermos que os dias criativos são de 24 horas, podemos dizer que o Amoroso
Criador descansou para que, de forma didática, pudesse posteriormente ensinar a
Israel sobre a santificação do Sétimo Dia (Êxodo 20.10-11).
É interessante que o primeiro a guardar o sábado tenha sido o próprio Deus, antes mesmo que a raça humana fosse contaminada pelo pecado, e antes do estabelecimento de qualquer sistema cerimonial de expiação. Nesse sentido, o mandamento sabático transcende uma mera questão de “ordenança cerimonial”, constituindo-se, portanto, em um princípio moral eterno.
É interessante que o primeiro a guardar o sábado tenha sido o próprio Deus, antes mesmo que a raça humana fosse contaminada pelo pecado, e antes do estabelecimento de qualquer sistema cerimonial de expiação. Nesse sentido, o mandamento sabático transcende uma mera questão de “ordenança cerimonial”, constituindo-se, portanto, em um princípio moral eterno.
A LEI DO SÁBADO
Deus ordenou a Israel que
santificasse o Sétimo Dia (Êxodo 16.26-30). Incluindo-o no Decálogo, a suma dos
princípios morais da Lei, quis o Senhor enfatizar a presença de um elemento
moral no quarto mandamento, dando ainda, como base para o mesmo, o que Ele fez ao
findar sua obra criativa (Êxodo 20.7-11). Não obstante, o sábado também possuía
uma esfera cerimonial (Levítico 23.2-3). Por fins didáticos, podemos distinguir
o “sábado moral” e o “sábado cerimonial”. O primeiro, diria respeito aos
princípios e elementos morais presentes no mandamento de guardar o dia do
Senhor e o segundo, referia-se aos aspectos cerimônias que caracterizavam a
guarda do sétimo dia no Antigo Testamento, mas incluindo também os dias de
descanso festivos.
O SÁBADO NA NOVA ALIANÇA
O SÁBADO NA NOVA ALIANÇA
O sábado cerimonial prefigurava o
descanso espiritual que o Sacrifício de Jesus traria aos que estavam
sobrecarregados pelo pecado (Mateus 11.28; Hebreus 4.9-11). Tendo cumprindo o
seu propósito tipológico, o sábado cerimonial foi abolido: “anulando em seu
corpo a lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar
em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz” (Efésios 2.15). “Portanto,
não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com
relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos
dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade,
porém, encontra-se em Cristo.” (Colossenses 2.16-17). “Vocês estão
observando dias especiais, meses, ocasiões específicas e anos! Temo que os meus
esforços por vocês tenham sido inúteis.” (Gálatas 4.10-11).
No concernente à guarda dos dias
cerimoniais do judaísmo, os cristãos possuem liberdade para considerarem todos
os dias iguais: “Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem
considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua
própria mente” (Romanos 14.5).
Por outro lado, o sábado moral não pode ter sido abolido. Mas, é importante mostrar como se desenvolve a revelação progressiva desse mandamento. Três razões são oferecidas para guardá-lo, sendo que a última provoca uma mudança na administração do mesmo. A primeira é o descanso sabático de Deus na semana criativa, a segunda é a libertação de Israel da escravidão egípcia (Deuteronômio 5.15) e a terceira é a Ressurreição de Cristo. Assim, a anulação dos aspectos cerimoniais da guarda do sábado, e a mudança de razão da guarda do mesmo trazem uma modificação, operada por Deus, na administração do quarto mandamento.
UMA MUDANÇA DE ADMINISTRAÇÃO
Por outro lado, o sábado moral não pode ter sido abolido. Mas, é importante mostrar como se desenvolve a revelação progressiva desse mandamento. Três razões são oferecidas para guardá-lo, sendo que a última provoca uma mudança na administração do mesmo. A primeira é o descanso sabático de Deus na semana criativa, a segunda é a libertação de Israel da escravidão egípcia (Deuteronômio 5.15) e a terceira é a Ressurreição de Cristo. Assim, a anulação dos aspectos cerimoniais da guarda do sábado, e a mudança de razão da guarda do mesmo trazem uma modificação, operada por Deus, na administração do quarto mandamento.
UMA MUDANÇA DE ADMINISTRAÇÃO
Alguns mandamentos
veterotestamentários, quando tendo abolidos seus aspectos cerimoniais, foram
substituídos por uma nova forma de administração no Novo Pacto. Desse modo,
falamos do Batismo como “a circuncisão cristã”, ou da Santa Ceia como a “páscoa
cristã”. Luciano Sena esclarece isso melhor:
1) Até a morte de Cristo, as
referências sobre a Páscoa eram relatadas nos evangelhos como algo normal. Uma
prática aceita e reverenciada. De repente, Cristo faz algo que com o passar do
tempo a igreja começa a substituir a concepção antiga com a nova perspectiva, a
Santa Ceia. Embora não temos uma ordem clara: ‘A Santa Ceia entrou no lugar da
Páscoa’ – as evidências são tão fortes, que se tal ordem de transferência fosse
escrita, faria com os relatos de muitos acontecimentos seriam desnecessários.
Estamos ligados com o povo de Deus lá no Egito! Que bênção! Mas faltam algumas
coisas na Ceia? [ervas amargas, cordeiro, certo dia especifico, etc] Sim, mas
vários detalhes de um certo mandamento podem também suprir necessidades
contextuais e contemporâneas, que após um tempo não seriam incluídas. 2) Até a
morte de Cristo, as referências sobre o sábado eram relatadas nos evangelhos
como algo normal. Uma prática aceita e reverenciada. De repente, Cristo faz
algo que com o passar do tempo a igreja começa a substituir a concepção antiga
com a nova perspectiva, o primeiro dia da semana, o dia do Senhor. O
Domingo.[1]
Deus confirmou essa mudança, batizando a Igreja no Espírito no Domingo (Atos 2.1), neste mesmo dia foi pregado o primeiro sermão sobre a morte e ressurreição de Cristo por Pedro e ocorreram as primeiras conversões (Atos 2.14). Os crentes naturalmente começaram a reunir-se no Domingo para adorar (Atos 20.7). A Igreja costumava se reunir no Domingo, por isso Paulo instrui para que os crentes a aproveitarem esse dia para fazer ofertas para os pobres (1 Coríntios 16.2). O apóstolo João fez questão de destacar o dia da ressurreição de Jesus como tendo sido no Domingo (João 20.1,19,26) e de chamá-lo de “Kyriake hemera” - o “Dia do Senhor” (Apocalipse 1.10). Desse modo, se o dia de guarda do Antigo Pacto era o sétimo dia, com a Ressurreição de Cristo, o primeiro dia da semana torna-se o dia do Senhor no Novo Pacto.
Evidenciando o reconhecimento da
Igreja da alteração efetuada pela ressurreição de Cristo, temos o testemunho da
visão cristã primitiva. O Didaquê (65-80d.C.): “E no dia do Senhor Kyriake
hemera, congregai-vos para partir o pão e dai graças”. A Epístola de Barnabé
(96-98 d.C.): “Ele finalmente lhes disse: Não suporto vossas neomênias e vossos
sábados. Vede como ele diz: não são os sábados atuais que me agradam, mas
aquele que eu fiz e no qual, depois de ter levado todas as coisas ao repouso,
farei o início do oitavo dia, isto é, o começo de outro mundo. Eis por que
celebramos como festa alegre o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos
e, depois de se manifestar, subiu aos céus.” Justino Mártir (100-165 d.C.): “No
dia que se chama do sol [domingo] se celebra uma reunião de todos os que moram
nas cidades e nos campos”. Tertuliano (160-220 d.C.): “Nós, porém, (segundo nos
há ensinado a tradição) no dia da ressurreição do Senhor devemos tratar não só
de nos ajoelhar, mas também devemos deixar todos os afazeres e preocupações,
adiando também nossos negócios, a menos que queiramos dar lugar ao diabo.” E
ainda, Cipriano de Cartago (200d.C.): “Como o oitavo dia, isto é, o dia
imediatamente após o Sábado era o dia em que havia de ressuscitar o Senhor, e
nos havia de dar a vida com a circuncisão, por isso na lei antiga se observou
este dia.”[2] Os primitivos cristãos claramente perceberam que a Ressurreição
de Cristo fez do Domingo um dia santo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O povo eleito de Deus não deve
negligenciar a guarda do dia do Senhor. Chamando Israel a confissão de seus
erros e pecados, Deus assim o exorta: “Se você vigiar seus pés para não
profanar o sábado e para não fazer o que bem quiser em meu santo dia; se você
chamar delícia o sábado e honroso o santo dia do Senhor, e se honrá-lo,
deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar
futilidades, então você terá no Senhor a sua alegria, e eu farei com que você
cavalgue nos altos da terra e se banqueteie com a herança de Jacó, seu pai. ’
Pois é o Senhor quem fala.” (Isaías 58.13-14).
Cremos e confessamos, juntamente com
a Confissão de Fé de Westiminster (21.7):
Como é lei da natureza que, em geral,
uma devida proporção do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim também em
sua palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a
todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em
sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do
mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a
ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na
Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim
do mundo como o sábado cristão.[3]
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Fontes:
Autor: Bruno dos Santos Queiroz
Divulgação: Bereianos
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