SEÇÃO
51 - HEBREUS 10:26-29
“Porque, se
pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade,
já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível
de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém
a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três
testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele
que pisar o Filho de Deus e tiver por profano o sangue da aliança com que foi
santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?”
A CAUSA DE DEUS E DA VERDADE.
Parte 1
HEBREUS 10:26 - 29, "Porque, se pecarmos
voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não
resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo
e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de
Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De
quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o
Filho de Deus e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado e
fizer agravo ao Espírito da graça?”
Essa passagem é utilizada de duas maneiras: As duas
para provar que Cristo morreu por alguns que perecem. Caso contrário, é
perguntado: “Em que sentido tolerável pode-se dizer que não resta nenhum outro
sacrifício pelos pecados para eles, para os quais nenhum sacrifício jamais foi
oferecido ou intencionado, e que foram, pelo próprio decreto de Deus, excluídos
de qualquer interesse na morte de Cristo antes de eles entrarem no mundo? Como
pode alguém profanar o sangue da aliança com que foi santificado, se do qual
foi, inevitavelmente, excluído desde o início do mundo?” Ela é usada também
para provar que verdadeiros crentes, tais como dizem que são esses, tendo sido
santificados pelo sangue da aliança, podem não cair de forma definitiva e
total, uma vez que eles pecaram de tal forma já não resta nenhum sacrifício por
seu pecado, e fizeram agravo ao Espírito da graça. Contudo,
1. não são evidentes que eles eram verdadeiros
crentes, nem a partir do que foi dito sobre essas pessoas, nem pelo fato de o
apóstolo Paulo, um verdadeiro crente e um vaso escolhido de salvação, ter
falado na primeira pessoa do plural, nós, que pode parecer incluir a si mesmo,
Ele, frequentemente, usa esse modo de falar, não tanto com relação a si mesmo,
mas aos outros para que desse modo aquilo que ele proferiu seja amenizado, isto
é, possa não ser tão pesado para eles, sendo recebido com mais facilidade.
Dessa forma, eles, os que são realmente graciosos, percebem que ele não teria
guardado algum grande sofrimento para eles, algo que iria pesar na consciência
deles; ver Hebreus 2:1 e 4:1. Além disso, pode-se observar que, às vezes,
quando os apóstolos se expressavam dessa maneira, eles não designavam a si
mesmos de jeito nenhum, mas aos outros, que estavam sob a mesma profissão
visível de religião, e pertenciam à mesma comunidade de crentes que eles; ver I
Pedro 4:3; Tito 3:3; Efésios 2:3; em comparação com Atos 22:3 e 26:5;
Filipenses 3:6. Contudo, admitindo que o apóstolo e outros crentes verdadeiros
estão inclusos nessas palavras, eles não são uma proposta categórica, mas
hipotética, que pode ser verdadeira quando uma ou ambas as partes da frase são
impossíveis. A verdade de tal proposta consiste na conexão do antecedente e
consequente; como quando nosso Senhor disse aos judeus: E, se disser que o não
conheço, serei mentiroso como vós (João 8:55). A proposta é quando ambas as
partes dela eram impossíveis. Era tanto impossível que Cristo dissesse que Ele
não conhecia o Pai quanto que Ele fosse um mentiroso como eles. Assim, a
proposta no texto é verdade, embora impossível que os crentes verdadeiros
pequem de tal modo, a ponto de perecer eternamente. Quando eu digo impossível,
não quero dizer que é impossível por considerar a própria fraqueza deles, e o
poder de Satanás, e que eles devem ser deixados às suas próprias corrupções e
as tentações do maligno, mas impossível, considerando a graça de Deus, o poder
de Cristo, a segurança dada a eles numa aliança eterna, etc. Por isso,
segue-se, que tal proposta não prova que eles poderiam ou de fato pecariam
dessa maneira. Pode-se dizer, então, que tal proposta é proferida em vão e não
responde a nenhum propósito. Eu respondo que pode ser do serviço, embora a
condição seja impossível, como para ilustrar e certificar a justa punição dos
apóstatas, pois se os crentes realmente verdadeiros seriam tão severamente
punidos, eles deveriam, ou se fosse possível terem pecado desse modo. Tais
pessoas hipócritas, más e vis apóstatas não poderiam esperar para escapar da
vingança divina; portanto, sim, tais declarações podem ser utilizadas pelo
Espírito de Deus para incitar os verdadeiros crentes à diligência no dever e
vigilância, contra todos os graus de apostasia e assim ser o meio de sua
perseverança final. Depois de tudo, é evidente que o apóstolo distingue os
verdadeiros crentes, versículos 38, 39; desses apóstatas, cujo padrão tinha
sido deixar a própria assembleia, versículo 25. Nem parece que esses eram
verdadeiros santos, por terem recebido o conhecimento da verdade. Se pela
verdade, nós entendemos Jesus Cristo, ou as Escrituras, ou o Evangelho, ou
alguma doutrina particular deste, especialmente a principal, a salvação em
Cristo, o que estou inclinado a pensar é intencional; uma vez que, além de um
conhecimento salvífico dessas coisas, que é peculiar aos verdadeiros crentes,
existe uma noção comum entre eles com os outros. Os outros podem dar, somente,
o seu consentimento a eles como verdadeiros e também ter muita luz dentro de
si, ser capaz de explicá-las, pregá-las a outros e ainda ser destituído da
graça de Deus. E, portanto, se tais pessoas pecam e caem de forma definitiva e
total, elas não são exemplos nem provas da apostasia final e total dos
verdadeiros santos; nem é manifesto que esses são as pessoas mencionadas aqui, sendo
santificadas pelo sangue da aliança, supondo que as palavras devem ser
entendidas dessas; visto que elas não têm qualquer relação com a santificação
interior de nossa natureza pelo Espírito de Cristo, como o Dr. Whitby mesmo
concorda e alega que elas devem ser entendidas como a remissão dos pecados e
justificação pelo sangue de Cristo, que estas pessoas receberam. É de fato
verdade, que as bênçãos do perdão e da justificação, se dão por meio de e pelo
sangue da aliança; e às vezes são expressas pela santificação, purgação e
limpeza; ver Hebreus 9:13, 14, Hebreus 10:10, Hebreus 13:12; I João 1:7.
Contudo, não pode ser designado aqui, pois ou essas pessoas receberam remissão
e justificação parciais dos pecados ou uma remissão completa de todos os seus pecados
e um resgate plenário deles; não um parcial, pois quando Deus perdoa pela causa
de Cristo, Ele perdoa todas as transgressões e justifica de todo o pecado,
Sendo assim, se essas pessoas tivessem recebido o perdão de todos os seus
pecados e sido justificadas de todas as suas iniquidades, elas teriam ficado
sem necessidade de qualquer sacrifício a mais pelo pecado; ver Hebreus 10:18, e
não teria existido qualquer fundamento para punição de qualquer espécie, muito
menos para uma tão grave como é aqui representada; ver Romanos 8:1, 30, 33. Se
então essas palavras devem ser consideradas mencionando esses apóstatas, cujo
significado é tanto que eles foram santificados ou separados dos outros por uma
profissão visível da religião, rendendo-se a uma igreja para andar com eles nas
ordenanças do Evangelho, apresentando-se ao batismo, participando da Ceia do
Senhor e bebendo do cálice, o sangue do Novo Testamento ou aliança; embora eles
não tenham discernido espiritualmente o corpo e o sangue de Cristo nessa ordenança,
mas profanaram o pão e o vinho, os símbolos destes, como coisas comuns; ou que
eles professaram a si mesmos e eram encarados pelos outros, como sendo
verdadeiramente santificados pelo Espírito e justificados pelo sangue de
Cristo. As pessoas são frequentemente descritas, não por aquilo que elas
realmente são, mas pelo que se imagina que elas sejam. Assim, o apóstolo,
escrevendo aos Coríntios diz de todos eles que foram santificados em Cristo
Jesus e por seu Espírito, porque os professos por si mesmos afirmaram ser
assim, e na opinião dos outros, eram assim; embora não se possa pensar que
todos eles eram realmente assim. Mas depois de tudo, parece mais provável, que
não aquele que pisar o Filho de Deus, mas o próprio Filho de Deus, é dito aqui
para ser santificado pelo sangue da aliança; que é mencionado como um
agravamento da maldade dos tais que profanam esse sangue, pelo qual o próprio
Filho de Deus foi santificado, isto é, separado, santificado e consagrado; como
Aarão e seus filhos foram pelos sacrifícios de bestas mortas, para ministrar no
ofício sacerdotal: Cristo, quando ofereceu a Si mesmo e derramou o Seu próprio
sangue precioso, o sangue da aliança, por meio do qual a aliança da graça foi
ratificada e confirmada, e também por meio do sangue da aliança trouxe,
novamente, os que estavam entre os mortos e declarou-se como Filho de Deus com
poder, sendo estabelecido à mão direita dEle, vivendo sempre para interceder
por nós; que é a outra parte de Seu ofício sacerdotal. Cristo sendo santificado
por Seu próprio sangue para completar toda a Sua obra de salvação.
2. Os crimes supostamente dessas pessoas ou como
elas são acusadas, tais como pecados voluntários; não são compreendidos pelas
enfermidades comuns da vida, pois até mesmo atos grosseiros de pecado podem ser
voluntariamente cometidos pelos santos depois da regeneração, como foi por
Davi, Pedro e outros. Esses crimes são compreendidos por uma negação da verdade
do Evangelho, da salvação por Cristo, contra todas as evidências dela, e as
convicções das próprias mentes de quem os comete: aquele que pisar o Filho de
Deus, tanto quanto neles estava, puxando-O de Seu trono, pisoteando-O e
retirando-Lhe da glória de Sua pessoa e sacrifício, negando ser Ele o Filho
eterno de Deus; profanando o sangue da aliança, colocando-O no mesmo nível com
o sangue de um novilho, ou no máximo, profanando-O, ‘çglkd dya’, de acordo com
a Versão síria, como o sangue de qualquer outro homem, sim, considerado como
impuro e abominável; e fazendo agravo ao Espírito da graça rejeitando-O como um
espírito de mentira, Seus dons e milagres como ilusões, conforme o Dr. Whitby
observa: “Eu digo que tais crimes como esses, são os que nunca podem ser
pensados em se cometer, ou capaz de ser cometido pelos tais que têm
verdadeiramente provado que o Senhor é gracioso.”
3. A declaração feita a essas pessoas, já não resta
mais sacrifício pelos pecados; significa nenhum sacrifício típico oferecido em
figura em Jerusalém, nem qualquer outro sacrifício real como Cristo ofereceu,
ou seja, que Ele não virá, morrerá novamente e repetirá o Seu sacrifício; e,
por isso, eles tendo negado a salvação por Ele e a virtude de Seu primeiro
sacrifício, não podem nunca esperar por outro; mas que quando Ele aparecer uma
segunda vez, Ele trará um terrível julgamento, que emitirá nas chamas
devoradoras de Sua ira e indignação, e será um castigo maior que os
transgressores da lei de Moisés enfrentaram, que era apenas temporal, porém
esta morte será eterna. Tal declaração de ira e vingança, eu digo, prova de
fato que essas pessoas caíram final e totalmente; mas na medida em que elas não
podem ser provadas como verdadeiras crentes, por isso, não será evidente a
partir daí, que Cristo morreu pelas tais que se perdem; ou que aqueles que
realmente têm crido podem total e finalmente cair.
Tradução: Hiralte Fontoura 09/2012
Revisão: Calvin G Gardner, 06/2014
Revisão gramatical: Erci Nascimento 09/2014
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
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