O objetivo de desenvolver pesquisa e denúncia do
movimento neopentecostal não é de invalidar a sinceridade de pessoas, que
religiosamente procuram nas igrejas respostas para seus problemas existenciais,
mas de alertar os males espirituais, sociais e familiares que tal pensamento
religioso produz. É válido dizer também que sinceridade não é critério de
veracidade, uma pessoa pode ser sincera, mas, estar no erro.
Já fizemos uma análise do Sincretismo Neopentecostal,
agora iremos pensar sobre seu interesse econômico e comercial. O mercado da fé
tem sido sem sombra de dúvida um dos campos mais rentáveis no comércio moderno,
movimentando milhões, tanto na frequência dos fiéis as suas igrejas ou na
indústria cultural evangélica. Por isso iremos fazer uma análise comparativa
com o mercantilismo e o atual pensamento comercial no campo do marketing. Então
veremos que a mensagem e abordagem do neopentecostalismo são baseadas em
técnicas e conceitos a muito utilizados no campo comercial e
publicitário.
O mercantilismo ocorreu basicamente do século XVII
até o século XVIII, estava ligado ao processo de monarquias nacionais do
capitalismo comercial a serviço do estado moderno. O desenvolvimento de uma
política econômica no mercantilismo tornou-se indispensável para a formação de
uma monarquia absolutista. Esse avançar do mercantilismo se deu através das
navegações dos povos europeus. A grande busca por metais era desenfreada e
portadora de poder para negociações. Os espanhóis foram muito importantes nesse
período, também pelo fato dos países ibéricos deterem grande parte dos metais
da época. A balança comercial foi estabelecida pelos europeus para padronizar e
dar um eixo ao negócio. Claro que os reis eram os maiores beneficiados com
isso, visto sua preocupação em preservação e aumento da riqueza do reino.
A Negociata da Fé
Ao darmos um passo atrás na história no século XVI,
veremos a insatisfação de muitos religiosos com o aparato mercadológico da
igreja papal, sobe a égide de Leão X. O monge agostiniano Martinho Lutero
discordou e veementemente denunciou a salvação por obras e as heresias e manipulações
econômicas e comerciais da igreja. Na dieta de Worms lemos:
Concordas com o conteúdo ali escrito ou quer se
retratar. Lutero, ressabido, pediu um tempo para responder. Foi-lhe concedido
prazo de 24 horas. No outro dia, Lutero respondeu: “A menos que possa ser
refutado e convencido pelo testemunho da Escritura e por claros argumentos
(visto que não creio no papa, nem nos concílios; é evidente que todos eles
frequentemente erram e se contradizem); estou conquistado pela Santa Escritura
citada por mim, minha consciência está cativa à Palavra de Deus: não posso e
não me retratarei, pois é inseguro e perigoso fazer algo contra a consciência.
Esta é a minha posição. Não posso agir de outra maneira. Que Deus me ajude.
Amém!”.
Será que vivemos dias diferentes hoje? As
descabidas conquistas mercantilistas continuam por aí atrás do ouro. Muitos já
esqueceram como o Bispo Macedo comprou a Record? Muitos não querem ver a
barganha em nome de Deus, da mesma forma que era feito no século XVI. Porque
será que o culto a personalidade não tem sido refutado? O comércio da fé
justificado por líderes que se dizem cristãos. Cantores publicanos, nicolaítas,
adeptos de Balaão. Talvez você esteja dizendo, mas essa palavra é muito
ofensiva! Faço minhas as palavras de John MacArthur: Nunca suavize o
evangelho. Se a verdade ofende, então deixe que ofenda. As pessoas passam toda
a sua vida ofendendo a Deus; deixe que se ofendam por um momento. Deus não
divide sua glória, “a minha glória não a darei a outrem”. Isaías 48.11
“Ai dos pastores que destroem e dispersam as
ovelhas do meu pasto, diz o Senhor.” - Jeremias 23.1
“Filho do homem profetiza contra os pastores de
Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos
pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores
apascentar as ovelhas?” - Ezequiel 34.2
A contínua sede de poder por parte de pastores que
negociam a fé, que manipulam as ovelhas, que abusam espiritualmente delas e em
alguns casos até fisicamente. Esse mercantilismo que guerreia através de
técnicas de marketing, não para o crescimento do reino, mas para a construção
de um império particular. Os escândalos continuam a aparecer, pastores
milionários, lavagem de dinheiro, investimentos com o dinheiro da igreja,
paraísos fiscais e por aí vai. Ao elaborar uma campanha de marketing temos
alguns pontos que quero considerar.
O Marketing
Façamos algumas elucidações sobre estratégias de
venda.
• Geomarketing – É o composto do marketing, a forma
que o mercado se organiza num espaço físico, analisando as variáveis.
• Marketing direto – É uma forma de personalização
de atendimento e produto.
• Marketing concentrado – Busca obter resultados em
determinado mercado. A empresa visa dominar o mercado.
• Marketing cultural – Visa agregar valor para a
imagem da empresa.
• Marketing de massa – Tem o objetivo e atingir
todos os consumidores de maneira única.
Poderíamos aumentar a lista, mas, é suficiente.
Temos agora essa visão mapeada de algumas estratégias de marketing, podemos com
isso compreender como o neopentecostalismo utiliza-se dessas ferramentas. Por
isso, os veículos de comunicação de massa têm sido tão explorados por grupos
neopentecostais.
Vemos que a antiga sede mercantilista ainda
transparece no mercado comercial hoje, essa contemporaneidade é vital para a
sustentação do comércio. Essa negociação está presente desavergonhadamente nas
igrejas neopentecostais, que em seu sincretismo e paganismo tem prestado seu
culto não ao verdadeiro Deus, mas, a Mamom. Desavergonhadamente
manipulam e alimentam suas contas bancárias com a renda dos fiéis. Em uma
reunião de uma igreja dessas, temos o momento de que parece um leilão. Quem
pode dar R$ 1.000,00? Quem pode dar 500? 250? 100? Se você só tem a passagem do
ônibus dê ao Senhor, ele te restituirá. Parece brincadeira, mas é
verdade.
Outro caso muito conhecido são as campanhas, quem
já viu uma campanha dessas sem contribuição financeira? E se coloca sobre o
fiel o fardo da maldição se não for dizimista fiel, se não participar das
campanhas, se não for associado, não será abençoado, R.R Soares geralmente diz
em seus programas, “Se Deus não tocou em seu coração não seja associado”,
perceba a manipulação psicológica. O que lemos nas Escrituras sobre dízimo e
ofertas é baseado na disposição voluntária do crente, não por uma imposição
legalista e charlatã. Em quantas igrejas neopentecostais se tem registro do rol
de membros? Nenhuma, porque o público é volátil, em quantas tem seções
administrativas ou assembleia de membros para dar aos membros transparência das
receitas e despesas do mês? Nenhuma.
Como vemos o negócio da fé é muito bom para tais
lobos. Aproveitando-se da fachada de instituição religiosa, ganham seus
montantes em nome da fé. O nome que damos para isso é simonia. O termo
vem do episódio em Atos 8.18 que Simão o mago ofereceu dinheiro aos Apóstolos
para comprar o poder de Deus. Ninguém pode manipular Deus, nem comprar com
obras ou somas de dinheiro, ofertas, campanhas ou dízimos o seu agir.
“Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja
contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.
Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto
diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para
que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração; Pois vejo que
estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade.” - Atos
8.20-23
O Fator Econômico
Qualquer estudo introdutório de economia levará o
leitor ao estudo de oferta e demanda. Podemos identificar isso facilmente nos
arraiais neopentecostais. Os pregadores da fé tem o produto (discurso
motivacional ou dualista), e a busca por isso na religiosidade sincrética
brasileira desenvolve a demanda nesse contexto de fé mística e cega. Ao usar
aqui o termo fé empregamos como crença e não como a fé bíblica que é um
dom de Deus. O querer que o fiel prospere é devido aos interesses mercadológicos
da empresa, quanto mais o adepto ganha, mais ele contribui e participa de
outras campanhas, ou seja, a filosofia é puramente pragmática. Se funcionar
então está certo.
O maior problema do engano de muitos crentes
seduzidos pela astúcia de Satanás no movimento da fé é a falta de exame da
Palavra de Deus, os fiéis não leem a Bíblia (Isaias 34.16), não meditam nela
(Salmos 1.2) e não examinam (João 5.39). A questão não é Sola Scriptura,
mas também Tota Scriptura, porque o movimento neopentecostal usa a Bíblia,
indevidamente, mas usa. A questão é Somente a Bíblia e Totalmente a
Bíblia.
“Pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os
males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se
atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos.” - I Timóteo 6.10
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