Por: Thomas Watson
Há coisas que parecem santificação, mas não são.
A. A primeira imitação da santificação é a virtude moral
Ser
justo, temperante, de bom comportamento, não ter a fama manchada com
um escândalo vergonhoso é bom, mas não é o suficiente, não é
santificação. Um campo florido é diferente de um jardim. Pagãos se
apegaram à moralidade, como Catão, Sócrates e Aristides.A
boa educação é somente uma natureza refinada, não há nada de Cristo
nela, o coração pode ser impuro e abominável. Debaixo dessas folhas de
boa educação, o verme da descrença pode estar escondido. Uma pessoa
virtuosa tem uma antipatia secreta contra a graça, odeia o vício e
também a graça tanto quanto o vício. A serpente tem uma bela cor, mas
pica. Uma pessoa enfeitada e alimentada com uma virtude moral pode ter
um afeto secreto contra a santidade. Os estóicos, que eram os
principais pagãos moralistas, foram os inimigos implacáveis de Paulo
(At 17.18).
B. A segunda imitação da santificação é a devoção supersticiosa
Isso
é abundante no papado. As adorações, as imagens, os altares, as
vestimentas e a água benta, coisas que eu entendo como frenesi
religioso, e que estão longe da santificação. Nada disso acrescenta
nenhum bem intrínseco ao homem, não faz o homem melhor. Se as
purificações e as lavagens da lei, que eram orientações do próprio Deus,
não fizeram daqueles que as praticaram mais santos, e os sacerdotes
que vestiram vestimentas santas e tiveram óleo derramado sobre si só
eram santos com a unção do Espírito, então, certamente, as inovações
supersticiosas na religião, que Deus nunca orientou, não podem
contribuir para qualquer santidade dos homens. Uma santidade
supersticiosa não custa muito, não há nada do coração nela. Se santidade
fosse dizer orações com uso de um rosário, curvar-se diante de uma
imagem, benzer-se com água benta, e tudo aquilo que é requerido daqueles
que creem nessas coisas para salvação, então o inferno estaria vazio,
ninguém entraria lá.
C. A terceira imitação da santificação é a hipocrisia
Hipocrisia
é fingir uma santidade que se não tem. Assim como um cometa pode
brilhar e se parecer com uma estrela ou como um lustre pode brilhar em
seu lugar a tal ponto de ofuscar os olhos dos que o contemplam. "Tendo
forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder" (2Tm 3.5). São
lâmpadas sem óleo, sepulcros caiados como os templos egípcios que eram
bonitos do lado de fora, mas dentro havia todo tipo de podridão. O
apóstolo fala da santidade verdadeira em Efésios 4.24, implicando que há
uma santidade que é espúria e fingida. "Tens nome de que vives e estás
morto" (Ap 3.1), são como quadros e estátuas destituídas de um
princípio vital: "Nuvens sem água" (Jd 12). Fingem estar cheios do
Espírito, mas são nuvens vazias. Isso mostra a santificação como uma
auto-alucinação. Quem pega o cobre no lugar do ouro engana a si mesmo.
Os santos mais falsos enganam os outros enquanto vivem, mas enganam a
si mesmos quando morrem. Fingir a santidade quando não há nenhuma é uma
coisa vã. Que vantagens levaram as virgens néscias que tinham lâmpadas
fulgurantes quando precisaram de azeite? Qual é a utilidade de uma
lâmpada sem o azeite da graça salvadora? Que consolo uma demonstração
de santidade trará no final? Será que algo pintado com a cor de ouro
pode enriquecer? A pintura de água pode refrescar aquele que está com
sede? Ou a santidade imaginária será um sofrimento na hora da morte?
Não se deve acomodar com uma pretensa santificação. Muitos navios que
tinham o nome de Esperança, Triunfo e Vigilante foram lançados contra
as rochas, assim, muitos que tiveram o nome de santos foram lançados no
inferno.
D. A quarta imitação da santificação é a graça suprimida
Isso
acontece quando os homens se abstêm do vício, embora não o odeiem. O
lema de um pecador pode ser assim: "Eu estaria disposto, mas não tenho
coragem". O cão só pensa no osso, mas tem medo do bastão, assim os
homens têm a mente para a luxúria, mas suas consciências se posicionam
como aquele anjo com uma espada flamejante e, assim, ela os amedronta:
eles têm a mente para a vingança, mas o medo do inferno é como um freio
de cavalo que os adverte. Não há mudança de coração, o pecado é freado,
mas não exterminado. Um leão pode estar enjaulado, mas ainda é um
leão.
E. A quinta falsificação da santificação é a graça comum
É
uma obra tênue e passageira do Espírito, mas que não ajuda na
conversão. Há um pouco de luz em um julgamento, mas não o é para a
humilhação pessoal. Alguns têm peso na consciência, mas não acordam.
Parece
santificação, mas não é. Os homens têm as convicções formadas neles,
mas abrem mão dessa convicção, como o animal que, ao ser flechado,
livra-se da flecha. Depois da convicção, os homens vão à casa da
alegria, pegam a harpa para expulsar o espírito de tristeza e tudo morre
e não se chega a nada.
Fonte: https://bereianos.blogspot.com


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