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domingo, 8 de setembro de 2024

O SERMÃO DO MONTE - UMA ANÁLISE EM LUCAS (parte 1)

Por Pr Silas Figueira

Texto Base: Lucas 6-17-19

 

INTRODUÇÃO 

 

Depois de Jesus ter passado a noite em oração, pela manhã escolheu entre os discípulos os doze apóstolos. Após a escolha dos apóstolos Jesus parou em uma planície a fim de ensinar as multidões que o acompanhavam. 

 

Em Lucas este sermão se trata de uma versão resumida do que chamamos de “Sermão do Monte” (Mt 5-7). O fato de Mateus situá-lo em um monte (Mt 5.1), enquanto Lucas fala de “um lugar plano” (Lc 6.17), não representa um problema, pois o termo grego traduzido por “lugar plano” pode significar um “platô numa região montanhosa”.

 

Nessa planície o Senhor Jesus começa a ensinar aos seus ouvintes os valores do Reino, mostrando que esses valores eram contrários aquilo que o mundo ensinava e vivia. Jesus mostra que o que o mundo chama de felicidade, no Reino de Deus não é. Jesus mostra que a felicidade não é uma utopia, mas algo factível, concreto, tangível, ao nosso alcance. A boa notícia é que a felicidade não é algo que compramos com nosso dinheiro, mas um presente que recebemos de Deus. O dinheiro pode dar-nos uma casa, mas não um lar; pode dar-nos conforto, mas não saúde; pode dar-nos companhia, mas não amizade verdadeira; pode dar-nos um rico funeral, mas não a vida eterna; pode dar-nos aventuras, mas não a felicidade verdadeira [1].

 

Como disse John MacArthur: “O negócio de Jesus é a felicidade” [2]. 

 

Mas quais as lições que podemos tirar desse texto?

 

OS OUVINTES NO SERMÃO DO MONTE (Lc. 6.17-19).

 

Lucas nos conta que Jesus está acompanhado por muitos discípulos seus, mas também por grande multidão do povo. Alguns que ainda não tinham pleiteado sua lealdade a Jesus foram atraídos por relatos acerca do Seu ensino e queriam ouvir mais. Alguns queriam cura. Vieram de grandes distâncias, de Jerusalém, e de Tiro e Sidom, no norte distante. Os enfermos foram curados, e Lucas menciona especialmente os atormentados de espíritos imundos. Jesus curava a todos [3]. Todos procuravam tocá-lo, porque dele saía poder. Jesus passa a noite em oração, em profunda comunhão com o Pai. Quando Ele desce do monte Jesus estava tomado pela glória de Deus.   

 

Jesus havia descido com os doze apóstolos e Ele para em uma planície ao pé do monte. Por isso a pregação proferida aqui é muitas vezes chamada de “Sermão da Planície”, quanto que em Mateus é conhecida como “Sermão do Monte”

 

Quem são esses ouvintes que estão acompanhando Jesus?

 

1º - Podemos Distinguir três tipos de ouvintes: os doze apóstolos; o grande grupo de seus discípulos e uma grande multidão popular [4].

 

a) Os apóstolos representam as colunas e os sustentáculos da igreja de Jesus. Os apóstolos foram os mensageiros escolhidos pelo Senhor para pregar o Evangelho. Eles estavam apenas começando a sua formação formal como a primeira geração de arautos do evangelho. São eles que darão continuidade ao ministério de Jesus. Os ensinamentos que aprenderam com Jesus e as revelações do Espírito Santo serão o fundamento da Igreja (At 2.42; Ef 2.20).

 

b) O segundo grupo representa a igreja de Jesus. Mais precisamente seus diversos membros (tanto a Igreja invisível – corpo de Cristo, quanto a igreja local). Lucas diz que era “um grande número de seus discípulos”. Os discípulos eram uma variedade de pessoas que eram seguidores regulares de Jesus. Muitos desses discípulos eram pessoas que o acompanhavam desde a Galileia. 

 

Eles estavam em vários níveis de compreensão e empenho, mas todos consideravam Jesus um mestre. Alguns, como o tempo provaria, eram seguidores genuínos; mais, ao que parece, muitos não foram e acabariam por abandoná-lo (cf. João 6.66).

 

Assim como a igreja local hoje. Há muitas pessoas compromissadas com o Evangelho, outros estão compromissadas com o ativismo e outros ficam na igreja enquanto não ouvem nada que os desagrade. 

 

c) O terceiro grupo simboliza a humanidade. São pessoas que podem ser chamadas de “amigos do evangelho”, gente que acompanha Jesus de longe, mas sem compromisso com Ele. Pessoas que buscam os benefícios de Jesus, mas não querem ser seus discípulos. São os que Lucas chama de “grande multidão de povo de toda a Judéia, e de Jerusalém, e da costa marítima de Tiro e de Sidom; os quais tinham vindo para o ouvir, e serem curados das suas enfermidades, como também os atormentados dos espíritos imundos; e eram curados” (Lc 6.17,18). Gente que no lugar da fé estava a curiosidade e os interesses pessoais. Não diferente de hoje.

 

2º - Todas essas pessoas tinham ido a Jesus com um propósito duplo: ouvir a Jesus, e serem curados de suas doenças

 

a) Para ouvir – Seu desejo de ouvir a mensagem de seus próprios lábios não foi desapontado, porque foi para eles, nessa grande ocasião, que Jesus pronunciou as palavras que iriam sobreviver para sempre, ou seja, iriam ser repetidas muitas vezes ao longo dos séculos e em muitos idiomas e dialetos pelo mundo todo.

 

b) Para serem curados – Note bem com quanto cuidado Lucas faz distinção entre os obviamente “enfermos” que eram curados de suas enfermidades e os “atribulados” que eram libertados dos espíritos “imundos”, ou seja, espíritos maus. Lucas mostra que haviam pessoas com doenças físicas e também doenças causada por demônios. Todas Jesus curou.

 

Além do mais, é preciso ter em mente que para o coração terno e amoroso de Jesus, as pessoas não eram meramente “casos”. Cada ser humano era objeto de um tratamento especial, adequado para ele e somente para ele. O coração compassivo do Salvador entrou nas circunstâncias de cada pessoa de forma plena [5]. A graça comum é vista aqui agindo nas pessoas as curando e as libertando. 

 

Assim como o Senhor manifestou sua graça e misericórdia para essa multidão que o procurava, hoje o Senhor olha para nós individualmente e manifesta Sua graça e misericórdia da mesma forma. 

 

3º - Podemos destacar três verdades significativas que surgem a partir desta breve, mas importante passagem

 

a) O ensinamento de Jesus incomparável. O poder milagroso para curar, e controle absoluto do reino de Satanás e suas hostes demoníacas provam conclusivamente que Ele é Deus.

 

b) O Senhor em Seu ministério terreno oferece uma pré-visualização do céu. Em que lugar de suprema alegria e felicidade, os remidos vão ver a Deus face-a-face e conhecê-Lo em toda a extensão (1Co 13.12)? Toda a doença, deficiência, morte, sofrimento, tristeza e dor será banido para sempre (Is 25.8; Ap 21. 4). Satanás e os demônios serão permanentemente presos no inferno (Mt 25.41; Ap 20.10), e não mais capaz de afligir ou seduzir o povo de Deus. Ali na presença de Jesus a multidão estava tendo parte desse deslumbre.

 

c) A forma como Jesus se manifesta o Seu poder revelou Sua compaixão. Ele poderia ter demonstrado seu poder divino através da realização de qualquer tipo de ato milagroso. Mas Jesus escolheu para fazer coisas benéficas aos pecadores oprimidos pelo sofrimento.

 

No livro de Atos 10.38 lemos: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”

 

CONCLUSÃO

 

As multidões que acompanhavam Jesus foram abençoadas por Ele com curas, libertação e ouvindo a Sua palavra. Foram dias que o Senhor manifestou um vislumbre do céu entre eles. Hoje, mediante a Sua Palavra, temos a promessa de que um dia Ele voltará para nos trazer a restauração de todas as coisas. Mas enquanto esse dia não vem, nós, seus servos, somos alimentados pela Sua Palavra que se revela nas Escrituras e nos é aplicada ao coração mediante a ação do Espírito Santo.

 

O Senhor não mudou. Assim como abençoou no passado, Ele nos abençoa hoje. Onde for necessário o milagre Ele irá realizar, onde houver necessidade de libertação Ele irá libertar e onde houver pessoas disposta a ouvi-lo Ele irá falar ao coração. 

 

O Senhor é livre para agir segundo a Sua vontade. Foi assim no passado, continua sendo assim hoje.

 

Pense nisso!

Bibliografia

1 – Lopes, Hernandes Dias. A Felicidade ao Seu Alcance – uma exposição das bem-aventuranças, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2008, p. 10.

2 – MacArthur, John. O Caminho da Felicidade, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2001, p. 13.

3 – Morris, L. Leon. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 120.

4 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 99.

5 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 453.

Fonte: http://ministeriobbereia.blogspot.com

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