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terça-feira, 16 de julho de 2024

OS DOIS DEVEDORES – SIMÃO FARISEU E A MULHER PECADORA

Texto base: Lucas 7.36-50

 

INTRODUÇÃO

 

O Evangelista Lucas começa a nos escrever essa história com um convite realizado por um fariseu por nome Simão ao qual rogou (pedir com insistência) para que Jesus fosse em um banquete na sua casa. A versão ARA diz “jantar”. É interessante observarmos que o primeiro banquete retratado por Lucas tem um pecador (publicano) como anfitrião e um fariseu como intruso (Lc 5.29-32); nesse seu segundo banquete, um fariseu é o anfitrião; e uma pecadora, a intrusa [1].

 

Jesus não apenas aceitava a hospitalidade de publicanos e pecadores, mas também aceitava convites de fariseus. Ele comia com pecadores e também com fariseus, pois todos igualmente precisavam da palavra de Deus [2]. Alguém muito sabiamente falou: “Se Jesus não se sentasse à mesa com pecadores, Ele iria estar sempre sozinho!”.

 

Os fariseus diziam de Jesus: “Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” – Os fariseus condenavam a si mesmos com essas palavras que haviam dito sobre Jesus. Era também conviva deles, aceitava também convites deles para a ceia, embora na verdade fossem seus inimigos pessoais (já haviam considerado a ideia de matá-lo, Lc 6.11) e não se igualassem aos publicanos ávidos de salvação. Apesar da hostilidade deles, o Senhor não tem medo, mas mostra a eles e também a nós o que significa amor ao inimigo [3].

 

Estando lá, uma pecadora começou a ungir os pés de Jesus. Este incidente não deve ser confundida com a unção de Maria, irmã de Marta e Lázaro fez (Mt 26.6-13; Mc 14.3-9; Jo 12.1-8). A história registrada nesta passagem ocorreu na Galileia, não em Betânia; a mulher que nos é apresentada aqui é uma pecadora (provavelmente uma prostituta); esta unção aconteceu muito mais cedo no ministério do Senhor, e não durante a semana da Paixão; este fato ocorreu na casa de Simão o fariseu, não na casa de Simão o leproso. A única semelhança superficial é que os proprietários de ambas as casas tinham o nome de Simão. No entanto, Simão era um nome muito comum em Israel. O Novo Testamento apresenta vários outros homens com esse nome, incluindo dois dos apóstolos, Simão Pedro e Simão, o Zelote, (Lc 6.14-15; Mt 13.55), um dos irmãos de Jesus tinha esse nome (Mc 6.3), um homem de Cirene que foi forçado pelos romanos a carregar a cruz de Jesus (Mc 15.21), o pai de Judas Iscariotes (Jo 6.71), o falso profeta Simão, o mágico (At 8.9-24), e Simão, o curtidor, em cujas casa em Jope Pedro ficou (At 9.43).

 

Somente em Lucas, Jesus entra na casa de um fariseu para comer. Ele faz isso três vezes (7.36; 11.37; 14.1). Nesse jantar na casa de Simão, acontece um fato que se torna o centro do registro bíblico, e que nos traz grandes lições. 

 

1 – ENTENDENDO O CONTEXTO HISTÓRICO.

 

Alguns dos detalhes característicos do Oriente Médio presumidos pelo texto são descritos minuciosamente por Tristam, um astuto viajante do Século XIX: “...receber hóspedes é um negócio público. O portão do jardim, e a porta... estão abertos... Uma mesa longa e baixa, ou mais frequentemente os grandes pratos de madeira, são colocados ao longo do centro da sala, e divãs baixos de ambos os lados, nos quais os hóspedes, colocados segundo a ordem da sua posição, reclinam-se, apoiando-se no cotovelo esquerdo, com os pés afastados da mesa. Ao chegar, todos tiram as sandálias ou chinelos, e os deixam à porta. Os servos ficam de pé por detrás dos divãs, e colocando uma bacia rasa e larga no chão, derramavam água sobre os pés dos hóspedes. Omitir essa cortesia seria dar a entender que o visitante era de posição social muito inferior... Por detrás dos servos os desocupados da aldeia se aglomeram, e não são considerados intrusos por assim agirem (Tristam, 36-38) [4].    

 

As casas dos judeus ricos tinham colunatas para o lado do pátio interior. Conforme o costume oriental, também estranhos podiam observar o lauto e solene banquete a partir do pátio. Vemos dispostas sobre as mesas as comidas e frutas. Diante das mesas estão colocadas almofadas altas e macias, sobre as quais repousarão os convivas. O senhor da casa vai ao encontro de cada um deles, cumprimentando-o com a saudação: “Paz seja contigo”, e beijando-o com o ósculo da paz. Esse beijo sobre a face afiança-lhes que são bem-vindos e que gozam de amor e amizade. Depois de lavados os pés, o anfitrião ainda oferecia óleo aromático (perfume) para arrumar os cabelos e para ungir a cabeça e as mãos (que os hóspedes igualmente haviam lavado) [5]. 

 

Bailey diz que além disso, os pés são sempre colocados por detrás das pessoas que está reclinada, por causa da natureza ofensiva e impura dos pés na sociedade oriental, desde os tempos imemoriais até o presente. No Antigo Testamento o mais supremo triunfo para o vencedor e insulto para o vencido era “fazer do inimigo escabelos dos pés” (Sl 110.1). A Edom, que é odiado violentamente, se diz: “Sobre Edom atirarei a minha sandália” (Sl 60.8, Sl 108.9). Moisés é obrigado a tirar as suas sandálias impuras diante da sarça ardente, por causa da santidade do solo (Êx 3.5, conf. Js 5.15). João Batista usa a ilustração de desatar o cadarço dos sapatos para expressar a sua total indignidade na presença de Jesus (Lc 3.16) [6].   

 

As boas maneiras ordenavam que se cumprissem estas coisas, e neste caso não aconteceu nada disto com Jesus na casa do fariseu Simão.

 

2 – UMA PECADORA ARREPENDIDA (Lc 7.37,38).

 

Diferentemente de Simão fariseu, esta mulher prestou honras a Jesus, coisa que Simão se negou a fazer. A presença dessa mulher e a forma como ela reagiu em relação a Jesus deixou Simão e, provavelmente, os outros convidados constrangidos. 

 

Os rabinos judeus não conversavam nem comiam com mulheres em público. Essa mulher não tem nome, mas tem fama, fama de pecadora. Ela não foi convidada para o jantar na casa do fariseu; é uma penetra, uma intrusa. No conceito de Simão, essa mulher era um caso perdido, uma pessoa irrecuperável, indigna de receber atenção [7].

 

O que a atitude dessa mulher tem a nos ensinar?

 

1º - A atitude desta mulher nos mostra humildade e gratidão (Lc 7.37,38). Essa mulher havia ouvido Jesus proclamar o amor de Deus, oferecendo gratuitamente aos pecadores. Estas boas novas do amor de Deus pelos pecadores, mesmo iguais a ela, a haviam emocionado, e iniciado nela um profundo desejo de manifestar uma reação de gratidão. [Ela ungiu os pés de Jesus com unguento]. Um frasco com esse perfume era usado pelas mulheres dependurado no peito, de um cordão ao redor do pescoço. Esse perfume era usado tanto para perfumar o hálito como a pessoa. Não é necessário muita imaginação para entender como esse frasco devia ser importante para uma prostituta. A sua intenção é derramá-lo nos pés de Jesus mostrava que ela não precisava mais dele [8]. Sua vida havia sido transformada por Jesus e ela estava dizendo que ela estava abandonando a vida de pecado e sendo uma nova criatura em Cristo. O fruto de seu pecado ela estava derramando aos pés de Jesus como prova de sua nova vida. 

 

J. C. Ryle diz que a fim de percebermos a beleza da história, devemos fazer sua leitura juntamente com o capítulo 11 de Mateus. Descobriremos o notável fato de que a mulher cuja conduta foi descrita nesta passagem provavelmente teve sua conversão como resposta às famosas palavras de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Este maravilhoso convite, dentre todas as possibilidades humanas, foi a salvação para sua alma e lhe trouxe paz, pela qual nós a vemos expressar imensa gratidão. Uma completa oferta de perdão é sempre o instrumento escolhido por Deus para trazer o pior dos pecadores ao arrependimento [9].

 

Wiersbe nesta mesma linha de pensamento diz que a mulher admitiu que era uma pecadora e demonstrou ser uma pecadora arrependida. Se observarmos os paralelos entre os Evangelhos, veremos que, pouco antes desse acontecimento, Jesus havia feito o convite amável: “Vinde a mim [...] e eu vos aliviarei” (Mt 11.28-30). Talvez tenha sido nessa ocasião que a mulher arrependeu-se de seus pecados e creu no Salvador. Suas lágrimas, sua atitude humilde e seu presente indicavam transformação interior [10].  

 

2º - A atitude desta mulher mostra extravagância (Lc 7.38). Tendo conhecimento de que Jesus estava reclinado à mesa em casa do fariseu, e sabendo que as portas poderia ser deixada em aberto, a mulher foi para lá com um plano específico em mente. Ela evidentemente, não foi imediatamente reconhecida pelas outras pessoas lá; caso contrário o fariseu teria mandado ela se retirar de sua casa. Pode ser que o banquete teve lugar de noite, e à luz fraca das velas e lâmpadas tenham mascarado sua identidade.

 

Ela trouxe com ela um vaso de alabastro com perfume. O vaso em que o perfume foi armazenado foi feita a partir de alabastro, uma espécie de mármore caro extraído no Egito, indica que o perfume era valioso. A mulher destina-se a ungir a cabeça de Jesus com o perfume, em vez do azeite mais comum e menos caro normalmente utilizados para esses fins (cf. v. 46). Esperando uma oportunidade, ela assumiu uma posição de pé atrás de Jesus aos Seus pés. 

 

Na sua profissão vergonhosa ela estava acostumada a comprar perfumes, e alguns pensam ser possível que este fosse originalmente destinado para propósitos relacionados ao pecado. Mas agora o seu coração estava afastado do pecado e da vergonha e voltado para o Salvador. Assim como o seu corpo e a sua alma, este unguento estava dedicado a Cristo [11].

 

Ela estava tão grata pelo perdão alcançado que ela não se importou em agir para honrar o Seu Senhor, já que Simão deixou de fazê-lo. Ela provavelmente queria ungir Jesus, mas ela foi tomada de tanta emoção que começou a chorar. Por estar de pé próxima a Jesus, começou a molhar os Seus pés com as suas lágrimas. Brechó (molhado) significa, literalmente, “a chuva” (Mt 5.45; Lc 17.29; Tg 5.17; Ap 11.6). A barragem emocional tinha estourado, e as lágrimas inundaram para baixo sobre os pés de Jesus em uma chuva suave.

 

Como disse Hendriksen: ela se sente vencida pela emoção. Um pesar esmagador pelo pecado pregresso se mescla com profunda gratidão pelo presente senso de perdão. Seu coração transborda de amor e reverência por aquele que lhe abriu os olhos e produziu uma transformação tão radical em sua vida. Resultado: ela explode em lágrimas [12].

 

Inclinada aos pés de Jesus enquanto ela chorava, a mulher notou que o anfitrião não tinha lavado os pés de Jesus (v. 44). Então ela manteve enxugando-os das suas lágrimas com os seus cabelos. Naquela cultura, lavar os pés de outra pessoa era considerado degradante, algo feito apenas pelos escravos mais humildes. Mas o que teria chocado os espectadores, ainda mais do que lavar os pés, foi que ela enxugou os pés de Jesus com os seus cabelos. Para uma mulher judia fazê-lo em público era considerado algo indecente, mesmo imoral. Mas dominada pela emoção, ela não estava preocupado com a vergonha que ela poderia enfrentar.

 

Isso era algo tão sério que o Talmude indica que marido pode pedir divórcio pelo fato de a mulher desatar o cabelo na presença de outro homem. Em regiões conservadoras do mundo islâmico contemporâneo cabeleireiros do sexo masculino são proibidos de pentear mulheres pelas mesmas razões [13]. 

 

Depois de terminar de lavá-los, a mulher começou a beijar os pés de Jesus. Kataphileō (beijar) é uma palavra intensa. Em Lucas 15.20 descreve o beijo do filho pródigo em seu retorno para casa do pai. Lucas usou em Atos 20.37 para descrever como os anciãos da igreja de Éfeso beijou Paulo quando ele se despediu deles. Os beijos nos pés de Jesus pôr esta mulher era uma expressão marcante de afeto. Então, ela passa a ungiu os pés do Senhor com o perfume. Esta foi uma exibição impressionante de honra prestada a Jesus no meio daqueles que buscavam apenas para desonrá-Lo.

 

O que parecia ser algo extravagante era na verdade uma forma de gratidão. Muitas pessoas não demonstram nenhuma gratidão pela salvação alcançada. Aliás, desonram a Deus com suas atitudes diante da igreja e no mundo. 

 

2 – SIMÃO, UM ANFITRIÃO QUE NÃO HONROU JESUS (Lc 7.39-43)

 

A tripla referência à situação da mulher junto aos “pés” de Jesus no versículo 38 acentua a humildade dela – ou melhor, sua humilhação. Contudo, ela não é passiva. Os versículos 37 e 38 contêm oito asserções verbais sobre a conduta da mulher: soube onde Jesus estava, trouxe um jarro de unguento, se colocou atrás dos pés de Jesus, chorou, molhou seus pés com lágrimas, os enxugou com seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume. Esses verbos atestam sua notável determinação e devoção. A conduta do fariseu, em contrapartida, é relatada em uma superficial de correção social: ele o havia convidado (Lc 7.39). O versículos 44 e 45 descrevem quão pouco ele fez de Jesus [14]. 

 

O fariseu não tem coragem de criticar Jesus a viva voz, mas o censura nas recâmaras secretas do seu coração. Ele não apenas reprova Jesus, mas também despreza a mulher pecadora. Jesus mostra a frieza exterior do coração de Simão e sua vida julgadora interior [15]. 

 

Como disse Wiersbe: o verdadeiro problema de Simão era a cegueira, não conseguia enxergar a si mesmo, a mulher, nem o Senhor Jesus. Assim, foi fácil declarar: “ela é pecadora”, mas foi impossível dizer: “eu sou pecador” (ver Lc 18.9-14). Jesus provou que, de fato, era um profeta ao ler os pensamentos de Simão e revelar suas necessidades [16].

 

A parábola relatada por Jesus fornece uma bela demonstração do dom profético de Jesus. As palavras de Jesus assinalam o que acontecia no coração da pecadora e também o que representam os pensamentos e as perguntas de Simão [17].

 

Ela corrige Simão de duas formas:

 

1º - Jesus revela a cegueira do coração de Simão (Lc 7.39,40). Simão estava julgando Jesus pelo fato dEle não ter discriminado a mulher, pois afinal se Ele fosse profeta Ele saberia quem era aquela mulher e não permitiria tal atitude dela. Para Simão isso confirmava que Jesus era um falso profeta. Um embusteiro. No entanto, Simão está enganado em relação a Jesus e a mulher. Jesus era mais que um profeta e a mulher era uma pecadora arrependida. 

 

2º - Jesus revela que tanto a mulher quanto Simão eram pecadores (Lc 7.40-43). A parábola não trata da quantidade de pecados na vida de uma pessoa, mas da consciência desses pecados no coração. Quantos pecados uma pessoa precisa cometer para ser considerada pecadora? Tanto Simão quanto a mulher eram pecadores. Simão era culpado de pecados do espírito, especialmente orgulho, enquanto a mulher era culpada de pecados da carne (ver 2Co 7.1). Seus pecados eram conhecidos, enquanto os de Simão encontravam-se ocultos de todos, exceto de Deus. Os dois estavam falidos e não tinham condição de pagar sua dívida com Deus. Simão estava tão espiritualmente falido quanto aquela mulher e não tinha consciência disso [18].

 

O fariseu não expressava amor por Jesus porque se sentia justo, mas a mulher derramada aos seus pés lhe demonstrava acendrado amor porque se sentia pecadora, carente da graça de Jesus. Jesus veio salvar os pecadores. O médico veio curar os enfermos. Só aqueles que reconhecem seus pecados e sentem tristeza por suas mazelas são perdoados por Jesus! [19]. 

 

3 – JESUS FAZ A APLICAÇÃO DA PARÁBOLA (Lc 7.44-50).

 

A mulher era culpada de pecados de comissão, mas Simão era culpado de pecados de omissão. Como anfitrião, não havia recebido Jesus com a devida cortesia (contrastar com Abraão em Gn 18.1-8). Aquela mulher atentou para tudo o que Simão havia negligenciado – e o fez com mais esmero! [20].

 

Jesus, então, aplica o princípio ilustrado na parábola para a mulher e Simão. Dirigindo-se a ela o Senhor contrastou seu amor óbvio para Ele com sua fria indiferença.

 

E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos de sua cabeça.  Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento”.

 

Com isso em mente podemos destacar algumas lições importantes: 

 

1º - Sua demonstração de amor por Jesus deu provas claras de sua vida transformada. Ela muito amou, porque ela foi muito perdoada. Em contraste, Simão havia insultado Jesus ao não oferecer a cortesia normal de fornecimento de água para os seus pés (cf. Gn 18.4; 19.2; 24.32; 43.24; Jz 19.21; Jo 13.4-5), ou cumprimentá-lo com o habitual beijo (cf. Gn 29.13; 45.15; Êx 4.27; 18.7; Rm 16.16). E enquanto ele não tinha ungido o Senhor com azeite barato, ela tinha ungido Seus pés com dispendioso perfume.

 

Foi um amor demonstrado e não um amor velado. Ela reconhecia o quanto havia sido perdoada e estava grata por isso, e ela não mediu esforços para demonstrar isso ao seu Salvador. Aos olhos de todos ali e, principalmente de Simão, o que ela estava fazendo demonstrava uma total falta de pudor, mas para o Senhor era uma grande demonstração de amor.

 

2º - Ela demonstrou um grande arrependimento (Lc 7.44-46). Enquanto Simão negou a Jesus todas as cortesias, esta mulher o demonstrou de forma clara e se desfazendo de um unguento que lhe era útil para a vida que levava. Ela se desfez daquele perfume como demonstração do seu arrependimento. 

 

3º - Ela agiu assim por ter alcançado um grande perdão (Lc 7.47-49). O que a mulher já sabia em princípio agora é reafirmado. Em vista de sua vida pregressa de pecado, ela provavelmente sentia a necessidade dessa confirmação, de modo que aquilo que ela sentia que já ocorrera – daí seu transbordamento de amor – poderia ficar mais solidamente estabelecido em seu coração, a saber, que de uma vez para sempre e de uma forma plenária seus pecados estão então apagados. E tal perdão nunca fica sozinho. E sempre perdão e mais. Deus, em Cristo, abraça essa mulher penitente com seus braços de amor protetor, amor adotivo [21].

 

Quem é este, que até perdoa pecados? (Lc 7.49). Para alguns daqueles que faziam esta pergunta, o fato de Jesus perdoar pecados era possivelmente uma demonstração da sua natureza divina, e para outros era, sem dúvida, um obstáculo. Mas Jesus nunca permitiu que o perigo de ser mal interpretado o impedisse de demonstrar misericórdia ou de expressar o seu amor [22].

 

4º - Ela alcançou uma grande salvação (Lc 7.50). Jesus oferece à mulher a salvação mediante a fé e concede a ela a sua paz. Ela entrou cheia de culpa e saiu justificada pelo Filho de Deus. Ela é salva da prisão da culpa de seu passado pecaminoso. Seu passado foi apagado. Seu presente foi transformado. Seu futuro glorioso está garantido.

 

“Vá em paz”, disse Jesus, ao despedi-la. Aqui não pode significar menos que o que está implícito na palavra hebraica Shalom, prosperidade para a alma e o corpo. Essa paz é o sorriso de Deus refletido no coração do pecador redimido, um refúgio na tempestade, um esconderijo na Rocha eterna, um abrigo sob suas asas. É o arco-íris ao redor do trono de onde saem relâmpagos, trovões e vozes (Ap 4.3,5) [23].  

 

CONCLUSÃO

 

Aquele jantar na casa de Simão foi um “tapa na cara com luva de pelica” de Simão que se via justo demais até para honrar Jesus. No entanto, uma mulher com uma vida duvidosa honrou ao Senhor sem medir esforços e sem se importar com o que os outros pensariam dela. Tudo isso, porque ela reconhecia que era pecadora, mas que havia alcançado o perdão através de Jesus. Simão no entanto, não se via como pecador e não se deu conta de que também tinha uma dívida impagável com Deus. 

 

A mulher perdoada saiu honrada por Jesus, enquanto Simão foi humilhado pelo Senhor pela sua cegueira espiritual e por não honrá-lo.

 

Que sejamos como esta mulher, reconhecendo os nossos pecados e honrando ao nosso Senhor com tudo que temos. Ela abriu mão do fruto do seu pecado para viver na dependência e nos cuidados de Deus. Isso é um grande exemplo para todos nós.

 

Pense nisso!  

Por Pr. Silas Figueira

 

Bibliografia

1 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Sheed, Santo Amaro, SP, 2019, p. 300.

2 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 219.

3 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 118.

4 – Bailey, Kenneth. A Poesia e o Camponês – As Parábolas e Lucas, Ed. Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 40-41.

5 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 118.

6 – Bailey, Kenneth. A Poesia e o Camponês – As Parábolas e Lucas, Ed. Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 41.

7 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 220.

8 – Bailey, Kenneth. A Poesia e o Camponês – As Parábolas e Lucas, Ed. Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 45.

9 – Ryle, J. C. Meditação no Evangelho de Lucas, Ed. Fiel, São José dos Campos, SP, 2002, p. 114.

10 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 256.

11 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, vol. 6, Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 400.

12 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 545.

13 – Bailey, Kenneth. A Poesia e o Camponês – As Parábolas e Lucas, Ed. Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 46.

14 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Sheed, Santo Amaro, SP, 2019, p. 303.   

15 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 221.

16 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 256.

17 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 119.

18 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 256.

19 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 222.

20 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 256.

21 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 547.

22 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, vol. 6, Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 401.

23 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 550.

Fonte: http://ministeriobbereia.blogspot.com

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