Existiu na Síria, entre 852 e 841 a.C., um herói de guerra chamado Naamã. Era capitão do exército real e bastante respeitado pelo rei, porém era leproso. Quando as tropas da Síria passaram pelo território de Israel levaram prisioneira uma menina, que passou a servir a mulher daquele capitão. Ao tomar conhecimento de que Naamã era leproso, a menina disse à sua senhora que em Samaria tinha um profeta que poderia curar aquela lepra, referindo-se a Eliseu.
Naamã ficou sabendo e informou ao rei o que a menina de Israel tinha falado. Acreditando
na possibilidade de cura daquele capitão, o rei da Síria autorizou o seu
deslocamento, enviando uma carta ao rei de Israel. Naamã aprontou sua comitiva e
partiu no seu carro com cavalos, levando consigo dez
talentos de prata e seis mil siclos de ouro (dinheiro usado na época), além de
dez mudas de roupas.
Tão logo
chegou a Israel, o capitão se apresentou ao rei e lhe entregou a carta enviada
pelo rei da Síria, que dizia o seguinte: “Logo,
em chegando a ti esta carta, saibas que eu te enviei Naamã, meu servo, para que
o cures da sua lepra”. Após a leitura, o rei de Israel rasgou as suas
vestes em sinal de humilhação e temendo ser uma conspiração contra o seu
reinado assim exclamou: “Sou eu Deus,
para matar e para vivificar, para que este envie a mim um homem, para que eu o
cure da sua lepra? Pelo que deveras notai, peço-vos, e vede que busca ocasião
contra mim”.
Eliseu
ficou ciente disso e mandou dizer ao rei que não se preocupasse e lhe
enviasse Naamã, pois saberia que tinha profeta em Israel. E assim o capitão
leproso foi até a casa do profeta e parou à porta. Ao perceber a chegada da
comitiva, Eliseu enviou um mensageiro a Naamã, dizendo para que fosse até o rio
Jordão e mergulhasse sete vezes, a fim de ser curado da sua lepra. O capitão
Sírio ficou indignado com essa orientação, porque imaginava que o profeta seguiria
um ritual: iria se por em pé diante de Naamã, invocaria o nome do Senhor Deus e
colocaria a mão sobre as feridas, restaurando assim a sua saúde. Além disso,
Naamã ficou comparando os rios da Cidade de Damasco na Síria, falando que eram
melhores do que todas as águas de Israel. E saiu muito chateado.
Os servos
da comitiva conversaram com Naamã e conseguiram convencê-lo de que o profeta não
estava pedindo para fazer algo difícil, apenas se lavar para ser purificado. O
capitão enfim desceu às águas do Jordão e mergulhou sete vezes, no mesmo rio
onde séculos mais tarde Jesus foi batizado por João Batista. E o milagre
aconteceu! Tudo conforme a palavra do homem de Deus! Naamã ficou purificado e a
sua pele se tornou como de menino, macia e sem manchas. Isso o deixou maravilhado!
O
ex-leproso voltou ao profeta com toda a sua comitiva e reconheceu que em toda a
terra não havia Deus senão em Israel. Pediu a Eliseu que aceitasse algum
presente, porém ele não aceitou. Insistiu, mas o homem de Deus se recusou a
receber. Saiu em seguida e percorreu uma pequena distância. Geazi, servo de
Eliseu, presenciou tudo isso e não se conformou, saiu correndo atrás de Naamã.
Ao ver que se aproximava, o capitão desceu do seu carro e perguntou se estava
tudo bem. Geazi respondeu que sim e mentiu dizendo que Eliseu tinha mandado
fazer um pedido: disse que há pouco tinham chegado dois jovens dos filhos dos
profetas da montanha de Efraim, e que lhe doasse um talento de prata e duas
mudas de roupas.
Observe a
sutileza desse pedido. Além de ser uma mentira, Geazi não disse se os jovens necessitavam
de alguma coisa, apenas falou que chegaram há pouco. Não afirmou também como
seria usado o dinheiro e as roupas que estava pedindo. Apesar disso, Naamã prontamente
lhe serviu. Não apenas com um, mas com dois talentos de prata, colocados em
dois sacos em razão da quantidade de peças, com duas mudas de roupas, e ainda,
os colocou sobre dois dos seus servos, os quais saíram caminhando diante de
Geazi. A certa altura, Geazi tomou esses objetos das mãos dos servos e os
despediu, guardando em casa o que conseguiu tirar de Naamã.
Depois
disso, colocou-se diante do seu senhor. Eliseu lhe perguntou donde vinha, ao
que Geazi respondeu que não foi a lugar algum, mentindo de novo. O homem de
Deus então lhe revelou abertamente o seu erro e as consequências: “Porventura não foi contigo o meu coração,
quando aquele homem voltou do seu carro a encontrar-te? Era a ocasião para
receberes prata, e para tomares roupas, olivais e vinhas, ovelhas e bois,
servos e servas? Portanto a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua descendência
para sempre”. E dessa forma aconteceu, pois Geazi saiu dali leproso, branco
como a neve...
E
o que essa história, registrada em II Reis 5, tem a ver com os nossos dias? Tudo!
ELISEU é tipo do Obreiro sincero e temente a Deus. Trabalha
com amor e simplicidade, sem qualquer apego a bens materiais, sabendo que “é grande ganho a piedade com
contentamento" (I Timóteo 6.6). Não explora nem aceita recompensa pelos
milagres e maravilhas que o Espírito de Deus realiza em favor das pessoas, pois
cumpre bem e fielmente o que Jesus ensinou: "Curai
os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios;
de graça recebestes, de graça dai" (Mateus 10.8).
NAAMÃ é tipo do pecador que bate a porta dos templos
evangélicos, suplicando cura para os males físicos e solução para os problemas
espirituais. Sabe ser agradecido e procura ocasião para retribuir os favores
recebidos de Deus, dispondo-se com liberalidade a doar bens e dinheiro para as
igrejas. Acaba caindo nas mãos imundas de aproveitadores da fé, de lobos cruéis que não poupam ao rebanho
(Atos 20.29).
LEPRA representa o pecado, a transgressão dos preceitos Divinos.
Produz chagas na alma do ser humano e faz separação entre nós e o Senhor. A sua
maior consequência é a morte, a condenação eterna, “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso
Senhor" (Romanos 6.23), cujo sacrifício como Cordeiro de Deus pode
tirar a mancha do pecado e purificar de toda iniquidade (I João 1.9).
GEAZI é tipo do mau obreiro: mentiroso,
materialista e ganancioso. Não tem escrúpulo de tirar para si proveito
financeiro dos milagres e maravilhas que generosamente Deus faz aos que nEle
creem. Chega ao absurdo de mentir para colher dízimos, ofertas e doações,
dizendo que é para ajudar em obras assistenciais e de evangelização. No
entanto, se apropria ilicitamente das contribuições dos fiéis, adquirindo e
incorporando ao patrimônio pessoal bens como veículos, mansões, fazendas,
cavalos, gado, emissoras de rádio e televisão, dentre vários outros.
Gente dessa laia não
passa de enfermo espiritual e praticante do evangelho de leprosos, pois “são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a
perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só
pensam nas coisas terrenas” (Filipenses 3.18-19). Apresentam-se bem vestidos e asseados exteriormente, mas na alma são leprosos,
fétidos, coberto de chagas, repugnantes. Ah, se fossem abertos os olhos do
discernimento?! Muitos dos seus seguidores se afastariam correndo! Buscariam o
verdadeiro Evangelho das Escrituras, para não se contaminar com essa doença que
espalha manchas no cristianismo, causa insensibilidade ao coração e provoca
deformidades de caráter. Graças a Deus que essa peste tem cura!
Adiel
Teófilo
Fonte: http://adielteofilo.blogspot.com/
Imagem: Google
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