“Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (Colossenses 2.14-17).
4 RAZÕES PORQUE A GUARDA DO SÁBADO NÃO TEM BASE BÍBLICA
Em polêmicas mantidas com os supostos guardadores do sábado, os Adventistas do Sétimo Dia (ASD), quando citamos o texto de Colossenses 2.14-17, como prova bíblica da abolição do sábado semanal, somos contestados, sob a alegação de que a palavra ‘sábados’ do versículo 16 refere-se aos por eles chamados “dias de festa” ou “sábados cerimoniais ou anuais”. Entretanto, se eles aceitassem que a palavra sábados do texto em tela se aplica corretamente ao sábado semanal, não haveria prova bíblica para sustentar a guarda do sábado no Novo Testamento.
Teriam que concordar conosco que o sábado semanal foi abolido na cruz (João 19.30). E eles sabem disso. Então, quando querem sustentar a obrigatoriedade da guarda do sábado, explicam que a palavra sábados de Colossenses 2.16 se aplica aos por eles intitulados sábados cerimoniais ou anuais de Levítico 23. É a resposta óbvia que dão, quando alguém aponta Colossenses 2.14-17 como prova bíblica da abolição do sábado semanal.
Dizem: “Então você não sabe que existem dois sábados nas Escrituras? O sábado semanal, que é de caráter moral, e o sábado cerimonial ou anual? Este – sim – foi abolido na cruz, mas o sábado semanal continua obrigatório”.
NOSSA RESPOSTA
Apresentamos quatro razões para explicar que a defesa feita pelos supostos guardadores do sábado não tem base bíblica:
PRIMEIRA RAZÃO: A expressão de Colossenses 2.16 “dias de festa” se relaciona com os feriados anuais, ou sábados cerimoniais, denominados dias de festa: “São estas as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao SENHOR…” (Levítico 23.37).” Logo, os sábados cerimoniais ou anuais, já estão incluídos nessa frase, restando à palavra sábados o sentido diferente de sábados semanais. “Além dos sábados do SENHOR…” (Levítico 23.38).
Eram sete as festas anuais judaicas mencionadas em Levítico 23:
- Festa dos Asmos – verso 6;
- Festa da Páscoa – verso 5;
- Festa de Pentecostes – versos 15-16;
- Festa das Trombetas – verso 24;
- Festa da Expiação -versos 27-28;
- Festa dos Tabernáculos (primeiro dia da festa) – verso 34;
- Festa dos Tabernáculos (último dia da festa) – verso 36.
SEGUNDA RAZÃO: A fórmula ‘dias de festa, luas novas e sábados’ é consagrada para indicar os dias sagrados anuais, mensais e semanais ou inversamente, semanais, mensais e anuais. Exemplos bíblicos dessa fórmula:
Exemplo nº 1: Em Números 28 encontramos os holocaustos para os dias de sábados (semanais), para as luas novas (mensais) e dias de festa (anuais) nos seguintes versículos: “…no dia de sábado dois cordeiros de um ano, sem mancha… Holocausto é do sábado em cada semana…” (versos 9-10) “E as suas libações serão a metade dum him de vinho para um bezerro… este é o holocausto da lua nova de cada mês, segundo os meses do ano” (verso 14). “Porém, no mês primeiro, aos catorze dias do mês, é a páscoa do Senhor; e aos quinze dias do mesmo mês haverá festa; sete dias se comerão pães asmos” (versos 16-17).
Exemplo nº 2: 1Crônicas 23.31: “E para cada oferecimento dos holocaustos do Senhor, nos sábados (cada semana), nas luas novas (cada mês) e nas solenidades (cada ano) por conta, segundo o seu costume, continuamente” – o parênteses é nosso.
Exemplo nº 3: 2Crônicas 2.4: “Eis que estou para edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus, para lhe consagrar, para queimar perante ele incenso aromático, e para o pão contínuo da proposição, e para os holocaustos da manhã e da tarde (cada dia), nos sábados (cada semana) e nas luas novas (cada mês) e nas festividades do Senhor nosso Deus… (cada ano)” – o parênteses é nosso.
Exemplo nº 4: 2Crônicas 8.13: “E isto segundo o dever de cada dia, oferecendo segundo o preceito de Moisés, nos sábados (cada semana) e nas luas novas (cada mês), e nas solenidades (cada ano), três vezes no ano” – o parênteses é nosso.
Exemplo nº 5: 2Crônicas 31.3: “Também estabeleceu a parte da fazenda do rei para os holocaustos, para os holocaustos da manhã e da tarde, e para os holocaustos dos sábados (cada semana), e das luas novas (cada mês), e das solenidades (cada ano), como está escrito na lei do Senhor” – o parênteses é nosso.
Exemplo nº 6: Ezequiel 45.17: “E estarão a cargo do príncipe os holocaustos, e as ofertas de manjares, e as libações, nas festas (cada ano), e nas luas novas (cada mês), e nos sábados (cada semana), em todas as solenidades da casa de Israel” – o parênteses é nosso.
Exemplo nº 7: Colossenses 2.16: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, (cada ano) ou da lua nova (cada mês) ou dos sábados” (cada semana) – o parênteses é nosso.
TERCEIRA RAZÃO: Dizem os ASD: “Os termos sábado, sábados e dia de Sábado ocorrem sessenta vezes no Novo testamento, e em cada caso, exceto um, refere-se ao sétimo dia“. Em Colossenses. 2.16 e 17 faz-se referência aos sábados anuais relacionados com as três festas anuais observadas por Israel antes do primeiro advento de Cristo” (ESTUDOS BÍBLICOS, p. 378 – CASA, edição de 1984).
Perguntamos: Em qual caso fazem exceção? Justamente em Colossenses 2.16. Então, os termos “sábado, sábados e dia de sábado” aparecem 60 vezes, sempre se referem ao sétimo dia, com exceção de um – o de Colossenses 2.16.
Se dermos à palavra ‘sábados’ o sentido de sábado semanal teremos em apoio da nossa interpretação 59 referências bíblicas, reconhecidas pelos próprios ASD como sábados semanais. Se os adventistas derem o sentido de sábado anual, ou cerimonial, à palavra ‘sábados’ de Colossenses 2.16 só terão em apoio de sua interpretação uma única referência. Logo, a nossa interpretação é a correta.
E por que? Porque é regra de hermenêutica que a Bíblia com a própria Bíblia se interpreta. Se duas pessoas se candidatam a um cargo eletivo, e um deles alcançar 59 votos, e outro só um, quem é o vencedor? É óbvio o que teve mais votos. Assim os dias sagrados anuais são conhecidos pela expressão ‘dias de festa’; os dias sagrados mensais, indicados pela expressão ‘lua nova’; os dias sagrados semanais pela palavra ‘sábados’. Se conservamos o verdadeiro sentido de ‘dias de festa’ para os chamados sábados anuais, teremos dentro da palavra ‘sábados’, mencionada em seguida, o sentido de sábado semanal. Logo, todo ciclo de dias sagrados do judaísmo: anuais, mensais e semanais, são indicados pela expressão ‘dias de festa, lua nova e sábados’, terminaram na cruz e não devem ser motivo de críticas como fazem os adventistas e muito menos que seja necessária a sua guarda do para salvação.
QUARTA RAZÃO: Alegam ainda os adventistas que no texto de Colossenses 2.16 a palavra “sábados” aparece no plural, e que essa palavra no “Velho Testamento, é aplicada não somente ao sétimo dia, mas a todos os outros dias de repouso sagrado que eram observados pelos hebreus, e particularmente ao começo e encerramento de suas grandes festividades”. E concluem dizendo “Se houvesse usado a palavra no singular, ‘o sábado’, teria ficado claro, naturalmente, que ele pretendia ensinar que esse mandamento havia deixado de ser obrigatório, e que o sábado não mais devia ser observado”. (Do Sábado Para o Domingo, p. 32, Carlyle B. Haynes, edição 1996, CASA).
Como dissemos na TERCEIRA RAZÃO, os próprios adventistas declaram que “os termos sábado, sábados e dia de sábado aparecem 60 vezes e sempre se referem ao sétimo dia com exceção de um – o de Cl 2.16.”
Mas, pode-se observar ainda que no Novo Testamento aparece a palavra sábados no plural, referindo-se aos sábados semanais nas seguintes passagens:
Mateus 12.5: “Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?”
Mateus 12.12: “Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequência, lícito fazer bem nos sábados“.
Lucas 4.31: “E desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e os ensinava nos sábados“.
Lucas 6.2: “E alguns dos fariseus lhes disseram: Por que fazeis o que não é lícito fazer nos sábados?”
Lucas 6.9: “Então Jesus lhes disse: Uma coisa vos hei de perguntar: É lícito nos sábados fazer bem, ou fazer mal? Salvar a vida, ou matar?”
João 5.9: “Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado“.
João 5.16-18 “E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado. E Jesus lhes respondeu: meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”.
Atos 13.27: “Por não terem conhecido a este, os que habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as vozes dos profetas que se lêem todos os sábados”.
Atos 17.2: “E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles; e por três sábados disputou com eles sobre as Escrituras”.
Se, nas passagens relacionadas, a palavra sábado é encontrada no plural sábados, e significa o sábado semanal, por que só em Colossenses 2.16 a palavra “sábados” haveria de ser interpretada como o tal sábado cerimonial das solenidades anuais?
Atos 18.4: “E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos”.
Colossenses 2.16: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados“.
A OPINIÃO DE SAMUELLE BACCHIOCHI SOBRE COLOSSENSES 2.16-17.
Para os que não o conhecem, SAMUELLE BACCHIOCHI, falecido recentemente, foi um famoso escritor e líder da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ele escreveu um livro com o título em inglês “FROM SABBATH TO SUNDAY”, em português “DO SÁBADO PARA O DOMINGO”.
Afirma ele sobre a palavra “sábados” de Colossenses 2.16: “O sábado em Colossenses 2.16: O tempo sagrado prescrito por falsos mestres refere-se como sendo ‘um sábado festival’ ou a lua nova ou um sábado. – ‘eortes e neomnia o sabbaton’ (2.16). O consenso unânime de comentaristas é que estas três expressões representam uma lógica e progressiva sequência (anual, mensal e semanal). Este ponto de vista é válido pela ocorrência desses termos” (páginas 358-360).
Um outro significativo argumento, contra os sábados cerimoniais ou anuais, é o fato de que estes já estão incluídos nas palavras ‘dias de festa’. Esta indicação positivamente mostra que a palavra SABBATON como é usada em Colossenses 2.16 não pode se referir aos sábados festivais, anuais ou cerimoniais. Determinar o sentido de uma palavra, baseando-se exclusivamente em conceitos teológicos em prejuízo de evidências linguísticas e contextuais, é estar contra as regras de hermenêutica bíblica.
Ademais, a interpretação que o Comentário Adventista dá à palavra ‘sábados’ de Colossenses 2.16 é difícil de ser sustentada, desde que temos visto que o sábado pode legitimamente ser tido como ‘sombra‘, faz parte dos símbolos preparatórios da bênção da salvação presente e futura.
Mateus 11.28-30: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas, porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Fonte: CACP
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