A Convenção Batista do Sul (EUA) está em crise. Dr.
Al Mohler, presidente do maior seminário da convenção batista, publicou um
texto no qual lamenta que “veio átona nas últimas semanas uma avalanche
quase insuportável de má conduta sexual”. As raízes de pecado sexual
infiltraram igrejas, ministérios e até seminários batistas. Ele destaca a
triste facilidade dos evangélicos em criticarem os pecados sexuais de certos
padres católicos, enquanto os mesmos segredos perversos germinam no seu meio.
São tempos sombrios. Na opinião do Dr. Mohler, o
julgamento de Deus está sendo derramado sobre a denominação batista, e a “terrível
espada da humilhação publica” cortará com vingança.
Fica difícil imaginar que a Igreja brasileira está
livre desse mal que assombra nossos irmãos norte-americanos. Vivemos em uma das
sociedades mais sexualizadas do continente. A nudez, sambando e alegre, virou o
cartão postal do país.
Somos tentados a imaginar que o pecado sexual é
algo “de fora”.
Como se, dentro da ‘bolha’ do evangelicalismo, é
impossível que tenha o que Dr Mohler chama de “conspiração de silêncio”
escondendo pecado sexual.
Mas a imoralidade sexual está mais próxima que
imaginamos. Estou convencido que o sexo fora do casamento entre nossos jovens
ocorre com mais frequência do que imaginamos. Temos falado tanto de fugir da
“aparência do mal” que os jovens se acostumaram em manter aparências somente.
Em uma pesquisa recente, mais de 21% dos líderes de jovens entrevistados
admitiram que acessam conteúdo pornográfico (Barna Group, 2016). A mesma
pesquisa aponta que um em cada 20 pastores dizem estar viciados em pornografia.
O adultério virtual está em alta.
O DEMÔNIO QUE ANDA SEMPRE BEM ACOMPANHADO
A imoralidade sexual nunca é um pecado isolado.
Antes, alimenta – e é alimentada – por outros pecados. Por exemplo:
1. Impureza sexual alimenta a ideia de que “meus desejos são mais
importantes do que os seus”. É o oposto da mensagem da cruz.
2. O sexo fora do casamento alimenta a ideia de que o prazer pode existir
sem ter que lidar com os compromissos. Muitos casais de namorados são super exigentes
quanto a “fidelidade” durante o namoro. Mas a ironia é que o namoro em si é tão
frágil que basta alguns meses – ou no máximo alguns anos – para que se separam
e os supostos “compromissos” caiam por água abaixo. O compromisso bíblico dura
até que a morte os separe, e não “até que a morte do sentimento os separe”.
3. Impureza sexual sugere que Deus não é tão santo assim. Não se surpreenda
quando um cristão confessar, após se enrolar em impureza sexual, que tem
dúvidas quanto à existência de Deus. Quando insistimos na impureza, nos
distanciamos da presença graciosa de Deus. Repetimos aquela velha mentira do
serpente, “Pô, será que Deus disse isso mesmo…?” Podemos ser tentados a
imaginar que Deus é uma farsa tão grande quanto é a nossa ‘aparência’ de santo.
4. A Impureza Sexual sempre vem com um brinde: a suposição que podemos
vencer pecados sozinhos. “Caí nessa encrenca sozinho; consigo sair dela sozinho
também.” Mas o DNA do Corpo de Cristo afirma o contrário: é na comunhão com a
igreja que somos capacitadas pela Palavra a vencer o pecado.
VERGONHA NÃO É SUFICIENTE
Fazendo uma panorama rápida do evangelicalismo
brasileiro nos últimos 50 anos, podemos notar uma ênfase comum: vincular certos
pecados com uma dose ainda maior de vergonha. A ideia é fazer certos pecados
parecem tão vergonhosos que nossos jovens serão constrangidos demais para
sucumbir a eles.
O fruto desse tipo de pregação? Mais pessoas acabam
sentindo mais envergonhados com seus pecados. Mas não que saibam lidar com ela.
Alguns se afastam da igreja, outros abafam ainda mais os sentimentos de culpa.
Em resumo: o pecado continua.
O texto bíblico não chama os pecadores a vergonha,
mas a vitória em Jesus Cristo. É a liberdade em Cristo, e não o peso do pecado
em si, que desperta adoração genuína.
Para chamar o povo de Deus a santidade, não basta
uma pregação que fala mal da impureza sexual. É preciso anunciar todo o
Evangelho de Jesus Cristo. Pontuar, sim,
que Deus odeia o pecado, mas declarar em alto e bom som que Ele providenciou o
meio pelo qual homens e mulheres podem conhecer Sua glória. Em Jesus Cristo,
somos chamados a nos satisfazer com Aquele que é luz – ao invés de procurar
esconder nossos pecados na escuridão do silêncio.
“Mas, se vivemos na luz, como Deus está na luz, temos comunhão uns com
os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” 1João
1.7
Fonte: http://daniel.gardner.nom.br
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