Os líderes das
Testemunhas de Jeová, conhecidos como “Corpo Governante”, são um grupo formado
por doze homens, que vivem na sede mundial da organização em Nova Iorque, EUA.
Dizem que Deus lhes concede autoridade para interpretar de modo fidedigno a
Bíblia, por meio do Espírito Santo. São chamados “ungidos” e ensinam que são os
porta-vozes do “Escravo Fiel e Discreto”, a quem Jesus Cristo confiou todos os
seus “bens” espirituais aqui na terra. Assim sendo, ouvi-los é ouvir Jesus
Cristo. Desobedecê-los é uma rebelião contra o próprio Deus, que supostamente
os designou.
Assim diz o Corpo
Governante: “Para apegar-se à chefia de Cristo é, portanto, necessário
obedecer a Organização que ele dirige pessoalmente. Fazer o que a Organização
diz é fazer o que ele diz. Resistir à Organização é resistir a ele”
(A Sentinela, 01/11/1959, p. 655).
“Os gerados pelo
espirito têm uma ‘unção’ por parte do Espírito Santo e ‘não necessitam de que
alguém os ensine’. Por meio de seu espírito ungidor, Deus ensina os israelitas
espirituais todas as coisas necessárias para adorá-lo de modo aceitável” (A Sentinela, 15/07/1986, p. 14).
Constitui um verdadeiro
absurdo a pretensão dos membros do Corpo Governante se auto intitularem o
“canal” de comunicação de Deus (A Sentinela, 01/09/1991, p. 18-19). Canal,
do latim canalis, significa entre outras coisas: intermediário, veículo
ou o meio através do qual uma mensagem é transmitida (Poderá Viver Para Sempre
no Paraíso na Terra?, p. 195).
INCERTEZAS E
CONTRADIÇÕES
Esse pretenso
“Canal de Comunicação de Deus” tem ensinado que somente 144 mil pessoas
herdarão o Céu. Dizem que no Dia de Pentecostes, no ano 33 d.C., começou a
chamada dos que iriam para o Céu, mas em 1935 Deus encerrou a chamada para os
herdeiros do reino celestial. Em outras palavras, em 1935 Deus disse que
ninguém mais entraria no Céu, não havia mais vagas; o Céu estava superlotado!
(A Sentinela, 15/02/1971, p. 126).
Até por volta de
1935, as TJs não tinham certeza da identidade e do destino da “grande
multidão”. Ainda era defendido o conceito do fundador do movimento, Charles
Taze Russell (1852-1916), que desde os anos 1870 ensinava que a “grande
multidão” era uma classe celestial secundária: “Aqueles que constituem esta
grande multidão deixam de aceitar o convite de se tornarem testemunhas zelosas
do Senhor… iriam para o céu como classe secundária, que não participaria em
reinar com Cristo” (Revelação – Seu Grandioso Clímax Está Próximo, p. 120).
Contudo, naquele
ano de 1935, num congresso em Washington, EUA, de 30 de maio a 3 de junho,
20.000 TJs ouviram o discurso do então segundo presidente da Sociedade Torre de
Vigia, Joseph Franklin Rutherford, intitulado “A Grande Multidão”. De acordo
com o livro Revelação – Seu Grandioso Clímax Está Próximo, Jeová interpretou e
esclareceu os textos bíblicos de Apocalipse 7.9 e João 10.16, de modo que o
“Juiz” Rutherford, reputado como muito inteligente, estabeleceu que a partir
daquele ano a “grande multidão” deixaria de ser uma classe celestial (nem mesmo
secundária) – em evidente contradição a Russell que passou por mentiroso – e se
tornaria uma classe terrestre, que habitaria para sempre neste planeta.
Decretou também que as “outras ovelhas” deveriam ser identificadas com a
“grande multidão”.
Com esta doutrina,
o Corpo Governante apresenta a milhões de pessoas a triste perspectiva que
jamais verão o cumprimento das palavras do Senhor Jesus no Sermão da Montanha: “Felizes
os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt. 5.8). Excluindo os
“ungidos”, todas as demais TJs aprendem que não irão para o Céu, e terão de se
contentar em viver para sempre aqui na terra. Para sufocar seu desejo de ver a
Deus, é-lhes oferecida a vida eterna num lindo Paraíso aqui na Terra, igual ao
que foi perdido por nossos primeiros pais, Adão e Eva. Essas TJs são chamadas
“grande multidão”, “outras ovelhas” ou “jonadabes” que sobreviverão à vindoura
Batalha do Armagedom, da qual só escapará quem for testemunha de Jeová. Depois
dessa guerra, participarão na transformação da terra no novo Jardim do Éden, e
acolherão os ressuscitados no Milênio ou Juízo Final. Dentre esses se
encontrarão: Abraão, Moisés, Davi, Daniel e João Batista e todos os homens
leais a Deus que morreram antes da vinda de Cristo (Poderá Viver Para Sempre…,
cap. 21 e Seja Deus Verdadeiro…, p. 224-225).
O Corpo Governante
faz uma ressalva: Caso um dos “ungidos” peque contra o Espirito Santo e perca
sua esperança celestial, Deus escolherá alguém para substituí-lo dentre a
Grande Multidão (A Sentinela, 15/02/1971, p. 126). Pobres daqueles que creem em
tal ensino, pensam que para estar com Deus dependem da infidelidade de alguém,
e ainda precisam aguardar quem, do “grande estoque reserva“, Deus sorteará para
levar para o Céu! Esse ensino é deprimente, uma verdadeira heresia!
Até que haja uma
segunda ordem, o Corpo Governante continua ensinando o que propôs Joseph F.
Rutherford, e as TJs aplaudem este ensinamento, que fez de Russell um
mentiroso. No entanto, dizem o seguinte a respeito de Russell: “A partir de
1879, ficou claro que Charles Taze Russell e seus associados estavam sendo
usados por Deus para promover a língua pura” (A Sentinela, 12/05/1991, p.
18). A língua pura, segundo o Corpo Governante, é a verdade cristalina da
Palavra de Deus.
Ora, Se Deus estava
usando Charles T. Russell para promover a ‘língua pura da verdade’, por que o
ensinamento que a Grande Multidão iria para o Céu não é mais aceito como
verdade entre as TJs? Será que o Deus da Verdade permitiria divergências entre
aqueles que afirmam ser seus representantes diretos ou porta-vozes?
Diz o livro Poderá
Viver Para Sempre…: “A verdade não admite a existência de todas as
espécies divergentes de doutrinas religiosas no mundo. E não pode haver duas
verdades, quando uma não concorda com a outra. Ou uma ou a outra é verdadeira,
mas não ambas” (p. 32).
Resta um dilema
para as TJs: quem Jeová estava usando para disseminar as verdades da Bíblia?
Russell, que disse que a Grande Multidão iria para o Céu, ou Rutherford que o
contradisse, dizendo que ela é uma classe ‘terrestre’? Tanto Russell como
Rutherford publicaram suas interpretações nas páginas de A Sentinela. No verso
da capa da revista, na década de 1970, lia-se o seguinte sobre a finalidade de
A Sentinela: “A Sentinela está sob orientação segura. Pode ser lida com
confiança, pois as suas declarações podem ser verificadas nesse livro
profético, ou seja, a Bíblia”. Qual das duas orientações seria segura para
as TJs, que aceitam sem pestanejar as façanhas doutrinárias do Corpo
Governante? “Há seis coisas que Jeová deveras odeia; sim, há sete coisas
detestáveis para a sua alma:(…) a testemunha falsa que profere mentiras e todo
aquele que cria contendas entre os irmãos” (Pv. 6.16,19).
“Mas, quanto aos
covardes, e aos que não têm fé, e aos que são repugnantes na sua sujeira, e aos
assassinos, e aos fornicadores, e aos que praticam o espiritismo, e aos
idólatras, e a todos os mentirosos, terão o seu quinhão no lago que queima com
fogo e enxofre” (Ap. 21.8).
Qual dos dois,
Russell ou Rutherford, deve ser descrito como a testemunha falsa que profere
mentiras e que terá o seu destino no lago que queima com fogo e enxofre?
As divergências
entre os membros do Corpo Governante sempre existiram. As TJs tiveram quatro
líderes: Charles Taze Russell, Joseph Franklin Rutherford, Nathan Homer Knorr e
Frederick Willian Franz que se desmentiram em temas importantes:
- Em 1931
Rutherford proibiu o uso de qualquer espécie de vacina (Despertai!,
04/02/1931).
- Em 1952 Nathan
Knorr o desmentiu (A Sentinela);
- Em 1967 Nathan
Knorr proibiu qualquer tipo de transplante de órgãos (Despertai!,
03/12/1968).
- Em 1980
Frederich Franz desmentiu Knorr (A Sentinela, 01/09/1980);
- Em 1945 Nathan
Knorr proibiu as transfusões de sangue, atitude jamais pensada por Russell
ou Rutherford (Vida Eterna – Na Liberdade dos Filhos de Deus, p. 33).
HAVERIA BASE
BÍBLICA PARA O ENSINO DAS TJs SOBRE A
“GRANDE MULTIDÃO”?
Evidente que não. O
Corpo Governante faz uma sabotagem textual bíblica, entremeando vários textos.
O primeiro é Ap. 14.1-5 que ligam com Ap. 7.4. Daí dizem que o contraste entre
o número 144 mil, que é literal, com a grande multidão, indica que apenas 144
mil pessoas irão para o céu. Então apelam para Jo. 10.16 e afirmam que as
“outras ovelhas” são identificadas com a “grande multidão” de Ap. 7.9, pois
Jesus disse que tinha outras ovelhas “que não eram deste aprisco”, ou seja, o
aprisco dos 144 mil, portanto se essas ovelhas não vão para o céu elas fazem
parte da “grande multidão” que vai viver para sempre no Paraíso na Terra. Para
provar isso citam Mt. 5.5 e Sl. 37.29.
Um exame cuidadoso
dessas passagens bíblicas, dentro do seu contexto local, histórico e cultural
revela quão errônea é a interpretação fantasiosa e arbitrária do Corpo
Governante. Examinemos, de acordo com a Bíblia, quem são:
- A Grande
Multidão de Apocalipse 7.9.
- A Grande
Multidão de Apocalipse 19.1.
- Os 144.000 de
Apocalipse 7.4-8 e 14.1-5.
- As “outras
ovelhas” de João 10.1-16.
Examinaremos também
os textos de Mt. 5.5, Sl. 37.29 e alguns outros que parecem indicar que o lugar
dos justos é aqui na Terra e não no Céu.
A GRANDE MULTIDÃO
DE APOCALIPSE 7.9
“Depois destas
coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as
nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e
perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos” (Ap. 7.9 – grifo nosso).
Qual é a verdadeira
identidade da Grande Multidão? Ela é uma classe terrestre? Definitivamente não!
Apesar da clareza do texto, que somente uma cegueira espiritual, ou uma lavagem
cerebral muito bem sucedida, pode ofuscar, o Corpo Governante tenta fraudar o
termo exato desta passagem bíblica. No livro Raciocínios à Base das
Escrituras, dizem a respeito da frase “em pé diante do trono e perante o
Cordeiro”: “A descrição deles como estando em pé diante do trono e
diante do Cordeiro indica, não necessariamente um local, mas uma condição
aprovada… A expressão “diante do trono” (no grego e.nó.pi.on tou thró.nou,
literalmente ”à vista do trono” não requer que estejam no céu. Sua posição é
simplesmente “à vista de Deus”, que nos diz que dos céus ele observa os filhos
dos homens” (p. 35).
À primeira vista essa
interpretação parece fazer sentido. Porém, notemos que a mesma expressão no
grego é aplicada também aos anjos em Ap. 7.11, que diz: “todos os anjos(…)
prostraram-se sobre os seus rostos Diante do Trono [e.nó.pi.on tou thró.nou] e
adoraram a Deus”.
Perguntamos: A
expressão “diantedo trono” requer ou não que os anjos estejam no Céu? A posição
dos anjos é simplesmente à vista de Deus? Os anjos não vivem com Deus no Céu? A
mesma expressão é empregada para indicar também o local onde se encontram os
144.000: “E eu vi, e eis o Cordeiro em pé no Monte Sião, e com ele cento e
quarenta e quatro mil. E estão cantando como que um novo cântico diante do
trono [e.nó.pi.on tou thró.nou] e diante das quatro criaturas viventes e dos
anciãos”.
Há outro texto
bíblico digno de nota. Trata-se da conversa entre o apóstolo João e um dos
anciãos. “E, em resposta, um dos anciãos me disse: Quem são estes que trajam
compridas vestes brancas e de onde vieram? Eu lhe disse assim imediatamente:
Meu senhor, és tu quem sabes. E Ele me disse: estes são os que saíram da grande
tribulação, e lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do
Cordeiro” (Ap. 7.13-14).
Observemos o
pronome demonstrativo “ESTES”, usado pelo ancião, ao falar da Grande Multidão.
Segundo a Grande Enciclopédia Larousse Cultural, emprega-se ESTE e suas
variações para indicar o que está próximo ou junto da primeira pessoa, aquela
que fala. Isto quer dizer que se a Grande Multidão estivesse na terra “à vista
do trono”, não se poderia usar o pronome ESTE, mas sim obrigatoriamente
AQUELES, isto porque AQUELE e suas variações indica pessoa ou objeto igualmente
distante da pessoa que fala (no caso, o Ancião, que estava no Céu) e da pessoa
com quem se fala (no caso, o Apóstolo João).
Mas alguém pode
objetar: o Ancião estava no Céu, mas o Apóstolo João estava aqui na terra, na
ilha de Patmos. Não é bem assim. Vejamos Ap. 4.1: “Depois destas coisas vi,
e eis uma porta aberta no céu, e a primeira voz que ouvi era como a de uma
trombeta, falando comigo e dizendo: “Sobe para cá e eu te mostrarei as coisas
que têm de ocorrer”. Portanto, João estava em transe, fora “arrebatado em
espírito” (v. 2), de forma que escreveu como se estivesse no Céu pessoalmente,
tal a conversa tão íntima com o Ancião. Então, o uso do pronome demonstrativo
ESTE, e não AQUELE, indica que a Grande Multidão estava no mesmo lugar que o
Ancião, isto é, no Céu.
Ainda temos o
relato de Ap. 7.15: “Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de
dia e de noite no seu templo”, portanto, se o Templo de Deus está no Céu,
quem O serve “dia e noite” tem que estar no mesmo lugar. Inclusive, ao
referir-se ao Templo, a Tradução do Novo Mundo” manipula várias passagens e
esclarece numa nota de rodapé: “ou habitação (morada) divina”.
Está claro que a
Grande Multidão é uma classe celestial. Como comenta a Bíblia de Jerusalém, a
Grande Multidão se refere aos “mártires cristãos já em posse da felicidade
celestial”. Portanto a Bíblia não corrobora, não ratifica, não confirma, em
hipótese alguma, a interpretação inexata do Corpo Governante.
O Que Significa
Herdar a Terra (ou Viver Para Sempre no Paraíso na Terra)?
“Os justos herdarão
a terra e habitarão nela para sempre” (Sl. 37.29).
“Porque, eis que eu
crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas,
nem mais se recordarão” (Is. 65.17).
“Bem-aventurados os
mansos, porque eles herdarão a terra” (Mt. 5.5)
“Mas nós, segundo a
sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” (IIPe. 3.13).
“E vi um novo céu,
e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar
já não existe” (Ap. 21.1).
Com base nessas
passagens, e outras similares, as TJs acreditam que vão herdar a Terra, vão
habitar numa terra paradisíaca. Não creem que vão para o céu, que está
reservado apenas para os 144 mil.
Todas essas
passagens, porém, são alusivas ao Milênio, o período de mil anos mencionado em
Ap. 20.2-3: “Ele prendeu a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e
amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo
sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem”. Esse
período foi predito por todos os profetas do Antigo Testamento. Embora não o
nominassem, o aspecto dado pelos profetas no Antigo Testamento se harmoniza com
o texto de Apocalipse. Russell pregava a vida eterna no céu. A doutrina de
viver para sempre no Paraíso na Terra é uma invenção posterior do Corpo
Governante, e passou a ser a tônica da pregação das TJs. Eles não pregam o
evangelho, não convidam nenhum pecador a se arrepender dos seus pecados e
receber Cristo como Senhor da sua Vida. Só convidam para herdar a Terra, e pelo
que vemos no Novo Testamento não era essa a pregação de Jesus nem de seus
apóstolos.
A GRANDE MULTIDÃO
NO CÉU DE APOCALIPSE 19.1
“E, depois destas
coisas ouvi no céu uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! A
salvação, e a glória, e a honra, e o poder pertencem ao Senhor nosso Deus” (Ap. 19.1).
Este relato deixa
bem claro que a Grande Multidão é uma classe celestial. Trata-se da mesma
“grande multidão” de Ap. 1.9. Entretanto, o Corpo Governante, diante desta
passagem que contradiz a sua falsa interpretação apocalíptica, tenta argumentar
justamente o oposto. No seu Raciocínios à Base das Escrituras, p. 85 comenta: “Não
é a mesma que a grande multidão de Revelação 7:9. Os no céu não são descritos
como sendo de ‘todas as nações’, ou como atribuindo a sua salvação ao Cordeiro;
são anjos”.
É impossível como
não querem enxergar esta explícita Revelação. Os membros do Corpo Governante
são realmente cegos. Falando dos incrédulos, diz Paulo Apóstolo: “O deus
deste mundo cegou suas inteligências, para que não vejam claramente a luz do
Evangelho” (IICo. 4.4). Não há, repito, nenhuma evidência (direta ou
indireta), que ateste a interpretação quimérica, fantasiosa, do Corpo
Governante. Todas as vezes que a Bíblia se refere aos santos anjos usa
expressões tais como: Filhos de Deus (Jó 1.6; 2.1 e 38.7), estrelas ou astros
da manhã (Jó 38.7), servidores ou ministros (Hb. 1.7; Sl. 104.4), exército dos
céus IRs. 22.19), santas miríades ou milícias (Dn. 7.10; Hb. 12.22; Jd. 14; Ap.
5.11) etc. Se realmente a “grande multidão” de Ap. 19:1 fosse composta por
anjos, João teria usado a expressão “multidão de anjos”. A Bíblia de Jerusalém
assim traduziu Ap. 5.11: “Em minha visão ouvi ainda o clamor de uma multidão
de anjos que circundavam o trono”. João não usa a expressão “grande
multidão” para referir-se aos anjos em nenhuma passagem do Apocalipse.
Vimos, então, que
uma pesquisa cabal, sobre os capítulos 7 e 9 do Apocalipse, dissipa qualquer
dúvida sobre o local onde se encontra a “grande multidão”, ou seja, no Céu. A
Grande Multidão, repito, é uma classe celestial.
Comparando a Grande
Multidão Com os 144 Mil
- Procedem de
todas as nações, tribos, povos e línguas – compare Ap. 5.9 com 7.9;
- Aparecem no
cenário após os anjos terem executado tarefas importantes e louvam a Deus
por Seus atos salvíficos. No capítulo 7 a tarefa é o ajuntamento dos
selados das doze tribos de Israel, e no capítulo 18 o anúncio da queda da
Grande Meretriz, Babilônia;
- Estão de pé
diante do trono de Deus – compare Ap. 7.9 com 14.1-3;
- Lavaram e
embranqueceram suas vestes compridas no sangue do Cordeiro – IJo. 1.7;
- Atribuem a
salvação a Deus e ao Cordeiro (Jesus) – Jo. 17.3
- Saíram da
grande tribulação – compare Mt. 24.21-22 com Ap. 7.14
- Servem a Deus
no seu templo dia e noites – compare Ap. 7.15 com 5.1;
- Recebem
amorosa proteção e os cuidados de Jeová – compare com Rm. 8.31;
- São
pastoreados por Jesus até a fonte de águas vivas – Jo. 4.14, 6.35, 7.38 e
IJo. 5.20.
Não resta a menor
dúvida que a interpretação do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová é
inteiramente falha e não sobrevive ao escrutínio bíblico. Bem disse o Apóstolo
Paulo: “sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso” (Rm.
3.4). Amém!
OS 144 MIL QUEM
SÃO?
A Bíblia ensina que
os 144.000 são um grupo de judeus, 12.000 de cada tribo de Israel: “E ouvi o
número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de
todas as tribos dos filhos de Israel” (Ap. 7.4-9). Os versículos 5 a 8
dizem que são 12.000 de cada uma das doze tribos do povo de Israel. Então não
pode ser a igreja, tampouco um grupo selecionado dentro dela.
A STV diz que esses
144.000 são judeus espirituais. Como num passe de mágica a STV
“espiritualizou” a passagem, e assim diz o Corpo Governante: “Não pode isso
referir-se ao Israel literal, carnal? Não, porque Revelação 7:4-8 diverge da
costumeira listagem tribal”. Dizer que não existe na Bíblia essa
“costumeira listagem tribal” é mais um artifício da organização, na tentativa
de consubstanciar as crenças rutherfordianas. Existem seis diferentes listas
das doze tribos de Israel no Antigo Testamento. Qual seria a “lista
costumeira”? O argumento da STV é improcedente e sem base bíblica.
Quem são os judeus
espirituais? O apóstolo Paulo responde: “Porque nem todos os que são de
Israel são israelitas. Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos”
(Rm. 9.6-7). “Sabei pois que os que são da fé são filhos de Abraão” (Gl.
3.7). Portanto os autênticos cristãos são os judeus espirituais.
Os 144.000 são os
judeus que se converterão ao Senhor Jesus no período da Grande Tribulação, após
o arrebatamento da igreja. Eles não se contaminarão com as falsas doutrinas
(Ap. 14.1-5), e substituirão a igreja na pregação do evangelho: “primeiro do
judeu e também do grego” (Rm. 1.16). Nesse mesmo tempo a igreja estará nas
bodas do Cordeiro (Ap. 19.7). Depois disso Jesus voltará com a sua igreja
glorificada para destruir o império do anticristo: “Eis que é vindo o
Senhor, com milhares dos seus santos”. Quem são esses “milhares de santos”?
A igreja de Cristo que voltará com ele na segunda fase da sua vinda.
AS “OUTRAS OVELHAS”
DE JOÃO 10.1-16
“Ainda tenho outras
ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas
ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um pastor”. As seitas de modo geral apreciam muito esta
passagem. A STV faz desse texto um recurso para provar que as ovelhas que não
estão no aprisco são os que hão de herdar a terra, e as que estão no aprisco
são os 144.000 que irão para o céu. Essa teoria, porém, não resiste à exegese
bíblica.
O que é o “aprisco”
nesta passagem? O céu ou a terra de Israel? O céu não pode ser, porque Jesus se
apresentava junto das ovelhas “deste aprisco” e frisava a necessidade de
agregar as ovelhas que estavam fora, para que houvesse um rebanho e um
Pastor. Se os 144.000 estivessem no céu e os demais na terra, haveria dois
grupos separados.
As “outras ovelhas”
são os gentios, como disse o apóstolo Paulo: “Portanto, lembrai-vos de que
vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisos pelos que na
carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo
estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos
concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em
Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe [fora do aprisco], já pelo sangue
de Cristo chegaste perto… Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros,
mas concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Ef. 2.11-13,19). Esse
texto de Efésios explica como as “outras ovelhas” chegaram ao aprisco, formando
de todos os povos um só, a igreja, o corpo de Cristo “um só rebanho e um só
Pastor”.
CONCLUSÃO – O CÉU É
PARA TODOS OS CRISTÃOS
A Biblia diz que
ele virá assim com foi: “Varões galileus, por que estais olhando para o céu?
Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como
para o céu o vistes ir” (At. 1.11). Jesus ensinou que o céu é para os que
creem em seu nome. Ele disse: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo. 14.2)
e não apenas 144.000 lugares. O apóstolo Paulo disse: “Mas a nossa cidade
está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”
(Fp. 3.20).
Paulo dividiu o
povo de Deus em duas castas? Claro que não: “Há um só corpo e um só
Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um
só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef. 4.4-5). “Porque o mesmo Senhor
descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo, e com trombeta de Deus; e os
que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós os que ficarmos
vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor
nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (ITs. 4.16-17). Existem
nesta passagem duas castas? A resposta é não. Há, na verdade aqui, dois grupos:
o dos vivos, sendo arrebatados; e o dos modos, sendo ressuscitados, mas nada há
que indique o arrebatamento de apenas 144.000 pessoas.
Diante de tantas
evidências bíblicas contrárias, a Sociedade Torre de Vigia teria revisado seu
ensino sobre a restrição de entrada no céu para um grupo seletivo de 144 mil
pessoas? Não. Infelizmente a STV continua ensinando errado a respeito do céu!
https://www.jw.org/pt/ensinos-biblicos/perguntas/quem-vai-para-o-ceu/
Bibliografia:
Como Responder às Testemunhas de Jeová, Pr. Esequias Soares, Ed. Candeia, 3ª edição, 1995.
Vão Somente 144.000 Para O Céu?, artigo do Pr. Natanael Rinaldi.
FONTE:
CACP
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