Só 144 mil serão salvos? - O Peregrino

O Peregrino

Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade? Gálatas 4:16

test banner

Breaking

Post Top Ad

Minha Rádio

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Só 144 mil serão salvos?

Os líderes das Testemunhas de Jeová, conhecidos como “Corpo Governante”, são um grupo formado por doze homens, que vivem na sede mundial da organização em Nova Iorque, EUA. Dizem que Deus lhes concede autoridade para interpretar de modo fidedigno a Bíblia, por meio do Espírito Santo. São chamados “ungidos” e ensinam que são os porta-vozes do “Escravo Fiel e Discreto”, a quem Jesus Cristo confiou todos os seus “bens” espirituais aqui na terra. Assim sendo, ouvi-los é ouvir Jesus Cristo. Desobedecê-los é uma rebelião contra o próprio Deus, que supostamente os designou.

Assim diz o Corpo Governante: “Para apegar-se à chefia de Cristo é, portanto, necessário obedecer a Organização que ele dirige pessoalmente. Fazer o que a Organização diz é fazer o que ele diz. Resistir à Organização é resistir a ele” (A Sentinela, 01/11/1959, p. 655).

“Os gerados pelo espirito têm uma ‘unção’ por parte do Espírito Santo e ‘não necessitam de que alguém os ensine’. Por meio de seu espírito ungidor, Deus ensina os israelitas espirituais todas as coisas necessárias para adorá-lo de modo aceitável” (A Sentinela, 15/07/1986, p. 14).

Constitui um verdadeiro absurdo a pretensão dos membros do Corpo Governante se auto intitularem o “canal” de comunicação de Deus (A Sentinela, 01/09/1991, p. 18-19). Canal, do latim canalis, significa entre outras coisas: intermediário, veículo ou o meio através do qual uma mensagem é transmitida (Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra?, p. 195).

INCERTEZAS E CONTRADIÇÕES

Esse pretenso “Canal de Comunicação de Deus” tem ensinado que somente 144 mil pessoas herdarão o Céu. Dizem que no Dia de Pentecostes, no ano 33 d.C., começou a chamada dos que iriam para o Céu, mas em 1935 Deus encerrou a chamada para os herdeiros do reino celestial. Em outras palavras, em 1935 Deus disse que ninguém mais entraria no Céu, não havia mais vagas; o Céu estava superlotado! (A Sentinela, 15/02/1971, p. 126).

Até por volta de 1935, as TJs não tinham certeza da identidade e do destino da “grande multidão”. Ainda era defendido o conceito do fundador do movimento, Charles Taze Russell (1852-1916), que desde os anos 1870 ensinava que a “grande multidão” era uma classe celestial secundária: “Aqueles que constituem esta grande multidão deixam de aceitar o convite de se tornarem testemunhas zelosas do Senhor… iriam para o céu como classe secundária, que não participaria em reinar com Cristo” (Revelação – Seu Grandioso Clímax Está Próximo, p. 120).

Contudo, naquele ano de 1935, num congresso em Washington, EUA, de 30 de maio a 3 de junho, 20.000 TJs ouviram o discurso do então segundo presidente da Sociedade Torre de Vigia, Joseph Franklin Rutherford, intitulado “A Grande Multidão”. De acordo com o livro Revelação – Seu Grandioso Clímax Está Próximo, Jeová interpretou e esclareceu os textos bíblicos de Apocalipse 7.9 e João 10.16, de modo que o “Juiz” Rutherford, reputado como muito inteligente, estabeleceu que a partir daquele ano a “grande multidão” deixaria de ser uma classe celestial (nem mesmo secundária) – em evidente contradição a Russell que passou por mentiroso – e se tornaria uma classe terrestre, que habitaria para sempre neste planeta. Decretou também que as “outras ovelhas” deveriam ser identificadas com a “grande multidão”.
Com esta doutrina, o Corpo Governante apresenta a milhões de pessoas a triste perspectiva que jamais verão o cumprimento das palavras do Senhor Jesus no Sermão da Montanha: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt. 5.8). Excluindo os “ungidos”, todas as demais TJs aprendem que não irão para o Céu, e terão de se contentar em viver para sempre aqui na terra. Para sufocar seu desejo de ver a Deus, é-lhes oferecida a vida eterna num lindo Paraíso aqui na Terra, igual ao que foi perdido por nossos primeiros pais, Adão e Eva. Essas TJs são chamadas “grande multidão”, “outras ovelhas” ou “jonadabes” que sobreviverão à vindoura Batalha do Armagedom, da qual só escapará quem for testemunha de Jeová. Depois dessa guerra, participarão na transformação da terra no novo Jardim do Éden, e acolherão os ressuscitados no Milênio ou Juízo Final. Dentre esses se encontrarão: Abraão, Moisés, Davi, Daniel e João Batista e todos os homens leais a Deus que morreram antes da vinda de Cristo (Poderá Viver Para Sempre…, cap. 21 e Seja Deus Verdadeiro…, p. 224-225).

O Corpo Governante faz uma ressalva: Caso um dos “ungidos” peque contra o Espirito Santo e perca sua esperança celestial, Deus escolherá alguém para substituí-lo dentre a Grande Multidão (A Sentinela, 15/02/1971, p. 126). Pobres daqueles que creem em tal ensino, pensam que para estar com Deus dependem da infidelidade de alguém, e ainda precisam aguardar quem, do “grande estoque reserva“, Deus sorteará para levar para o Céu! Esse ensino é deprimente, uma verdadeira heresia!

Até que haja uma segunda ordem, o Corpo Governante continua ensinando o que propôs Joseph F. Rutherford, e as TJs aplaudem este ensinamento, que fez de Russell um mentiroso. No entanto, dizem o seguinte a respeito de Russell: “A partir de 1879, ficou claro que Charles Taze Russell e seus associados estavam sendo usados por Deus para promover a língua pura” (A Sentinela, 12/05/1991, p. 18). A língua pura, segundo o Corpo Governante, é a verdade cristalina da Palavra de Deus.

Ora, Se Deus estava usando Charles T. Russell para promover a ‘língua pura da verdade’, por que o ensinamento que a Grande Multidão iria para o Céu não é mais aceito como verdade entre as TJs? Será que o Deus da Verdade permitiria divergências entre aqueles que afirmam ser seus representantes diretos ou porta-vozes?

Diz o livro Poderá Viver Para Sempre…: “A verdade não admite a existência de todas as espécies divergentes de doutrinas religiosas no mundo. E não pode haver duas verdades, quando uma não concorda com a outra. Ou uma ou a outra é verdadeira, mas não ambas” (p. 32).
Resta um dilema para as TJs: quem Jeová estava usando para disseminar as verdades da Bíblia? Russell, que disse que a Grande Multidão iria para o Céu, ou Rutherford que o contradisse, dizendo que ela é uma classe ‘terrestre’? Tanto Russell como Rutherford publicaram suas interpretações nas páginas de A Sentinela. No verso da capa da revista, na década de 1970, lia-se o seguinte sobre a finalidade de A Sentinela: “A Sentinela está sob orientação segura. Pode ser lida com confiança, pois as suas declarações podem ser verificadas nesse livro profético, ou seja, a Bíblia”. Qual das duas orientações seria segura para as TJs, que aceitam sem pestanejar as façanhas doutrinárias do Corpo Governante? “Há seis coisas que Jeová deveras odeia; sim, há sete coisas detestáveis para a sua alma:(…) a testemunha falsa que profere mentiras e todo aquele que cria contendas entre os irmãos” (Pv. 6.16,19).

“Mas, quanto aos covardes, e aos que não têm fé, e aos que são repugnantes na sua sujeira, e aos assassinos, e aos fornicadores, e aos que praticam o espiritismo, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, terão o seu quinhão no lago que queima com fogo e enxofre” (Ap. 21.8).
Qual dos dois, Russell ou Rutherford, deve ser descrito como a testemunha falsa que profere mentiras e que terá o seu destino no lago que queima com fogo e enxofre?

As divergências entre os membros do Corpo Governante sempre existiram. As TJs tiveram quatro líderes: Charles Taze Russell, Joseph Franklin Rutherford, Nathan Homer Knorr e Frederick Willian Franz que se desmentiram em temas importantes:
  • Em 1931 Rutherford proibiu o uso de qualquer espécie de vacina (Despertai!, 04/02/1931).
  • Em 1952 Nathan Knorr o desmentiu (A Sentinela);
  • Em 1967 Nathan Knorr proibiu qualquer tipo de transplante de órgãos (Despertai!, 03/12/1968).
  • Em 1980 Frederich Franz desmentiu Knorr (A Sentinela, 01/09/1980);
  • Em 1945 Nathan Knorr proibiu as transfusões de sangue, atitude jamais pensada por Russell ou Rutherford (Vida Eterna – Na Liberdade dos Filhos de Deus, p. 33).

HAVERIA BASE BÍBLICA PARA O ENSINO DAS TJs SOBRE A “GRANDE MULTIDÃO”?

Evidente que não. O Corpo Governante faz uma sabotagem textual bíblica, entremeando vários textos. O primeiro é Ap. 14.1-5 que ligam com Ap. 7.4. Daí dizem que o contraste entre o número 144 mil, que é literal, com a grande multidão, indica que apenas 144 mil pessoas irão para o céu. Então apelam para Jo. 10.16 e afirmam que as “outras ovelhas” são identificadas com a “grande multidão” de Ap. 7.9, pois Jesus disse que tinha outras ovelhas “que não eram deste aprisco”, ou seja, o aprisco dos 144 mil, portanto se essas ovelhas não vão para o céu elas fazem parte da “grande multidão” que vai viver para sempre no Paraíso na Terra. Para provar isso citam Mt. 5.5 e Sl. 37.29.

Um exame cuidadoso dessas passagens bíblicas, dentro do seu contexto local, histórico e cultural revela quão errônea é a interpretação fantasiosa e arbitrária do Corpo Governante. Examinemos, de acordo com a Bíblia, quem são:
  • A Grande Multidão de Apocalipse 7.9.
  • A Grande Multidão de Apocalipse 19.1.
  • Os 144.000 de Apocalipse 7.4-8 e 14.1-5.
  • As “outras ovelhas” de João 10.1-16.
Examinaremos também os textos de Mt. 5.5, Sl. 37.29 e alguns outros que parecem indicar que o lugar dos justos é aqui na Terra e não no Céu.

A GRANDE MULTIDÃO DE APOCALIPSE 7.9

“Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos” (Ap. 7.9 – grifo nosso).

Qual é a verdadeira identidade da Grande Multidão? Ela é uma classe terrestre? Definitivamente não! Apesar da clareza do texto, que somente uma cegueira espiritual, ou uma lavagem cerebral muito bem sucedida, pode ofuscar, o Corpo Governante tenta fraudar o termo exato desta passagem bíblica. No livro Raciocínios à Base das Escrituras, dizem a respeito da frase “em pé diante do trono e perante o Cordeiro”: “A descrição deles como estando em pé diante do trono e diante do Cordeiro indica, não necessariamente um local, mas uma condição aprovada… A expressão “diante do trono” (no grego e.nó.pi.on tou thró.nou, literalmente ”à vista do trono” não requer que estejam no céu. Sua posição é simplesmente “à vista de Deus”, que nos diz que dos céus ele observa os filhos dos homens” (p. 35).

À primeira vista essa interpretação parece fazer sentido. Porém, notemos que a mesma expressão no grego é aplicada também aos anjos em Ap. 7.11, que diz: “todos os anjos(…) prostraram-se sobre os seus rostos Diante do Trono [e.nó.pi.on tou thró.nou] e adoraram a Deus”.

Perguntamos: A expressão “diantedo trono” requer ou não que os anjos estejam no Céu? A posição dos anjos é simplesmente à vista de Deus? Os anjos não vivem com Deus no Céu? A mesma expressão é empregada para indicar também o local onde se encontram os 144.000: “E eu vi, e eis o Cordeiro em pé no Monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil. E estão cantando como que um novo cântico diante do trono [e.nó.pi.on tou thró.nou] e diante das quatro criaturas viventes e dos anciãos”.

Há outro texto bíblico digno de nota. Trata-se da conversa entre o apóstolo João e um dos anciãos. “E, em resposta, um dos anciãos me disse: Quem são estes que trajam compridas vestes brancas e de onde vieram? Eu lhe disse assim imediatamente: Meu senhor, és tu quem sabes. E Ele me disse: estes são os que saíram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro” (Ap. 7.13-14).

Observemos o pronome demonstrativo “ESTES”, usado pelo ancião, ao falar da Grande Multidão. Segundo a Grande Enciclopédia Larousse Cultural, emprega-se ESTE e suas variações para indicar o que está próximo ou junto da primeira pessoa, aquela que fala. Isto quer dizer que se a Grande Multidão estivesse na terra “à vista do trono”, não se poderia usar o pronome ESTE, mas sim obrigatoriamente AQUELES, isto porque AQUELE e suas variações indica pessoa ou objeto igualmente distante da pessoa que fala (no caso, o Ancião, que estava no Céu) e da pessoa com quem se fala (no caso, o Apóstolo João).

Mas alguém pode objetar: o Ancião estava no Céu, mas o Apóstolo João estava aqui na terra, na ilha de Patmos. Não é bem assim. Vejamos Ap. 4.1: “Depois destas coisas vi, e eis uma porta aberta no céu, e a primeira voz que ouvi era como a de uma trombeta, falando comigo e dizendo: “Sobe para cá e eu te mostrarei as coisas que têm de ocorrer”. Portanto, João estava em transe, fora “arrebatado em espírito” (v. 2), de forma que escreveu como se estivesse no Céu pessoalmente, tal a conversa tão íntima com o Ancião. Então, o uso do pronome demonstrativo ESTE, e não AQUELE, indica que a Grande Multidão estava no mesmo lugar que o Ancião, isto é, no Céu.

Ainda temos o relato de Ap. 7.15: “Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo”, portanto, se o Templo de Deus está no Céu, quem O serve “dia e noite” tem que estar no mesmo lugar. Inclusive, ao referir-se ao Templo, a Tradução do Novo Mundo” manipula várias passagens e esclarece numa nota de rodapé: “ou habitação (morada) divina”.

Está claro que a Grande Multidão é uma classe celestial. Como comenta a Bíblia de Jerusalém, a Grande Multidão se refere aos “mártires cristãos já em posse da felicidade celestial”. Portanto a Bíblia não corrobora, não ratifica, não confirma, em hipótese alguma, a interpretação inexata do Corpo Governante.

O Que Significa Herdar a Terra (ou Viver Para Sempre no Paraíso na Terra)?

“Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre” (Sl. 37.29).
“Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Is. 65.17).
“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mt. 5.5)
“Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” (IIPe. 3.13).

“E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap. 21.1).

Com base nessas passagens, e outras similares, as TJs acreditam que vão herdar a Terra, vão habitar numa terra paradisíaca. Não creem que vão para o céu, que está reservado apenas para os 144 mil.

Todas essas passagens, porém, são alusivas ao Milênio, o período de mil anos mencionado em Ap. 20.2-3: “Ele prendeu a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem”. Esse período foi predito por todos os profetas do Antigo Testamento. Embora não o nominassem, o aspecto dado pelos profetas no Antigo Testamento se harmoniza com o texto de Apocalipse. Russell pregava a vida eterna no céu. A doutrina de viver para sempre no Paraíso na Terra é uma invenção posterior do Corpo Governante, e passou a ser a tônica da pregação das TJs. Eles não pregam o evangelho, não convidam nenhum pecador a se arrepender dos seus pecados e receber Cristo como Senhor da sua Vida. Só convidam para herdar a Terra, e pelo que vemos no Novo Testamento não era essa a pregação de Jesus nem de seus apóstolos.

A GRANDE MULTIDÃO NO CÉU DE APOCALIPSE 19.1

“E, depois destas coisas ouvi no céu uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! A salvação, e a glória, e a honra, e o poder pertencem ao Senhor nosso Deus” (Ap. 19.1).

Este relato deixa bem claro que a Grande Multidão é uma classe celestial. Trata-se da mesma “grande multidão” de Ap. 1.9. Entretanto, o Corpo Governante, diante desta passagem que contradiz a sua falsa interpretação apocalíptica, tenta argumentar justamente o oposto. No seu Raciocínios à Base das Escrituras, p. 85 comenta: “Não é a mesma que a grande multidão de Revelação 7:9. Os no céu não são descritos como sendo de ‘todas as nações’, ou como atribuindo a sua salvação ao Cordeiro; são anjos”.

É impossível como não querem enxergar esta explícita Revelação. Os membros do Corpo Governante são realmente cegos. Falando dos incrédulos, diz Paulo Apóstolo: “O deus deste mundo cegou suas inteligências, para que não vejam claramente a luz do Evangelho” (IICo. 4.4). Não há, repito, nenhuma evidência (direta ou indireta), que ateste a interpretação quimérica, fantasiosa, do Corpo Governante. Todas as vezes que a Bíblia se refere aos santos anjos usa expressões tais como: Filhos de Deus (Jó 1.6; 2.1 e 38.7), estrelas ou astros da manhã (Jó 38.7), servidores ou ministros (Hb. 1.7; Sl. 104.4), exército dos céus IRs. 22.19), santas miríades ou milícias (Dn. 7.10; Hb. 12.22; Jd. 14; Ap. 5.11) etc. Se realmente a “grande multidão” de Ap. 19:1 fosse composta por anjos, João teria usado a expressão “multidão de anjos”. A Bíblia de Jerusalém assim traduziu Ap. 5.11: “Em minha visão ouvi ainda o clamor de uma multidão de anjos que circundavam o trono”. João não usa a expressão “grande multidão” para referir-se aos anjos em nenhuma passagem do Apocalipse.

Vimos, então, que uma pesquisa cabal, sobre os capítulos 7 e 9 do Apocalipse, dissipa qualquer dúvida sobre o local onde se encontra a “grande multidão”, ou seja, no Céu. A Grande Multidão, repito, é uma classe celestial.

Comparando a Grande Multidão Com os 144 Mil
  • Procedem de todas as nações, tribos, povos e línguas – compare Ap. 5.9 com 7.9;
  • Aparecem no cenário após os anjos terem executado tarefas importantes e louvam a Deus por Seus atos salvíficos. No capítulo 7 a tarefa é o ajuntamento dos selados das doze tribos de Israel, e no capítulo 18 o anúncio da queda da Grande Meretriz, Babilônia;
  • Estão de pé diante do trono de Deus – compare Ap. 7.9 com 14.1-3;
  • Lavaram e embranqueceram suas vestes compridas no sangue do Cordeiro – IJo. 1.7;
  • Atribuem a salvação a Deus e ao Cordeiro (Jesus) – Jo. 17.3
  • Saíram da grande tribulação – compare Mt. 24.21-22 com Ap. 7.14
  • Servem a Deus no seu templo dia e noites – compare Ap. 7.15 com 5.1;
  • Recebem amorosa proteção e os cuidados de Jeová – compare com Rm. 8.31;
  • São pastoreados por Jesus até a fonte de águas vivas – Jo. 4.14, 6.35, 7.38 e IJo. 5.20.
Não resta a menor dúvida que a interpretação do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová é inteiramente falha e não sobrevive ao escrutínio bíblico. Bem disse o Apóstolo Paulo: “sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso” (Rm. 3.4). Amém!

OS 144 MIL QUEM SÃO?

A Bíblia ensina que os 144.000 são um grupo de judeus, 12.000 de cada tribo de Israel: “E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel” (Ap. 7.4-9). Os versículos 5 a 8 dizem que são 12.000 de cada uma das doze tribos do povo de Israel. Então não pode ser a igreja, tampouco um grupo selecionado dentro dela.

A STV diz que esses 144.000 são judeus espirituais. Como num passe de mágica a STV “espiritualizou” a passagem, e assim diz o Corpo Governante: “Não pode isso referir-se ao Israel literal, carnal? Não, porque Revelação 7:4-8 diverge da costumeira listagem tribal”. Dizer que não existe na Bíblia essa “costumeira listagem tribal” é mais um artifício da organização, na tentativa de consubstanciar as crenças rutherfordianas. Existem seis diferentes listas das doze tribos de Israel no Antigo Testamento. Qual seria a “lista costumeira”? O argumento da STV é improcedente e sem base bíblica.

Quem são os judeus espirituais? O apóstolo Paulo responde: “Porque nem todos os que são de Israel são israelitas. Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos” (Rm. 9.6-7). “Sabei pois que os que são da fé são filhos de Abraão” (Gl. 3.7). Portanto os autênticos cristãos são os judeus espirituais.

Os 144.000 são os judeus que se converterão ao Senhor Jesus no período da Grande Tribulação, após o arrebatamento da igreja. Eles não se contaminarão com as falsas doutrinas (Ap. 14.1-5), e substituirão a igreja na pregação do evangelho: “primeiro do judeu e também do grego” (Rm. 1.16). Nesse mesmo tempo a igreja estará nas bodas do Cordeiro (Ap. 19.7). Depois disso Jesus voltará com a sua igreja glorificada para destruir o império do anticristo: “Eis que é vindo o Senhor, com milhares dos seus santos”. Quem são esses “milhares de santos”? A igreja de Cristo que voltará com ele na segunda fase da sua vinda.

AS “OUTRAS OVELHAS” DE JOÃO 10.1-16

“Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um pastor”. As seitas de modo geral apreciam muito esta passagem. A STV faz desse texto um recurso para provar que as ovelhas que não estão no aprisco são os que hão de herdar a terra, e as que estão no aprisco são os 144.000 que irão para o céu. Essa teoria, porém, não resiste à exegese bíblica.

O que é o “aprisco” nesta passagem? O céu ou a terra de Israel? O céu não pode ser, porque Jesus se apresentava junto das ovelhas “deste aprisco” e frisava a necessidade de agregar as ovelhas que estavam fora, para que houvesse um rebanho e um Pastor. Se os 144.000 estivessem no céu e os demais na terra, haveria dois grupos separados.
As “outras ovelhas” são os gentios, como disse o apóstolo Paulo: “Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisos pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe [fora do aprisco], já pelo sangue de Cristo chegaste perto… Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Ef. 2.11-13,19). Esse texto de Efésios explica como as “outras ovelhas” chegaram ao aprisco, formando de todos os povos um só, a igreja, o corpo de Cristo “um só rebanho e um só Pastor”.

CONCLUSÃO – O CÉU É PARA TODOS OS CRISTÃOS

A Biblia diz que ele virá assim com foi: “Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At. 1.11). Jesus ensinou que o céu é para os que creem em seu nome. Ele disse: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo. 14.2) e não apenas 144.000 lugares. O apóstolo Paulo disse: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp. 3.20).

Paulo dividiu o povo de Deus em duas castas? Claro que não: “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef. 4.4-5). “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo, e com trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (ITs. 4.16-17). Existem nesta passagem duas castas? A resposta é não. Há, na verdade aqui, dois grupos: o dos vivos, sendo arrebatados; e o dos modos, sendo ressuscitados, mas nada há que indique o arrebatamento de apenas 144.000 pessoas.

Diante de tantas evidências bíblicas contrárias, a Sociedade Torre de Vigia teria revisado seu ensino sobre a restrição de entrada no céu para um grupo seletivo de 144 mil pessoas? Não. Infelizmente a STV continua ensinando errado a respeito do céu!

https://www.jw.org/pt/ensinos-biblicos/perguntas/quem-vai-para-o-ceu/
Bibliografia:

Como Responder às Testemunhas de Jeová, Pr. Esequias Soares, Ed. Candeia, 3ª edição, 1995.

Vão Somente 144.000 Para O Céu?, artigo do Pr. Natanael Rinaldi.

FONTE: CACP

Nenhum comentário:


Campanha:

Leia um livro!

Ad Bottom