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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

As duas versões do chamado pastoral

Irmãos, quero que saibais que as coisas que me aconteceram, contribuíram para o avanço do Evangelho. Filipenses 1:12

Quem tem um pouco mais de idade lembra-se dos discos de vinil e das fitas K7.

As músicas eram gravadas nos seus dois lados, ou seja, para ouvir todas as faixas era necessário inverter o disco ou a fita no aparelho, de modo que ouvir um lado apenas era privar-se de ouvir, quem sabe, uma música melhor que estaria do outro lado.

Pois bem.

Paulo, por volta do ano 52 d.C., chega à cidade de Filipos e o faz impelido por uma visão de um homem Macedônio que suplicava por ajuda (Atos 16:9). É a primeira vez que o Evangelho chega a um território ocidental, ou para nós hoje, europeu.

Como na maioria das vezes, Paulo não encontra um ambiente amistoso para proclamar o Evangelho, ao contrário, a hostilidade dos filipenses resulta em açoites e prisão.

Mas Paulo desfrutava de uma liberdade tão fora do comum que, mesmo preso e acorrentado a um tronco, orava e cantava louvores a Deus.

Em meio a esta situação, miraculosamente, as portas se abrem e ele junto com seu companheiro Silas são soltos desta prisão.

Foi assim que os cristãos filipenses conheceram o Evangelho e seu tão estimado pastor, ou seja, por meio de correntes, troncos, açoites e prisões.

Passam-se aproximadamente nove anos e os cristãos filipenses recebem notícias não muito confortantes do seu amado pastor. Está novamente preso, provavelmente em Roma, e novamente por pregar o Evangelho.

O cuidado destes cristãos filipenses com Paulo os incentiva a mandar alguém, com alguns suprimentos, para assisti-lo e também trazer notícias sobre o porquê de sua nova prisão.

Novamente? Poderiam ter pensado.

Por isso Paulo, ao escrever esta carta para agradecer aos filipenses, após orar por eles, faz questão de explicar o motivo de sua prisão: É para contribuir com o avanço do Evangelho!

Como? Se toda vez que prega o Evangelho o resultado são prisões?
Simples, pelo menos para Paulo.

Quando diz que suas cadeias, ao invés de desmotivá-lo ou decepcioná-lo, estão contribuindo para o avanço do Evangelho ele usa uma palavra muito expressiva que, traduzida literalmente, significa: remover antes.
Esta palavra era utilizada para designar o trabalho de uma tropa romana especial que ia à frente e removia todos os obstáculos que impediriam a marcha de um exército de soldados romanos, isto é, limpavam o caminho.

Portanto o que o apóstolo está dizendo literalmente é que suas cadeias têm servido para remover os impedimentos e limpar o caminho para o Evangelho e isto se vê aplicado no restante do texto.

Paulo vivia agora sob constante vigilância da guarda de elite do imperador descrita aqui como guarda pretoriana ou a guarda do palácio.

Esta guarda era uma tropa formada por dez a dezesseis mil soldados minuciosamente escolhidos e o que os diferenciava das outras não era apenas a cor do uniforme ou o salário três vezes maior que o de um soldado normal, mas sim o fato de seus soldados serem cultos e exercerem grande influência no império.

Esta tropa, que conhecia e vigiava, dia e noite, as algemas de Paulo estava agora conhecendo suas algemas em Cristo como algumas versões traduzem, isto é, percebiam que sua prisão tinha intrínseca relação com Cristo.

De que outra maneira Paulo e o Evangelho por ele pregado teriam acesso a estes homens e as demais pessoas do palácio?

Desta forma, a sua prisão contribui e muito para o avanço do Evangelho, mesmo que não tenha contribuído para o pastor.

Paulo concebe que a causa do Evangelho é mais importante que sua liberdade.

Assim o que Paulo faz aqui é animar os filipenses mostrando o outro lado da história, pois sem ouvir a versão pastoral da história ficariam presos as decepções e dificuldades que a versão imediatista e fatalista da história insistiam em repetir.

Toda a privação e sofrimento no ministério pastoral genuíno e sincero tem um lado triunfante.

Este lado não é diferente do outro. Trata-se do mesmo sofrimento e privação, porém encarados com fé no Cristo do Evangelho, vistos com amor pela causa do Evangelho, compreendidos com alegria por poder contribuir com o Evangelho.

Enfim, enfrentados com a esperança de que se o Evangelho avança não estamos subjugados, mas progredindo em nosso chamado e missão.

O próprio Paulo, escrevendo em outra ocasião acerca do seu ministério, expressa:

Sofremos pressões de todos os lados, mas não estamos arrasados. Ficamos perplexos, mas não desesperados, somos perseguidos, mas não desamparados, abatidos, mas não destruídos. Trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Pois nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo mortal. De modo que em nós atua a morte, mas em vós, a vida. II Coríntios 4: 8-12.

O chamado pastoral, assim como a vida cristã, tem esses dois aspectos: a conformidade nos sofrimentos de Cristo e a garantia da santificação de cada suplício que valha o avanço do Evangelho que nos chamou.

Fonte: napec.org

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