No final do
segundo século a heresia conhecida como Monarquianismo se opôs ferozmente
contra a teologia trinitariana. Eles se dividiam em dois grupos: a) Monarquianismo
Dinâmico: defendia que Cristo era apenas um homem, adotado por Deus por ocasião
de seu batismo; b) Monarquianismo Modalista: sustentava que o Pai, o
Filho e o Espírito Santo seriam três “modos” sucessivos segundo os quais Deus
se “manifestava” e trazia salvação aos homens. Alguns dos mais proeminentes
defensores do Modalismo nessa época foram Noetos, Praxeas, Calixto e Sabélio.
Do outro lado, Tertuliano, Hipólito e Orígenes formaram uma frente única contra
o unicismo.
Em virtude dos
intensos debates travados no segundo século e durante os séculos seguintes, o
unicismo desapareceu da História, vindo a se recuperar muito tempo depois.
Hoje, mais de cem anos depois dos primeiros “avivamentos” que varreram os
Estados Unidos, o unicismo encontra-se em todo o mundo, tendo diversas
ramificações em nosso país.
Origem e
história
A origem do
unicismo se prende aos primeiros séculos da Era Cristã. Os mais antigos relatos
que se têm notícia são de Praxeas ensinando na Ásia Menor, enquanto Noetos
aparece pregandoem Roma. Noetosfoi quem primeiro formulou uma teologia
essencialmente unicista. Ele foi bispo de Esmirna, quando por volta de 180 d. C
começou a ensinar o que mais tarde seria conhecido como Monarquianismo. Expulso
da igreja de Esmirna por causa de sua insubmissão ao ministério, Noetos se
refugiou em Roma, onde mais tarde conheceria Epigonus, primeiro discípulo e
propagador de sua ideias.
O
pentecostalismo unicista no vigésimo século
Embora não
exista consenso quanto a data exata do reaparecimento do unicismo no vigésimo
século, alguns autores têm proposto o ano de 1913 como o marco de sua
restauração. Foi durante um acampamentoem Los Angeles, em 15 de abril, que um
pregador canadense o Rev. R. E. Masclester passou a ensinar que o “verdadeiro”
batismo é em nome de Jesus. Sua mensagem foi recebida por uns e rejeitada por
outros. Entre eles estava John S. Sheppe, fundador de um movimento conhecido
como “Só Jesus”, e o evangelista Frank Ewart, outro expoente do movimento.
Homens como Glen A. Cook, G. T. Hoywood, E. N. Bell e H. A. Gss vieram e
formaram a imensa galeria dos tais pregadores unicistas.
Em 1916, por
ocasião da Convenção Geral das Assembleias de Deus, a doutrina bíblica da
Trindade foi reafirmada, resultando na exclusão de 156 pastores e suas
respectivas igrejas. Surgia a Assembleia Geral das Assembleias Apostólicas
(AGAA), que se uniu, em1918, aum outro grupo conhecido como Assembleias
Pentecostais do Mundo (APM). Dessa junção surgiriam duas outras organizações:
as Assembleias Pentecostais de Jesus Cristo, liderada por W.T. Witherpson e a
Igreja Incorporada, liderada por Hoywoord A. Gss. Essas se uniram para fundar,
em1945, aIgreja Pentecostal Unida Internacional (IPUI). Eles adotaram a
seguinte doutrina fundamental.
“A doutrina
básica fundamental desta organização será o padrão bíblico de salvação
completa, o que significa o arrependimento, o batismo por imersão em águas em
nome do Senhor Jesus Cristo e o batismo com o Espírito Santo com o sinal inicial
de falar em outras línguas de acordo com a direção do Espírito. Procuremos
manter a unidade do Espírito até que cheguemos à unidade da fé, ao mesmo tempo
advertindo a todos os irmãos que não provoquem polêmica pelos seus pontos de
vista diferentes para a desunião do corpo”. [2]
Principais
ramificações no Brasil
Hoje existem
várias ramificações do unicismo no mundo. No Brasil, seis principais grupos se
destacam, a saber a Igreja de Deus no Brasil, a Igreja Local de Witnees Lee, a
Igreja Tabernáculo da Fé, a Igreja de Deus do Sétimo Dia, o Ministério A Voz da
Verdade e os Adeptos do Nome Yehoshua e suas Variantes. Vejamos cada um desses
grupos distintamente.
A Igreja de
Deus no Brasil
A presença
do unicismo em nosso país esta primeiramente ligada ao ministério do chileno
Juan Bautista Álviar. Vamos conhecer um pouco de sua vida e o que levou ao
unicismo. O testemunho a seguir foi publicado no jornal Voz Apostólica, Edição
V – ano II – 2004, pág. 11.
“Era 11 de
outubro de 1933. Em Santiago do Chile, entre às 19 e 20 horas, estava em
andamento um culto ao ar livre, comum naqueles dias de “avivamento”. Naquele
mesmo lugar, uma jovem senhorita, Maria Susana Álviar, entrava em trabalho de
parto. Seu marido, Luiz Antonio Álviar, de igual modo se encontrava em um outro
bairro num culto semelhante, alheio da chegada de seu primogênito. Ao regressar
para casa encontrou um bilhete comunicando que sua esposa estava na
maternidade; sabendo que não poderia vê-la de imediato, pois já era tarde da
noite, orou ao Senhor e perguntou a Deus qual era o sexo da criança e qual nome
deveria lhe dar. Ao abrir a Bíblia, seus olhos se detiveram na passagem de
Lucas 1.63 “João – Juan em espanhol – será seu nome”. Na maternidade do
Salvador, Susana, com seus olhos fitos em seu filho, orava a Deus e pedia um
nome para o bebê, e, naquele mesmo instante, Deus lhe disse em alto e bom som:
“seu nome será Juan Bautista”.
Por várias
vezes em sua infância foi “visitado” por anjos de Deus em sua humilde casa. Na
noite em que seus pais saiam para pregar, como filho mais velho, cuidava de
seus irmãos. Seu “amor” pela obra de Cristo vinha do grande testemunho de seus
pais, como também das experiências vividas por ele. Assim, ainda jovem, menino
até, já anunciava Jesus. Em 15 de julho de 1954 casou-se com Doroty Jean, filha
de missionários americanos e tiveram seis filhos.”
Juan e sua
esposa são enviados ao Brasil
Em 17 de
março de 1958, já missionário, Juan e sua esposa, após “ouvirem” a voz do
Senhor por várias vezes os “enviando” ao Brasil, voavam de Deatle para Nova
Yorque, de lá para Caracas, chegando ao Brasil em 19 de março. Sua vinda ao
Brasil coincidiu com os primeiros anos da Igreja Brasil para Cristo.
Inicialmente radicado a essa igreja, Álviar permaneceu por muitos anos alheio as
suas crenças. Foi somente no começo da década de 60 que decidiu romper com seu
silêncio, dando inicio a uma “revolução” que o levaria a fundar um movimento
que ficou conhecido como “Marcha para Jesus”. Atualmente esse movimento é
conhecido como “A Igreja de Deus no Brasil”, que é unicista e batiza apenas em
nome de Jesus.
Em 1994 foi
convidado para pastorear uma igreja nos Estados Unidos, a Apostolic Tabernacle
Churche. Atendendo o “chamado” divino, Juan e sua família mudam-se para
Berkerfild, Califórnia, onde passaria os últimos dias de sua vida. No começo de
2003, mesmo sob severas recomendações de seus médicos e amigos de ministério,
Aliviar decide empreender sua última viagem ao Brasil, quando participaria da
Convenção Geral da A Igreja de Deus no Brasil. Já de volta aos Estados Unidos,
em 10 de dezembro de 2003, Juan Bautista Álviar vem a falecer. Com a
presidência da igreja ficaria seu irmão, o Rev. Adan Álviar, que teria pela
frente uma dura tarefa – decidir o que fazer com os que se opunham a “grande
revelação da unicidade”. Como nada mais poderia ser feito, foi decidido,
unâmimente, que os tais deveriam se afastar da igreja. Desorientados, fundaram
um movimento conhecido como “Igreja de Deus no Brasil” (sem a vogal “A” antes
de “Igreja de Deus no Brasil”), os quais passaram a fazer franca oposição ao
unicismo.
A Igreja
Local
Mantenedora
do jornal Árvore da Vida, a Igreja Local não se explica por si mesma. Na
verdade, não existe um termo próprio para essa organização. Eles são conhecidos
como a “Igreja de São Paulo”, a “Igreja de Los Angeles”, a “Igreja de Taiwan”
etc. Essa definição teve origem a partir dos ensinos de Watchman Nee.
“Este termo,
a base da igreja, foi usado pela primeira vez pelo irmão Watchman Nee em 1937.
Antes de 1937, jamais havíamos ouvido ou visto este termo, e a questão da base
da igreja, tanto quanto fomos capazes de determinar, não era conhecida (…) A
base é o terreno sobre o qual é colocado o fundamento. Há muitas assim chamadas
igrejasem São Paulo. Uma, a Igreja Católica Romana, proclama estar edificada em
Cristo como o seu fundamento. Outra, a Igreja Presbiteriana, também proclama
que seu fundamento não é outro senão Cristo. Os batistas, os quakers, os
metodistas, os episcopais, os luteranos, os nazarenos e muitos outros proclamam
a mesma coisa. Na verdade, não há uma assim chamada igreja cristã que não faça
isto. Todas proclamam que Cristo é o fundamento delas, mas têm negligenciado
totalmente a questão da base (…)
As
Escrituras mostram claramente que em cada localidade a expressão do corpo de
Cristo, isto é, a Igreja Local, deve ser uma. Não há lugar nas Escrituras que
se registre mais de uma Igreja Local numa determinada cidade. Se você esta
vivendo em São Paulo, deve ser edificado juntamente com os irmãos de São Paulo,
como a igreja naquela localidade. Se você esta em Tóquio, devera ser edificado
com aqueles que são salvos em Tóquio, como a igreja naquela localidade. Como
cristão vivendo numa localidade, você deve ser edificado com os outros cristãos
naquela localidade, como a única igreja ali, a qual deveria ser chamada a
Igreja Naquele Lugar”. [3]
O que cremos
O jornal
Árvore da Vida, ano 13, número 128, página 6, traz assim o seu artigo de fé:
1. A Bíblia Sagrada é a revelação divina, verbalmente inspirada pelo
Espírito Santo;
2. Deus é único e triúno – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – coexistindo
em igualdade de eternidade a eternidade;
3. O Filho de Deus, sendo o próprio Deus, encarnou-se para ser um homem,
de nome Jesus, nascido da virgem Maria, para ser nosso Redentor e Salvador;
4. Jesus, um homem genuíno, viveu trinta e três anos e meio para tornar
Deus Pai conhecido dos homens;
5. Jesus, o Cristo ungido por Deus com seu Espírito Santo, morreu na cruz
por nossos pecados e derramou seu sangue para o cumprimento de nossa redenção;
6. Jesus Cristo, depois de sepultado por três dias, ressuscitou dos
mortos, e que, em ressurreição, tornou-se o Espírito que dá vida para
transmitir a si mesmo para dentro de nós como nossa vida e tudo para nós;
7. Após sua ressurreição, Cristo ascendeu aos céus e Deus o fez
Senhor de todas as coisas;
8. Após sua ascensão, Cristo derramou o Espírito de Deus para batizar seus
membros escolhidos para dentro do único corpo e que o Espírito de Cristo esta
se movendo na terra para convencer os pecadores, regenerar o povo escolhido de
Deus, habitar nos membros de Cristo para seu crescimento em vida e para
edificar o corpo de Cristo com vistas a sua plena salvação;
9. No fim da presente era, Cristo voltará para arrebatar os cristãos
vencedores, julgar o mundo, tomar a posse da terra e estabelecer seu reino
eterno;
10. Os cristãos vencedores reinarão com Cristo no milênio e todos os
cristãos participarão das bênçãos divinas na Nova Jerusalém, no novo céu e na
nova terra, pela eternidade.
Para um
espectador comum, essa parece ser uma “verdadeira” declaração de fé evangélica.
Entretanto, quando examinamos suas crenças, descobrimos uma série de
divergências com a fé cristã universal (1) Conhecida como “regeneração
batismal”, a Igreja Local, juntamente com outros grupos unicistas, associa a
salvação ao batismo nas águas; (2) São contra o estudo das Escrituras.
Eles ensinam uma pratica que ficou conhecida como “orar-ler as Escrituras”; (3)
“Satanás habita em nós”. Segundo Witnees Lee, o “próprio Satanás, como a
natureza maligna e como a lei do pecado, habita em nós para corromper o nosso
corpo”.
Unicismo
Herança dos
ensinos de Emmanuel Swedemborg (1688-1772), famoso escritor e filósofo sueco,
Witnees Lee desenvolveu uma espécie de “unicismo oculto”. Swedemborg costumava
usar o termo Trindade, mas observando que significava apenas “três modos” e não
uma Trindade de pessoas. Em um de seus livros, A Economia Divina, Lee deixa
evidente essa influência.
“O nosso
Deus não é apenas o Deus da criação, mas o próprio Deus que se tornou homem
viveu nesta terra por trinta e três anos e meio, morreu na cruz e foi
ressuscitado. Hoje, Ele é o próprio Deus Triúno – o Pai, o Filho e o Espírito
Santo – em ressurreição”. [4]
Contrariando
o que diz o Credo Atanasiano, no seu quarto artigo de fé, Witnees Lee
prossegue:
Tabernáculo
da Fé
A Igreja
Tabernáculo da Fé é uma das muitas ramificações do unicismo em nosso país. De
origem norteamericana, o movimento teria sido fundado por um certo profeta por
nome Willian Marion Branham. Ainda hoje existem muitos que pensam que ele era
deus em forma humana.
Fundador
A história
da vida de Branham foi um tema comum em seus sermões gravados. Branham nasceu
em uma cabana, nas montanhas de Kentuck, sendo o primeiro dos nove filhos de
Charles e Ella Branham. O pai de Branham era um lenhador, educando os seus
filhos com dificuldades e em meio à pobreza. Branham descreve, desde a tenra
infância, ter passado por experiências sobrenaturais, incluindo visões
proféticas. Ele conta que em uma ocasião, durante sua adolescência, foi chamado
por uma astróloga, que lhe contou que ele havia nascido sob um sinal especial,
e lhe profetizou um importante ministério. A família de Branham não era
religiosa; todavia ele conta ter tido um contato mínimo com a Cristandade
durante sua infância. Branham narra sua experiência de conversão no final da
década de 1920, quando posteriormente foi ordenado pastor batista em
Jeffersonville.
Seu
envolvimento com os unicistas
Apesar de
sua sólida formação batista, Branham parecia insatisfeito com sua fé. Seu
primeiro contato com os unicistas ocorreu em Mishawata, Indiana, EUA, em 1932.
Em 1936, Branham foi convidado a pregar em uma convenção de igrejas da
Unicidade Pentecostal, e recebeu convites para nelas integrar-se. Branham conta
que, pressionado por sua sogra, inicialmente não aceitou esses convites, o que
resultou em grandes tragédias, incluindo a morte de sua primeira esposa e
filha.
O final da
década de 1930 e o início da década de 1940 não se têm muitos detalhes nas
descrições de Branham sobre a história de sua vida. As narrações basicamente se
iniciam em um acontecimento ocorrido em maio de 1946 quando ele rompeu com sua
vida ordinária para procurar a Deus e estabelecer um sentido para sua vida. A
partir desde ponto, subsequentemente ele relata que teria recebido uma comissão
de um anjo que o fez iniciar o seu ministério publico de evangelismo e cura
pela fé. Com base em versões de seus familiares, é evidente que Branham
conduziu campanhas de cura, pelo menos desde 1941, quando ele conduziu duas
semanas de “reavivamento” em Milltown. (At Totten’s Ford, Believers News, April
1998), e em seu folheto de 1945, “Eu não fui desobediente à visão celestial”,
mostra que o seu ministério público de cura divina estava bem estabelecido a
esta data.
Por volta da
metade da década de 1940, Branham estava conduzindo campanhas de cura quase que
exclusivamente com as igrejas da Unicidade Pentecostal. A expansão do
ministério de Branham com a comunidade pentecostal se deu com a introdução de
Gordon Lindsay em 1947, que rapidamente se tornou seu administrador e promotor.
Neste tempo, muitos outros preeminentes pentecostais ingressaram junto ao seu
corpo de ministros, como Ern Baxter e FF. Bosworth. Gordon Lindsay provou ser
um capaz marketeiro, fundando a revista A Voz da Cura em 1948, que se iniciou
reportando as campanhas de cura de Branham.
A partir da
metade da década de 1950, Branham sempre tratava abertamente da doutrina
bíblica, indicando uma posição mais na linha da unicidade, posição referente à
divindade, e pelo final dos anos 50 ele declarava expressamente que a Trindade
como apresentada pela maioria das igrejas não tinha base escritural, e havia se
iniciado no Concílio de Niceia com crenças pagãs de Roma. Ele não tomou posição
nem pelos unicistas, nem pelos trinitarianos, seguindo sua própria concepção
das Escrituras.
A Palavra
Original
Instalada em
Goiânia (GO), a Palavra Original é a editora responsável pela publicação dos
ensinos e discursos de Willian Marion Branham. Entre algumas das obras
publicadas, destacamos.
- O Profeta do Século XX
- Como o Anjo veio a mim e sua comissão
- O Sinal
- Um Homem enviado de Deus I e II
- Um Resumo das Sete Eras
- Quem é o Espírito Santo?
- O Nome de Jesus
Principais
desvios doutrinários
a) As sete igrejas da Ásia
Branham
considerava a si mesmo como o mensageiro do Apocalipse. Segundo ele, as sete
igrejas do Apocalipse seriam sete dispensações da Igreja. Começando com a
suposta dispensação de Éfeso até a suposta dispensação de Laodicéia. Dizia que
o apóstolo Paulo foi mensageiro dessa primeira dispensação. A de Laodicéia, que
seria a última de 1909, ano de seu nascimento, até 1977, data que Branham
marcou para a segunda vinda de Cristo, sendo o próprio Branham o mensageiro
dessa dispensação.
b) Seu
ensino sobre Jesus
A teologia
unicista de Branham manifesta-se nas seguintes declarações contraditórias.
- “Se Jesus é Senhor e Cristo, então Ele é e não
pode ser outra coisa menos que Pai, Filho e Espírito Santo, em uma pessoa
manifestaem carne. Enão três pessoas, mas um Deus manifesto em três
títulos maiores”.
- “Pai, Filho e Espírito Santo são simplesmente
títulos e não nomes. É por isso que batizamos em nome do Senhor Jesus
Cristo, porque é um nome, e não um título”. [6]
c) Seu
ensino sobre a Trindade
Branham
dizia que a doutrina da Trindade, inteiramente escriturística, não é encontrada
na era apostólica. A Bíblia não diz nada de uma primeira, segunda ou terceira
pessoa. Mas sim que Deus foi manifesto em carne (I Tim 3.16).
A Igreja de
Deus do Sétimo Dia
Uma das características
da maioria dos grupos unicistas é a sua capacidade de se mesclar a outras
religiões, absorvendo delas doutrinas e costumes diversos. A Igreja de Deus do
Sétimo Dia (IDSD) é um exemplo de sincretismo religioso.
Fundação
Existem duas
versões que procuram provar a origem da IDSD:
a) Embora fundada em 1979, em Campinas (SP), por representantes dos
Estados Unidos e do México, sua verdadeira origem seria “neotestamentária”.
Eles dizem possuir um documento no qual é revelada a ascendência histórica da
igreja, começando pelo Novo Testamento e indo até o ano de 1644, anoem que Mill
Yard fundou a Mil Yard Church of God (Igreja de Deus de Mill Yard), sendo
levada para os Estados Unidos em 1671. Lá, entrou em contato com a Igreja
Adventista do Sétimo Dia, e tornaram-se uma só organização. Finalmente, depois
de discordar do “espírito de profecia” de Ellen Gould Withe, passou a ser a
Igreja de Deus do Sétimo Dia.
b) Segundo outra fonte, a IDSD do Brasil seria uma extensão de sua
sede em Miridian, Idaho, nos Estados Unidos. Havia uma comunidade conhecida
como Organização Evangélica Universal dos Primogênitos, com sede em Guarulhos
(SP). A partir de 1978, porém, sua liderança decidiu unir-se à Igreja de Deus
do Sétimo Dia dos Estados Unidos. Após cinco anos de conversação, a Organização
Evangélica Universal dos Primogênitos tornou-se a mais nova representante da
IDSD no Brasil. Com a união, a mais nova IDSD deixou de ser quinze pequenos
grupos espalhados por quatro estados para expandir-se para quase todos os estados
da União. A sua atual sede encontra-se em Curitiba (PR).
Sincretismo
Como é
típico das seitas unicistas, a IDSD absolveu doutrinas e costumes dos mais
variados segmentos religiosos.
a) Das
Testemunhas de Jeová
- A doutrina da Trindade é antibiblica e pagã;
- O Espírito Santo não é uma pessoa, mas uma
energia usada por Deus;
- A alma como fôlego;
- Os ímpios serão aniquilados para nunca mais
existir (aniquilacionismo);
- Celebração da ceia do Senhor uma vez ao
ano.
b) Da Igreja
Adventista do Sétimo Dia
- Guarda do sábado como dia de culto;
- Abstinência de carnes imundas e sufocadas.
c) Da Igreja
Pentecostal Unida
- Jesus é ao mesmo tempo Pai, Filho e Espírito
Santo (Modalismo);
- Batismo em nome de Jesus;
- Pratica do Lava-pés;
- Regeneração batismal
d) Da Igreja
Cristã Italiana dos Estados Unidos (similar à Congregação Cristã no Brasil)
- Usos e costumes como regra de fé básica;
- Ósculo santo;
- Uso do véu nos cultos.
O movimento
A Voz da Verdade
Mais
conhecida por causa do conjunto do mesmo nome, a Igreja Evangélica A Voz da
Verdade (IEVV) é um dos movimentos que mais cresce no Brasil; são exclusivistas
e não medem palavras ao nos chamar de “desviados”. Embora não possa ser
comparada a Igreja Tabernáculo da Fé – que também professa o unicismo – a IEVV
é, sim, uma seita.
Fundação
A IEVV foi
fundada por Feud Moisés, após uma revelação que o tornaria conhecido como o
“homem que encontrou Jesus no cinema”. Filho de libaneses converteu-se em 1953.
Teve um chamado “especial”, Jesus apareceu-lhe na tela de um cinema e disse que
o faria pescador de almas. Transformado e arrependido começou a anunciar que
existe somente um Deus e seu nome é Jesus. Dezenove anos depois, em 1973,
Freud Moisés daria inicio ao conjunto Voz da Verdade, na antiga Igreja
Pentecostal Unida do Brasil, da vila Paraíso, Santo André (SP). Depois de
alguns conflitos surgidos entre o conjunto e a igreja local, envolvendo
questões de usos e costumes, se desligam, para fundar, na rua Casa Branca, 168,
no bairro do mesmo nome, a Igreja Evangélica Voz da Verdade. Ali permaneceu,
até se mudar para o seu atual endereço, no antigo cinema Tangara II, no Studio
Center, no centro de Santo André. [7]
Como parte
de seu programa anual, realizam periodicamente acampamentos em que são
ministrados estudos e outras atividades da Igreja, sempre regadas ao som do
conjunto A Voz da Verdade.
Declaração
doutrinária
O Estatuto
da Igreja Evangélica A Voz da Verdade (IEVV) assim declara:
1. Quando a Bíblia se refere a Deus, esta falando no Espírito Santo que é
o Pai, criador e sustentador de tudo;
2. Jesus tanto é o Pai, como é o Filho;
3. Antes da manifestação de Jesus como homem, não havia Filho de Deus
(somente os anjos eram tidos como filhos de Deus);
4. Jesus pode ser Pai e também Filho? É muito lógico que sim, pois Ele é
Deus. [8]
Literatura
A única
“obra” impressa pela IEVV é o pequeno livrete “Revelação do Amor”, de Rita de
Cássia Moisés. Com um total de 48 páginas, esboça de maneira superficial a
doutrina unicista. É uma obra que, diferente do livro A Unicidade de Deus – de
David K. Bernard -, não pode ser considerada uma “joia” da literatura unicista.
Dentre os principais temas abordados, destacamos:
- Conheça a Bíblia Sagrada;
- Cristo, a Palavra Viva;
- Quem afinal é o Senhor;
- Quem é Deus senão o Senhor;
- A natureza de Jesus: divina e humana;
- O que Deus diz de si mesmo;
- O batismo segundo a Bíblia;
- O mistério de Deus: Cristo;
- Deus estava em Cristo reconciliando o mundo
consigo mesmo;
- Deus em Jesus.
Os Adeptos
do Nome Yehoshua e suas Variantes
Um pouco
mais ousados do que a maioria dos unicistas, os adeptos do Nome Yehoshua
(também conhecidos como as “Testemunhas de Yehoshua”), são os mais exóticos
dentro da unicidade. Fundado em 1987, em Curitiba, Paraná, por Ivo Santos de
Camargo, possui cerca de 200 membros em todo país. É um movimento sincretista,
que reúne em sua doutrina elementos do Judaísmo, Modalismo e da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
De origem
religiosa desconhecida, Ivo Santos de Camargo arroga para si à façanha de ter
“descoberto” a verdadeira pronúncia do nome sagrado YHVH.
“No velho
concerto o nome de Deus foi representado pelo tetragrama IOD –HE – VAU – HE
(YHVH), que no novo concerto foi vocacionado pelo anjo a Miriam. “E darás à luz
um filho e chamarás o seu nome Yehoshua” (Mt. 1.21). Portanto, o nome original
do salvador é o que foi dado pelo anjo a Miriam é um nome de origem hebraica,
não o nome colocado pelos bispos romanos”. [9]
Eles
rejeitam terminantemente o nome Jesus, alegando que ele teria sido introduzido
nas Escrituras no III século, por Jerônimo.
“Nesta
ocasião o nome original Yehoshua foi substituído pelo nome grego-romano Jesus
(IESUS). Esse nome lembra a divindade grega Zeus”. [10]
Essa é uma
declaração perigosa, pois além de descartar Jesus das páginas sagradas, vai
mais além, ao associar seu nome com o sinal da besta.
“A
santíssima Trindade, o dualismo e o ídolo romano Jesus é o sinal da besta
(falsa religião). Liberte-se destes dogmas romanos e receba em sua testa o sinal
eterno, YEHOSHUA”. [11]
Segundo
eles, Jeová, Javé, Yehov ou Yaveh são todas pronúncias errôneas das letras
hebraicas YHVH, cuja pronúncia correta seria Yehoshua. Como as Testemunhas de
Jeová, eles criaram sua própria versão das Escrituras. Com efeito, dizem que a
salvação esta condicionada ao conhecimento do nome Yehoshua. Afirmam que muitos
perderão a salvação pelo simples fato de fazerem “vista grossa” para certas
verdades recebidas, ou então por estarem presas a um sistema religioso
apóstata.
“Precisamos
nos convencer a nós mesmos que se não recebermos o nome Yehoshua não seremos
salvos, porque assim dissera os santos profetas. Faça, pois, como os irmãos de
Beréia, não tenha medo da verdade, e receba em sua vida o nome verdadeiro de
nosso Senhor Yehoshua, que é o nome que veio do céu para nossa salvação”. [12]
Quanto a
isso são irredutíveis, estando dispostos a dar tudo de si pela causa de
Yehoshua. Dizem eles:
“Nós, as
Testemunhas de Yehoshua, estaremos prontas e conscientes da responsabilidade
que nos foi confiada. Assim sendo, defenderemos nem que seja com a nossa
própria vida. Os santos na terra são a espada de Yehoshua contra o
paganismo”. [14]
NOTAS
Capítulo 1
1. EHRMAN, B.D. O que Jesus disse? O que Jesus não
disse? Rio de Janeiro – RJ: Escala págs. 220,221.
2. Ibidem, pág. 207.
3. Id. Ibidem, págs. 58.
4. Ibidem, págs. 51,52
5. Ibidem, págs. 23,24.
6. BATISTA, P.S. Manual de Respostas Bíblicas, São
Paulo – SP: Betesda, pág. 207.
7. EHRMAN, B.D. O que Jesus disse? O que Jesus não
disse? Rio de Janeiro – RJ: Escala págs. Ibidem, págs. 145, 146.
8. Ibidem, pág. 147.
9. Id. Ibidem, pág. 71.
10. Teologia Sistemática de Strong, Hagnos, págs.
246-247
11. Ibidem, pág. 242
12. Id. Ibidem, pág. 242
13. EHRMAN, B.D. O que Jesus disse? O que Jesus não
disse? Rio de Janeiro – RJ: Escala págs. 210,211.
14. JOBSON, J.A. e PILETTI, N. Toda a História,
Ática, pág. 50.
Este artigo corresponde ao capítulo 1 do livro COMPÊNDIO DE APOLOGÉTICA CRISTÃ,
de autoria de Johnny T. Bernardo. Cortesia do autor para o NAPEC.
Para conhecer o livro e adquirir o livro, clique AQUI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário