Texto Base: 1 Reis 13.1-10
INTRODUÇÃO
A
história de Jeroboão é um exemplo de como uma pessoa que tem as promessas de
Deus para sua vida, mas devido à falta de fé e por medo, entra por caminhos
errados e se afasta completamente de Deus. É a história de um homem que tinha
tudo para dar certo, mas fracassou em todas as áreas de sua vida. Assim como
Davi entrou para a história como um modelo de integridade para com Deus,
Jeroboão era o modelo do monarca ímpio. Essa lembrança constante de seu pecado
indica a maneira como o Senhor tratou a idolatria durante a história de Israel
(1Rs 16.26; 2Rs 14.24).
Este homem era servo de
Salomão. Era um homem que exercia entre o povo uma grande liderança. Ele era da
tribo de Efraim. Salomão o colocou como supervisor de todo o trabalho forçado.
Salomão,
o terceiro rei de Judá, pecou tanto contra Deus que o Senhor decidiu tirar a
maior parte do reino das mãos dos descendentes dele. Após a morte deste filho
de Davi, o reino se dividiu em duas partes. A parte do sul, conhecida como
Judá, ficou sob o domínio dos descendentes de Davi. A maior parte, composta das
dez tribos do norte, foi dada por Deus a Jeroboão, filho de Nebate, um
efraimita já provado como administrador hábil. Por ser um excelente líder e por
estar o reino de Salomão em declínio por causa da sua idolatria (1Rs 11.9-13); o
Senhor levantou contra Salomão vários inimigos, dentre eles o próprio Jeroboão
(1Rs 11.26).
O
profeta Aías procurou Jeroboão com um recado do Senhor lhe dizendo que o reino
de Israel seria divido após a morte de Salomão e que ele seria rei de dez
tribos e que ele seria bem sucedido, mas para isso teria que seguir ao Senhor
(1Rs 11.29-40).
Quando
o profeta Aías transmitiu a Jeroboão a mensagem de Deus garantindo-lhe o reino
de Israel (1Rs 11.28-39), o profeta deixou claro que a divisão política não
dava espaço a um afastamento religioso. O lugar de culto a Deus continuaria
sendo em Jerusalém. No entanto, por não confiar nas promessas de Deus, ele
estabeleceu o seu próprio culto e sacerdotes para evitar que o povo que estava
sob sua liderança fosse adorar em Jerusalém (1Rs 12.25-33).
Jeroboão
conduziu o povo a uma falsa religião. Essa religião que inventou era
confortável, conveniente e barata, mas não era autorizada pelo Senhor. Ia
contra a vontade de Deus revelada nas Escrituras e tinha como propósito a
unificação do reino de Jeroboão e não a salvação do povo e a glória de Deus.
Era uma religião feita por mãos humanas, e Deus a rejeitou inteiramente.
Devido
a isso, o Senhor envia a Betel um profeta para profetizar contra Jeroboão e seu
altar idólatra. Por isso, eu quero pensar com você sobre a vida de Jeroboão e o
seu altar e quais as lições que podemos aprender com isto.
Em primeiro lugar, quando levantamos nossos
próprios altares deixamos Deus de lado e criamos os nossos próprios deuses para
adorar (1Rs 12.28-30).
Em
Êxodo 1-6 nos diz:
A
adoração verdadeira envolvia a arca da aliança, o altar dos holocaustos, o
templo em Jerusalém, mas não havia imagem de Deus, pois como disse o Senhor
Jesus a mulher samaritana em João 4.24: “Deus
é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.
A religião inovadora de Jeroboão tinha outros deuses – bezerros de ouro e
altares em Dã e Betel. Ele tinha um certo apoio histórico, pois o primeiro sumo
sacerdote de Israel (Arão) havia feito um bezerro de ouro (Êxodo 32.1-29).
Precedente histórico, sem a aprovação divina, não serve para guiar o nosso
caminho.
a)
Vivemos hoje numa era em que a “religião inventada” é popular, aprovada e
aceita.
b)
Os líderes cegos que conduzem outros cegos asseveram que vivemos em uma
“sociedade pluralista” e que ninguém tem o direito de afirmar que apenas uma
revelação é verdadeira e que apenas um caminho para salvação é correto.
Esse
tipo de mensagem agrada ao ouvido de muitos, mas não é a verdadeira mensagem. A
Verdade é imutável. A Bíblia é a nossa regra de fé e prática, por isso não
podemos relativá-la como muitos tem feito. Se negligenciarmos o que a Palavra
de Deus nos fala, então não precisamos dela.
A
sociedade pode ser pluralista, mas a Palavra de Deus não. A sociedade pode
pensar o que quiser, mas nós somos guiados pela Bíblia e nela que encontramos a
orientação de como deve ser a nossa adoração. Se a negligenciarmos deixaremos o
caminho trassado pelo Senhor e passamos a andar por atalhos que nos afastarão
cada vez mais da sua presença. Como nos fala o autor de Hebreus:
“Portanto, convém-nos atentar com mais diligência
para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos
delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a
transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós,
se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser
anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram” (Hb
2.1-3).
Em segundo lugar, quando levantamos os nossos
próprios altares criamos as nossas próprias regras, nossas próprias leis
espirituais e nossos próprios sacerdotes (1Rs 12.31).
A
lei dada por meio de Moisés foi clara. Os sacerdotes de Israel seriam levitas.
Jeroboão não respeitou esta limitação e ordenou pessoas de outras tribos como
sacerdotes. Quem tivesse dinheiro para fazer os sacrifícios que o rei pediu
poderia ser sacerdote (2Cr
13.9).
“Não lançastes fora os sacerdotes do SENHOR, os
filhos de Arão e os levitas, e não fizestes para vós outros sacerdotes, como as
gentes das outras terras? Qualquer que vem a consagrar-se com um novilho e sete
carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses”.
Quando
Deus dá qualificações para posições de serviço no reino dEle, devemos respeitar
todas as condições por Ele impostas. Apesar de tais orientações na Palavra,
quantos homens hoje continuam agindo como pastores, mesmo não tendo todas as
qualificações que Deus exige deles? Quem tiver dinheiro para pagar mensalidades
de algum curso de teologia se torna pastor, ignorando e desrespeitando as
qualificações bíblicas (1
Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9).
Pastores
e “profetas” autodesignados criam a própria teologia e a passam adiante, como
se fosse a verdade. Não se interessam nem um pouco no que as Escrituras têm a
dizer; antes, colocam as suas “palavras fictícias” no lugar da Palavra imutável
e inspirada por Deus, levando muita gente crédula a ser condenada (2Pe 2.1-3):
“E também houve entre o povo falsos profetas, como
entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente
heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si
mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais
será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com
palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença,
e a sua perdição não dormita”.
Esses
falsos líderes abandonaram as Escrituras e inventaram seus próprios manuais de
regras e condutas.
E
a impressão que temos é que quanto mais longe das Escrituras mais o povo gosta.
Quanto mais longe da verdade mais as pessoas se interessam. Só há um detalhe
que essas pessoas não sabem: “A Verdade liberta”.
A
Verdade traz o entendimento que nos leva a compreender a mensagem da cruz e,
através desse entendimento, alcançamos a salvação de nossas almas.
Jeroboão
criou uma religião que lhe permitia ser rei e sacerdote, ou seja, ele fazia o
que bem entendesse.
Jeremias
e Ezequiel foram sacerdotes que foram chamados para serem profetas, mas a lei
mosaica não permitia que reis servissem como sacerdotes. No livro de 2Cr
26.16-23, nos diz que o rei Uzias quis oferecer incenso sobre o altar e por
causa desta transgressão ele ficou leproso.
Hoje
temos vivido um cristianismo do “tudo pode”, “não tem nada a ver”, “qual o
problema?”. Temos visto por aí um evangelho sem compromisso com Deus, um
evangelho sem cruz, um evangelho sem Deus. Entenda uma coisa: “Só houve Pentecostes porque
houve cruz. Sem cruz não há Pentecostes”.
Leia
o que o Senhor nos diz em Lucas
14.25-33:
“Grandes multidões o acompanhavam, e ele,
voltando-se, lhes disse: Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e
mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode
ser meu discípulo. E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não
pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre,
não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para
a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a
podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem
começou a construir e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para
combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens
poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário,
estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. Assim, pois, todo aquele que
dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”.
W. Tozer escreveu:
Devemos
fazer algo em relação à cruz. E só podemos fazer um de duas coisas – fugir da
cruz ou morrer nela.
Em quarto lugar, quando levantamos os nossos
próprios altares e oferecemos nele os nossos próprios sacrifícios o Senhor não
se dirige mais a nós (1Rs 13.2).
O
profeta não se dirige a Jeroboão, mas ao altar onde ele está sacrificando, pois
o coração desse ímpio rei estava cheio de si e ocupado com seus próprios planos
e não tinha tempo de ouvir Deus.
Observe
que sua mão secou quando ameaçou o profeta e depois foi restaurada. Ele
vivenciou o milagre, mas não se voltou para Deus. O coração de Jeroboão estava
completamente fechado para Deus.
Há
muitos altares em nossas igrejas hoje parecidos com o altar de Jeroboão.
Vivemos um tempo secularizado em que os altares das igrejas se parecem mais com
palcos de shows do que lugar de adoração. Devido a esta preocupação, precisamos
entender qual é o propósito do altar que temos em nossos templos.
Por
isso eu pergunto: “O que é um altar?”
1-
O Altar é um LUGAR: Malaquias 1.17 “Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e
ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do
SENHOR é desprezível”.
O
profeta Malaquias questiona porque o povo profanava o altar oferecendo pão
imundo, ou seja, entregando ofertas indesejáveis ao Senhor e desprezando o
lugar santo. Isso ainda acontece quando as pessoas fazem do altar um lugar
comum onde se apresentam não a Deus, mas a um público.
O
altar é um local, contudo deve ser um lugar santificado e “ungirás também o
altar do holocausto e todos os seus utensílios e consagrarás o altar; e o altar
se tornará santíssimo” (Êxodo 40.10). Não podemos usar um lugar consagrado a
Deus para dar glória aos homens (João 5.41). No Antigo Testamento, para subir
ao altar era preciso reverência com vestes apropriadas “nem subirás por degrau ao meu
altar, para que a tua nudez não seja ali exposta” (Êxodo 20.26). Hoje
estamos no tempo da Graça e dispensação do Espírito Santo, mas não podemos
deixar de respeitar o lugar de adoração.
2-
O Altar é uma POSIÇÃO: Malaquias 1.10 “Tomara houvesse entre vós quem feche as
portas, para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho
prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a
oferta”.
Malaquias
também lamenta que estavam oferecendo fogo em vão no altar do Senhor e deseja
que as portas fossem fechadas para que isso não acontecesse mais. Afirma que o
Senhor Deus não tem alegria em receber sacrifícios falsos e não aceita um culto
religioso apenas sem sentido espiritual.
O
altar, além de ser um lugar de adoração é uma posição, ou seja, uma postura que
precisa ser tomada pelo adorador. Para estar no lugar de adoração é preciso ser
um adorador.
Estar
diante do Altar da igreja exige muito respeito e temor porque “o nosso Deus é
fogo consumidor” (Hebreus 12.29) e “tudo, porém, seja feito com decência e
ordem” (I Coríntios 14.40). Embora hoje estejamos no tempo da graça e temos
alegria e liberdade pelo Espírito Santo, não podemos negligenciar a seriedade
do altar do Senhor.
3-
O altar é a VIDA: Malaquias 2.13 “Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR
de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que ele já não olha para a oferta,
nem a aceita com prazer da vossa mão”.
Malaquias
repreende o povo porque ofereciam ofertas no altar e não tinham prazer ao
entregar seu sacrifício. A tristeza do povo não era de arrependimento dos seus
pecados.
O
Altar é a vida de cada cristão porque “o corpo é santuário do Espírito Santo,
que está em vós” (I Coríntios 6.19). Então a pessoa que confessa a Jesus deve
viver uma vida diante do Altar do Senhor em seu coração.
Spurgeon
aconselhava seus alunos no seminário a nunca se descuidarem da prática da
oração como parte integrante na vida do Ministro da Palavra. Declarou que o
pregador precisa se distinguir acima de todas as demais pessoas como um homem
de oração. “Ele ora como um cristão comum, ou de outra forma seria um
hipócrita. Ora mais que os cristãos comuns ou de outra forma estaria
desqualificado para o cargo que assumiu”.
CONCLUSÃO
Essa
realidade espiritual que ocorreu na vida de Jeroboão é uma triste realidade que
temos visto em nossos dias. Temos que estar atentos para não cairmos no erro de
Jeroboão, que duvidou da Palavra de Deus e se enredou por outro caminho,
criando o seu próprio sistema de culto, sua própria religião.
Cada
crente deve ter consciência de viver no Altar do Senhor, colocando-se em oração
constante diante de Deus (I Tessalonicenses 5.17) sabendo que Jesus morreu
pelos seus pecados e que o Espírito Santo intercede por nós.
Nossas
vidas devem ser oferecidas a Deus “como sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus que o vosso culto racional” (Romanos 12.1) ao negar-se a si mesmo e tomar
sua cruz como Jesus ordenou (Lucas 9.23). Em Apocalipse o altar é o lugar
onde repousam as almas dos mártires (Apocalipse 6.9) que se sacrificaram por
amor a Deus.
O
altar da adoração é o coração do adorador.
Pense
Nisso!
Fonte: www.napec.org
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