Hoje em dia a logística aplicada nas igrejas para o
domingo é quase comparável as grande magazines dos shoppings. Tudo para receber
melhor o “cliente”. Um esforço enorme é dispensado pela audiência da platéia,
que precisa ser constantemente animada para continuar frequentando o ministério
de “estimação”. Milhões são gastos em propaganda e marketing de pessoas,
eventos e produtos, mas com qual finalidade? A quem querem agradar?
Sei que existem também pessoas dedicadas à outras
pessoas. Que acreditam que servir a Deus é servir o outro. Que encontram no
desabrigado, no louco, no viciado, no preso, no faminto e naquele que se
prostitui, a possibilidade de serem alvos do amor de Deus e por isso pregam a
Palavra que Salva. Ajudam naquilo que se envolvem e investem dinheiro para
promover a vida e a dignidade naqueles que nada mais podem perder a não ser a
eternidade longe de Deus. Gastam e se gastam, mas com outras finalidades e
motivações.
Preciso falar dos cantores/levitas (termo usado
erroneamente), que gostam de dizer que deixaram tudo de lado para servirem ao
Senhor, mas exigem hotel de alto padrão, cachês altíssimos, e tratamento vip
como se fossem celebridades. Ainda temos os pregadores que se valem de livros
de auto-ajuda e chavões empresariais para decretar a vitória do povo que quer
ganhar o mundo inteiro, mas que vão perdendo a própria alma, enquanto outros
“ministros” parecem apresentadores de “stand-up comedy”, tentando ganhar a
simpatia do auditório e sendo animadores de gente infantilizada.
Mas existem também os verdadeiros adoradores,
poetas de Deus, que profetizam as mazelas e o pecado em suas músicas, que não
tem vergonha de viverem das ofertas de seu material, que conhecem o limite do
bom senso e da equanimidade. Dos pregadores que se valem da simplicidade da
vida atrelada ao conhecimento bíblico, que pregam contra o pecado e a
passividade espiritual como doenças crônicas do nosso tempo, contra a busca
desenfreada pelo dinheiro e pelo sucesso. Ministros de Deus que nos ensinam
como autênticos mestres, afirmando que nem tudo é demônio e pecado. Profundos
conhecedores da verdade eterna que nos tornam mais adultos e sadios na alma, e
que nos animam a continuar a jornada espiritual, apesar das dificuldades e
obstáculos naturais e sobrenaturais.
Não falo de duas igrejas diferentes, mas de uma
mesma igreja com pessoas diferentes. O joio e trigo crescem juntos. O bem e o
mal andam de mãos dadas dentro dos templos. O fato é que existem dois tipos de
igreja dentro da mesma Igreja! Aquele tipo de pessoa que cultua pessoas, e
aquela pessoa que cultua Deus. A diferença está na razão pela qual cultuam e
porque fazem o quê fazem!
Aqueles que prestam seu culto para pessoas, são
levados pelo orgulho, pela inveja, pela competição e pela idolatria à homens. A
verdade e a sinceridade do que se é de fato, jamais são bem vindas para este
tipo de gente, geralmente tomados pelo egocentrismo de seus corações e pelo
desejo de uma vida terrena feliz e tranquila. A ambição, o misticismo
exagerado, o tradicionalismo engessante, e a preocupação com a aparência de uma
vida “certinha”, são alguns sinais claros de uma pessoa que vai contra o
paradigma bíblico de conversão cristã.
Já as pessoas que cultuam a Deus, são bem
diferentes. Há erros e arrependimentos, há o reconhecimento de suas
imperfeições e limitações. Há provações de todo tipo. O seu discurso não é
idealizado para agradar ninguém que não seja Deus, e mesmo que estes sejam
líderes, reconhecem o seu papel de servos e dependentes de Deus, e sabem que a
última palavra é sempre da Bíblia, nunca deles ou de homens. Essa turma já não
pleiteia grandes coisas terrenas, pois o seu coração busca o que é celestial.
Então ao entrar em nossas igrejas precisamos indagar esta pergunta a nós
mesmos: Pra quem é o nosso culto hoje? Pra Deus ou para as pessoas?
Imagem: Google
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