Por Denis Monteiro
O texto de Mateus 12.24-31 (cf. Marcos 3.28-29;
Lucas 12.10) relata o caso de que os fariseus blasfemaram contra o Espírito
Santo. A questão é: O que significa a blasfêmia contra o Espírito Santo?
Em
rápidas palavras tentarei mostrar as três interpretações mais aderidas, e
assim, com base bíblica, mostrar a mais coerente.
A
primeira interpretação e a mais famosa (sendo interpretada no sentido isolado),
é de que, tal blasfêmia é atribuir uma maravilha de Deus (um feito) a
uma obra do Diabo ou de Belzebu como diz o texto. E se olharmos o texto,
passando os olhos rapidamente, dar-se entender que essa interpretação é a mais
correta (Mateus 12.26-28). Mas, creio eu, que tal interpretação fará com que
voltemos no tempo e faremos ressurgir uma doutrina que foi rechaçada da igreja
que se chama subordinacionismo. O subordinacionismo ensina
que o Pai é o único Deus, o
Filho e o Espírito Santo são criaturas subordinadas[1]. Ou seja, que não se
deve prestar a mesma honra ao Pai assim como se dá ao Filho e ao Espírito
Santo. Então, se seguirmos este raciocínio, de que, se pecarmos contra o
Espírito Santo não teremos perdão mas se pecarmos contra o Pai e o Filho
podemos obter a salvação, logo, tal interpretação é injusta pois declara que o
Espirito Santo é maior do que o Pai e/ou o Filho, sendo que, a salvação é uma
obra Trinitariana (Efésios 1.4-14; 1Pe 1.2-5). A palavra blasfêmia faz
referência a uma injuria e/ou calunia. Em Marcos 3.21 é dito que os parentes de
Jesus O tivera por louco, ou como mostra o sentido grego (existemi)
pensaram que Ele estivesse enfeitiçado. Ou seja, de um modo ou de outro os Seus
parentes blasfemaram, e ainda assim, temos relatos bíblicos dos irmãos de Jesus
sendo chamados de irmãos (na fé) (Gálatas 1.19; Judas 1).
A segunda é de que tal blasfêmia é uma rejeição da salvação oferecida
pelo Espirito Santo. F. Davidson diz:
"Este
pecado,[é] a rejeição propositada de Cristo e sua
salvação é o único que, pela natureza, priva o homem da possibilidade de
perdão... A explicação é que o Espírito Santo é quem oferece a salvação ao
coração do homem."[2]
Essa
interpretação leva consigo uma complicação. Se blasfemar é recusar a salvação,
como explicar o caso do apóstolo Paulo que diz: ainda que outrora eu era
blasfemador, perseguidor, e injuriador; mas alcancei misericórdia, porque o fiz
por ignorância, na incredulidade (1 Timóteo 1.13) (?).
A terceira interpretação, e a mais coerente, quando olhamos para outros
textos bíblicos, é de que, tal blasfêmia é uma apostasia. Apostasia tal, que
acarreta uma série de evidências que os textos bíblicos mostram. O contexto da
passagem não fala, somente, de uma incredulidade ou rejeição de Cristo. Os
textos (Mateus 12.24-31; Marcos
3.28-29; Lucas 12.8-11) mostra que tal pessoa, que blasfema, tem o conhecimento
de quem é Cristo e do poder do Espírito Santo, mostra uma rejeição deliberada
dos fatos sobre Cristo[3]. Assim, como Hebreus 6.4-6 mostra, uma pessoa que
teve um entendimento (photizo Hebreus 6.4), sentiram o sabor (geuomai
Hebreus 6.4) e que estiveram em comunhão (metochos Hebreus
6.4) essas pessoas são impossíveis de serem perdoados. Calvino
diz:
"...a
razão pela qual a blasfêmia contra o Espírito supera outros pecados, não é que
o Espírito é superior a Cristo, mas que aqueles que se rebelam, depois que o
poder de Deus foi revelado, não pode ser dispensado sob a alegação de
ignorância."[4]
Concluísse
que os que blasfemam são aqueles que tiveram um pouco do conhecimento de
Cristo, esses receberam muito açoites (Lucas 12.28) pois querem, de novo crucificar o Filho de Deus, e o expor
ao vitupério. Estes são como a terra que embebe a chuva, que muitas vezes
cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe
a bênção de Deus; Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e
perto está da maldição; o seu fim é ser queimada. (Hebreus 6.7-8; cf. Mateus
13.3-23).
[2] Comentário Bíblico F. Davidson (programa Theword)
[3] Grudem, Wayne A. Teologia Sistemática - São Paulo: Vida Nova. 1999.
pg. 419
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