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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Problemas com Nárnia: O Lado Ocultista de C. S. Lewis

Autora: Mary Ann Collins, fevereiro de 2006
Há certo tempo venho me sentido incomodada com todo esse entusiasmo com Nárnia. Então, em certa manhã, acordei lembrando vividamente de algumas coisas no terceiro livro de As Crônicas de Nárnia. E, agora, reconheço a raiz que tem me perturbado.

Li todos os livros de C. S. Lewis, incluindo seus ensaios, suas coleções de cartas, sua ficção científica e As Crônicas de Nárnia. Li a maioria desses livros mais de uma vez, e li As Crônicas de Nárnia várias vezes. Li também todos os livros de Charles Williams porque ele era um amigo íntimo de Lewis, e Lewis elogiava muito os livros dele. Também li todos os livros de George MacDonald, porque Lewis o admirava e elogiava seus livros.

A Viagem do Peregrino da Alvorada é o terceiro livro na série Nárnia. Ele promove diretamente os encantamentos e a magia.

Uma parte da viagem é sobre uma ilha habitada por criaturas invisíveis chamadas Dufflepods. Lúcia usa um encantamento para tornar os Dufflepods visíveis. Ela examina um livro de encantamentos, que é bonito e fascinante. Ela então encontra o encantamento certo, profere as palavras e segue as instruções. Os Dufflepods (e Aslan) então tornam-se visíveis. O encantamento torna Aslan visível e ele fica satisfeito com o que Lúcia fez.

O livro de encantamentos é bonito e fascinante. Um encantamento é ilustrado com gravuras de abelhas; as gravuras tomam vida e as abelhas voam, saindo da página. No mundo de C. S. Lewis, isso não teria causado problemas práticos. Hoje, entretanto, as crianças podem ir a uma livraria e comprar livros de encantamentos escritos por bruxos modernos.

Muitos cristãos estão tratando os livros de Nárnia como se fossem uma alegoria, em que Aslan representa Jesus Cristo e as crianças representam os cristãos. Se você fizer isso com A Viagem do Peregrino da Alvorada, então estará retratando que Jesus Cristo fica satisfeito quando os cristãos recorrem à magia e aos encantamentos. E você estará apoiando a idéia que existe a magia e o encantamento do bem. Entretanto, a Bíblia proíbe claramente qualquer forma de feitiçaria:

"Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti. Perfeito serás, como o SENHOR teu Deus." [Deuteronômio 18:9-13]

No livro, os Dufflepods são governados por um mago. Ele usa a magia para reinar sobre os Dufflepods porque eles ainda não são maduros o suficiente para serem governados diretamente por Aslan. Assim, existe uma magia boa e um mago bom. Esse mago prepara as pessoas para terem um relacionamento com Aslan. Novamente, se Aslan for considerado um símbolo para Jesus Cristo, então a magia prepara as pessoas para serem cristãs. Na nossa cultura moderna, isso significaria que a Wicca é um modo para alguém vir a conhecer Jesus Cristo e se tornar um discípulo de Cristo.

Quando C. S. Lewis escreveu As Crônicas de Nárnia, a Wicca ainda não existia. As crianças que liam os livros não podiam experimentar com os encantamentos. No mundo de hoje, porém, as coisas são diferentes. Agora, as crianças estão cercadas por filmes e programas de televisão que promovem a feitiçaria e elas podem conhecer outras crianças na escola que já estão envolvidas com a feitiçaria.

O que acontecerá quando os Estúdios Disney lançarem um filme baseado em A Viagem do Peregrino da Alvorada? As crianças cristãs poderão se sentir livres para praticar a magia. E isso poderá derrubar a barreira entre o cristianismo e a Wicca. Isso poderá "cristianizar" a feitiçaria aos olhos de algumas crianças cristãs.

Existem alguns outros problemas com C. S. Lewis. Ele ensinou muitas coisas boas, mas misturadas com elas estão ensinos que lançam a base para a apostasia.

Para os principiantes na compreensão do homem, há uma citação de uma carta que ele escreveu descrevendo uma viagem que ele e sua mulher Joy fizeram à Grécia, em 1960. Ele escreveu:

"Em Ática, tive certa dificuldade para evitar que Joy e eu recaíssemos no paganismo! Em Dafni, foi difícil não orar a Apolo, o curador. Mas, de alguma forma, talvez você não achasse que teria sido errado."

Lewis disse também que "o cristianismo cumpriu o paganismo" e "o paganismo prefigurava o cristianismo" [Roger Lancelyn Green, C. S. Lewis: A Biography, Harcourt Inc., 1974, pg 274 e 30.]

Em sua autobiograria (Surprised by Joy), Lewis conta como, aos 13 anos, ele abandonou sua fé anglicana devido à influência de uma supervisora na escola que estava envolvida com 'teosofia, rosa-cruz, espiritismo, e toda a tradição ocultista ango-americana". E Lewis desenvolveu um "desejo forte" pelo ocultismo que permaneceu com ele mesmo após retornar para o anglicanismo. Ele disse:

"E isso iniciou em mim algo com o que, desde então, de tempos em tempos, tenho tido muita dificuldade - o desejo pelo preternatural, ou simplesmente, a paixão pelo ocultismo. Nem todos têm essa doença; aqueles que a têm saberão o que quero dizer. Eu uma vez tentei descrevê-la em um livro. É uma lascívia espiritual; e, como a lascívia carnal, tem o poder de tornar tudo o mais no mundo parecer desinteressante enquanto ela dura." [Surprised by Joy, Harcourt Brace, 1955, pg 58-60] [tradução nossa]

Lewis disse que descreveu essa lascívia pelo oculto em um livro. Ela aparece no terceiro livro de sua trilogia de ficção científica. Um personagem citado está no processo de ser iniciado em um círculo mais interno de cientistas que são ocultistas. Eles adoram os demônios, a quem chamam de "macróbios" (imensas e poderosas coisas invisíveis, ao contrário dos micróbios, que são coisas invisíveis e minúsculas).

"Aqui, aqui certamente afinal (assim seu desejo sussurou para ele) estava o verdadeiro círculo mais interno de todos, o círculo cujo centro estava fora do gênero humano - o segredo máximo, o supremo poder, a última iniciação. O fato que ele era quase completamente horrível não diminuia nem um pouquinho sua atração." [C. S. Lewis, That Hideous Strength: A Modern Fairy Tale For Grown Ups, Collier Books, Macmillan Publishing Company, 1946, pg 259-260]

"Estas criaturas [demônios] ... arfavam a morte sobre o gênero humano e sobre toda a alegria. Não a despeito disso, mas por causa disso, a terrível gravitação o sugava, arrastava e fascinava em relação a eles. Nunca antes tinha ele conhecido a força frutífera dos movimentos opostos na natureza, que agora o tinha em seu poder; o impulso de reverter todas as relutâncias e desenhar todos os círculos no sentido anti-horário." [That Hideous Strength, pg 269] [tradução nossa]

Observe que Lewis dizia que tinha problemas com aquele forte desejo pelo ocultismo desde que conheceu a supervisora na escola. Ele escreveu essa afirmação em 1955. Naquele tempo, ele já tinha escrito todos seus livros, exceto três (The Four Loves, Reflections on the Psalms, e A Grief Observed).

Lewis dedicou sua autobiografia a Bede Griffiths, um ex-aluno que se tornou um velho amigo. Griffiths fundou um "ashram cristão" na Índia. Ele dizia que os templos hindus são um "sacramento". E ele dizia: "Ninguém pode dizer no senso correto que os hindus, os budistas ou os muçulmanos são 'incrédulos'. Eu diria que temos de reconhecê-los como nossos irmãos em Cristo." [Randy England, The Unicorn in the Sanctuary: The Impact of the New Age on The Catholic Church, TAN Books and Publishers, 1991, pg 70-72]

O que Bede Griffiths fez e disse é a conclusão lógica de uma frase que C. S. Lewis escreveu em Cristianismo Puro e Simples:

"Existem pessoas em outras religiões que estão sendo levados pela influência secreta de Deus para se concentrar naquelas partes de sua religião que estão em concordância com o cristianismo e que, portanto, pertencem a Cristo sem saber. Por exemplo, um budista de boa vontade poderá ser levado a se concentrar mais e mais no ensino budista sobre a misericórdia e a deixar em segundo plano (embora ele ainda possa dizer que acredita) no ensino budista sobre outros pontos. Muitos dos bons pagãos muito antes do nascimento de Cristo podem ter estado nessa situação." [Existem muitas edições do livro, e a numeração das páginas varia. Essa citação é do Livro IV, Cap. 10, quarto parágrafo.] [tradução nossa]

Lewis dizia que foi fortemente influenciado por George MacDonald, que era um universalista. O livro de MacDonald, Lilith, está baseado no ensino ocultista que Adão esteve casado com um demônio feminino chamado Lilith antes de se casar com Eva. No fim do livro de MacDonald, Lilith é redimida, e Adão diz que até mesmo o Diabo será eventualmente redimido.

O universalismo aparece em alguns dos livros de ficção de Lewis. Em O Grande Divórcio, Lewis está no céu. Ele fala com George MacDonald e pergunta sobre o universalismo, e MacDonald responde que Lewis não pode compreender isso agora. No último livro de As Crônicas de Nárnia (A Última Batalha), um pagão chega ao céu. (o "País de Aslan") por causa de suas boas obras e de seus bons motivos, a despeito do fato que ele não cria em Aslan e adorava o inimigo de Aslan, um falso deus chamado Tash.

Lilith aparece em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa. O Castor diz às crianças que a Feiticeira Branca é uma descendente de Lilith, que foi a "primeira mulher" de Adão. Isso pode causar confusão, especialmente na mente das crianças. Embora o Castor seja um personagem fictício, ele está falando com autoridade sobre o mundo real - os reais Adão e Eva da Bíblia.

Lewis elogiava Charles Williams e seus livros, de modo que li todos eles. São livros que misturam as trevas e o ocultismo com algumas compreensões sobre o cristianismo. Em The Greater Trumps, o herói é uma mulher santa que passa o tempo fazendo magias com as cartas do tarô.

Williams era tão confuso quanto são seus livros. Ele começou como um sério ocultista. Ele acreditava na teosofia e em outros ensinos ocultistas, e ingressou na Alvorada Dourada, um grupo que pratica a "magia sexual", que é sexo ritual realizado com o propósito de obter poder ocultista. (O notório satanista Aleister Crowley foi membro da Alvorada Dourada.) Williams abandonou a Alvorada Dourada e ingressou na Igreja Anglicana, mas manteve algumas de suas crenças teosóficas.

Lewis também tinha um amigo íntimo chamado Owen Barfield. Ele dedicou os livros de Nárnia a ele e deu o nome de Lúcia a um dos personagens para homenagear a filha de seu amigo. Barfield era um filósofo que se iniciou na teosofia e que criou sua própria versão da teosofia.

De acordo com a teosofia, o Deus da Bíblia é um tirano, e Lúcifer (o Diabo) veio para resgatar a humanidade. Até mesmo essa visão tenebrosa de Deus aparece nos escritos de C. S. Lewis.

Após a morte de Joy, Lewis escreveu A Grief Observed, um livro que descreve seus pensamentos e lutas emocionais em decorrência da morte de sua mulher. A obscura visão teosófica acerca de Deus aparece nesse livro, como mostrado nas seguintes citações:

"Supor que a verdade seja 'Deus sempre faz vivissecção'? [C. S. Lewis, A Grief Observed, Bantam Books, The Seabury Press, 1963, pg 33]

'É racional crer em um Deus mau? Em um Deus tão mau assim? O Sadista Cósmico, o Imbecil Odioso? [A Grief Observed, pg 35]

Lewis não ficou aí. Ele vacilou entre o desespero e a esperança. Mas em seus momentos de agonia e de desespero, a visão teosófica de Deus voltava para aterrorizá-lo.

Há outro problema com C. S. Lewis. Li todos os livros dele e não me lembro de uma passagem em que ele trata as Escrituras como tendo autoridade. Pode ser que ele tenha feito isso, mas se fez, não foi com freqüência suficiente, ou de forma suficientemente clara e enfática para ficar na minha memória. A teologia de Lewis parece estar baseada principalmente no raciocínio humano (incluindo a Teoria da Evolução e a Psicologia Freudiana). Algumas pessoas o chamam de "humanista cristão".



Autora: Mary Ann Collins (artigo extraído de Kjos Ministries, em http://www.crossroad.to/articles2/006/narnia-trouble.htm)
Data da publicação: 25/2/2006
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/narnia.asp

2 comentários:

Rebeca Grothe Lucena disse...

LI também as Crõnicas de Nárnia,e acho muito importante as pessoas se manifestarem,assim como fizestes...É realmente díficil dizer o que é correto ou não nos livros de C.S. LEWIS e quais eram as suas intenções...já que o autor já é falecido e não pode esclarecer-nos as dúvidas...
Porém, penso, que lendo A viajem do Peregrino da Alvorada,na parte onde Lúcia lê o livro de Magia,ao invés de uma criança querer também livros de bruxaria,a criança acaba aprendendo a NÃO USAR BRUXARIA, já que depois de Lúcia usar a bruxaria,Aslan a repreende por usar a magia pra saber oque as amigas pensam e Lúcia acaba arrependendo-se do que fez...Pense nisso...
Rebeca Lucena,RS,15 anos.

Anônimo disse...

Concordo com o que a Rebeca disse. A feitiçaria é sim abordada nas crônicas, mas sempre como algo errado. Vide a Feiticeira Branca, o Tio de Digory no "Sobrinho do Mago" que era um bruxo que se deu bem mal na história por ter praticado a magia, e no final é dito que ele nunca mais a praticou, ou seja ele aprendeu a lição. Além do que a Rebeca citou...
Mas claro você enxerga aquilo que você quizer ver (lembrando ainda do Tio de Digory, quem leu vai entender). Lí todas as cronicas e não ví apoio nenhum a magia, embora ela seja constantemente mencionada isso é fato. Mas é melhor mencionar e expor aquilo que vc quer que não se pratique... pois do contrario a curiosidade fala mais alto lenvado o despreparado a se envolver. Com relação a "magia boa" aparece nas cronicas sob esse nome "magia", mas é sempre feita por seres "superiores" como o Aslam ou o "mago" que você citou que é na verdade uma "estrela", um ser de fato poderoso. Ou seja ele era capaz de fazer aquilo, e não um ser inferior como um ser humano, que entrar em contato com espiritos buscavando esse poder (que é o que acontece no ocultismo). Se formos olhar desse ponto que vc citou, então até Aslam fazia magia. E veja só que blasfemia seria, o personagem que ele relaciona a Jesus fazer algo que a bíblia, como vc bem disse, condena claramente. Jesus nunca fez magia. Embora realizou atos poderosos e sobre-naturais. Mas que foram aprovados por Deus pois era dele que vinha o poder. O ponto que eu quero chegar é, o perigo de se envolver com magia é esse, entrar em contato com seres espirituais malígnos, pois não há meios de entrar em contanto com os anjos uma vez que eles são obedientes a Deus e não se envolviriam nesta pratica. Prática essa que não é aprovada nas Cronicas, é sim mencionada, não aprovada. Obrigado.


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