Pr. Deivinson Gomes Bignon
INTRODUÇÃO
Que devemos crer no tocante ao presente estado daqueles que já faleceram?
O estado intermediário daqueles que têm partido desta vida tem sido assunto de muita conjectura. Nem mesmo a luz que brilha das Escrituras parece ser tão forte quanto alguns desejariam. É suficiente, entretanto, revelar os fatos essenciais.
DESENVOLVIMENTO
Há duas palavras que precisam ser consideradas neste contexto, pois desempenham importante papel no ensino da Bíblia sobre o assunto. As duas palavras são: “Sheol” e “Hades”, sendo a primeira hebraica, e a segunda grega. As duas palavras tem a mesma significação, isto é, referem-se ao mesmo lugar geral: a habitação das almas dos mortos. Em algumas traduções essas palavras são traduzidas de diversas maneiras, tais como “inferno”, “abismo” e “sepultura”, porém não são traduções corretas, pois cada um desses vocábulos nossos tem seu próprio equivalente hebraico ou grego. Há versões que evitam o erro não traduzindo, mas apenas transliterando as palavras “Sheol” e “Hades”. No Antigo Testamento, todos aqueles que morriam, tanto justos como ímpios, são referidos como tendo ido para o Sheol (Gn 37:35; Sl 9:17; 16:10). Na narrativa do rico e Lázaro, em Lucas 16, Jesus levanta a cortina e revela o fato de que no Sheol ou Hades existem dois compartimentos. O primeiro, chamado de “Seio de Abraão”, era a habitação dos justos, e então era identificado com o Paraíso (Lc 23:43, comparado com Mt 12:40). Por ocasião da ressurreição de Cristo essa parte do Hades foi esvaziada de seus ocupantes, que foram transferidos à destra de Deus (Ef 4:8-10, comparado com II Co 12:2-4; Sl 68:18; Zc 9:11,12). A nova habitação dos justos é atualmente chamada de Paraíso. É a esse lugar da presença de Cristo que o crente vai por ocasião de sua partida deste mundo, e é ali que o crente habita em comunhão consciente com Cristo, onde permanecerá também até a ressurreição dos justos (Fp 1:23,24; II Co 5:6-8; I Ts 4:14-17). A outra parte do Hades ou Sheol, que era separada do Paraíso pelo grande abismo, é a habitação das almas dos ímpios. É a prisão temporária onde os criminosos do universo são mantidos aprisionados enquanto esperam o Julgamento do Grande Trono Branco.
Sob esse tópico devemos considerar o destino futuro das duas classes, os Justos e os Ímpios - aquele destino que tem seu início após esta presente vida terrena e depois do encerramento desta atual ordem mundana.
I - O Céu em Sua Relação com o Destino Futuro dos Justos
Segundo certas crenças tradicionais, supõe-se que existam sete céus, mas as próprias Escrituras se referem apenas a três: o céu atmosférico (At 14:17); o céu estelar (Gn 1:14); e o terceiro céu (II Co 12:2; Dt 10:14).
Através das Escrituras é ensinada a reconstituição do mundo material, mediante a qual este passará da escravidão e da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
1. Sua Realidade Bíblica
* Cl 1:5 - “Por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho.”
Ver Ainda - I Pe 1:3-5; I Ts 4:16,17.
Declaração Doutrinária - O destino celestial dos justos é um fato estabelecido, não pela razão humana, mas antes, pela revelação divina.
2. Sua Forma: Um Lugar
As Escrituras indicam determinada parte do universo, chamada de céu, como a futura habitação dos crentes. As Escrituras ensinam que o céu é um lugar.
II - O Inferno em Sua Relação com o Destino dos Ímpios
Conforme usado aqui, o termo inferno significa habitação e a condição final dos pecadores. Essa é uma questão a respeito da qual tanto a ciência como a filosofia se mantêm necessariamente em silêncio, ao mesmo tempo que somente a revelação tem permissão de falar contendo autoridade.
“A palavra grega traduzida “inferno”, descreve a habitação, é “gehenna” - o nome dado ao Vale de Hinom, ao Sul de Jerusalém, onde era lançado e queimado o lixo da cidade. À qualquer momento, de dia ou de noite, via-se o fogo com sua fumaça subindo desse vale. Jesus faz dele o símbolo do inferno, onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga.” - Dixon
1. Sua Realidade Bíblica
(1) Estabelecida pela Razão
a) O Argumento Tirado do Princípio da Separação
Esse princípio opera em todos os setores da vida. Os mortos são separados dos vivos: todo cemitério e crematório é um argumento à favor da existência do inferno. O lixo é separado do alimento sadio: toda lata de lixo é um argumento à favor da existência do inferno. O refugo é separado das coisas de valor: cada monte de refugo é um argumento à favor da existência do inferno.
“Aqueles que rejeitam a vida em Deus se tornam, mais cedo ou mais tarde, refugo em seu caráter e, na natureza das coisas, precisam ser removidos para um lugar separado.” – Dixon
b) Argumento Tirado do Princípio da Conseqüência Natural
O inferno é o resultado lógico da seqüência de uma vida de impiedade. O pecado condena tão certamente quanto o fogo queima, a água molha ou a enfermidade incurável mata. O pecado significa inferno, tanto neste mundo como no vindouro. A fumaça do tormento ascende aqui desde o lupanar, desde a taberna, desde a boate, desde a casa do ébrio, desde o tribunal do divórcio, desde a prisão, desde a cadeira elétrica, desde a forca, desde o hospital de alienados mentais, desde a cabaré, desde a vida de homens e mulheres que estão a queimar-se na fornalha de suas próprias concupiscências.
c) Argumento Tirado do Princípio de Restrição
Existem aqueles que se sentem impelidos no crime da iniquidade, com receio do castigo. Eliminar toda a penalidade pela desobediência à lei é abrir a comportas do crime. “Se houvesse mais pregação de inferno nos púlpitos, haveria menos do inferno em cada comunidade.” - Dixon. O aumento dos suicídios, dos homicídios e de outras formas de crimes, se deve, em não pequena medida, à remoção do temor de toda retribuição futura.
d) O Argumento Tirado do Princípio da Obrigação Governamental
Deus precisa, em viste de sua lei e justiça, impor castigo ao pecador. É preciso satisfazer a justiça ofendida. A penalidade contra lei desobedecida deve ser sofrida. Se isso não for feito em lugar do pecador, terá que ser feito por ele. Uma lei sem penalidade não passa de uma farsa, assim também como uma penalidade não cumprida.
(2) Estabelecida pela Revelação
Mt 5:29 - “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.”
Declaração Doutrinária - O fato do inferno está em harmonia com a razão e de conformidade com os ensinamentos da Revelação divina.
2. Sua Forma: Um Lugar
Assim como o céu é um lugar, tendo sua localização definida, assim também é o inferno. Isso é visto pelo fato que é representado como possuidor de habitantes. É ainda demonstrado em razão do fato que os seus habitantes possuem não apenas alma, mas também corpos. Também se pode inferir pela descrição da presente habitação dos ímpios, no “Hades”, como um “lugar” (Lc 16:28), pois é desse local que hão de ser transferidos para outro lugar chamado “Gehenna”. Pode-se ainda afirmar que todos os termos descritivos que são usados a respeito do inferno denotam localidade.
3. Seus Ocupantes: Os Impenitentes
As Escrituras descrevem uma multidão heterogênea que comporá os habitantes dessa morada dos perdidos. Estes representam muitas e diversas formas e graus de pecados e iniquidade, mas todos são culpados e serão condenados.
(1) Satanás e Seus Anjos
Mt 25:41 - “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos;”
(2) A Besta e o Falso Profeta
Ap 20:10 - “e o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos.”
(3) Homens Ímpios e Incrédulos
Ap 21:8 - “Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte.”
4. Sua Duração: Eterna
(1) Estabelecido pela Razão
a) O argumento Tirado da Existência Interminável da Alma
A criação do homem à imagem de Deus leva consigo a necessidade de uma existência interminável, pois esse é um elemento muito essencial do ser de Deus e, por conseguinte, necessário no ser do homem, em vista da similaridade indicada pelos termos “imagem” e “semelhança”. Assim como a vida é essencial à existência, assim também a existência interminável implica em vida interminável. As Escrituras nunca representam a alma como sujeita à morte no sentido de se tornar extinta ou passar a um estado de existência inconsciente. Visto que o homem tem existência interminável é necessário, portanto, que passe a eternidade de algum modo, em algum lugar, e , visto que a impenitência dos ímpios exclui a possibilidade de sua reconciliação com Deus e livramento do castigo, é necessário, portanto, que seu castigo seja eterno. Pois o pecado dos ímpios desse modo se torna pecado eterno, e eles mesmos se tornam eternos pecadores (Mc 3:29).
(b) O Argumento Tirado do Sacrifício Infinito de Cristo
“Se qualquer coisa menos que a punição eterna for devida em vista do pecado, que necessidade havia de um sacrifício infinito para livrar do castigo? Jesus derramaria seu precioso sangue para livrar-nos das conseqüências de nossa culpa, se tais conseqüências forem apenas temporárias? Conceda-se-nos a verdade de um sacrifício infinito, e disso tiraremos a conclusão que o castigo eterno é uma verdade.” - C. H. M.
(2) Estabelecido pela Revelação
Mt 25:46 - “E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.”
Alguns afirmam que a palavra grega “aionios”, traduzida na passagem acima como “eterno” significa apenas um período indefinido de tempo, e que não significa “interminável” ou “eterno”. Essa palavra ocorre cerca de setenta vezes no Novo Testamento, e deve ter o mesmo sentido em cada caso. “A palavra que é aplicada ao castigo dos ímpios também é aplicada à vida que os crentes possuem (Mt 19:16), a salvação e a redenção na qual se regozijam (Hb 9:12), a glória pela qual esperam (II Co 4:17), aquelas mansões as quais esperam habitar (II Co 5:1), e a herança que esperam desfrutar (Hb 9:15). Além disso, é aplicada a Deus (Rm 16:26) e ao Espírito (Hb 9:14). Se, portanto, for sustentado que o termo “eterno” não significa “eterno” quando aplicado ao castigo dos ímpios, que garantia possuímos de que significa eterno quando aplicado à vida, à bênção, à glória dos remidos? Que fundamento possui alguém, por mais erudito que seja, para destacar sete casos, dentre os setenta que a palavra “aionios” é usada, para dizer que nesses sete casos ela não significa eterno, ainda que nos casos restantes tenham esse significado? Não dispõe de fundamento algum.” - C. H. M.
Declaração Doutrinária - O inferno é um lugar separado para o Diabo e seus anjos, e torna-se a habitação eterna de quem se identifica com Satanás.
BIBLIOGRAFIA
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar - Doutrinária e Conservadora. 8. ed. São Paulo:
IBR,1995. 378 p.
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sábado, 5 de abril de 2008
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Leitor da Bíblia e apaixonado por suas incontáveis lições de vida, também um conselheiro e amigo.
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