quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Moisés, Enoque e Elias estão MORTOS!


A Bíblia diz que “Elias subiu ao céu num redemoinho” (2 Reis 2:11), “Enoque foi transladado para não ver a morte” (Hebreus 11: 5) e “Deus o levou” (Gênesis 5:  24), e Moisés apareceu na transfiguração com Jesus (Mateus 17: 3).  Essas Escrituras provam que os três entraram no céu (o trono de Deus) antes de Jesus?

 

Precisamos considerar algumas coisas antes de entrarmos direto no assunto. Por meio de Cristo Jesus, Deus concedeu a muitos “um novo nascimento para uma esperança viva… para uma herança incorruptível, e imaculada, e imarcescível… reservada nos céus” (1 Pedro 1:3, 4). O próprio Jesus Cristo foi a primeira pessoa ressuscitada para a plenitude da vida  (Apocalipse 1:5).

 

O inspirado escritor cristão disse sobre a nossa esperança: “A qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (Heb 6:19, 20). O mesmo escritor mostra que a cortina que dava para o compartimento Santíssimo do tabernáculo do deserto representa a carne de Jesus (Heb 10:20; compare com Êxo 26:1, 31, 33). Enquanto Jesus estava na carne, não podia ir para o céu, pois “carne e sangue não podem herdar o reino de Deus” (1 Cor 15:50). É fato que Jesus tinha um corpo como o nosso, pois ele foi nascido de mulher (Gal 4:4), e ele morreu. O Apóstolo Paulo disse que  “os mortos ressuscitam incorruptíveis, e são transformados” (1 Cor 15:52. Além disso, ele  também diz  que é necessário “que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (v 53). E depois da ressurreição de Cristo, Paulo nos diz que  “a morte não tem mais domínio sobre ele”  (Rm 6:9). Por ter sido ressuscitado com o corpo glorificado, Jesus pôde entrar na presença de Deus.

 

A Escritura declara que a ressurreição de Cristo é uma “garantia a todos os homens” de que Deus ressuscitará outros (Atos 17: 31; 24:15). Isto não seria verdade se Deus já tivesse ressuscitado homens justos para o céu. Hebreus 10: 20 nos mostra que era “novo” o caminho ao céu que foi “inaugurado” por Jesus Cristo. Também Hebreus 9:8 nos mostra que o caminho para o santuário, ou lugar santo no céu, não havia sido descoberto (ou manifestado) enquanto o tabernáculo e tudo o mais, que estava relacionado ao antigo pacto, ainda estava de pé ou em funcionamento.

 

Quando é que tudo relacionado à lei foi cumprido atingindo seus objetivos?  Na morte de Cristo e no derramamento do Espírito Santo ao trazer à existência a congregação dos salvos (Efésios 2:15 Romanos 10:4). A partir daí foi manifestado, ou aberto, o caminho aos céus espirituais, conforme Hebreus 10:20 e as figuras terrenas passaram a dar lugar às realidades celestiais (Colossenses 2:17; Hebreus 8:5 10:1). E como sabemos,  Jesus foi o primeiro a inaugurar este caminho. Ou seja, ele foi  o primeiro, ou o precursor, como diz Hebreus 6:20,  a ser ressuscitado à esfera celestial. Compare com Atos 26:23, 1 Cor 15:20, Colossenses 1:18. Eis os textos:

 

Isto é, que o Cristo devia padecer, e sendo o primeiro da ressurreição dentre os mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos gentios” (Atos 26:23).

 

Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (1 Cor 5:20).

 

E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Col 1:18).

 

Jesus é o precursor dentre os mortos, aquele que vai na frente, o pioneiro, o primeiro. Se pessoas de renome antes de Cristo houvessem inaugurado este caminho, tendo sido levados aos céus com seus corpos transformados, então Paulo e outros escritores do Novo Testamento estariam mentindo.

 

A Escritura claramente afirma que  o encontro com o Senhor nos ares, e a ressurreição de seres humanos escolhidos para a vida eterna, só devem ocorrer após a futura vinda de Cristo nos “últimos dias”. Portanto, para aqueles que entendem que Elias, Moisés e Enoque estão no céu com seus corpos transformados, feitos imortais, devo lembrar que o novo e vivo caminho para a “vida celeste” foi aberto pela primeira vez após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo (João 14:2,3; Heb 6:19,20; 9:24; 10:19,20)  e a ressurreição dos justos ainda está por ocorrer em um momento futuro (At 24:15; Ap 20:12,13; cf 2 Tim 2: 18). Jesus é “as primícias” de todos os ressuscitados para a vida eterna, para que ninguém pudesse ter precedido a ele ao céu.

 

É evidente que todas essas passagens apresentadas nos dizem que deve haver algo de errado com a interpretação de que qualquer outro ser humano foi diretamente para céu antes do Messias.



Se isso é verdade de fato, como então devemos entender o relato bíblico sobre o profeta Elias e Eliseu, que aparentemente não morreram, mas estão no céu? E Moisés, que muitos dizem ter ressuscitado e está agora com corpo glorificado na presença de Deus? E, por incrível que possa parecer, alguns até advogam que Moisés ressuscitou para estar presente na transfiguração, mas voltou a morrer novamente.

 

Nada disso é verdade. Observe os detalhes nesse texto – em itálico – para que você entenda que Moisés está realmente morto: “Depois falou o Senhor a Moisés, naquele mesmo dia, dizendo: “Sobe ao monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que darei aos filhos de Israel por possessão. E morre no monte ao qual subirás; e recolhe-te ao teu povo, como Arão teu irmão morreu no monte Hor, e se recolheu ao seu povoPorquanto transgredistes contra mim no meio dos filhos de Israel, às águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim; pois não me santificastes no meio dos filhos de IsraelPelo que verás a terra diante de ti, porém não entrarás nela, na terra que darei aos filhos de Israel” (Deuteronômio 32:48-52).

 

Não há chances de ressurreição para Moisés em hipótese alguma; não antes da ressurreição dos justos na ocasião da vinda de Jesus.

 

Deuteronômio segue dizendo: “Então subiu Moisés das planícies de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de Jericó. E o Senhor mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã Assim Moisés, servo do Senhor, morreu ali na terra de Moabe, conforme o dito do Senhor, que o sepultou no vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura. Tinha Moisés cento e vinte anos quando morreu; não se lhe escurecera a vista, nem se lhe fugira o vigor” (Dt 34:1,5-7).

 

Veja o que Deus diz para Josué UM MÊS após a morte de Moisés:  “Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, falou o Senhor a Josué, filho de Num, servidor de Moisés, dizendo: Moisés, meu servo, está MORTO ; levanta-te, pois agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, para a terra que eu dou aos filhos de Israel” (Josué 1:1, 2).



Jesus trará o galardão para Moisés: “Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo [ressuscitarão] na sua vinda” (I Coríntios 15:22 e 23). Então, como dizer que Cristo fez-Se primícia dentre os mortos se admitimos que outros já ressuscitaram para a eternidade – ou que subiram vivos ao céu? Impossível! Por isso a Bíblia diz-nos que quando Ele vier dará o galardão aos seus servos, os profetas e aos que O temem: “Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto os pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra” (Apocalipse 11:18).

Os remidos serão recompensados na vinda do Messias: “Porque o Filho do homem há de vir na glória de Seu Pai, com os Seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras” (Mateus 16:27). E ainda: “E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos” (Lucas 14:14).

Todos os mortos receberão a sua recompensa na ressurreição. Haverá duas ressurreições, separadas por um período de mil anos. Da primeira participarão todos os santos mortos, desde o princípio. Da segunda ressurreição participarão os ímpios mortos (Apocalipse 20:4-6).  Quanto aos justos que estarão vivos na segunda vinda do Messias, estes serão transformados. Tanto os justos mortos e os justos vivos receberão um corpo incorruptível (I Coríntios 15:52).

 

Outro texto escrito pelo apóstolo Paulo deixa claro que a transladação e consequente transformação dos vivos para a vida eterna não se dará antes da primeira ressurreição. Tudo ocorrerá numa ordem determinada por Deus: os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois os vivos salvos serão transformados: “Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor; que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que já dormem” (I Tessalonicenses 4:15).



Assim, nem Enoque e nem Elias poderiam ser arrebatados antes desse grande e esperado evento da segunda volta de Jesus e da bem aventurada primeira ressurreição dos justos mortos. Primeiro deverá ocorrer a ressurreição dos justos mortos e só depois os justos vivos serão transformados.



Se Elias, Moisés e Enoque estão vivos e gozando a vida eterna, necessariamente teríamos que admitir o seguinte:



1) Jesus não é primícia dos que dormem, não tem a preeminência;



2) Jesus morreu em vão, já que Deus tinha outro meio de dar vida eterna aos salvos e,



3) Não há um tempo de recompensa dos santos: todo dia é dia.



Todos os santos que morreram antes de Cristo, aqueles que morreram na época de Cristo e aqueles que morreram/morrem depois de Cristo, sem exceção, só receberão sua recompensa quando ocorrer a segunda vinda de nosso Senhor. Só então os salvos entrarão no futuro Reino do Messias. Indiscutivelmente nesta festa ninguém entra antecipadamente. Elias e Enoque não estão vivos no céu! Estão mortos! É o que está registrado em Hebreus 11 quando fala de vários profetas, revelando que todos eles morreram. Após listar o nome de cada um, o verso 13 diz: “TODOS ESTES morreram”. Vamos ver com mais detalhes depois.

 

Enoque

 

E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e já não era, porquanto Deus para si o tomou” (Gn 5:22-24).



A Bíblia diz que Enoque viveu 365 anos, saiu de cena e morreu. A expressão “Deus o tomou” significa literalmente “morrer”. Quando  Jó recebeu  a notícia de  que seus filhos morreram (Jó 1:18-19),  ele disse: “O Senhor os deu e o Senhor os tomou …” Jó 1:21. A vida pertence a Deus e Ele poderá tomá-la quando lhe convier.



Enoque predisse a vinda do Senhor com suas miríades de anjos para executar julgamento contra os ímpios (Judas 14,15). Enoque era profeta (Heb 11: 5a), (Judas 14,15) e como pregador da justiça denunciava a impiedade dos homens nos seus dias. Certamente o perseguissem por causa de sua profecia. O escritor de Gênesis, ao dizer que “Deus o tomou”, deixa subentendido que Deus  abreviou a vida de Enoque numa idade bem abaixo da maioria de seus contemporâneos. Muito provavelmente Deus pôde ter abreviado os dias de Enoque protegendo-o da perseguição e de acabar sendo corrompido pelo pecado dos que o rodeavam, o que  faria Enoque entrar em condenação. Compare  Marcos 13:20: “E, se o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias”. Deus o removeu  do mundo ímpio antes de ser contaminado por ele. Deus teria respeitado sua piedade, salvando-o das corrupções decorrentes das más associações – os adversários de Enoque eram de uma raça perversa ao extremo (Judas 10-16). Assim, todos os dias de Enoque foram 365 anos, e morreu. Não apenas parte de seus dias, mas todos os seus dias! Se Enoque não morreu, se ele foi alterado para a imortalidade e continuou a caminhar com Deus, então seus dias teriam sido mais do que 365 anos. Mas a Bíblia diz claramente que “TODOS os seus dias foram 365 anos”.

 

Esta expressão, “todos os dias”, é usada no mesmo quinto capítulo do Gênesis sobre uma dúzia de vezes para referência a outros homens, e sempre significa que a pessoa viveu durante esse período de tempo “e ele morreu”. Então,  Enoque viveu NÃO MAIS do que 365 anos, porque “todos os seus dias foram 365 anos”. Como ele viveu apenas este período de tempo, então, obviamente, ele morreu!

 

Muitos entendem que a morte que Deus não queria que Enoque visse foi a morte da humanidade no Dilúvio no final da época em que viveu. Nesse caso, bastaria aplicar os versículos no contexto da grande catástrofe comparando com Noé.  Hebreus 11:5 diz: “Pela fé Enoque foi levado para  não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o levou; porque antes de ser levado alcançou testemunho de que agradara a Deus”. E também: “E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou” (Gênesis 5:24).

 

Observe agora o que foi dito de Noé; compare as passagens: “Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus” (Gênesis 6:9). E ainda: “Depois disse o SENHOR a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração” (Gênesis 7:1). Eu acho essa teoria fraca. Enoque teria alcançado quase mil e quinhentos anos se chegasse no tempo do dilúvio. Ele não conseguiria viver tanto;  morreria antes do dilúvio de qualquer forma.

 

Outros  acham que  a expressão “não provar a morte”, em algumas traduções, e em outras, “não ver a morte” também pode ter conexão com  Hebreus 2: 9 quando fala de Cristo e seu SACRIFÍCIO: “para que provasse a morte por todo homem“;  compare Mateus 16:28;  Marcos 9: 1;  Lucas 9:27. Nesse caso, Enoque, como justo que era, não sendo o sacrifício, foi poupado de ser martirizado por seus inimigos e Deus o levou para um lugar seguro para não sofrer uma morte trágica. É outra interpretação que pode ser eliminada.



E tem aqueles que entendem que Enoque foi poupado de não “ver a segunda morte”,  aquela reservada para os ímpios no fim dos tempos. Nesse caso, Enoque teria sido levado desse mundo prematuramente – através da morte – porque Deus sabia que ele seria tragado pela maldade de seu mundo  antediluviano vindo a naufragar na fé. Esse teria sido o motivo de Deus resgatá-lo em tempo. Outra teoria muito vaga.

 

E por fim, há aqueles que defendem a tese de que Enoque foi mesmo poupado de ser martirizado por seus perseguidores, alvos de suas profecias. Eles veem Enoque numa situação nada favorável  diante de sua geração corrompida. Observam que foi ele  mesmo quem pregou diretamente para seus contemporâneos profetizando de forma dura. Essa foi uma das profecias. Judas 1:14-15: “Para estes também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor com os seus milhares de santos, para executar juízo sobre todos e convencer a todos os ímpios de todas as obras de impiedade, que impiamente cometeram, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram“.

 

Jeremias, Isaías e outros profetas fizeram o mesmo e foram mortos pela liderança religiosa de Israel, alegam. Enoque não foi exceção: ele também foi ferrenhamente perseguido (“… E não foi achado“), mas não perseguido por líderes religiosos, e sim por uma raça pior, totalmente sem Deus, tanto que só oito pessoas foram salvas daquela geração. Por esse motivo alguns sugerem que o termo transladado, ou traduzido, em Hebreus 11: 5, significa simplesmente “transferido”.  Enoque foi transferido ou transportado de um lugar na terra para outro para escapar da violência apontada contra ele (“…Pela fé Enoque foi transladado para não ver a morte…” Hb 11:5), e nesse outro lugar terrestre, ele morreu como todos os homens  (“Enoque … Já não era,  porquanto Deus o tomou” Gn 5:24). E de fato,  Moisés não escreveu que Enoque não morreu. Ao invés disso,  Moisés escreveu que “Enoque andou com Deus, e ele não era , porque Deus o tomou” (Gên 5:24). Paulo registra algo parecido com o mesmo evento, dizendo que ele “não foi encontrado, porque Deus o trasladara” (Hb 11:5). Essa é uma interpretação que não deve ser descartada.

 

Os registros bíblicos que Enoque não foi achado, porque Deus o levou, não significa que ele foi para o céu. Em vez disso, diz que ele não foi encontrado. O que significa a palavra transladado?    Por mais estranho que possa parecer, nada em toda a Bíblia permite que “transladar” tenha o sentido de “tornar imortal”. A palavra grega original para “traduzir/transladar” é metatithemi, que significa “transportar de um lugar para outro“, alterar, transferir, ou mudar, com o sentido de cambiar”.

 

Eu vou apresentar uma sugestão para o desaparecimento de Enoque e assumo o risco até que apareça – se aparecer – outra interpretação mais convincente. Nesse caso, podemos usar “transferir, alterar, mudar, no sentido de mudar de um estado para outro” – Deus alterou/mudou o estado de Enoque. Ou seja, ele não  sentiu a morte. A nossa tradução preferiu a palavra translado. Arrisco dizer que Enoque não percebeu; isso é o que pode significar “não ver a morte”. Não há outra possibilidade de interpretar a frase “não ver a morte”. O sentido não é que Enoque permaneceu vivo, que escapou de morrer.

 

Faça um teste; tenta posicionar no lugar da palavra transladado/transladara de Hebreus o original do grego com um dos sentidos acima, aquele que melhor lhe convier – há outros similares (consulte a internet) : “Pela fé Enoque foi metatithemi para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o metatithemi ; porque antes de ser metatithemi alcançou testemunho de que agradara a Deus”.

 

Se compararmos com os registros da morte de Moisés podemos ter uma noção do que aconteceu com Enoque. O Senhor mandou Moisés subir num monte e ali morrer: “Naquele mesmo dia falou o Senhor a Moisés, dizendo: Sobe a este monte de Abarim, ao monte Nebo e morre  no monte a que vais subir, e recolhe-te ao teu povo…” (Deuteronômio 32:48-50).



Deus deu ordem para Moisés morrer! De que maneira Moisés poderia fazer isso? É evidente que foi o Senhor quem reteve o fôlego de Moisés (Salmo 104:29 AA) e ele expirou, e o Senhor mesmo o sepultou. Moisés só poderia cumprir a ordem de Deus se cometesse suicídio. Porém, estamos cientes que não foi assim. Como aconteceu? Não sabemos, mas se admitirmos que Moisés deitou-se em algum lugar naquele monte  e nunca mais acordou certamente não estaremos longe do significado.

 

Portanto, algo semelhante pode ter acontecido com Enoque, mas a nossa tradução resumiu tudo isso com a palavra translado. Na verdade, com apenas uma palavra Deus pode apagar o ser vivente: “Fazes os homens voltarem ao pó, ordenando: “retornem ao pó,  filhos dos homens!” (Salmo 90:3). O poder é dele: “está na sua mão a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda carne humana?” (Jó 12:10).

 

Enoque foi tomado provavelmente em um momento e não foi mais encontrado – entre os homens;  uma expressão que implica que ele foi transladado em particular e que alguns (seus parentes e amigos, sem dúvida, e até os inimigos) procuraram por ele, como os filhos dos profetas procuraram por Elias  (2 Reis 2:17).

 

Enoque morreu, e o rei Davi sabia disso quando escreveu: “Que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sepultura?” (Salmo 89:48).

 

Veja outra passagem que também confirma a morte de Enoque: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram” Romanos 5:12. Não há nada nesse versículo que indique que essa morte é apenas morte espiritual.

 

Compare a construção do verso chave em Gênesis com outros textos das Escrituras e você  descobrirá que Enoque morreu mesmo: “Andou Enoque com Deus e já não era, pois Deus o levou”, Gênesis 5:24. Atente para a frase “já não era”.

 

Salmos 37:36: “Mas eu passei, e ele já não era ; procurei-o, Mas não pôde ser encontrado“.

 

Salmos 39:13 “Poupa-me, até que tome alento, antes que me vá, e não seja mais“.

 

A palavra hebraica para as frases em itálico são as mesmas no hebraico em Gênesis 5:24. Como nos Salmos, a frase significa que a pessoa “passou” ou que, eventualmente, morreu. Vamos olhar para a mesma frase no livro de Gênesis sobre José e seus irmãos:



Gênesis 42:13: “Eles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem na terra de Canaã; o mais novo está hoje com nosso pai, outro não é “.

 

O que eles queriam dizer com “não é”? Veja no próximo versículo, em Gênesis 44:20: “E respondemos a meu senhor: Temos pai já velho e um filho da sua velhice, o mais novo, cujo irmão é morto ; e só ele ficou de sua mãe, e seu pai o ama“. Aqui, os irmãos falam de sua discussão anterior sobre José com Faraó. Quando eles disseram “e um não é” significava que para eles José “está morto”.

 

Mateus 2:18, “Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque eles já não eram“. Os filhos de Raquel morreram!

 

O Rabi Rashi (1040-1105), um dos mais respeitados comentaristas e intérpretes das Escrituras entre os sábios judeus, escreveu que Enoque “era justo e inocente em seus pensamentos, não sendo acusado em coisa alguma, por isso apressou-se o [Deus] Eterno, Bendito seja Ele, em removê-lo desta Terra…”.

 

É óbvio que esta atitude de Deus não pode caracterizar um terrível assassinato, e isto ficou claro no comentário do Rabi Rashi. E ele conclui sobre Enoque: “E esta é a razão de estar escrito em relação a sua morte pois “ele já não era”. Parece que, como se deu no caso do corpo de Moisés, Deus dispôs do corpo de Enoque, pois “não foi achado em parte alguma” (Heb 11:5; Deu 34:5,6).

 

Enoque não foi morar no céu. Observe novamente outro detalhe em Gênesis 5:23 quando diz que”… todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos”. O texto não diz “todos os dias de Enoque na terra  foram trezentos e sessenta e cinco anos …”.

 

Muitos assumem que se Enoque foi ‘tomado por Deus’ deve ter ido para o céu e ainda estar lá. Assumem que se ele  não pôde ser encontrado, ainda deve estar vivo vários milênios após, quando na realidade Genesis 5:23 nos diz, de forma explícita, que o tempo de vida de Enoque foi de 365 anos, e nem um dia a mais.

 

Não podemos fugir do significado real da expressão “já não era“, que significa “morreu“. Portanto, você pode ler o versículo dessa forma sem receio algum: “Andou Enoque com Deus e, morreu, porque Deus o tomou para si“.



Compare com Isaías 57:1, que diz: “Perece o justo … os homens compassivos são recolhidos … o justo é levado antes do mal”. O versículo 2 continua falando do justo: “Entrará em paz; descansarão nas suas camas, os que houverem andado na sua retidão”. “Andar com Deus” foi uma expressão usada  acerca de Enoque e de Noé (ver Gên. 6:9).

 

A palavra hebraica traduzida como “camas” neste versículo é “féretros”, ou lugares de sepultamento. 



Esse foi um momento bem oportuno para Isaías ter usado o exemplo de Enoque  como exceção. Ou seja: como um justo pode ir direto para o céu sem passar pela morte, mas ele não o fez porque Enoque está morto.



Caro amigo leitor pode ter certeza de que Deus  se agradou muitíssimo da morte de Enoque: “Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos” (Sl 116:15). Observe como esse versículo de Romanos é um belo resumo das palavras “Deus o tomou para si” quando fala da morte de Enoque em Gênesis 5:24. “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Romanos 14:8). A morte para Paulo foi lucro: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Filipenses 1:21). Para Enoque não foi diferente.

 

Ninguém teve perspectiva de vida nos céus, ou acesso através da fé, antes do sacrifício realizado por Cristo Jesus. Hebreus 10:19, 20 diz: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos inaugurou, pelo véu, isto é, pela sua carne”. Cristo foi aquele que “inaugurou” a entrada para o céus. Basta lembrar novamente que ele é as primícias dos que dormem, e que a primeira ressurreição, a de todos os justos falecidos ainda não ocorreu. Assim, Enoque não herdou a vida eterna antes do tempo, pois está morto. Isto é exatamente o que Paulo escreve em Hebreus 11:13. Paulo diz que Enoque morreu!

 

Todos estes morreram na fé, não tendo recebido o que foi prometido“. Quem eram esses “todos”?



Paulo nos diz: Abel, Enoque, Noé e os patriarcas e suas esposas. Hebreus 11: 1-12 lista aqueles que tiveram fé e Enoque está incluído entre eles. Então no verso 13 Paulo provou que eles não haviam herdado as promessas dizendo: “Todos estes [incluindo Enoque] morreram na fé sem terem alcançado as promessas”.

 

Veja os detalhes e nomes no texto:

 

“O verso 4 de hebreus 11 diz: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim…”.

 

O verso 5: “Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado...”.

 

Verso 7: “Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca…”.

 

O verso 8: “Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu…”.

 

O versículo 11: “Pela fé também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber…”.

 

Agora veja o verso 13: “Todos estes morreram na fé…”.

 

O que o escritor aos Hebreus está afirmando é que “Abel, Enoque, Noé, Abraão e Sara estão mortos: “ TODOS estes morreram!” Inacreditável não é?

 

Enoque não pode estar no céu com corpo glorificado. E não está mesmo, pois três versículos após é dito sobre eles: “Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de ser chamado seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade (Hebreus 11:16). A cidade aqui mencionada é a  Nova Jerusalém que descerá do céu. Alguns versículos depois vem mais uma grande lista de nomes novamente, incluindo o de Moisés. O penúltimo versículo do capítulo diz: “E TODOS ESTES, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa”. Qual promessa? A esperança da vida eterna, que Deus prometeu: “na esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos eternos” (Tito 1:2). É vida eterna para o ser completo, o que ocorre quando ele é ressuscitado dos mortos.



Os profetas antigos não receberam nenhuma promessa de imortalidade antes ou fora de nós. “Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados. E nós não receberemos até que Cristo retorne (Hebreus 11:39, 40). Observe que “eles” é uma referência a todos listados em todo o capítulo desde os primeiros versículos. Nessa lista estão: Enoque, Moisés e … Elias também. No verso 32 o escritor diz: “E que mais direi”? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas”. Elias era um profeta (1 Reis 18:22,36 e 1 Crô 21:12). Note que nos versos 37 e 38, embora não mencione Elias por nome, há certas descrições parecem se referir a ele quando registra sobre os que “andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados, errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra”. Compare com 1 Reis 17:2-6; 19:2-10; 2 Reis 1:18. Em suma: Enoque, Elias e Moisés não estão no céu com seus corpos transformados!

 

Elias está no Céu?

 

A Bíblia diz: “… Elias subiu ao céu (2 Reis 2:11 ).  O texto parece dizer que Elias foi vivo para o trono de Deus. Por outro lado, em João 3:13 está escrito: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está nos céus”. Milhões de cristãos entendem que há aqui uma enorme contradição. Enquanto um texto declara que “Ninguém subiu ao céu” outro texto diz que “Elias subiu ao céu“.

 

Para sabermos se “ninguém subiu ao céu” antes de Jesus precisamos determinar quem está falando no versículo 13. Estes são palavras de Cristo ou as palavras do escritor do Quarto Evangelho narrando a história?

 

Dois apologistas do nosso tempo fizeram uma interpretação curiosa sobre esse versículo com o intuito de salvar o translado de Enoque e Elias ao céu. Segundo eles, a expressão “ninguém subiu ao céu” não deve ser interpretada como afirmação conclusiva de que ninguém subiu ao céu antes de Jesus, mas sim deve ser vista apenas com relação ao ministério do Senhor. Ou seja, “Ninguém subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu” deve ser entendido da seguinte maneira: apenas Jesus esteve apto para falar das coisas celestiais porque somente ele de lá desceu. Um deles conclui: “ninguém subiu ao céu e de lá desceu para falar das coisas de Deus, a não ser Jesus Cristo, que é o próprio Deus encarnado (João 1:1-3; 14)”.

 

Outra possibilidade, segundo um desses apologistas, seria “entender o sentido do texto restringindo temporalmente a sua abrangência, assumindo que Jesus estava Se referindo apenas aos Seus contemporâneos. Em outras palavras, Jesus estaria dizendo que ninguém vivo em Seus dias havia subido ao Céu.Portanto, a única pessoa daquela época que estivera no Céu era o próprio Cristo, o que Lhe colocava em uma posição única como revelador pleno dos propósitos divinos”.

 

Pode parecer estranho para muitos, mas devo dizer que não foi o Senhor Jesus quem disse essas palavras de João 3:13: “NINGUÉM subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu“. Um exame da evidência interna para a leitura desse texto indica que o texto mais longo, que inclui a última cláusula (“que ESTÁ no céu”) deve ser considerado autêntico.  Essa cláusula é original, porém mais tarde foi excluída para evitar dizer que Jesus estava presente no céu enquanto dizia estas palavras para Nicodemos.

 

O que o grego  está dizendo é que não há ninguém em estado de ascensão a não ser Jesus. Assim, a estrutura de João 3:13 pode ser traduzida como indicando algo como: “exceto alguém que foi o enviado [de Deus] do céu, o Filho do homem, não há ninguém em estado celestial”. Ou melhor, “não há ninguém que tenha ascendido ao céu“.

 

Como os verbos foram usados no passado, obviamente temos aqui registros feitos pelo escritor do quarto Evangelho tempos após a ascensão do Messias. O ponto principal, portanto, é que até o presente momento apenas uma PESSOA subiu ao céu, Jesus. 

 

Nós vamos descobrir que o Senhor não falou nenhuma das palavras do versículo 13 até o final do capítulo 3.  Jesus não disse que estava no céu enquanto estava em Jerusalém falando com Nicodemos.  Jesus para de falar no final do versículo 12. O versículo 13 faz parte da narrativa do escritor do Quarto Evangelho. Note que João, capítulo 3, começa com: “Havia um homem dos fariseus …”, e essa narrativa continua no versículo 13. Além disso, há algumas razões que justificam porque a fala de Jesus termina no versículo 12:

 

1) Porque o tempo passado dos verbos gregos que seguem o versículo doze indica eventos que já ocorreram.

 

2) Porque a expressão “Filho unigênito” (v. 28) nunca foi usada pelo próprio Senhor, mas por João que descreve o Senhor (João 1:14, 18, 3:16, 18; 1 João 4: 9).

 

3) Porque “que está no céu” (v. 13) aponta para o fato de que o Senhor já havia ascendido na época em que João escreveu.

 

4) Porque a palavra “levantado” (v. 14) se refere tanto aos sofrimentos de Cristo (João 3:14; 8:28; 12:32, 34) quanto à “glória que o deve seguir” (João 8:28; 12:32; Atos 2: 33; 5:31).

 

5) Porque o versículo 13 é muito claro: “Ninguém subiu ao céu… exceto o Filho do Homem”. O verbo “subiu, ou “ascendeu”, está no passado, no grego, no inglês e em português e mostra-nos que Jesus já havia subido ao céu quando este verso foi escrito. 

 

6) Porque os verbos em João 3:14 continuam nos informando que Jesus já havia subido ao céu e não estava na terra conversando com Nicodemos.  O versículo 14 diz que “assim como” Moisés “levantou” a serpente (tempo aoristo em grego), assim também o Filho do Homem “foi levantado” (também tempo aoristo). O tempo do verbo “levantado” é o mesmo para a serpente de Moisés e para o Filho do homem.  Assim, a leitura natural do texto é que tanto a serpente quanto o Filho do Homem foram levantados no passado. Naturalmente, porque o ensino ortodoxo é que João 3:14 ocorreu muito antes da crucificação e ascensão de Cristo, a leitura natural do texto grego é ignorada e a leitura do último verbo é feita como se fosse o futuro, então a maioria das versões diz que o Filho do Homem “será” levantado.  Porém, como no versículo 13, a leitura natural dos verbos mostra que Jesus já havia sido crucificado – “levantado”.

 

Além de uma leitura clara e direta do texto grego, que coloca os eventos após o versículo 12 no passado, outra razão – a principal – para acreditar que Jesus parou de falar no versículo 12, e o versículo 13 resume a narrativa do escritor, é que do versículo 3 ao verso 12, sempre que Jesus fala ele usa a palavra “eu”. No entanto, após o versículo 12 encontramos em vários textos a terceira pessoa: “nele”, “aquele” e “ele”. A razão lógica para essa mudança é que, a partir do versículo 13, o narrador estava escrevendo sobre “ele”.

 

No versículo 3, Jesus está falando e diz: “te digo”. No versículo 5, ele diz: “te digo”.  No versículo 7, ele diz: “eu te haver dito”. No verso 11, ele diz: “te digo”, e no verso 12, ele diz: “vos falei”. No versículo 13 ocorre uma mudança repentina.  Já não vemos “eu”, vemos “ele” e outras referências a Jesus na terceira pessoa.  Por exemplo, no versículo 13 o texto se refere a “aquele” do céu, e no versículo 14, em vez de dizer “todo aquele que crer em mim” (o que Jesus fez muitas vezes no Evangelho de João, compare: João 6: 35; 7:38; 11:25, 26; e João 12:44, 46), o texto diz: “todo aquele que nele crê”.

 

Portanto, se era o escritor do Quarto Evangelho narrando a história muitos anos depois da morte e ressurreição de Jesus em João 3:13, então ele proclama especificamente que Jesus foi o ÚNICO homem (o único humano/filho do homem), que já “subiu” ao céu. Essa é a legítima expressão da verdade. Não fosse assim deveríamos crer que o Salvador realmente não conhecia a história de  Elias e Enoque se tivesse sido ele o autor dessas palavras.  Igualmente o escritor do Evangelho, se tivesse nos dado  essas palavras como sendo de Cristo, também não conhecia a história. Além disso, temos Nicodemos, aquele que entendia as coisas ao pé da letra, mas era especialista em Lei e Profetas … por que ele não refutou imediatamente a recontagem do Salvador sobre a ascensão de Elias e Enoque se a conversa foi entre eles?  Certamente porque na época do Senhor Jesus todos sabiam que nenhum dos dois profetas subiu ao céu. 

 

Parece que a verdade é uma só: “Ninguém subiu ao céu…” antes de Jesus!

 

Elias e o Céu

 

Elias foi levado para o ar; a palavra para “céu” é shameh (pronuncia-se“Shaw-meh”) na língua hebraica, que vem de uma raiz que significa “ser elevado”. A palavra significa “o céu” (como “alto”) e faz alusão ao “arco visível em que as nuvens se movem, onde os corpos celestes giram”. A palavra significa “AR”, bem como “céu” (concordância exaustiva de Strong), mas não céu do trono de Deus. Um ou dois exemplos notáveis ​​do uso intercambiáveis ​​desta palavra deve ser suficiente, embora existam muitos na Bíblia: “E as janelas dos céus se abriram…” (Gn 7:11). “Cerraram-se … as janelas dos céus, e a chuva dos céus deteve-se” (Gn 8: 2). “… uma torre cujo cume toque nos céus … (Gn 11: 4).

 

Estes são apenas três exemplos de dezenas de passagens no Antigo Testamento onde a palavra “céu” é, obviamente, uma referência a atmosfera imediata da Terra. Nas primeiras citações é feita referência ao dilúvio de Noé. As “janelas do céu” referem-se a tempestades estrondosas, e, portanto, estamos lidando com a área imediata do ar que cobre esta terra como um manto, e é, na verdade, uma parte literal da nossa terra e seu ambiente imediato. A escritura de Gênesis 11 lida com a famosa “Torre de Babel”, em que a humanidade tentou construir o primeiro “arranha-céu”. Agora, observe como a palavra idêntica (shameh) é usada para a palavra “ar”.

 

As aves do céu …” (Gn 1:26, 28). “… E todas as aves do ar …” (Gn 2:19). “… deu  nomes … para as aves do ar …” (Gn 2:20).  “As aves do céu pousam sobre eles …” (2 Sm 2:10). “O caminho da águia no ar …” (Pv 30:19). Em cada uma delas, e em 21 exemplos separados no Antigo Testamento, a palavra hebraica  para “céu” é traduzida como “ar”. Os tradutores sabiam que, quando a Bíblia estava se referindo ao “firmamento” acima da terra em que os pássaros voam, deve significar “o ar”, e não o céu do trono de Deus. Assim, Elias foi elevado para o ar, para cima.

 

A Bíblia fala claramente de três “céus”, e positivamente identifica o “terceiro céu” como o céu do trono de Deus.  O que Eliseu e muitos dos filhos dos profetas viram foi o desaparecimento de Elias para o ar, até que ele foi tirado da vista de Eliseu. Elias não foi para o céu do trono de Deus. O que aconteceu com ele aconteceu corporalmente; ele foi tirado da vista de Eliseu para o ar. Mais tarde você vai ver que ele estava muito vivo por um certo número de anos. Você vai ver que ele ainda estava ciente do que estava acontecendo em seu país; que os outros estavam se comunicando com ele, e que ele se comunicava com o rei que sucedeu Jeosafá. Embora Deus tenha levado Elias para um lugar de proteção, ele ainda estava suficientemente ativo para enviar uma mensagem poderosa para o rei de Judá alguns anos mais tarde.

 

O que aconteceu com Elias?

 

Comecemos por olhar para o lugar onde Elias foi levado ao céu num redemoinho. O texto de 2 Reis 2:11-12, diz: E aconteceu que, indo eles andando e falando, eis que, apareceu um carro de fogo, com cavalos de fogo, e separou os dois, e Elias subiu ao céu num redemoinho. 

 

O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros. E não o viu mais, e ele pegou suas roupas e as rasgou em duas partes“.

 

Aqui nestes dois versículos vemos que Elias subiu ao céu num redemoinho. Ele foi arrebatado. Mas, até onde? Isso foi muito parecido com o episódio de Felipe e o Eunuco que não o viu mais. Felipe desapareceu do criado da rainha de Candace e se viu em Azoto: “E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho. E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia”, Atos 8:39. 40.

 

Elias não foi levado para o céu do trono de Deus, onde Deus está assentado. Tudo o que sabemos com certeza é que Elias foi levado para o céu (para o alto) num redemoinho. Isso significa simplesmente que Elias foi levado para o céu até que ele saiu da vista de Eliseu e os outros que estavam assistindo a certa distância, e Elias não foi visto mais por Eliseu. Em outras palavras, Elias foi levado para outro lugar, assim como Felipe e Ezequiel. No caso de Felipe não devemos acreditar que o eunuco não o viu mais porque Filipe foi arrebatado para o céu sem morrer e nunca mais foi visto.

 

Se examinarmos todo o contexto de 2 Reis 2:11, 12 descobriremos que Elias pode ter sido transferido por Deus para outro lugar. Deus já havia alertado Elias antes sobre esconder-se nos momentos de perigo. E numa ocasião nós podemos ver um profeta garantindo que Deus também arrebatava Elias de um lugar para o outro desaparecendo com ele. Isso já havia acontecido antes, e alguns sabiam.

 

Tudo tem início em 1 Reis 17:1-3 no famoso episódio onde Deus retém a chuva por três anos e meio. Elias desafia o rei Acabe dizendo que não choveria sobre a terra. Em seguida Deus diz a Elias para se esconder:

 

Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o SENHOR Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra. Depois veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão”.

 

Agora, por favor, observe que na história narrada em  Reis 18:1-18, quando Deus manda Elias ir apresentar-se ao rei Acabe após a seca, há um acontecimento interessante que aparece nos versículos de 7 a 12 no encontro entre Elias e o profeta Obadias. 

 

Estando, pois, Obadias já em caminho, eis que Elias o encontrou; e Obadias, reconhecendo-o, prostrou-se sobre o seu rosto, e disse: És tu o meu senhor Elias?

 

E disse-lhe ele: Eu sou; vai, e dize a teu senhor: Eis que Elias está aqui.

 

Porém ele disse: Em que pequei, para que entregues a teu servo na mão de Acabe, para que me mate?

 

Vive o SENHOR teu Deus, que não houve nação nem reino aonde o meu senhor não mandasse em busca de ti; e dizendo eles: Aqui não está, então fazia jurar os reinos e nações, que não te haviam achado.

 

E agora dizes tu: Vai, dize a teu senhor: Eis que aqui está Elias.

 

E poderia ser que, apartando-me eu de ti, o Espírito do Senhor te tomasse, não sei para onde, e, vindo eu a dar as novas a Acabe, e não te achando ele, me mataria; porém eu, teu servo, temo ao Senhor desde a minha mocidade”.

 

Era notório entre os profetas que o Senhor transladava Elias. Certamente nesses anos de fuga Elias se movimentava segundo as instruções do Senhor. Elias foi visto por outros, mas sempre que ele foi procurado pelo rei Acabe ele desaparecia e, em muitas ocasiões Deus o transladava, como dito pelo profeta Obadias. Obadias com certeza acreditava que se virasse as costas para Elias e fosse falar com Acabe que Elias estava ali “o Espirito do Senhor poderia levar Elias para longe, não se sabe para onde”.  Veja novamente um detalhe no episódio de Felipe e compare: “… o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe … e se achou em Azoto“.

 

Há alguns detalhes aqui no texto que nos revelam que Elias foi transladado muitas vezes. Leia atentamente o versículo 10 “… Vive o SENHOR teu Deus, que não houve nação nem reino aonde o meu senhor não mandasse em busca de ti; e dizendo eles: Aqui não está, então fazia jurar os reinos e nações, que não te haviam achado“. Sempre que os inimigos de Deus viam Elias, e depois dos relatos de avistamentos do mesmo, não havia possibilidade de encontra-lo porque ele desaparecia. É evidente que Elias tinha o hábito de “desaparecer”, e era conhecido entre o povo de Deus que o Senhor fazia isso (v.12).

 

A compreensão de Obadias foi que Elias sempre era “levado” quando sua vida corria perigo. Sempre que os homens do rei estavam perto de apanhá-lo, Deus o transferia para outro lugar, longe do perigo iminente. Elias aparecia em alguma outra cidade para testemunhar para o Senhor até que o tempo “desgastava suas boas-vindas” novamente. O conhecimento deste fenômeno foi generalizado entre os filhos de Deus.

 

Agora vamos ler o contexto imediato antes de Elias ter sido arrebatado ao céu num redemoinho. Note os detalhes em itálico. 2 Reis 2:1-18, diz:

 

Sucedeu que, quando o SENHOR estava para elevar a Elias num redemoinho ao céu, Elias partiu de Gilgal com Eliseu.

 

E disse Elias a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Betel. Porém Eliseu disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim foram a Betel.

 

Então os filhos dos profetas que estavam em Betel saíram ao encontro de Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o SENHOR hoje tomará o teu senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Também eu bem o sei; calai-vos.

 

E Elias lhe disse: Eliseu, fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Jericó. Porém ele disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim foram a Jericó.

 

Então os filhos dos profetas que estavam em Jericó se chegaram a Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o SENHOR hoje tomará o teu senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Também eu bem o sei; calai-vos.

 

E Elias disse: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou ao Jordão. Mas ele disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim ambos foram juntos.

 

E foram cinquenta homens dos filhos dos profetas, e pararam defronte deles, de longe: e assim ambos pararam junto ao Jordão.

 

Então Elias tomou a sua capa e a dobrou, e feriu as águas, as quais se dividiram para os dois lados; e passaram ambos em seco.

 

Sucedeu que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim.

 

E disse: Coisa difícil pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará, porém, se não, não se fará.

 

E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho.

 

O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes, rasgou-as em duas partes.

 

Também levantou a capa de Elias, que dele caíra; e, voltando-se, parou à margem do Jordão.

 

E tomou a capa de Elias, que dele caíra, e feriu as águas, e disse: Onde está o Senhor Deus de Elias? Quando feriu as águas elas se dividiram de um ao outro lado; e Eliseu passou.

 

Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro, e se prostraram diante dele em terra.

 

E disseram-lhe: Eis que agora entre os teus servos há cinquenta homens valentes; ora deixa-os ir para buscar a teu senhor; pode ser que o elevasse o Espírito do SENHOR e o lançasse em algum dos montes, ou em algum dos vales. Porém ele disse: Não os envieis.

 

Mas eles insistiram com ele, até que, constrangido, disse-lhes: Enviai. E enviaram cinquenta homens, que o buscaram três dias, porém não o acharam.

 

Então voltaram para ele, pois ficara em Jericó; e disse-lhes: Eu não vos disse que não fôsseis?”

 

Perceberam como Deus enviava Elias de um lugar a outro para fazer tua obra, mostrando assim a necessidade de mantê-lo bem vivo e ativo NA TERRA, e como era também conhecido dos filhos dos profetas que Deus transladava Elias de tempos em tempos? 

 

Mas, o que o texto quer revelar com a expressão “tomar o teu senhor por sobre a tua cabeça?” Evidente que milhões entendem que seja “subir para cima”, ou no linguajar mais popular, “hoje Elias vai para o céu”. Nada parecido com isso. A tradução de Smith e Goodspeed diz, “Você sabe que hoje o Senhor está prestes a tirar o seu mestre de ser seu líder? “

 

Elias era o chefe ou líder dos filhos – ou discípulos – dos profetas naquele dia. Deus enviou Elias como profeta ao ímpio rei Acabe e seu filho Acazias. Agora Deus queria Eliseu para dirigir Sua obra – outro rei havia assumido.  Talvez o propósito de Deus na remoção de Elias fosse para substituí-lo com outro homem que ocuparia o seu cargo em Israel por muitos anos. 

 

Essas pessoas sabiam o que ia acontecer, porque isso tinha acontecido antes. Desta vez, era para ser um pouco diferente. O ministério ativo e perigoso de Elias no reino de Israel, o reino do norte, estava chegando ao fim. Muitas ainda tentaram tirar sua vida. Eles também sabiam que Eliseu iria “ter o seu mestre” tirado dele e que ele não seria mais apenas um servo de Elias, mas o profeta do Senhor. 

 

Ao pegar a capa de Elias, e usá-la de uma maneira poderosa, Eliseu demonstrou aos que estavam ao redor que o ministério do profeta – de Israel, o reino do norte – havia sido transferido para ele.

 

Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam  defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro, e se prostraram diante dele em terra”(2 Reis 2:15).

 

Elias não foi arrebatado até o céu e lá ficou. Veja novamente que alguns profetas foram procurá-lo após seu sumiço: “E disseram-lhe (a Eliseu): Eis que entre os teus servos há cinquenta homens valentes. Deixa-os ir, pedimos-te, em busca do teu senhor (Elias); pode ser que o Espírito do Senhor o tenha arrebatado e lançado nalgum monte, ou nalgum vale. E ele lhes disse: não! Mas insistiram com ele, até que se envergonhou; e disse-lhes: Enviai. E enviaram cinquenta homens, que o buscaram três dias, porém NAO O ACHARAM” 2 Reis 2:16, 17.



Se eles foram procurar Elias é porque sabiam que ele não estava no céu. Eles estavam cientes de que o profeta estaria em algum lugar da terra. Mas não o encontraram, pois o redemoinho de vento o levou para longe (II Re. 2:16-17). 



Note no texto a sugestão de procurá-lo nos montes ou nos vales. Isso é estranho. Eles não viram que Elias desapareceu acima das nuvens? Uma iniciativa como esta revela-nos que eles não acreditavam e nem ensinavam que poderia haver uma trasladação ao Céu. Aí está uma prova de que ele não teria saído do céu atmosférico e que poderia, sim, estar em algum outro lugar na Terra. Por que eles entrariam em uma jornada de três dias através do campo para encontrar um homem que não estava mais nesse planeta? Eles sabiam que Elias foi “transportado” de um local a outro aqui embaixo, não no céu do trono de Deus.  Eles não tinham certeza para onde ele foi levado, mas eles sabiam que ele estava em algum lugar na terra.

 

Seja sincero amigo: Você acha que um redemoinho de vento pode chegar aonde Deus mora? Elias não saiu da atmosfera terrestre, pois fora desta  não há redemoinho! Elias já havia sido arrebatado de um lugar a outro antes, e isso não era novidade na vida de Elias. Era de conhecimento (pelo menos da parte dos servos de Deus) tais transferências feitas por Deus com seus servos. Ezequiel também foi arrebatado de um local a outro em duas ocasiões. Os registros estão em Ezequiel 3:10-15 e 11:1. Ezequiel narra um desses eventos por dentro cena:

 

Disse-me mais: Filho do homem, recebe no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer, e ouve-as com os teus ouvidos.

 

Eia, pois, vai aos do cativeiro, aos filhos do teu povo, e lhes falarás e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus, quer ouçam quer deixem de ouvir.

 

E levantou-me o espírito, e ouvi por detrás de mim uma voz de grande estrondo, que dizia: Bendita seja a glória do Senhor, desde o seu lugar.

 

E ouvi o ruído das asas dos seres viventes, que tocavam umas nas outras, e o ruído das rodas defronte deles, e o sonido de um grande estrondo. 

 

Então o espírito me levantou, e me levou; e eu me fui amargurado, na indignação do meu espírito; porém a mão do Senhor era forte sobre mim.

 

E fui a Tel-Abibe, aos do cativeiro, que moravam junto ao rio Quebar, e eu morava onde eles moravam; e fiquei ali sete dias, pasmado no meio deles“.

 

Até mesmo no “Novo Testamento” encontramos relatos de milagres assim, como já vimos. Além do arrebatamento de Felipe podemos citar um fato semelhante ocorrido com Jesus, e de como ele foi transportado de um lugar a outro pelo próprio diabo. Vejam que assustador. Observem o que o “deus” deste século fez com nosso Senhor: “Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo” Mateus 4:5.



Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles”, Mateus 4:8. Portanto, não seria incomum Elias ser transportado de um local até outro através do poder de Deus.



Outra evidência de que Elias não foi arrebatado ao céu e lá ficou pode ser encontrada em um registro que envolve o rei  Jeosafá. Jeosafá ainda está vivo depois do tradicional arrebatamento de Elias. Ele pede um profeta e quem se apresenta é Eliseu:



Perguntou, porém, Jeosafá: Não há aqui algum profeta do Senhor por quem consultemos ao Senhor? Então respondeu um dos servos do rei de Israel, e disse: Aqui está Eliseu, filho de Safate, que deitava água sobre as mãos de Elias” 2 Reis 3:11. O registro da subida de Elias está no capítulo anterior. Mas não para aqui, pois Elias é visto ainda em atividade depois da morte do rei Jeosafá.

 

Vamos aos fatos: Elias subiu ao céu num redemoinho em 2 Reis capítulo 2. Seis capítulos depois,  em  2 Reis capítulo 8, é dito que Jeorão, filho de Jeosafá, reina com o pai como rei de Judá, o reino do sul.

Por favor, leia 2 Reis 8:16-24:

 

16 “E no ano quinto de Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, reinando ainda Jeosafá em Judá, começou a reinar Jeorão, filho de Jeosafá, rei de Judá.

 

17 Era ele da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar, e oito anos reinou em Jerusalém.

 

18 E andou no caminho dos reis de Israel, como também fizeram os da casa de Acabe, porque tinha por mulher a filha de Acabe, e fez o que era mal aos olhos do Senhor.

 

19 Porém o Senhor não quis destruir a Judá por amor de Davi, seu servo, como lhe tinha falado que lhe daria, para sempre, uma lâmpada, a ele e a seus filhos.

 

20 Nos seus dias se rebelaram os edomitas, contra o mando de Judá, e puseram sobre si um rei.

 

21 Por isso Jeorão passou a Zair, e todos os carros com ele; e ele se levantou de noite, e feriu os edomitas que estavam ao redor dele, e os capitães dos carros; e o povo foi para as suas tendas.

 

22 Todavia os edomitas ficaram rebeldes, contra o mando de Judá, até ao dia de hoje; então, no mesmo tempo, Libna também se rebelou.

 

23 O mais dos atos de Jeorão, e tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas de Judá?

 

24 E Jeorão dormiu com seus pais, e foi sepultado com seus pais na cidade de Davi; e Acazias, seu filho, reinou em seu lugar”.

 

Esse capítulo de 2 Reis 8 não registra a morte de Jeosafá, mas diz que Jeorão “dormiu com seus pais, e foi sepultado com seus pais”. Isso indica que em algum ponto na narrativa Jeosafá morre. Onde Jeosafá morre nessa sequência?  Observe que ele ainda está vivo no verso 1: “reinando ainda Jeosafá em Judá, começou a reinar Jeorão, filho de Jeosafá”. Os dois, pai e filho, reinaram juntos por um tempo. Podemos ver a mesma sequência registrada em 2 Crônicas 21 onde menciona a morte dos dois reis, nos dando mais detalhes. Esse é o texto que envolve Elias. Ele aparece após a morte do Rei Jeosafá e antes da morte de seu filho Jeorão.

 

Leia o texto com a omissão dos versos de 2 a 4 para posicionar o contexto dentro da história narrada acima. Há uma sequência onde os versículos são idênticos aos de 2 Reis 8, pois são fatos da mesma história como visto no verso 23: “O mais dos atos de Jeorão, e tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas de Judá?”. E de fato, o capítulo 21 de 2 Crônicas nos trás “mais” dos atos de Jeorão, e de “tudo” quanto fez:

 

Depois Jeosafá dormiu com seus pais, e foi sepultado junto a eles na cidade de Davi; e Jeorão, seu filho, reinou em seu lugar.

 

Da idade de trinta e dois anos era Jeorão, quando começou a reinar; e reinou oito anos em Jerusalém. Esse é o mesmo verso 17 de 2 Reis 8 citado acima

 

E andou no caminho dos reis de Israel, como fazia a casa de Acabe; porque tinha a filha de Acabe por mulher; e fazia o que era mau aos olhos do Senhor. O verso 18 de 2 reis 8

 

Porém o Senhor não quis destruir a casa de Davi, em atenção à aliança que tinha feito com Davi; e porque também tinha falado que lhe daria por todos os dias uma lâmpada, a ele e a seus filhos. Aqui o verso 19

 

Nos seus dias se revoltaram os edomitas contra o mando de Judá, e constituíram para si um rei. Esse é o verso 20 de 2 Reis 8.

 

Por isso Jeorão passou adiante com os seus príncipes, e todos os carros com ele; levantou-se de noite, e feriu aos edomeus, que o tinham cercado, como também aos capitães dos carros. O verso 21

 

Todavia os edomitas se revoltaram contra o mando de Judá até ao dia de hoje; então no mesmo tempo Libna se revoltou contra o seu mando; porque deixara ao Senhor Deus de seus pais. O verso 22.

 

Aqui a historia continua com mais detalhes, que foram omitidos em 2 Reis 8. O verso imediato segue dizendo:

 

Ele também fez altos nos montes de Judá; e fez com que se corrompessem os moradores de Jerusalém, e até a Judá impeliu a isso.

 

Então lhe veio um escrito da parte de Elias, o profeta, que dizia: Assim diz o Senhor Deus de Davi teu pai: Porquanto não andaste nos caminhos de Jeosafá, teu pai, e nos caminhos de Asa, rei de Judá,

 

Mas andaste no caminho dos reis de Israel, e fizeste prostituir a Judá e aos moradores de Jerusalém, segundo a prostituição da casa de Acabe, e também mataste a teus irmãos da casa de teu pai, melhores do que tu;

 

Eis que o Senhor ferirá com um grande flagelo ao teu povo, aos teus filhos, às tuas mulheres e a todas as tuas fazendas.

 

Tu também terás grande enfermidade por causa de uma doença em tuas entranhas, até que elas saiam, de dia em dia, por causa do mal.

 

Despertou, pois, o Senhor, contra Jeorão o espírito dos filisteus e dos árabes, que estavam do lado dos etíopes.

 

Estes subiram a Judá, e deram sobre ela, e levaram todos os bens que se achou na casa do rei, como também a seus filhos e a suas mulheres; de modo que não lhe deixaram filho algum, senão a Jeoacaz, o mais moço de seus filhos.

 

E depois de tudo isto o Senhor o feriu nas suas entranhas com uma enfermidade incurável.

 

E sucedeu que, depois de muito tempo, ao fim de dois anos, saíram-lhe as entranhas por causa da doença; e morreu daquela grave enfermidade; e o seu povo não lhe queimou aroma como queimara a seus pais.

 

Era da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar, e reinou oito anos em Jerusalém; e foi sem deixar de si saudades; e sepultaram-no na cidade de Davi, porém não nos sepulcros dos reis”.

 

Basta apenas ser honesto com a interpretação das Escrituras para perceber que Elias escreveu uma carta ao rei Jorão, rei de Judá, depois que foi supostamente transportado aos céus. Isso prova que Elias não subiu ao céu em uma carruagem de fogo e lá está até hoje, como alguns dogmaticamente ensinam, mas foi transportado para outro lugar na terra.

 

A Carta

 

Como visto, a carta foi enviada ao filho de Jeosafá muito tempo após a morte do seu pai. Ou seja, quase DEZ ANOS após o arrebatamento de Elias.  Problemas de cronologia perturbam o texto neste ponto. Estaria Elias ainda vivo? Alguns fazem a carta aqui ser profética para evitar o problema, ou ter sido enviada através de Eliseu, no nome de Elias. Os críticos, como é natural, vêem essa carta como se tivesse sido inventada pelo próprio cronista, no nome de Elias. II Reis 2.11 deixa claro que Elias já havia sido transportado para o céu, no tempo de Josafá. Alguns manuscritos substituem Elias para evitar esse problema. Outros fazem essa carta ter vindo do céu, talvez dada através de algum profeta menor, mas o texto sagrado não deixa nada disso entendido. É inútil multiplicar explicações até acertar uma que seja adequada ou convincente. Tais coisas nada têm a ver com a espiritualidade, nem são contra uma sã teoria de inspiração. O texto é claríssimo quado diz que a carta foi enviada “da parte de Elias”.

 

Vamos nos ater ao contexto dessa carta aqui: “… Então lhe veio (a Jeorão) uma carta da parte de Elias, o profeta, que dizia: Assim diz o Senhor, Deus de Davi teu pai: Porquanto não andaste nos caminhos de Jeosafá, teu pai, e nos caminhos de Asa, rei de Judá.

 

Mas andaste no caminho dos reis de Israel e induziste Judá e os habitantes de Jerusalém a idolatria semelhante à idolatria da casa de Acabe, e também mataste teus irmãos, da casa de teu pai, os quais eram melhores do que tu.



Eis que o Senhor ferirá com uma grande praga o teu povo, os teus filhos, as tuas mulheres e toda a tua fazenda;



E tu terás uma grave enfermidade; a saber, um mal nas tuas entranhas, ate que elas saiam, de dia em dia, por causa do mal” 2 Crônicas 21:1,15.



A partir do texto da carta fica claro que Elias a escreveu depois que esses eventos ocorreram, pois ele fala deles como eventos passados ​​e da doença como evento futuro. Dois anos depois que o rei ficou doente, ele morreu. A existência da carta prova, não só que Elias estava na terra, mas também acompanhava o desenrolar dos fatos.



A carta que tinha sido entregue foi reconhecida como sua – provando que ele era conhecido por estar vivo em algum lugar. Lembrando que Jeorão assumiu definitivamente o trono depois de Josafá. Quando Elias “subiu”, Josafá ainda reinava. Esse intervalo de tempo entre a “subida” de Elias e a carta deve ser acrescentado ao tempo de reinado de Jeorão, que foi de oito anos (2 Cr 21:5). 



Elias não foi arrebatado ou transladado, mas sim transportado para uma região segura. Por esse motivo ele não se apresentou ao rei Jeorão, mas se comunicou por carta. Elias passou sua vida inteira sendo perseguido ferozmente e, como sempre, mais uma vez estava escondido. Deus chegava a alimentar Elias milagrosamente para que ele não precisasse se expor e ser descoberto enquanto ficava escondido de seus inimigos.  Quando isso ocorreu novamente no caso em 2 Reis 2:11, 16, Eliseu, sendo obediente aprendiz de Elias, sabia que não adiantaria e que não deveria ir procurá-lo.



Para onde Elias foi transportado? Para algum lugar no Reino do Sul. Ele era profeta no Reino do Norte (Israel) e foi transportado por Deus para ser profeta no Reino do Sul (Judá). Por isso profetizou contra o rei de Judá (Jeorão). Quanto tempo ele viveu, a Bíblia não revela. Certamente Elias morreu pouco mais tarde. 



Todos os seres humanos nascidos de Adão, e isso inclui Elias, devem morrer – pois lemos: “Em Adão todos morrem” (I Coríntios 15:22). Elias era um homem “sujeito a paixões como nós” (Tiago 5:17) – sujeito à natureza humana e à morte e, em sendo ele carne mortal como somos, morreu. Ele é certamente um dos “profetas” (Hebreus 11:32) que morreu na fé ainda não tendo recebido a promessa (versículos 13 e 39).



Elias morreu e aguarda a ressurreição dos justos. Veja o que os judeus dizem a Jesus: “Disseram-lhe os judeus: Agora sabemos que tens demônios. Abraão morreu, e também os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte! Porventura és tu maior do que nosso pai Abraão, que morreu? Também OS PROFETAS MORRERAM; quem pretendes tu ser?” João 8:52, 53.



Os judeus sabiam que Elias havia morrido. O próprio Pedro confirma a morte de muitos: “os pais dormiram” (2 Pe. 3:4). Aqueles que “dormem” confiando em Cristo “já morreram”, diz Paulo (1 Cor. 15:18). A imortalidade espera o despertar do nosso corpo na volta de Cristo (1 Coríntios 15:51-54; 1 Tessalonicenses 4:13-17; João 5:29), não antes.  Ninguém que confiou em Deus, antes ou depois de Cristo foi despertado. Nenhum foi removido para o céu com seu corpo transformado e feito imortal. Ninguém, mas apenas Cristo subiu ao céu.

 

Davi, Salomão e Jó sabiam que Moisés, Enoque e Elias não haviam escapado da morte: “Que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sepultura?” (Salmos 89:48).

 

Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos  voltarão ao pó” (Eclesiastes 3:20). 

 

Porque eu sei que me levarás à morte e à casa do ajuntamento determinada a todos os viventes” (Jó 30:23).

 

Enoque e Elias não subiram ao céu. Em tom desafiador Salomão perguntou: “Quem subiu ao céu e desceu?” (Provérbios 30:4). Obviamente a resposta é um sonoro NINGUÉM! 

 

Elias e Enoque, junto com outros, estão no túmulo esperando a ação do Senhor Jesus Cristo em colocar seus inimigos sob seus pés para destruí-los (Atos 2:29). O glorioso Cristo entronizado então ressuscitará esses homens fiéis dentre os mortos, tornando-os “príncipes” em toda a terra. (Sal. 45:16; Apocalipse 20:11-13). O último inimigo a ser vencido é a morte. Isso foi dito por Paulo depois da ressurreição do Senhor Jesus, indicando que a ressurreição para a vida eterna, que ainda não ocorreu, é o triunfo sobre a morte. 

 

Com relação aos registros da transfiguração, onde o texto parece dizer que Moisés e Elias conversavam com o Senhor Jesus, devo dizer que há algumas fontes interessantes afirmando a ausência de Elias e Moisés da cena. Afirmações de que eles jamais estiveram naquele monte não são poucas. Infelizmente  milhões aceitam sem questionar, e nem mesmo se perguntam  como os discípulos foram capazes de discernir que se tratava de Moisés e Elias que estavam conversando com Jesus, considerando o fato de que eles caminharam na terra muito antes deles – de Pedro, Tiago e João terem nascido. E Moisés e Elias estavam vivos e falando!  

 

Uma pista importante podemos encontrar numa das cartas de Pedro, que ao falar do episódio da transfiguração omite a presença de Moisés e Elias. Veja:

 

Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade.

 

Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido.

 

E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo”.

 

No último versículo ele diz claramente que Elias e Moisés não estavam lá: “estando nós com ele no monte santo”. Isso é muito sério. Ninguém omitiria a presença dos dois profetas mais famosos do Velho Testamento daquele acontecimento, muito menos o JUDEU Pedro. Nada mais foi dito, muito menos por João que estava na cena. Como João pôde omitir do Evangelho que leva seu nome tão espetacular momento? 

 

Eu vou trazer um artigo sobre o que aconteceu no Monte da Transfiguração, mas somente ano que vem.

 

Não posso fechar este artigo sem antes fazer um comentário sobre uma passagem clássica, confundida por milhões de cristãos por causa de sua interpretação equivocada. É sobre Judas 9, quando menciona a luta do Diabo com o Arcanjo Miguel a respeito do corpo de Moisés.

 

Judas 9 “Mas quando o arcanjo Miguel, discutindo com o Diabo, disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O Senhor te repreenda”.

 

Muitos têm entendido que este versículo deixa claro que o diabo e Miguel tiveram uma disputa pelo cadáver de Moisés. Soma-se a isso o fato da Escritura indicar que Moisés despareceu de forma misteriosa, e que o próprio Deus o havia sepultado em lugar secreto.

 

Deuteronômio 34. 1 – 5, diz: “Então subiu Moisés das planícies de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de Jericó; e o Senhor mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã.

 

Todo o Naftali, a terra de Efraim e Manassés, toda a terra de Judá, até o mar ocidental, o Negebe, e a planície do vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar. 

 

E disse-lhe o Senhor: Esta é a terra que prometi com juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó, dizendo: ë tua descendência a darei. Eu te fiz vê-la com os teus olhos, porém para lá não passarás.

 

Assim Moisés, servo do Senhor, morreu ali na terra de Moabe, conforme o dito do Senhor, que o sepultou no vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura”.

 

Talvez por causa da maneira altamente incomum sobre o sepultamento de Moisés registrados em Deuteronômio, muitos têm entendido Judas 9 como uma referência a uma disputa sobre o cadáver de Moisés. No entanto, vendo Judas 9 como uma referência a Moisés, ao corpo físico, suscita muitas interrogações. Não há provas noutros locais da Escritura de uma disputa sobre o cadáver de Moisés, e não está claro por que o diabo queria se apossar do corpo de Moisés.

 

A chave para a compreensão de Judas 9 é reconhecer que as vezes se usa o termo “O corpo de”, para descrever uma determinada igreja. Neste atual dispensação da graça, Paulo refere-se à igreja como o corpo de Cristo (1 Cor 12:27; Ef 4:12; Col 1:24).

 

Entendendo que os santos que viveram antes da crucificação não tinham uma compreensão clara da cruz (Lucas 18:31-34, Marcos 9:30-32), seria estranho usar este termo para se referir a Igreja no Antigo Testamento. No entanto, faria sentido usar o termo, o corpo de Moisés, desde o Antigo Testamento, para que os santos do Novo Testamento pudessem compreender quem era Moisés.

 

Considere o seguinte: o crente espiritual é batizado hoje no “corpo de Cristo”, como diz 1 Cor 12:13: “Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito.

 

Vemos em Efésios 4:4 que existe um batismo. Se refere aos batizados na igreja, o corpo de Cristo (1 Cor 12:13), que é a mesma coisa que ser batizado “em Jesus Cristo” (Rm 6:3).

 

Observe como a Escritura descreve o batismo em Moisés em 1 Cor 10:1, 2: Pois não quero, irmãos, que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés.

 

Quando os santos durante o tempo de Moisés eram “batizados em Moisés,” sabemos por 1 Corintios 12:13 e Romanos 6:3 que o significado é que eles eram batizados na igreja/congregação (Atos 7:37,38) daqueles dias, o que Judas 9 chama de “o corpo de Moisés”. Da mesma forma, Hebreus 3 deixa claro que Moisés pode ser usado como uma referência à casa, isto é, a “Igreja” que Deus estava construindo no Antigo Testamento.

 

Hebreus 3:1, 3 Pelo que, santos irmãos, participantes da vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus, como ele foi fiel ao que o constituiu, assim como também o foi Moisés em toda a casa de Deus. Pois ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.

 

Em suma, o corpo de Moisés em Judas 9 é uma referência no Antigo Testamento para o corpo de fiéis assim como a igreja de hoje é chamada de o corpo de Cristo. Com esse entendimento é fácil compreender a verdadeira disputa entre Miguel e o diabo. E Miguel tem a responsabilidade de servir como o grande príncipe que defende Israel:

 

Dan 12:1 Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro.

 

Repare nessa passagem das Escrituras, onde trata mais extensamente sobre o conflito entre Miguel e o diabo. Apocalipse 12:7-10, diz: “Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céuE foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele”.

 

Enquanto a Miguel foi dada a missão de defender Israel, o diabo estava constantemente acusando Israel. Assim, parece não surpreender que o diabo e Miguel tivessem uma disputa entre eles. Portanto, o argumento não é quanto ao cadáver de Moisés, mas as intermináveis denúncias contra Israel, o corpo de Moisés, que eram feitas pelo diabo.

 

Enquanto os tradicionalistas interpretarem a Bíblia ao pé da letra, sempre existirão interpretações equivocadíssimas. Este é um dos muitíssimos exemplos.

 

Deus seja louvado

 

 

Fonte:  https://agrandecidade.com

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