Juízo
Investigativo, na verdade, é algo que se dá quando atendemos ao que
Paulo recomenda em ICo 11.28, nos momentos que precedem a celebração da
Ceia: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice”.
No Adventismo, porém, a doutrina do juízo investigativo é de muita
relevância, e é ensinada no capítulo 23 do livro “O Grande Conflito”, de
Ellen G. White. Na verdade, outro título que poderia ser-lhe dado seria
‘doutrina da redenção incompleta’.
Como é de amplo conhecimento, William Muller, fundador do Adventismo na América do Norte, profetizou a volta de Cristo para 22 de outubro de 1844. Como Cristo não voltou, Hiram Edson, um dos discípulos de Muller, afirmou que teve uma visão, segundo a qual Jesus, naquela data, passou do primeiro compartimento do santuário celestial para o segundo compartimento. Os estudiosos da Bíblia sabem que o santuário era o templo móvel dos israelitas, quando caminhavam do Egito para a terra prometida – Canaã. Esse santuário tinha duas partes distintas, chamadas lugar santo e lugar santíssimo. No lugar santo o sacerdote entrava diariamente. No lugar santíssimo só entrava o sumo sacerdote, um vez por ano, no dia da expiação.
Como Jesus não voltou na data marcada por Muller (22/10/1844), o adventismo ensina que nesse dia Ele entrou no lugar santíssimo, porque ao subir ao céu, após a ressurreição, ficou Ele no primeiro compartimento e só em 22 de outubro de 1844 passou para o segundo, a fim de levar a efeito a obra final da redenção humana. Ellen G. White faz essa declaração nas páginas 420 e 421 do livro O Grande Conflito, do qual extraímos algumas partes:
“Durante dezoito séculos este ministério continuou no primeiro compartimento do santuário. O sangue de Cristo, oferecido a favor dos crentes arrependidos, assegurava-lhes perdão e aceitação perante o Pai; contudo, ainda permaneciam seus pecados nos livros de registro. Como no serviço típico havia uma expiação ao fim do ano, semelhantemente, antes que se complete a obra de Cristo, para redenção do homem, há também uma expiação para tirar o pecado do santuário. Este é o serviço iniciado quando terminaram os 2.300 dias. Naquela ocasião, nosso sumo sacerdote entrou no lugar santíssimo, para efetuar a segunda parte da sua solene obra…
Mas, antes que isto se possa cumprir, deve haver um exame dos livros de registro, para determinar quem, pelo arrependimento dos pecados e fé em Cristo, tem direito aos benefícios da expiação. A purificação do santuário, portanto, envolve uma investigação – um julgamento. Destarte, os que seguiram a luz profética viram, que em vez de vir à Terra, ao terminarem em 1844 os 2.300 dias, entrou Ele então no lugar santíssimo do santuário celeste, a fim de levar a efeito a obra final da expiação” (O Grande Conflito, pág. 420/421).
Certamente, essa explicação sobre a redenção incompleta de Cristo, ou juízo investigativo, não tem nenhum apoio bíblico. Juízo investigativo, como dissemos, é feito por nós. A Bíblia declara que Cristo, desde que subiu ao céu depois de sua ressurreição, está agindo como intercessor: “Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.34) e em Hebreus 7.25 lemos: “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.
A Bíblia também aponta Jesus, na ocasião de sua vinda, quando estará na condição de Juiz Executivo em Mt 25.31-32, Mt. 25.46, IITs 1.7-9 e Ap 20.11-15. Assim, podemos afirmar que a doutrina adventista do juízo investigativo não é bíblica e deve ser rejeitada. Imagine se é razoável aceitar que Jesus precisa fazer um juízo investigativo daqueles que hão de herdar a salvação! Jesus conhece suas ovelhas, e consequentemente não precisa fazer uma investigação, para saber quem irá herdar a salvação, como nos asseguram os textos de Jo 2.24-25, Jo 6.39, Jo 17.9, Jo 17.15-17 e Jo 10.27-28: ”As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos”.
A origem dessa doutrina esdrúxula é a interpretação errônea de Daniel 8.14: “E ele me disse: até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado”. Com base nessa passagem, admitir que há uma predição de purificação do santuário por Cristo, e que tal purificação começou em 22 de outubro de 1844, significa ler algo que não está no texto.
No adventismo há, também, uma interpretação falsa do sistema sacrificial do Antigo Testamento. Pensemos bem: derramar sangue diariamente no lugar santo do santuário, isto é, no primeiro compartimento, em obediência a Nm 28.3-4, contamina o santuário; enquanto que derramar sangue no lugar santíssimo do santuário, uma vez por ano, no dia da expiação, purifica o santuário. Por que num caso o sangue contamina e no outro o sangue purifica? Não há lógica nesse raciocínio.
De acordo com a lei, o sangue derramado sobre o propiciatório, que estava no lugar santíssimo, serve para purificar o santuário. Por que o sangue derramado no altar de ofertas queimadas pode contaminar o santuário? “Porque a alma da carne está no sangue; pelo que vô-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas, porque é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17.11).
Se alguém perguntasse: “se o sangue derramado sobre o altar das ofertas queimadas purifica o santuário, por que então o sangue precisa ser derramado no dia da expiação, uma vez por ano, para purificar o santuário?” teríamos duas respostas. Primeiro, a expiação geral servia para cobrir aqueles pecados – do sacerdote e do povo- que não haviam sido previamente purificados. Segundo, a entrada no Santo dos santos foi uma predição do futuro trabalho de Cristo, como lemos em Hebreus 9.12: “nem por sangue de bodes e bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”.
Então temos que no Adventismo o sangue uma vez contamina e outra vez purifica. Tal entendimento é necessário para sustentar sua doutrina do Juízo Investigativo. De acordo com essa doutrina, a partir de 1844 Cristo só perdoa pecados e não os cancela. Tal ensino não tem nenhuma base bíblica, ao contrário, vemos que já no Antigo Testamento os pecados eram perdoados e cancelados, como se lê no Salmo 103.12: “Quanto está longe o ocidente do oriente, assim afasta de nós as nossas transgressões” e em Isaías 44.22: “Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi”.
Se os pecados já eram perdoados no Antigo Testamento, ainda mais se diz de Cristo: “E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo, perdoados te são os teus pecados” (Mt 9.2). Portanto, não existe diferença, absolutamente, entre pecados perdoados e pecados cancelados, muito embora seja isso importante para sustentação da doutrina adventista do Juízo Investigativo: “Todos os que verdadeiramente se tenham arrependido do pecado, e que pela fé hajam reclamado o sangue de Cristo como seu sacrifício expiatório, tiveram o perdão aposto ao seu nome nos livros do céu, tornando-se eles participantes da justiça de Cristo, e verificando-se estar o seu caráter em harmonia com a lei de Deus, seus pecados serão riscados e eles havidos por dignos da vida eterna” (O Grande Conflito, pág. 483).
À luz da Bíblia, devemos ter em mente que a Sra. Ellen G. White declara que os indivíduos precisam estar em harmonia com a lei Deus, antes que seus pecados possam ser cancelados, e então possam receber a vida eterna. Entretanto, a Bíblia diz o contrário: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4). Imagine só, se o descuido de confessar um pecado qualquer, acarreta perdição, ninguém se salvará. Davi se expressou em desespero: “Quem pode entender os próprios erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos” (Sl. 19.12). Pensando assim, o adventismo exclui a salvação pela graça, e Paulo é taxativo ao afirmar que tal conceito, de salvação por obras, é totalmente impossível: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo. Nós também temos crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada” (Gl 2.16).
Fonte: CACP
Como é de amplo conhecimento, William Muller, fundador do Adventismo na América do Norte, profetizou a volta de Cristo para 22 de outubro de 1844. Como Cristo não voltou, Hiram Edson, um dos discípulos de Muller, afirmou que teve uma visão, segundo a qual Jesus, naquela data, passou do primeiro compartimento do santuário celestial para o segundo compartimento. Os estudiosos da Bíblia sabem que o santuário era o templo móvel dos israelitas, quando caminhavam do Egito para a terra prometida – Canaã. Esse santuário tinha duas partes distintas, chamadas lugar santo e lugar santíssimo. No lugar santo o sacerdote entrava diariamente. No lugar santíssimo só entrava o sumo sacerdote, um vez por ano, no dia da expiação.
Como Jesus não voltou na data marcada por Muller (22/10/1844), o adventismo ensina que nesse dia Ele entrou no lugar santíssimo, porque ao subir ao céu, após a ressurreição, ficou Ele no primeiro compartimento e só em 22 de outubro de 1844 passou para o segundo, a fim de levar a efeito a obra final da redenção humana. Ellen G. White faz essa declaração nas páginas 420 e 421 do livro O Grande Conflito, do qual extraímos algumas partes:
“Durante dezoito séculos este ministério continuou no primeiro compartimento do santuário. O sangue de Cristo, oferecido a favor dos crentes arrependidos, assegurava-lhes perdão e aceitação perante o Pai; contudo, ainda permaneciam seus pecados nos livros de registro. Como no serviço típico havia uma expiação ao fim do ano, semelhantemente, antes que se complete a obra de Cristo, para redenção do homem, há também uma expiação para tirar o pecado do santuário. Este é o serviço iniciado quando terminaram os 2.300 dias. Naquela ocasião, nosso sumo sacerdote entrou no lugar santíssimo, para efetuar a segunda parte da sua solene obra…
Mas, antes que isto se possa cumprir, deve haver um exame dos livros de registro, para determinar quem, pelo arrependimento dos pecados e fé em Cristo, tem direito aos benefícios da expiação. A purificação do santuário, portanto, envolve uma investigação – um julgamento. Destarte, os que seguiram a luz profética viram, que em vez de vir à Terra, ao terminarem em 1844 os 2.300 dias, entrou Ele então no lugar santíssimo do santuário celeste, a fim de levar a efeito a obra final da expiação” (O Grande Conflito, pág. 420/421).
Certamente, essa explicação sobre a redenção incompleta de Cristo, ou juízo investigativo, não tem nenhum apoio bíblico. Juízo investigativo, como dissemos, é feito por nós. A Bíblia declara que Cristo, desde que subiu ao céu depois de sua ressurreição, está agindo como intercessor: “Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.34) e em Hebreus 7.25 lemos: “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.
A Bíblia também aponta Jesus, na ocasião de sua vinda, quando estará na condição de Juiz Executivo em Mt 25.31-32, Mt. 25.46, IITs 1.7-9 e Ap 20.11-15. Assim, podemos afirmar que a doutrina adventista do juízo investigativo não é bíblica e deve ser rejeitada. Imagine se é razoável aceitar que Jesus precisa fazer um juízo investigativo daqueles que hão de herdar a salvação! Jesus conhece suas ovelhas, e consequentemente não precisa fazer uma investigação, para saber quem irá herdar a salvação, como nos asseguram os textos de Jo 2.24-25, Jo 6.39, Jo 17.9, Jo 17.15-17 e Jo 10.27-28: ”As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos”.
A origem dessa doutrina esdrúxula é a interpretação errônea de Daniel 8.14: “E ele me disse: até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado”. Com base nessa passagem, admitir que há uma predição de purificação do santuário por Cristo, e que tal purificação começou em 22 de outubro de 1844, significa ler algo que não está no texto.
No adventismo há, também, uma interpretação falsa do sistema sacrificial do Antigo Testamento. Pensemos bem: derramar sangue diariamente no lugar santo do santuário, isto é, no primeiro compartimento, em obediência a Nm 28.3-4, contamina o santuário; enquanto que derramar sangue no lugar santíssimo do santuário, uma vez por ano, no dia da expiação, purifica o santuário. Por que num caso o sangue contamina e no outro o sangue purifica? Não há lógica nesse raciocínio.
De acordo com a lei, o sangue derramado sobre o propiciatório, que estava no lugar santíssimo, serve para purificar o santuário. Por que o sangue derramado no altar de ofertas queimadas pode contaminar o santuário? “Porque a alma da carne está no sangue; pelo que vô-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas, porque é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17.11).
Se alguém perguntasse: “se o sangue derramado sobre o altar das ofertas queimadas purifica o santuário, por que então o sangue precisa ser derramado no dia da expiação, uma vez por ano, para purificar o santuário?” teríamos duas respostas. Primeiro, a expiação geral servia para cobrir aqueles pecados – do sacerdote e do povo- que não haviam sido previamente purificados. Segundo, a entrada no Santo dos santos foi uma predição do futuro trabalho de Cristo, como lemos em Hebreus 9.12: “nem por sangue de bodes e bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”.
Então temos que no Adventismo o sangue uma vez contamina e outra vez purifica. Tal entendimento é necessário para sustentar sua doutrina do Juízo Investigativo. De acordo com essa doutrina, a partir de 1844 Cristo só perdoa pecados e não os cancela. Tal ensino não tem nenhuma base bíblica, ao contrário, vemos que já no Antigo Testamento os pecados eram perdoados e cancelados, como se lê no Salmo 103.12: “Quanto está longe o ocidente do oriente, assim afasta de nós as nossas transgressões” e em Isaías 44.22: “Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi”.
Se os pecados já eram perdoados no Antigo Testamento, ainda mais se diz de Cristo: “E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo, perdoados te são os teus pecados” (Mt 9.2). Portanto, não existe diferença, absolutamente, entre pecados perdoados e pecados cancelados, muito embora seja isso importante para sustentação da doutrina adventista do Juízo Investigativo: “Todos os que verdadeiramente se tenham arrependido do pecado, e que pela fé hajam reclamado o sangue de Cristo como seu sacrifício expiatório, tiveram o perdão aposto ao seu nome nos livros do céu, tornando-se eles participantes da justiça de Cristo, e verificando-se estar o seu caráter em harmonia com a lei de Deus, seus pecados serão riscados e eles havidos por dignos da vida eterna” (O Grande Conflito, pág. 483).
À luz da Bíblia, devemos ter em mente que a Sra. Ellen G. White declara que os indivíduos precisam estar em harmonia com a lei Deus, antes que seus pecados possam ser cancelados, e então possam receber a vida eterna. Entretanto, a Bíblia diz o contrário: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4). Imagine só, se o descuido de confessar um pecado qualquer, acarreta perdição, ninguém se salvará. Davi se expressou em desespero: “Quem pode entender os próprios erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos” (Sl. 19.12). Pensando assim, o adventismo exclui a salvação pela graça, e Paulo é taxativo ao afirmar que tal conceito, de salvação por obras, é totalmente impossível: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo. Nós também temos crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada” (Gl 2.16).
Fonte: CACP
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