Por: Gerson Gonçalves
01/12/2004
O nascimento do Messias foi anunciado no Antigo Testamento com grande antecedência. Os profetas Miquéias e Isaías, por volta de setecentos e cinqüenta anos antes do evento, indicaram o local e quem conceberia o menino: E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Miquéias 5:2. Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. Isaías 7:14. As profecias se confirmaram cabalmente, conforme Mateus 1 e Lucas 1 e 2.
No texto lido - que é um grande pronunciamento messiânico - verificamos que o profeta disse: Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu. A sentença é dupla, mas não é um pleonasmo ou tautologia, isto é, o significado não é o mesmo. Se lermos com cuidado, verificaremos que há uma distinção entre um menino nos nasceu e um filho se nos deu. Nos ensina Charles Spurgeon (1834-1892): Jesus Cristo, em sua natureza humana nasceu como toda criança nasce. Mas Jesus Cristo o Filho de Deus, não nasceu, foi enviado ou dado, conforme a Escritura: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16. O unigênito Filho é da mesma essência do Pai.
O presente de Deus foi dado aos homens e não aos anjos: um filho se nos deu. Esta doação foi para o nosso bem, obra da graça de Deus.
O texto diz ainda que o governo está sobre os seus ombros. Aqui temos a figura de um governo terreno, o reino de Israel. Apontava, porém, para um reino eterno, cujo reinado se dá no coração dos remidos e da Igreja Invisível. A alusão aos ombros é porque os governantes usavam vestes pesadas, e as chaves do reino eram colocadas sobre os ombros: Vesti-lo-ei da tua túnica, cingi-lo-ei com a tua faixa e lhe entregarei nas mãos o teu poder, e ele será como pai para os moradores de Jerusalém e para a casa de Judá. Porei sobre o seu ombro a chave da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém fechará, fechará; e ninguém abrirá. Isaías 22:21-22. Esta era a pesada chave do palácio, presa a um laço pendurado no ombro, representando o poder de fechar e abrir, promover ou fazer cessar uma atividade, pois a chave abria a porta principal. Jesus usa esta figura ao dizer a Pedro: Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus. Mateus 16:19. Este texto é confirmado no Apocalipse: Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá. Apocalipse 3:7.
Isaías, o profeta, menciona no texto o quádruplo nome e os atributos do Messias, que nasceria para reinar para sempre: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz. Na cultura oriental, os nomes eram como um sinal ou senha, serviam de identificação de uma pessoa ou coisa. Assim, o nome era um sinal de linguagem que trazia em si mesmo o sentido específico da pessoa ou coisa nomeada, ou seja, o nome servia de comentário breve sobre o indivíduo, na esperança de que ele viveria à altura das expectações envolvidas no seu nome, nos ensina Champlin. A Bíblia faz referência a mais de cem nomes e títulos para Jesus. O apóstolo Paulo diz que não existe nome igual: Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra. Filipenses 2:9-10.
Os quatro nomes reais expressam Suas qualidades divinas e humanas, dando a certeza de que Ele é realmente o Emanuel, que quer dizer: Deus conosco. Vejamos, segundo as Escrituras, o que significam:
Maravilhoso Conselheiro: O adjetivo maravilhoso, quer também dizer extraordinário; difícil de ser compreendido, segundo Strong. Esse Conselheiro tinha que ser alguém muito especial para desfazer a obra de Satanás - o conselheiro de Eva. Um conselheiro precisa ser sábio para exercer o seu oficio. A Palavra diz que Ele é a própria sabedoria de Deus: Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção. 1 Coríntios 1:30. A sabedoria Lhe dava autoridade, razão porque as multidões se maravilhavam com os Seus ensinos: Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Mateus 7:28-29. Ele é Maravilhoso, desde o Seu nascimento, ministério, morte, ressurreição e ascensão. A Bíblia fala que o homem feliz é aquele que medita nos sábios conselhos do Senhor. O salmista dá este testemunho: Bendigo o SENHOR, que me aconselha; pois até durante a noite o meu coração me ensina. Salmo 16:7.
Deus Forte: Aqui está a razão da grande decepção do povo de Israel quando da chegada de Jesus. Esperavam o Messias como um rei vitorioso, montado em corcel (cavalo usado em batalhas), com a espada de Davi, desbancando o exército romano. Entretanto Ele veio como ovelha e não como leão. Em tudo Ele não encarnou o guerreiro esperado. Sua força estava na fraqueza. Para tirar o povo do Egito, Deus mediu forças com o faraó, e venceu maravilhosamente. Para libertar o homem do pecado, razão da vinda do Messias, Jesus morreu na cruz. Onde está então o Deus Forte? A Bíblia diz que Ele venceu a morte: Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. 1 Coríntios 15:55-57. Qual rei terreno, por mais exército que tenha, um dia não sucumbe diante da morte? Jesus, ao ressuscitar, vencia o pior inimigo do homem. Ele é Deus Forte para guardar nosso tesouro: porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia. 2 Timóteo 1:12. Paulo entregou nas mãos de Cristo sua vida e alma, e tinha confiança que Cristo era o fiel depositário até o julgamento final, confirmando as palavras de Jesus: Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. João 10:28-29.
Pai da Eternidade: Dentre os muitos nomes pelos quais Deus era chamado no Velho Testamento, encontramos o de Deus Eterno: Plantou Abraão tamargueiras em Berseba e invocou ali o nome do SENHOR, Deus Eterno. Gênesis 21:33. E o salmista assim se expressou: Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. Salmo 90:2. O Messias é também chamado de Pai da Eternidade, porque é da mesma natureza do Pai. Temos aqui a garantia do Seu cuidado e o relacionamento incessante, terno e amoroso, com as ovelhas do rebanho: E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. Mateus 28:20. Nenhum dia será exceção. Ele está conosco até a consumação desta era. Hoje Ele está conosco, amanhã estaremos com Ele.
Príncipe da Paz: Ele é chamado de Príncipe da Paz porque é o autor da paz. Mas não é a paz conceituada como ausência de guerra, quietude; bem estar ou ter "a consciência em paz", por não se sentir culpado. A paz que Jesus veio trazer foi nossa reconciliação com Deus pois, pelo pecado de Adão, toda a raça humana se tornou inimiga e separada de Deus: Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça. Isaías 59:2. O Messias veio nos reconciliar com o Pai: A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. 2 Coríntios 5:19. Esta reconciliação que nos traz a paz, custou o sacrifício de Jesus: Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Isaías 53:5. Charles Spurgeon conta que um pobre pedreiro caiu do andaime e estava moribundo. Quando chamaram o ministro, este lhe disse: Meu amigo, acho que você está às portas da morte. É melhor que trate de fazer as pazes com Deus. O enfermo respondeu: Minha paz com Deus, senhor, foi feita há dezenove séculos, na cruz do Calvário. Tenho certeza disso. Cristo sendo realmente a vida do cristão, o levará a reconciliar-se com seus irmãos, viver em harmonia e ser um pacificador: se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. Romanos 12:18 e Mateus 5:9.
O natal de Jesus Cristo, nos dias atuais, perdeu o significado original. Mesmo assim, busca-se criar um clima de compreensão e solidariedade. Não devemos perder de vista que o Natal foi um presente de Deus para a humanidade: um filho se nos deu. Receber presentes é sempre agradável, mas receber a Jesus Cristo nos corações é muito melhor. Amém.
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