A “ortodoxia religiosa imediatista” tem
aprisionado Deus em uma instituição. Na tentativa de vivenciá-Lo,
continua a se adotar uma série de ritos, tradições e sacrifícios.
Esquece-se que não podemos limitá-Lo, pois Ele através de sua palavra se
tornou nômade, exorbitando o espaço exíguo e petrificado dos conceitos
idólatras. Os horizontes curtos dessa visão ritualística e comercial não
permitem entender o sentido de um Deus feito homem.
O
cristianismo de fachada, à maneira de um judaísmo disfarçado, tem
enveredado por caminhos nunca dantes navegados. As subdivisões
institucionais religiosas ditas cristãs são tantas, no intuito de
abarcar o “sagrado”, que as pobres almas com sede de justiça, se sentem
desorientadas, sem saber onde encontrar guarida, ouvindo de todos os
lados mensagens as mais estapafúrdias e inimagináveis, pelo rádio,
jornais, televisão e carros de propaganda, que mais parecem a gritaria
louca dos camelôs a oferecerem os seus produtos em meio ao tumulto das
feiras.
Algumas almas aceitam as “verdades” apelativas, dirigidas
a elas através de ameaças apocalípticas. Outras, à procura de alívio
para as suas doenças, adquirem até sabonetes fabricados com gorduras
derretidas de ovelhas de Israel, que lhes são oferecidas publicamente
pelos supostos guardiões de Deus. Areias do deserto da “terra santa” são
comercializadas, a fim de serem espalhadas pelos cômodos das casas,
para afastar maus fluidos. Frascos com águas do rio Jordão, para pingar
entre as pálpebras, a fim de tirar a concupiscência dos olhos, entre
outras cavilações, que em respeito aos de boa índole, deixamos de
mencionar. Executam enfim uma paródia ordinária; abusando dos elementos
fascinantes do judaísmo arcaico. É em meio a esta banalização do
“sagrado”, que nos vem à lembrança, um Cristo indignado a expulsar os
vendilhões do templo.
Em analogia ao que ocorria no antigo
templo, comercializam réplicas de símbolos judaicos, com supostos
poderes de afastar espíritos imundos, à semelhança dos amuletos usados
no mundo pagão, enganando multidões de incautos.
Este horrendo
espetáculo teatral vem transformando o que resta do cristianismo
primitivo, em uma mera comédia, que a cada representação, comprova a
irreconciliabilidade da mensagem dos evangelhos com os “pressupostos
simbólicos” do Judaísmo ortodoxo.
Encerro este breve ensaio com as palavras iniciais de Paulo, em I Timóteo 6.11: “Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas...”.
Por Levi B. Santos
Fonte: https://bereianos.blogspot.com
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