O maior perigo que a igreja corre hoje não é a perseguição, e
sim a perversão. Se Satanás não pode derrotar a igreja, tenta ingressar-se
nela. A proposta de Satanás não é substituição, mas mistura. Não é apostasia
aberta, mas ecumenismo. A ameaça mortal vem de dentro, das chamadas heresias
domésticas.
Durante muito tempo lutamos contra as Testemunhas de Jeová,
contra os Mórmons, contra os Adventistas, mas hoje estamos nos deixando seduzir
pelo evangelho da prosperidade, pelo pensamento positivo, pelo determinismo.
Doutrinas orientais têm invadido as nossas igrejas de forma caudalosa;
psicologia ao invés do Evangelho transformador está tomando os púlpitos de
nossas igrejas. Líderes que estão na mídia distorcendo as Escrituras com uma
teologia louca, levando os incautos a se decepcionarem com Deus, pois eles, em
nome de Deus, fazem promessas que distorcem o puro Evangelho.
Algum tempo atrás havia um determinado pastor pregando na
televisão dizendo que qualquer líder ou igreja que prega que o crente tem que
ficar rico é um enganador. Ele disse assim: “não
pense que todo mundo vai ficar rico não, isso é balela, é cascata; qualquer
pastor que promete riqueza a todo mundo é um cara de pau safado, um pilantra,
ludibriador de fé. Digo aqui rasgado mesmo porque não tem conversa. Quem te
falou que todo mundo vai ficar bem financeiramente? Quem te falou que todo
mundo vai ficar rico? Onde está isso na Bíblia?”
Meses depois, este mesmo pastor estava na televisão dizendo
tudo ao contrário do que havia dito antes (parece até música do Raul Seixas).
Ele disse meses depois assim: “você só
vai experimentar estas coisas o dia em que você aprender a ser liberal, se não
você só vai ouvir e nunca experimentar em sua vida. Agora, Deus tem falado ao
meu coração e vou dizer pra vocês, e quero ser profeta de Deus para que algum
irmão que está me vendo pela TV e que estão aqui; Deus tem falado ao meu
coração, Deus nesta reta final da igreja, Ele quer dar riquezas para crente,
mas não quer dar riqueza para miserável... Deus quer dar riquezas para crentes
liberais que vão investir na obra de Deus...”. Depois esse pastor pega uma
Bíblia de estudos que ensina como alcançar vitória financeira. Quanta
contradição!
Essa é mais uma ruína em nossos púlpitos que já andam tão esfacelados,
tão cheios de “cupins espirituais” destruindo a sua base. Com isso em mente, vamos
enumerar mais alguns fatos que têm levado muitos púlpitos à ruína hoje:
Primeiro, há pastores gananciosos atrás do púlpito. Há pastores
mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Há pastores
que negociam o ministério, mercadejam a palavra e transformam a igreja em um negócio
lucrativo. Há pastores que organizam igrejas como empresa particular, onde
prevalece o nepotismo. Transformam o púlpito em balcão, o evangelho e os
crentes em consumidores [1].
O Evangelho sofre atualmente grande desgaste no seio da
sociedade por causa dos “mercenários”, homens que fazem do ministério fonte de
enriquecimento, verdadeiro comércio.
A avareza pode levar o servo de Deus a destruir seu
ministério, pois se transforma num sentimento maligno, capaz de apagar os mais
nobres anseios do espírito (Pv 15.27; Ec 5.10; Jr 17.11; 1Tm 6.10; Tg 5.3).
Eis, o que a avareza pode fazer:
- Acã apanhou o que era
ilícito, mesmo sabendo que se tornaria maldito (Js 7.21).
- Balaão foi capaz de dar perverso conselho para ter os
prêmios de Balaque (Nm 31.15,16, 22.5, 23.8; 2Pe 2.15; Jd 11; Ap 2.14).
Judas Iscariotes traiu o Mestre por causa de trinta moedas de
prata (Mt 26.14-16).
O pastor, portanto, deve ter cuidado para não se deixar
dominar pelo sentimento da avareza. Em busca de bom salário, pode sair do plano
de Deus, e seu ministério naufragar (Nm
16.15; 1Sm 12.4; At 20.33) [2].
Charles Haddon Spurgeon disse:
“Será que um homem que
ama mais o seu Senhor estaria disposto a ver Jesus vestindo uma coroa de
espinhos, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros? Haveria Jesus de
ascender ao trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para
lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos? Não seja tão fútil em sua
imaginação. Avalie o preço; e, se você não estiver disposto a carregar a cruz
de Cristo, volte à sua fazenda ou a seu negócio e tire deles o máximo que
puder, mas permita-me sussurrar em seus ouvidos: “Que aproveita ao homem ganhar
o mundo inteiro e perder a sua alma?”Citado por John MacArthur [3].
Segundo, há muitos pastores mundanos atrás do púlpito. A igreja
contemporânea está passando por uma revolução sem precedentes, desde a Reforma
Protestante, em seus estilos de adoração. O ministério das igrejas casou-se com
a filosofia de marketing, e o “filhote monstruoso” dessa união é um diligente
esforço para mudar a maneira como o mundo enxerga a igreja. O ministério da
igreja está sendo completamente renovado, na tentativa de torná-lo mais atraente
aos incrédulos.
Os especialistas nos dizem que pastores e líderes de igrejas
que desejam ser mais bem-sucedidas precisam concentrar suas energias nesta nova
direção. Forneça aos não-cristãos um ambiente inofensivo e agradável. Conceda-lhes
liberdade, tolerância e anonimato. Seja sempre positivo e benevolente. Se for
necessário pregar um sermão, torne-o breve e recreativo. Não pregue longa e
enfaticamente. E, acima de tudo, que todos sejam entretidos. As igrejas que
seguirem estas regras experimentarão crescimento numérico, eles nos afirmam; e
as que as ignorarem estarão fadadas à estagnação [4].
Este tem sido, há muito tempo, os “cultos” que temos visto por
aí. Mas quem se enquadra dentro desse sistema são pastores mundanos que
deixaram o caminho da piedade para seguir o caminho do sucesso. Líderes que
querem movimento e não vidas transformadas pelo poder do Evangelho. Pastores que
utilizam do pragmatismo para ver resultados “positivos” na igreja.
Recentemente um carro de som estava passando pelos bairros da
cidade que moro convidando os jovens para um baile funk, só que este baile era
em uma igreja evangélica.
Terceiro, há muitos pastores mal intencionados atrás do púlpito.
Há muitos pastores que distorcem a Palavra para que ela tenha o resultado
esperado nos ouvidos dos ouvintes. Como disse A. W. Tozer: “Qualquer um
consegue provar qualquer coisa juntando textos isolados” [5]. E o que mais
temos visto são textos fora de contexto sempre com um mau pretexto. Pastores que
botam na boca de Deus o que Deus não disse e tiram da boca de Deus o que ele
disse. Como certo “apóstolo” que disse num culto: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, mas o pior que ele disse que esta palavra está na Bíblia. Sinceramente
eu não sabia que Antoine de Saint-Exupéry constava como profeta ou era um dos
apóstolos de Cristo.
A igreja de hoje tornou-se indolente, mundana e acomodada. Os líderes
da igreja estão obcecados com o estilo e metodologia; perderam o interesse pela
glória de Deus e tornaram-se grosseiramente apáticos quanto à verdade e a sã
doutrina.
Quando Deus promulgou o Segundo Mandamento, que proibia a
idolatria, Ele acrescentou a seguinte advertência: “Eu Sou o SENHOR, teu Deus,
Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira geração
daqueles que me aborrecem” (Êx 20.5). Outras passagens das Escrituras deixam
claro que os filhos nunca são castigados diretamente pela culpa dos pecados de seus pais (Dt 24.16; Ez 18.19-32). Todavia, as
consequências naturais daqueles pecados passam realmente de geração à geração. Os
filhos aprendem com o exemplo dos pais e imitam o que veem. Os ensinos de
determinada geração estabelecem um legado espiritual herdado pelas gerações
seguintes. Se os “pais” de hoje abandonarem a verdade, a restauração demandará
várias gerações. Os líderes da igreja são os principais responsáveis por
estabelecerem o exemplo [6].
Pelo andar da carruagem, creio que a próxima geração, se Deus não
intervir, estará perdida dentro das igrejas. Pois o que mais vemos são pastores
mal intencionados distorcendo as Escrituras e, por sua vez, crentes que são
verdadeiros analfabetos biblicamente falando. Gente que estão longe de seguir o
exemplo dos irmãos de Bereia que consultavam as Escrituras diariamente para
conferir o ensino de Paulo (At 17.11).
CONCLUSÃO
Que triste realidade a igreja tem enfrentado, mas cabe a cada
um de nós, que queremos ver o Reino de Deus estabelecido, lutar com todas as
forças para não sucumbirmos diante dessas demandas mundanas.
A luta não tem sido nada fácil, pois o mundo “gospel” tem
lutado pera arrebanhar o maior número possível de pessoas e, infelizmente, tem conseguido.
Com isso temos visto crentes fracos, mundanos, arrogantes, gente que pensa que
são príncipes e princesas de Cristo, e com isso, acham que são melhores do que
as outras. Não temos visto crentes a imagem e semelhança de Cristo, mas de seus
líderes gananciosos, mundanos e mal intencionados. Gente que reflete a imagem
de seus líderes carnais e satânicos.
Eu realmente não sei se vamos vencer está batalha, mas uma
coisa eu peço a Deus, que Ele me ajude a continuar pregando a verdade ainda que
esta seja pregada a poucos.
Que o Senhor nos ajude.
Pense nisso!
Por Pr. Silas Figueira
Fonte:
1 – Lopes, Hernandes Dias. De: Pastor A: Pastor. Editora
Hagnos, São Paulo, SP, 2008: p. 17.
2 – Mendes, José Deneval. Teologia Pastoral. Editora CPAD, Rio
de Janeiro, RJ, 12ª Edição 2003: p. 39.
3 – MacArthur, John. Com Vergonha do Evangelho. Editora Fiel,
São José dos Campos, SP, 2014: p. 17.
4 – Ibid, p. 45.
5 – Tozer, A. W. A Vida Crucificada. Editora Vida, São Paulo,
SP, 2013: p. 20.
6 – MacArthur, John. Guerra pela verdade. Editora Fiel, São José dos Campos, SP, 2014: p. 18.
Fonte: http://ministeriobbereia.blogspot.com
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