domingo, 5 de março de 2023

As TJs e o Conhecimento Que Dá A Vida Eterna

Na noite de sua agonia, e poucas horas antes de sua paixão, o Senhor Jesus, no capítulo 17 do evangelho de João, proferiu o que tem sido comumente chamado, há quase cinco séculos pelos cristãos, “de Oração Sacerdotal do Senhor”, pois nela o Senhor ora por: Sua própria glorificação, proteção, santificação, unidade, e glorificação definitiva dos crentes.

 

Ao perscrutar esse belíssimo capítulo de João 17, Filipe Melanchton (1497-1560), alemão, teólogo da reforma, amigo de Lutero, conseguiu expressar o ponto de vista que os servos de Deus, em todos estes séculos de cristianismo, possuem a respeito dessa passagem bíblica: “nenhuma voz já se ouviu na terra, ou no céu, com maior arrebatamento, nem mais santa, mais frutífera, mais sublime, do que a do próprio Filho de Deus nesta oração”.

 

O texto de João 17 apresenta ain­da argumentos incontestáveis acerca da deidade de Cristo. Por esse moti­vo, vários grupos religiosos heréticos do passado (como os Socinianos) e do presente, como as Testemunhas de Jeová (sucessoras dos Socinianos) esforçam-se arduamente para perver­tê-lo. É bem provável que você te­nha ouvido inúmeras vezes as TJs ci­tarem João 17: 3 em conexão com o oferecimento cie um “um estudo grá­tis da Bíblia”. Por essa razão, é im­portante que conheçamos os princi­pais erros que elas cometem acerca desse texto. Isso nos auxiliará a com­preender o conceito de salvação ado­tado pelas TJs.

 

Alterando o Texto

 

Excetuando-se a Tradução do Novo Mundo (das TJs) o versículo 3 de João 17, na maioria da traduções e versões da Bíblia, tem o seguinte conteúdo”… que te conheçam, o único Deus verdadeiro ..” (NVI – Sociedade Bíbli­ca internacional).

 

Já a TNM adota a seguinte tradução “… que absorvam conhecimen­to de ti, o único Deus verdadeiro… “(TNM – Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tra­tados). Por que essa tradução es­drúxula do verbo grego – ginosco (conhecer) por absorver conhecimento? Em um artigo de A sentinela, 01/03/1992, p. 23 – O Que Significa ‘Absorver Conhecimento de Deus e de Je­sus?’, as TJs tentam sustentar esta inserção (como usualmente cos­tumam fazer com outros versí­culos que depõem contra suas doutrinas), citando fora do con­texto vários eruditos bíblicos, com o intuito de dar um toque de erudição a sua forma racionalista e incorreta de ver o versículo. Um dos citados é o dicionarista W. E. Vine em a Exposi­tory, Dictionary of New Testament Words, VII p 297 a 299, onde “GlNOSKO significa estar assimilando conhecimento, chegar a conhecer, entender completamente ” Assim, as TJs estão limitando a definição e uso do vocábulo, que é analisado por W. E. Vine nas páginas seguintes, forçan­do a noção de que o conhecimento mencionado no versículo é meramente doutrinário; entretanto, o dicionarista XV E. Vine, na página 298 da obra mencionada continua: ‘No N T. Ginosco frequentemente indica uma relação entre a pessoa que está conhecendo e o objeto conhecido…” Vine prosse­gue: “Tal conhecimento é obtido não por mera atividade intelectual, mas pela operação do Espírito Santo re­sultante da aceitação de Cristo.”

 

O conhecimento a que João em seu evangelho se reporta é, portanto, espi­ritual; é travar um relacionamento ín­timo e pessoal com Deus, compreen­dendo amor, apreço e comunhão (I Jo 4:7,8). Naturalmente, esse texto implica ter algum conhecimento dou­trinário. mas a ênfase que encontra­mos é decididamente diferente das suposições nacionalistas apresentadas pelas TJs.

 

Outro ponto fundamental que en­contramos nesse versículo é que tal conhecimento é revelado e personifi­cado em Jesus Cristo. Ele mesmo é Deus manifestado na carne (Jo 1:1-14; 14:6-9: 20.20; I Jo 2:23). Conhecimen­to do Revelador é o mesmo que o co­nhecimento do Deus que é revelado. Formidável é a reflexão que Robert Bowman, em seu livro (“Por que Devo Crer na Trindade”, p. 127. 128. Edito­ra Candeia, 1996) faz de João 17:3. Ele diz: “Isso seria estranho se Jesus fosse simplesmente o mais sublime entre todos os seres criados, mas apropria­do se, conforme já comprovamos. Je­sus é Deus… Se o Filho fosse uma criatura, deveria ser possível conhe­cer a Deus à parte daquela criatura. Mas ninguém o pode, porque Jesus é Deus.’ É impossível conceber como o mensageiro podia ser um Revelador adequado de uma pessoa, de cuja natureza não participa.

 

Semelhança com os Gnósticos

 

Em sua ênfase sobre o conhecimen­to doutrinário, como a chave para a vida eterna, em detrimento de um re­lacionamento com Deus (Jo 5: 39,40), as TJs se assemelham ao gnosticismo. A seita gnóstica surgiu nos primórdios do cristianismo. Em sua forma ori­ginal, estava arraigada no judaísmo, mas por fim o movimento tornou-se sincretista, mesclando elementos judai­cos, doutrinas cristãs e ideias pagãs. Seus adeptos arrogavam possuir um conhecimento mais profundo das coisas divinas do que o que se poderia obter entre os cren­tes comuns. A ideia de uma sim­ples mensagem como a “morte, sepultamento e ressurreição de Cristo” (I Co 15:1-4) era ofensi­va para os gnósticos. Eles senti­am que uma verdadeira religião deveria oferecer algo mais para o intelecto. A simplicidade da mensagem evangélica “Jesus salva” era escândalo para os judeus e loucura para os gregos (I Co 1: 18-25).

 

Em 1979, durante a reunião matinal, na sede mundial das TJs. no Brooklyn – NY, um de seus principais líderes, Fredcrick W Franz (1893-1992) disse a seguinte frase sobre a mensa­gem do evangelho encontrado em 1 Co 15.3.4 – Alimento para crian­ças, não é a mensagem para os dias de hoje Trágica e infeliz declaração!

 

As TJs passam longas horas na busca do “conhecimento exato”, len­do e relendo as palavras de seus lí­deres, “sempre aprendendo, mas nunca são capazes de chegar ao conhecimento da verdade” (II Tm 3: 7). Sua maneira de conhecer a Deus é superficial e insípida. Não é a ma­neira filial em que a Graça Salvado­ra de Nosso Pai Celeste se manifesta em Cristo Jesus para conosco em afeição pessoal, ação redentora.

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WAGNER S. CUNHA, REVISTA DEFESA DA FÉ – ANO 2 – Nº 12

Fonte: CACP

Imagem: Google

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