domingo, 20 de março de 2022

8º MANDAMENTO: O MANDAMENTO QUE NOS OBRIGA A UMA VIDA DE HONESTIDADE


TEXTO BÁSICO: LUCAS 19:1-10

INTRODUÇÃO:
Conta-se que um sapateiro, ao se converter,  teria perguntado Lutero: “o que devo fazer agora”? Lutero teria respondido: “Faça o melhor sapato que puder e venda-o por um preço justo”.

Lutero estava ensinando àquele sapateiro que ele agora tinha “um nome a zelar”: o do Senhor Jesus Cristo. portanto, não podia ser apanhado em uma situação de desonestidade ou de tirar vantagem em cima das pessoas, para benefício próprio.

O próprio Lutero, que estava ensinando esse preceito bíblico da honestidade, tinha esse modelo de vida muito bem claro em sua  mente, em seu coração. Essa também era uma preocupação e uma realidade na vida de Calvino. Veja o que um ateu falou deles, do trabalho e da influência deles:

“O efeito da Reforma foi o de aumentar em si mesmo, se comparado à atitude católica, e aumentar de forma poderosamente a ênfase moral e a sanção religiosa em relação ao trabalho secular organizado no âmbito da vocação” (WEBER, 2002. p.128). 

“O Deus de Calvino exigia de seus crentes não boas ações isoladas, mas uma vida de boas ações combinadas em um sistema unificado” (WEBER, 2002. p.91).

Vida reta, honestidade. Não fraudar, não roubar, não querer tirar vantagem das outras pessoas em benefício próprio. Esse  preceitos eram perseguidos por Lutero, Calvino, pelos puritanos e tantos outros servos de Deus.

“Coube aos puritanos, que se consideravam eleitos, viver a santificação da vida cotidiana. Pois o caráter sectário – a consciência de ser minoria e a motivação de ser eleito de Deus – fazia de cada membro dessas comunidades não mero adepto do rebanho mas, mas um vocacionado que se dedicava simultaneamente ao aprimoramento ético, intelectual e profissional” (WEBER, 2002. p.21).

Mas esse é um tema que tem sido esquecido pelos crentes hoje em dia. Há quem diga “que não faz negócio com crente”. A bancada evangélica é uma vergonha. Os caras desviam dinheiro, roubam e ainda oram ao senhor agradecendo pelo dinheiro sujo, como foi noticiado há uns dois anos atrás.

Aí você diz “é um absurdo mesmo”.

E as filas que fura? E a balança enganosa? E os desvios de conduta? E as declarações falsas e ou mentirosas que você pede pra alguém fazer para beneficiá-lo, de alguma forma? E a compra do ingresso do cinema usando a carteira de estudante de outra pessoa, para pagar mais barato? E o suborno que, crente, dá ao policial igualmente corrupto para livrar-se de uma multa? E os macacos que você, crente, tem em sua energia, para pagar menos? E o jacaré, na água?


ELUCIDAÇÃO:

O texto que lemos, também trata desse mesmo assunto; acerca da honestidade que os servos de Deus precisam nutrir em suas vidas, a fim de glorificarem ao nome do Senhor.

Em sua passagem por Jericó Jesus viu um homem em cima de uma árvore e resolveu que iria ficar hospedado em sua casa (v.5)
Essa simples atitude de Jesus gerou certa insatisfação entre os que presenciaram o fato. O texto de diz que “todos murmuraram” (v.7).

Esse homem era Zaqueu. Um dos personagens bíblicos mais conhecidos, por conta daquela música que nunca mais sairá da nossa cabeça. Ele era um Publicano. Mas não um simples Publicano; ele era o “maioral dos Publicanos”, isto é, ele era o “chefe dos agentes de cobrança locais”.  

Isso explica o motivo da “murmuração de todos”

Só pra entendermos bem essa questão:

a) Os Publicanos eram judeus a serviço do império Romano. Em vários textos da Bíblia essas pessoas eram comparadas aos piores tipos de gente: “Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?” (Mateus 5.46). Observe como os publicanos são vistos com negatividade.

b) As pessoas viam os publicanos  uma espécie de traidores, pois trabalhavam para o império Romano, que as dominava com violência.

c) Eles cobravam  impostos abusivos, trazendo muitas dificuldades aos Judeus. Isso revoltava o povo trabalhador.

d) Por fim,  a maioria dos publicanos eram corruptos, cobrando além do que era taxado pelo império. Com isso, muitos publicanos enriqueciam explorando seu próprio povo e atraindo o ódio deles para si.


Mas o v.9 nos dá uma informação importante: Zaqueu é convertido a Deus; a graça eficaz de Deus o alcançou.

Tocado pelo Espírito Santo, Zaqueu logo identificou que NÃO PODIA CONTINUAR FAZENDO O QUE SEMPRE FEZ EM SUA VIDA. Ele entendeu que suas PRÁTICAS desonestas eram absolutamente INCOMATÍVEIS com sua nova vida. Ele resolve então, constrangido pela LEI MORAL de Deus, gravada no seu coração e no coração de todos os homens, por isso todos sabem quando SÃO DESONESTOS; QUANDO BURLAM; QUANDO FRAUDAM; QUANDO ROUBAM, que estão fazendo algo errado, RESOLVE mudar completamente suas práticas. Vejamos:

Ler V.8

Zaqueu resolveu não mais DESOBEDECER aos princípios estabelecidos na palavra de Deus; em sua LEI MORAL, especificamente no 8º mandamento, que é “NÃO FURTARÁS”.

Quero pensar sobre esses princípios, juntamente com todos. Quero falar sobre:

TEMA: Os princípios da LEI MORAL, do 8º MANDAMENTO, que nos obrigam a viver uma vida de HONESTIDADE.

O CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER, na pergunta  99, trata sobre algumas regras que devem ser entendidas para a boa compreensão da LEI MORAL de Deus. A 4ª regra ensina o seguinte:

Que onde um dever é prescrito, o pecado contrário é proibido; e onde um pecado é proibido, o dever contrário é prescrito”.

Dentro dessa perspectiva analisaremos, seguindo a orientação dessa boa regra de compreensão da LEI MORAL de Deus:

1ª) Os DEVERES EXIGIDOS NO 8º MANDAMENTO:

141. Quais são os deveres exigidos no oitavo mandamento? 
Os deveres exigidos no oitavo mandamento são: a verdade, a fidelidade e a justiça nos contratos e no comércio entre os homens, dando a cada um o que lhe é devido, a restituição de bens ilicitamente tirados de seus legítimos donos; a doação e a concessão de empréstimo, livremente, conforme as nossas forças e as necessidades de outrem; a moderação de nossos juízos, vontades e afetos, em relação às riquezas deste mundo; o cuidado e empenho providentes em adquirir, guardar, usar e distribuir aquelas coisas que são necessárias e convenientes para o sustento de nossa natureza, e que condizem com a nossa condição; o meio lícito de vida e a diligência no mesmo; a frugalidade; o impedimento de demandas forenses desnecessárias e fianças, ou outros compromissos semelhantes; e o esforço por todos os modos justos e lícitos para adquirir, preservar e adiantar a riqueza e o estado exterior, tanto de outros como o nosso próprio. Êx23:4,5;Lv6:4,5;25:25;Dt15:7,8,10;22:1-4;Sl 15:2,4; Pv 6:1-5;10:4;11:15;12:27;21:20;27:23,24; Mq 6:8; Zc 8:16; Lc 6:30,38; Jo 6:12; Rm 12:5-8,11;13:7; I Co 6:7; Gl 6:10; Ef 4:28; Fp 2:4; I Tm 5:8;6:8,9,17,18.

2º) OS PECADOS PROIBIDOS NO 8º MANDAMENTO

142. Quais são os pecados proibidos no oitavo mandamento? 
Os pecados proibidos no oitavo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos, são: o furto, o roubo, o tráfico de seres humanos e a recepção de qualquer coisa furtada; as transações fraudulentas e os pesos e medidas falsos; a remoção de marcos de propriedade, a injustiça e a infidelidade em contratos entre os homens ou em questões de confiabilidade; a opressão, a extorsão, a usura, o suborno, as vexatórias demandas forenses, o cerco injusto de propriedades e a desapropriação; a acumulação de gêneros para encarecer o preço; os meios ilícitos de vida, e todos os outros modos injustos e pecaminosos de tirar ou de reter de nosso próximo aquilo que lhe pertence, ou de nos enriquecer a nós mesmos; a cobiça, a estima e o amor desordenado aos bens mundanos, a desconfiança, a preocupação excessiva e o empenho em obtê-los, guardá-los e usar deles; a inveja diante da prosperidade de outrem; assim como a ociosidade, a prodigalidade, o jogo dissipador e todos os outros modos pelos quais indevidamente prejudicamos o nosso próprio estado exterior; e o ato de defraudar a nós mesmos do devido uso e conforto da posição em que Deus nos colocou. Êx21:16;Lv25:17;Dt12:7;16:14;19:14;Is5:8;33:15;Sl37:21;50:18;62:10;73:3;Pv1:19;3:30;11:1,26;18:9;20:10;21:6,17;23:5,20,21;29:19;29:24;Ez2:12,29;Am 8:5;Mq 2:2;Mt 6:25,34;23:25;Lc 12:15;16:11,12;At 19:19;I Co 6:7;I Jo 2:15,16;3:17; Tg 2:15,16;5:4,9; Ef 4:28; I Tm 1:10;I Ts 4:6; II Ts 3:11.

CONCLUSÃO:


Devemos ter a mesma atitude positiva que teve Zaqueu de modificar sua vida; de parar de roubar; parar de ser desonesto. Uma vida que contemple as exigências e as proibições do oitavo mandamento.
 


Fonte: https://filosofiacalvinista.blogspot.com

 

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