O que mais se vê nestes “últimos dias”
são heresias pregadas em muitas igrejas por aí. A cada dia ficamos mais
indignados com tamanha distorção Bíblica, o Evangelho genuíno está sendo
deixado de lado e sendo trocado por uma “teologia popular” voltada ao misticismo,
aos modismos, as falsificações bíblicas e fetiches populares.
Apóstolos, pai-póstolos, gurus gospel tem surgido por aí trazendo um
"outro evangelho". A palavra de Deus em sua essência é trocada por
modismos, por hierarquias eclesiásticas, por dinheiro e por interesses
particulares destes "super crentes". São tantos "shofás
proféticos" que não aguento mais tanta barulheira. É tanto "mantra
gospel" que meus ouvidos já estão estourando, é tanto ré-plé-plé que meu
senso de racionalidade clama por socorro! Quebra de maldições hereditárias onde
o crente nunca se converte de verdade, seções de descarrego, sabonetes de
arruda, rosa ungida, sal grosso... É tanto "copo d'agua consagrado"
que dá até vontade de ir ao banheiro. Unções especiais, urros, gritos, histerias,
regressões, encontros tremendos, etc.
Diante de tudo isso, muitos Cristãos infelizmente tem se calado, pois existe um
conceito errado de que não devemos julgar nada, que não é o nosso papel estar
julgando o que ocorre com estas pessoas, principalmente se vamos falar de algum
“líder” que esteja em um comportamento que vai contra as escrituras.
Resumindo, querem nos calar mesmo! Já não bastasse a perseguição contra os
Cristãos que hoje em dia ocorre em muitos lugares no mundo, inclusive no Brasil,
ainda temos que aguentar a distorção bíblica de que jamais deveremos abrir a
boca de pastor x, apóstolo y, pois são os "ungidos de Deus". Nestes
ninguém fala, até Davi foi repreendido pelo profeta Natan, mas estes líderes
contemporâneos não podem ser repreendidos por algum erro ou heresia. É proibido
pensar, é proibido julgar! Muitas mentes estão sendo cauterizadas por esta
"nova doutrina".
Existem algumas passagens Bíblicas que muitos Cristãos têm interpretado
erroneamente a respeito de julgamento. Meu compromisso nesta postagem é
desmistificar e esclarecer ao Povo de Deus de que não devemos nos calar jamais,
pelo contrário, devemos por obrigação exortar e lutar pelo Evangelho genuíno de
Cristo, afinal, quem ama, luta pela verdade, pois "O amor não se alegra
com a injustiça, mas regozija-se com a verdade". (1 Co 13:6).
“Não julgueis, para que não sejais
julgados.” Mateus 7:1
Em primeiro lugar deixo claro que aqui JESUS claramente proíbe o julgamento.
Mas a grande questão é se JESUS proíbe qualquer julgamento ou somente certo
tipo de julgamento. O versículo 1 por si mesmo não nos dá uma resposta para
esta pergunta. Por isso temos que aplicar uma regra fundamental para poder
interpretar a Bíblia. Analisar sempre o contexto da passagem citada para poder
saber de que se trata a mesma, pois sabemos que texto fora de contexto é um pretexto
para formar até mesmo uma heresia.
Para sabermos de que tipo de Julgamento
JESUS proibiu nesta passagem vamos analisar o contexto:
“Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com
que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de
teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a
teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para
tirar o argueiro do olho de teu irmão” Mt 7:2-5
Analisando o contexto podemos ver claramente que JESUS proíbe
especificamente o “julgamento hipócrita”. Jesus diz aos judeus no versículo 1
que eles não devem julgar. No versículo 2, ele dá a razão pela qual eles não
devem julgar: o padrão que eles usam para julgar os outros será o mesmo padrão
que os outros usarão para julgá-los. Eles não devem ignorar seus próprios
pecados, enquanto condenando os mesmos pecados nos outros. Fazer isto é julgar
com um “padrão Duplo”, ou seja, julgar hipocritamente.
Não é hipócrita condenar o irmão por uma pequena falta, ou mesmo tentar
ajudá-lo a sobrepujá-la, quando você mesmo é culpado de uma falta maior? Esta é
a grande questão que JESUS estava colocando diante do povo nesta passagem.
Note que o pecado dos dois pecadores (a pessoa e seu irmão) é o mesmo em dois
respeitos. Primeiro, é o mesmo em natureza: em ambos os casos um pedaço de
madeira estava no olho da pessoa. Segundo, ambos estão atualmente pecando: o
pedaço de madeira estava no olho deles naquele momento. A diferença entre as
suas faltas é somente uma de tamanho: um pedaço é pequeno, e o outro é grande.
É hipocrisia alguém cujo pecado é maior condenar alguém cujo pecado é menor,
sendo em ambos os casos o mesmo tipo de pecado (vs 5). Em outras palavras, uma
mulher que está abortando um feto de oito meses não está na posição de repreender
um homem que mata um caixa de banco, e o homossexual não está na posição de
criticar infidelidades num casamento homossexual!
Mateus 7:1, de acordo com o seu contexto, não proíbe todo julgamento e
intolerância, mas somente o julgamento e intolerância hipócrita. De fato, ele
requer de nós que, após nos arrependermos dos nossos próprios pecados,
condenemos o pecado do irmão como pecado, e ajudemo-lo a se voltar dele.
“tira primeiro a trave do teu olho”, diz Jesus, “e então, verás claramente para
tirar o argueiro do olho de teu irmão”. Mt 7:5
Jesus ordena uma intolerância genuína, e não hipócrita, do pecado que o
irmão comete.
Outra passagem bastante utilizada é
João 8:7-11. O contexto é a história da mulher que foi pega no próprio ato de
adultério e trazida a Jesus pelos escribas e fariseus. No versículo 7, Jesus
diz aos escribas e fariseus: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o
primeiro que lhe atire pedra”. No versículo 11 ele fala para a mulher: “Nem eu
tampouco te condeno; vai e não peques mais”. Os defensores da tolerância usam
estas palavras para argumentar que ninguém deveria condenar outras pessoas,
pois não é melhor que elas.
Entendamos por ora que, quando alguém julga, ela dá um veredicto: Culpado ou
inocente. Após ser julgada, a pessoa é sentenciada: A pessoa culpada é
condenada (sentenciada ao castigo) e a inocente é liberta. O ponto é que
julgar e condenar são duas coisas distintas, relacionadas, mas não idênticas.
Tendo isso em mente, note que Jesus de fato julga esta mulher, mas não a
condena. Ao dizer-lhe “vai e não peques mais”, Jesus indica que ela tinha
pecado. Em si mesma, a acusação dos fariseus estava correta, e Jesus julgou
o pecado como sendo pecado.
Isto mostra intolerância pela ação pecaminosa! Seguindo o exemplo de Jesus,
devemos dizer aos pecadores que mostrem arrependimento genuíno não mais
cometendo pecado.
Embora Jesus tenha julgado a mulher, ele não a condenou. Ela pode ir embora:
ela não foi executada. O evangelho para o pecador penitente é:
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” Rm
8:1
Esta é a mensagem que Jesus dá à mulher; o próprio Jesus foi condenado por ela!
Ele suportou o castigo que lhe era devido, para que ela pudesse ser livre!
A resposta de Jesus aos fariseus expõe o julgamento hipócrita deles no assunto
(o propósito primário deles, certamente, não tinha nada a ver com a mulher; era
pegar Jesus em suas próprias palavras. Todavia, Jesus sabia que os fariseus se
orgulhavam da justiça própria deles, e respondeu à luz deste fato).
Os fariseus, Jesus Recorda-os, também eram culpados de pecado, e
especificamente de adultério, quer físico ou no coração. Porque também não eram
livres de pecado, também eram dignos de morte como ela. Assim, ao desejar saber
que julgamento ela deveria ter recebido, eles revelaram sua própria hipocrisia
e motivação errônea.
João 8:7 e 11 nos ensinam como tratar
os que pecam. O versículo 11 diz que devemos desejar o arrependimento do
pecador; o versículo 7 nos ensina que não devemos fazer isso hipocritamente,
nem com motivos errôneos ou de uma maneira imprópria. Contudo, a passagem não
quer dizer que nunca devemos considerar as pessoas responsáveis por seus
pecados (isto é, julgar o pecado como sendo pecado).
Agora gostaria de colocar as passagens
Bíblicas que nos ordenam julgar.
João 7:24
“Não julgueis segundo a aparência, e
sim pela reta justiça”.
Outras passagens na Escritura nos ordenam positivamente a julgar. Uma passagem
que nos diz isso claramente é esta citada acima. Ela se encontra no contexto da
discussão de Jesus com os judeus que questionaram sua doutrina, e tinham-no
acusado de ter um diabo (Jo 7:20) e de quebrar o dia do Sábado curando um homem
(Jo 5:1-16). A eles Jesus diz: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta
justiça”. Ao dizer “não julgueis”, Jesus não pretende proibir o julgamento como
tal, mas proibir certo tipo de julgamento, como a parte positiva deste
versículo deixa claro. Podemos julgar, mas quando o fizermos, devemos julgar
justamente.
O julgamento exterior e superficial – isto é, julgar simplesmente sobre base do
que parece ser o caso, sem conhecer todos os fatos – é um julgamento
imprudente, injusto e sem discernimento, que é contrário ao nono mandamento da
lei de Deus. Deus odeia tal julgamento. O Julgamento justo é feito usando a lei
de Deus como o padrão pelo qual discernimos se o que parece ser é o caso é
realmente o caso.
1 Co 5
1 Coríntios 5 é um capítulo importante
com respeito ao dever positivo de julgar. Primeiro, no versículo 3 Paulo declara,
sob a inspiração do Espírito, que ele tinha julgado um membro da igreja em
Corinto que estava vivendo no pecado da fornicação. Seu julgamento foi “seja
entregue [tal pessoa] a Satanás para destruição da carne, para que o espírito
seja salvo no Dia do Senhor Jesus”. Este é um julgamento ousado da sua parte.
Segundo, nos versículos 9-13, Paulo lembra aos santos do seu dever de julgar as
pessoas que estão dentro da igreja, quanto ao fato destes estarem, ou não,
obedecendo a lei de Deus.
Aqueles que alegam ser cristãos e são membros da igreja, mas que são julgados
como sendo impenitentemente desobedientes a qualquer mandamento da lei de Deus
(vs 9-10), devem ser excluídos da comunhão da Igreja. Paulo, sob a inspiração
do Espírito, diz para a igreja não tolerar pecadores impertinentes!
Outras passagens
Outras passagens também indicam que é
nossa responsabilidade julgar. Jesus pergunta às pessoas em Lucas 12:57: “E por
que não julgais também por vós mesmos o que é justo?”. Jesus repreende os
escribas e fariseus em Mateus 23:23 e Lucas 11:23, dizendo: “Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e
do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a
fé; deveis, porém fazer essas coisas e não omitir aquelas”. Era o dever deles,
de acordo com a lei, julgar – mas eles tinham falhado neste dever. Paulo orou
para que o amor dos irmãos filipenses “aumentasse mais e mais em pleno
conhecimento e toda a percepção”. (Fl 1:9). Ele diz aos de Corintos: “Falo como
a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo”. (1 Co 1:15).
Os cristãos são solicitados a examinar tudo e reter o bem (1 Ts 5:21). Eles
também são obrigados a provar se os espíritos são de Deus: "Irmãos, não
deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de
Deus, porque muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora." (1 Jo
4:1)
Mesmo nas reuniões cristãs eles devem
"julgar" o que ouvem: "Tratando-se de profetas, falem apenas
dois ou três, e os outros julguem." (1 Co 14:29).
Os Crentes de Corinto receberam ordens para julgar imediatamente a imoralidade
existente entre os seus membros (1 Co 5:1-8). Mesmo o estrangeiro de passagem
não deve ser hospedado se for verificado que não se trata de uma pessoa
alicerçada na verdadeira fé (2 Jo 10,11). E um anátema (maldição) deve ser
proferido contra aqueles que apresentarem um tipo diferente de evangelho (Gl
1:9).
Conclusão
Algumas passagens da Escritura parecem proibir o julgamento, enquanto outras
claramente exigem isso. Estudando os contextos daquelas que parecem proibir o
julgamento, descobrimos que o que é proibido não é realmente o julgamento em
si, mas sim um tipo errôneo de julgamento. Deus odeia o julgamento hipócrita!
Mas Deus ama o julgamento justo da parte dos seus filhos.
Portanto, é dever de todo Cristão julgar!
“Irmãos, se alguém for surpreendido
nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e
guarda-te para que não sejas também tentado.” Gl 6:1
“Prega a palavra, insta, quer seja
oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e
doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina, pelo
contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que
sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade,
entregando-se a fábulas.” 2 Tm 4:2-3
Por Rev. Doug Kuiper.
Fonte: http://adielteofilo.blogspot.com
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