quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Templo é Dinheiro?

Qual será uma das maiores mar­cas, ou a maior marca de nossa sociedade contemporânea? Indu­bitavelmente podemos afirmar que o consumismo figura entre uma das maiores marcas ou é certamente a maior. Os meios de comunicação encarregam-se de veicular esta mensagem satânica da maneira mais explícita e desimpedida possível. O consumismo então, tem invadido a igreja, e esta, por mm vez tem esquecido das palavras de Jesus “Ninguém pode servir a dois se­nhores… Não podeis servir a Deus e as riquezas” (Mt 6.24). As palavras de Jesus são claras, ou Deus ou as riquezas, ou Deus ou o dinheiro. A quem o cristão irá servir? Diante do terrível consu­mismo que jaz no mundo e invade a igreja (daí o título do estudo: “Templo é dinheiro “, parafraseando o ditado “tem­po é dinheiro”), é necessário refletir biblicamente para combater o consumismo. O texto de Hebreus 13.5 e 6 ensina como combatê-lo.

 

SEDE LIVRES DO AMOR AO DINHEIRO

O autor da carta aos Hebreus inicia o versículo 5 do capítulo 13, orientando os crentes hebreus o desapego aos bens matérias e mais explicitamente, ao dinheiro. O amor ao dinheiro se avareza. Por isso é que em outra versão está escrito “Sejam vossos costumes sem avareza”. A primeira atitude que o crente precisa ter para vencer o consumismo é o desapego ao dinheiro. E desapegar-se do dinheiro não é deixar de deseja-lo, se não morresse de fome. Desapegar-se do dinheiro é não ser dominado por ele.

 

O ser humano: criado para dominar

 

Em Gênesis 1.26, Deus declara: “Façamos o homem à nossa imagem, confor­me à nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus…”, ou seja, o homem foi criado para dominar, Deus lhe deu esta incumbência. No entanto, o que se vê hoje entre os homens e, infelizmente, entre muitos cren­tes, é o domínio que o dinheiro exerce sobre eles. As pessoas dominadas pelo dinheiro podem ser facilmente detectadas, são aquelas pessoas que, para se senti­rem bem, precisam fazer compras num shopping, são escravas do consumismo e sempre têm problemas com cheques e cartões de crédito. Cabe aqui fazer uma ressalva quanto à crise econômica por que passa (ou sempre passa) o nosso país. Por isso, ter um nome “sujo” ou estar no SPC não é pecado quando fruto de de­semprego, doença ou quaisquer outras contingências e “surpresas”. O pecado está na má administração do dinheiro, no fato de ele dominar o homem, que o toma num substituto de Deus. Este era o pro­blema do mancebo de qualidade, ele não dominava o dinheiro, porém o dinheiro o dominava, o dinheiro era o deus do man­cebo de qualidade (Mt 19.16-24). Ter talão de cheques e cartões de crédito é uma benção quando seu possuidor domina o dinheiro, no entanto pode ser uma gran­de maldição se seu possuidor for servo do dinheiro e não de Deus. Quantos crentes sofrem deste mal, são dominados e não dominam. E incrível perceber isto na casa de muitos crentes. As igrejas estão cheias de crentes humildes, que moram em casas humildes e em lugares humil­des, todavia o que surpreende é o que há na casa destes crentes, muitos possuem televisão de 29 polegadas, TV por assinatura, aparelho de micro ondas, video­cassete, aparelho de som de última gera­ção etc., acompanhados de uma geladei­ra vazia. Isto é, estes crentes são consumistas, investem em aparelhos, porém não investem em comida. Os filhos destes crentes sofrem, pois seus pais são domi­nados pelo dinheiro. Ter uma geladeira vazia, assim como um nome “sujo”, nem sempre é sinal de pecado, pois pode ser fruto de uma vida de lutas financeiras: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33). Po­rém, muitas vezes, ter falta de alimentos em casa é fruto de consumismo. Pais, in­vistam prioritariamente em alimentação intelectual, física e espiritual, para que seus filhos cresçam como Jesus cresceu: “E crescia Jesus em sabedoria, e em esta­tura, e em graça para com Deus e os ho­mens” (Lc 2.52).

 

Gastar somente o que se ganha

 

Adquirir bens é bom, porém, deve acontecer dentro de um planejamento fi­nanceiro. Por isso, gaste somente o que ganha. Bancos e agiotas não estão pre­ocupados se você tem ou não dinheiro para pagar uma dívida, eles querem e exigem que você os pague custe o que cus­tar. As palavras de Salomão são sábias: “O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empres­ta.” (Pv 22.7). Não seja dominado, não seja servo, compre o que você pode pa­gar, gaste somente o que ganha. Paulo já dizia: “Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males…” (ITm 6.10) Seja livre do amor ao dinheiro, não seja avarento, é o que diz o autor de Hebreus no início do versículo 5 do capítulo 13.

 

CONTENTANDO-VOS COM O QUE TENDES

O autor da carta aos Hebreus continua o versículo 5 afirmando a necessidade de contentamento com o que se tem. A mí­dia não prega isto, é claro, a mídia e os meios de comunicação querem vender, por isso está instaurada a ideologia consumista que é a marca de nossa sociedade contemporânea. A ideologia consumista tem seu início na Revolução Industrial do século XVIII. Segundo Cristóvam Buarque, em seu livro O que é Apartação? (São Paulo, Editora Brasiliense): “Em vez de novas máquinas para produzir mais das mesmas coisas, surgiram novas coisas…a Revolução Industrial seguiu o caminho de aumentar a variedade de produtos” (Pág. 29). A Revolução Industrial não pro­duziu mais sofás, produziu novos sofás, de várias formas, cores, tamanhos e para vários ambientes. O consumismo da so­ciedade contemporânea trabalha, pelos meios de comunicação, incutindo nas mentes dos homens necessidades que não são necessárias. O cristão precisa saber nitidamente a diferença entre o que é su­pérfluo, necessário e indispensável. Afi­nal a sociedade contemporânea prega que tudo é indispensável, prega o prazer em todas as formas, isto é, o prazer de com­prar e o prazer de ter. O culto ao prazer se chama hedonismo, a sociedade contem­porânea é hedonista, diante dos hedonis­tas Paulo exorta: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens… mais ami­gos dos prazeres do que amigos de Deus…destes afasta-te.” (2Tm 3.1-5). Aprenda a contentar-se com o que tem.

 

Consumismo no casamento

 

O consumismo também invadiu os casamentos. Muitos homens têm o há­bito de presentearem suas mulheres so­mente após algum desentendimento, o que é isso se não um ato de compra da esposa ou do perdão da esposa? Mui­tas mulheres, por sua vez, quando deprimidas e tristes buscam a cura de suas angústias dentro de um shopping, com­prando tudo que podem e, muitas vezes, o que não podem. Como diz o pastor Israel Belo de Azevedo em seu livro O (Hliar da Incerteza (São Paulo, Editora Prazer de Ler): “Assim, os shopping centers das grandes cidades ocidentais con­temporâneas substituíram as catedrais do passado; ir a estes centros de compra tem algo de liturgia. Coloca-se a melhor roupa, chamam-se os amigos, desfilasse com elegância” (Pág. 20). Marido e mulher devem buscar a solução de seus problemas em Jesus Cristo, não dentro de um shopping, não comprando, afinal nós e que fomos comprados pelo caro preço do sangue de Jesus. “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso es­pírito, os quais pertencem a Deus.” (ICo 6.20). Contente-se com o que tem, você tem o auxílio de Jesus Cristo.

 

Consumismo na igreja

 

O consumismo já está dentro das igre­jas. E com mentalidade consumista que muitos crentes vão ao culto. Os que se assentam nos bancos da igreja não são mais adoradores, são críticos, tais quais os críticos de cinema. Estes “críticos” dão nota para a mensagem do pastor, estão atentos para ver se a irmã “Fula­na” desafinou ou não, estão desejosos de assistir ao show da equipe de louvor. Estes críticos não entram em igrejas, porém sim em “fastfoods” religiosos. Para estes Templo é dinheiro, é loja com mer­cadorias religiosas a serem consumidas. A palavra de Jesus à mulher samaritana ê uma boa resposta para estes: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.’’ (João 4:24). Crente, contente-se com o que tem. Você tem a igreja que é a comunidade dos salvos, a comunidade dos adoradores de Deus, não queira transforma-la em comércio: “Está escrito: A minha casa será chamada casa de ora­ção, mas vós a tendes convertido em covil de ladrões” (Mt 21.13).

 

O SENHOR É O MEU AJUDADOR

No final do versículo 5 e início do ver­sículo 6, o autor da carta aos Hebreus afir­ma a promessa divina que diz: “Não te dei­xarei nem te desampararei. E assim com confiança ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem”. O cristão deve confiar na provisão divina. Se existem coisas que você quer adquirir, porém não tem como comprá-las, entregue o caso à Deus. Ele dirá se é da vontade dele e dará conforme seu tempo. Não compre o que você não pode ter, seja livre do amor do dinheiro, seja seu costume sem avareza. Jesus res­pondeu a homens ansiosos quanto a co­mida e ao vestido o seguinte dentre tantas coisas: “Mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas. E, não vos preo­cupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo, basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.33,34).

 

O Diabo quer que você seja consu­mista para que sempre esteja endivida­do. Pois assim o Diabo conseguirá três coisas. Em primeiro lugar, deixará você amargurado; em segundo lugar deixará você envergonhado diante dos credo­res para que você não pregue o evange­lho a eles; e, em terceiro lugar transfor­mará você em um escravo do trabalho, pois você terá de trabalhar mais para pagar suas dívidas, assim não terá tempo de ir à igreja, e sempre quando você for orar estará cansado e indisposto. Vença o consumismo em sua vida ou não deixe que ele a invada. Você é templo do Espí­rito Santo, sua igreja é templo do Senhor e templo não é dinheiro.

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REVISTA COMOPROMISSO – 2° TRIMESTRE 2004

 

Fonte: CACP

 

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