Quais são as características que identificam o verdadeiro cristão?
Os
sociólogos afirmam que a identidade de um povo está na sua cultura. Por outro
lado, a identidade cristã não reside simplesmente nas manifestações litúrgicas ramificadas
do cristianismo. Certamente, outras características devem distinguir o verdadeiro
cristão daqueles que são apenas religiosos, que honram o Senhor com os lábios, mas
o coração está longe d’Ele (Marcos 7.6). Diante disso, é necessário compreender
o real sentido da identificação cristã, voltando-se para os preceitos bíblicos que
apontam para a plena conversão a Cristo, "porque
Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso
Senhor Jesus Cristo" (I Tessalonicenses 5.9).
Para muitos adeptos da
teologia da prosperidade, o cristão se caracteriza pela riqueza material que
conquista. O sucesso financeiro se constitui no principal testemunho de que
alcançaram a salvação em Cristo e que de fato são abençoados como filhos de Deus.
Nessa visão simplória e materialista, o sublime propósito do cristianismo é
ofuscado pela ambição de alcançar bens terrenos, como bem demonstram os jargões
que eles utilizam: “conquistei e quero conquistar mais ainda”. Que pena! Ser
próspero é bom, mas não é tudo! Porque “se
esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os
homens" (I Coríntios 15.19).
A riqueza não é sinal
da salvação nem penhor da vida eterna. Caso contrário, o próprio Senhor Jesus
teria nos incentivado a lutar por ela e jamais abrir mão de qualquer fortuna,
sabendo que desfrutaríamos dela também na eternidade. Não teria dito ao jovem
rico: “se queres ser perfeito, vai, vende
tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu" (Mateus
19.24), nem teria se alegrado quando Zaqueu disse que daria metade dos seus
bens aos pobres e restituiria quadruplicado se tivesse defraudado alguém (Lucas
19.8-9). Não teria também sentenciado contra a soberba dos ricos deste mundo
dizendo: “é mais fácil entrar um camelo
pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus" (Lucas
18.25). De resto, a verdade é que “nada
trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele” (I
Timóteo 6.7). Portanto, prosperidade não é suficiente para identificar
alguém como salvo em Cristo.
A realização de
sinais seria marca inconfundível do verdadeiro cristão? Todo aquele que realiza
prodígios em nome de Cristo é filho de Deus? Certamente que não! “Porque
surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e
prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24.24).
Observe que alguns enganadores são capazes de arrebanhar multidões e despertar
nelas a obediência incondicional, mesmo suprimindo a Verdade do Evangelho. Os seus
seguidores ficam deslumbrados com manifestações sobrenaturais e não observam os
frutos que os tais produzem, pois são “desordenados,
faladores, vãos e enganadores, aos quais convém tapar a boca; homens que
transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância;
(...) confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo
abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra" (Tito 1.10,
11 e 16).
Muitos que
profetizam, expulsam demônios e fazem maravilhas em nome de Jesus, dentre
outros ativistas religiosos, farão conta de suas obras no dia do juízo. Usarão
desses e outros feitos extraordinários para reivindicar a vida eterna com Deus,
como se fosse direito pessoal conquistado pelas obras. Contudo, o próprio Senhor
lhes dirá abertamente: “nunca vos
conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7.23). Isto é, cometem perversidade, maldade e injustiça,
práticas que estão se multiplicando nesse tempo do fim, fazendo esfriar o amor
entre as pessoas (Mateus 24.12).
Esses profetas, operadores
de milagres e maravilhas, podem até ser usados por Deus, assim como a jumenta
que falou com Balaão (Número 22.28), bem como os corvos que levaram pão e carne
pela manhã e à noite para Elias junto ao ribeiro (I Reis 17.6). Entretanto, receberão
a sentença de condenação porque são perversos de coração, maldosos nas suas
ações e injustos para com o próximo. Desse modo, não basta dizer que é de
Cristo ou realizar grandes feitos em Seu Nome perante multidão de fiéis. Para ser
cidadão celestial é necessário submeter os interesses pessoais à soberana vontade
de Deus (Mateus 7.21).
Existe então algum
sinal que identifica alguém com Cristo? Sim, o novo nascimento! Aliás, não se
constitui mero sinal, mas condição sem a qual ninguém terá acesso a morada de
Deus. O Senhor Jesus disse a Nicodemos, príncipe dos judeus: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de
novo, não pode ver o reino de Deus" (João 3.3). E outra vez lhe advertiu:
“Na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito,
não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é
nascido do Espírito é espírito” (João 3.5-6). Logo, é preciso ser de novo gerado,
não da semente humana corruptível, mas da espiritual incorruptível, pelo poder
regenerador da Palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre (I Pedro 1.23).
Assim sendo, nascer da água e do Espírito é imergir a
natureza pecaminosa no batismo do arrependimento, para emergir das entranhas do
Espírito um novo ser espiritual. É ser nascido de Deus e capacitado para vencer
o pecado e as concupiscências do mundo, pois “qualquer que é nascido
de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode
pecar, porque é nascido de Deus” (I João 3.9). Com efeito, "porque todo o que é nascido de Deus
vence o mundo" (I João 5.4).
Interessante notar que
esse novo nascimento se opera no plano espiritual, entretanto produz mudanças
profundas na experiência humana. Os seus efeitos são claramente perceptíveis na conduta e no
caráter do cristão, que passa a ter a mente de Cristo (I Coríntios
2.16) e a produzir “o fruto do Espírito: amor,
alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio” (Gálatas 5.22). Porque “pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7.20) "e os que são de Cristo crucificaram a carne com as paixões e concupiscências" (Gálatas 5.24). Eis a essência da
natureza cristã! Você possui essa
identidade com o Senhor Jesus Cristo?
Adiel
Teófilo
Fonte: http://adielteofilo.blogspot.com
Imagem: Google
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