Partindo
da premissa de que as coisas só mudam se aplicarmos ações concretas na vida,
vemos que na Bíblia não é diferente. Aprendemos primeiramente com o Criador
que, com ações concretas, ambientes mudam, circunstâncias e até mesmo o curso
da história. O maior exemplo é encontrado logo nos primeiros capítulos da
Bíblia, onde com a ação da palavra criadora do Senhor, tudo passa a existir.
Ele diz “Haja luz; e
houve luz” (Gn 1:3).
Jesus nos traz um princípio
poderoso quando o vemos ensinar a oração mais conhecida da Bíblia, a oração do
Pai Nosso. Dentre tantos outros princípios, tenho para mim que o mais marcante,
e diga-se de passagem, sem ele nada acontece, tem-se o princípio da iniciativa.
Quando decidimos buscar ao Senhor de todo coração, ele nos dá a certeza de que
O encontramos (Jr 29:13), mas antes de todo o processo, é preciso que eu e você
decidamos por isso, ou seja, precisamos ter iniciativa, atitudes concretas que
realmente nos conduzam a um novo patamar de intimidade com o Pai.
Em
Mateus 6:6, o Senhor Jesus diz: “Mas
tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai
que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente”. Este texto será partilhado em seções, para
entendermos melhor os preceitos que Jesus nos ensina, e para contemplarmos
também a beleza das suas palavras em apenas uma pequena parte do sermão da
montanha, que nos mostra que, acima de tudo, para alcançarmos graça, precisamos
ter iniciativa.
“Mas tu…”
Jesus
quando está fazendo este discurso, fala direcionado aos discípulos e a multidão
que o ouvia durante o seu sermão. Mas o interessante é que suas declarações tem
um tom de pessoalidade, de intimação, do tipo “olha, isso é o que você tem que
fazer”. Somos nós que damos o pontapé inicial, que movemos a engrenagem, damos
a partida para vermos as maravilhas de Deus em nossas vidas. Não que a ação
soberana de Deus dependa da minha e da sua atitude para acontecer, mas é como
se Ele estivesse dizendo isso apontando para cada um dos seus ouvintes, num tom
intimidador por assim dizer, mas num bom sentido. Pois acima de tudo, isso é
uma decisão pessoal. Veja como essa declaração é poderosa quando ele nos intima
a tomar iniciativa. Quando eu e você somos convidados para uma festa de
aniversário, por exemplo, e a pessoa lhe diz “faço questão que você vá”, você
não se sente intimado e até um pouco constrangido? É neste sentido que estamos
falando.
“…quando orares…”
Perceba
que todo o versículo 6 em suas orientações, apresenta-se totalmente conexo, ou
seja, uma ação acaba desencadeando outra. A ação de Deus na nossa vida passa a
ter efeito, por assim dizer, quando nós tomamos a iniciativa de orar. A oração
é a única (e suficiente) forma do homem se comunicar com seu Senhor. Gosto
muito de uma definição que ouvi (dentre várias) sobre oração, vinda de um
pastor amigo há uns anos atrás em que ele que dizia: Oração é transferência de
responsabilidade. Essa definição trago comigo até hoje no coração, pois se
trata de uma grande verdade. Colocamos diante de Deus pedidos que, na sua
maioria, não estão na nossa alçada para serem resolvidos e depositamos, através
da oração, nossa confiança Nele para nos socorrer em tempo oportuno. E está
totalmente condicionado ao “quando orares”, ou seja, as ações de Deus só serão
reais quando começamos a orar.
“…entra no teu aposento e, fechando a porta…”
Chegamos
exaustos de um dia de trabalho. Tudo o que queremos e chegar em casa, tirar a
roupa do trabalho, tomar um bom banho e descansar. Certamente não vamos fazer
isso em qualquer outro cômodo da nossa casa que não seja o nosso quarto. Quarto
(ou aposento) é o lugar onde repousamos dos nossos atribulados pensamentos do
dia-a-dia, conversamos com nosso cônjuge sobre nossas vidas, trocamos nossas
vestimentas… tudo isso nos remete à um lugar onde se tem privacidade. E é
justamente nesse lugar que o Senhor quer nos encontrar. Num lugar onde o acesso
é restrito. Ele quer que tenhamos um lugar íntimo nas nossas vidas para estar
com Ele, e somente Ele. Tanto o é que Ele nos ensina que só temos nossa
intimidade garantida quando “fechamos a porta”.
“…ora a teu Pai que está em secreto…”
Após
estarmos no lugar de intimidade que é o nosso aposento, nada melhor do que
poder ter um relacionamento aberto, com alguém que conhece o nosso interior e
sabe o que sentimos e pensamos. Nosso Deus espera que parta de nós um desejo de
relacionamento, uma iniciativa. Ele nos criou para isso, para sermos sua imagem
e semelhança, principalmente pelo fato do ser humano ser um ser relacional, que
foi feito para viver em comunhão com seu Deus e com seu próximo. Intimidade não
é um ato público. E se Deus diz que Ele está em secreto, temos que nos
“deslocar” até este lugar para encontrá-lo. Como foi dito antes, a oração nos
torna humildes, por através dela reconhecemos que precisamos e dependemos de Deus.
Em 1 Pedro 5:6 e 7, o Senhor nos ensina sobre humilhação e que podemos
perfeitamente desabafar com Ele, desfrutando de sua graça quando diz: “Humilhai-vos, pois, debaixo da
potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a
vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”.
“…e teu Pai que vê em secreto, te recompensará
publicamente”.
Quando
priorizamos um relacionamento íntimo com Deus, somos recompensados de maneira
explícita. Os que estão ao nosso redor percebem nitidamente a diferença que faz
na vida de alguém, quando este coloca em primeiro lugar o reino de Deus. Em
Mateus 6:33, quando tomamos a iniciativa de colocar o reino celestial em
primazia, tudo que nos é necessário Deus promete suprir. Ele nos vê em secreto.
Conhece cada passo meu e seu. Sabe o que pensamos, conhece nossas opiniões e
está sempre observando o nosso caráter. Ele quer saber se, mediante essa vida
de intimidade, daremos as respostas que Ele espera de nós quando nos deparamos
com as adversidades da vida. Essa é a verdadeira recompensa pública. Quando
você responde as aflições deste mundo como seu filho Jesus responderia. Pois
seu relacionamento com o Pai era de total intimidade. Várias são as passagens
bíblicas que ilustram a intimidade de Cristo com Deus o Pai, quando lemos “falo
como o Pai ordenou”, “recebi de meu Pai este mandamento”, “eu e o Pai somos
um”, entre outros tantos. Em resposta, vemos o manifestar da glória de Deus
através de Cristo, com milagres espantosos, curas, mortos ressuscitando… frutos
de uma iniciativa de relacionamento.
Para
concluir, aprendemos que o primeiro passo dado por nós é fundamental. Deus
estabelece as condições de como se achegar a Ele para usufruirmos de Sua
maravilhosa presença. Começando pelo instrumento poderoso da oração que, feita
no lugar de intimidade, à portas fechadas, Ele promete que nos ouve e nos vê.
Com isso, vêm os tempos de refrigério e a certeza de seu cuidado diário. Tudo é
uma questão de iniciativa.
Fonte: mapec.org
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