Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Porque a Escritura é a Palavra de Deus, ela é perfeita também.
Encontrar erro na Escritura é encontrar erro em Deus. Receber a Escritura como algo menos que infalível, é negar a imutabilidade e soberania de Deus.
João 10:35 ensina claramente a infalibilidade da Escritura. Nesse versículo Jesus diz: “A Escritura não pode ser anulada”.2 Ele usa o singular, Escritura, para mostrar que a Bíblia é a Palavra de Deus, embora tenha sido dada através de muitos e diferentes homens e tempos. Porque ela é uma, qualquer tentativa de alterá-la é uma tentativa de destruí-la. Ninguém pode tirar qualquer parte dela ou negar que elas são para sempre verdadeiras, sem deixar apenas ruína atrás de si.
É interessante que Jesus não somente diz que não podemos anular a Escritura, mas também que ela não pode ser anulada. Ele quis dizer que todos os esforços dos homens para encontrar erro na Escritura, ou invalidar suas demandas, são em vão. Eles estão, quando “acham” falta na Escritura, tomando conselho contra o Senhor e contra o seu Ungido, e aquele que habita nos céus ri deles (Sl. 2:2-4). Eles, não a Escritura, são quebrados pela inquebrável Palavra de Deus quando alegam achar falta nas palavras ou ensinos da Escritura, pois por tais esforços eles ficam debaixo do juízo de Deus.
O contexto de João 10:35 é importante também, onde Jesus cita o Antigo Testamento para apoiar sua reivindicação de ser Deus. Ele refere-se ao Salmo 82:6, que chama os governantes terrenos de deuses. Ele diz que se eles podem ser chamados de deuses, então certamente ele, que tinha sido santificado e enviado pelo Pai ao mundo, não deveria ser acusado de blasfêmia, quando disse: “Eu sou o Filho de Deus”. Sem entrar na questão de como os governantes terrenos podem ser chamados de deuses, deveríamos observar que essa é uma declaração impressionante. Não ousaríamos dizer isso se não estivesse na Escritura, e mesmo então provavelmente encontremos dificuldade em entendê-la. Jesus assume que a declaração deve ser verdadeira e um guia infalível simplesmente porque é encontrada na Escritura. A simples forma como ele cita e usa a Escritura é uma grande lição para nós sobre o tema “a Escritura não pode ser anulada”.
É significante, também, que Jesus refere-se a essas palavras do Salmo 82 como “lei”. Ele quer dizer que toda a Escritura, por ser a infalível Palavra de Deus, é a regra divina para a nossa vida toda. Não há nada na Escritura que não seja a vontade de Deus para nós, nem existe qualquer conselho que precisemos que não seja encontrado na Escritura. Histórias, poemas, profecias, cartas – tudo é lei de Deus para nós. Esse talvez seja o ponto mais importante de todos. Não é suficiente simplesmente dizer que a Escritura é infalível e inerrante. Devemos também nos curvar diante dela, submetermonos ao seu ensino em cada ponto, e recebê-la como dispostos e obedientes servos de Deus. De outra forma, nossa confissão de inspiração e infalibilidade é mera hipocrisia.
Você crê que a Escritura é infalível? Então faça essa pergunta para si mesmo: “A Escritura é a lei de Deus para mim em tudo o que creio e faço?”
Fonte (original): Doctrine according to Godliness,
Ronald Hanko, Reformed Free Publishing
Association, p. 19-20.
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