segunda-feira, 2 de junho de 2008

Lições Práticas de Romanos 13

por

William Hendriksen

Versículo 1

“Que cada um esteja em submissão às autoridades governamentais.” Chegara o ano de eleição presidencial. Alguém escreveu num noticiário um artigo que pode ser assim sumariado: “O ministro, em sua pregação, não quis discutir as implicações do evangelho para o exercício da cidadania cristã, pois a Igreja e o Estado devem continuar separados.” Certo ou Errado?


Versículos 2, 3, 4

“... aquele que se opõe à autoridade está resistindo à ordenação de Deus ... os governantes não são terror para os que procedem bem, mas para os que procedem mal ... ele [o magistrado] é servo de Deus para seu bem.”

Se a igreja deseja exercer influência benéfica sobre o Estado, ela não deve recorrer à separação, mas deve tentar infiltração espiritual. Não surpreende que mais tarde Paulo fosse capaz de escrever: “...tornou-se evidente a toda a guarda pretoriana e a todos os demais que estou aprisionado por causa de Cristo” (Fp 1.13); e: “Todos os santos lhes enviam saudações, especialmente os que pertencem à casa de César” (Fp 4.22).


Versículo 6

“Isto é também por que vocês pagam impostos, pois quando (as autoridades) se devotam fielmente a este fim, elas são ministros de Deus.” Esta idéia não torna o pagamento de impostos bem menos incômodo?


Versículo 8

“Não conservem nada do que pertence a outro, exceto amar uns aos outros ...”

O empenho em quitar uma dívida contínua pode parecer uma tarefa muitíssimo frustrante. Todavia, no presente caso isso não é realmente procedente, pois durante o processo do pagamento dessa dívida o devedor recebe pelo menos as seguintes bênçãos: (a) a satisfação de saber que estamos ajudando o próximo; (b) a certeza da salvação (1Jo 3.18, 19); e (c) a convicção de que estamos fazendo o que Deus deseja que façamos; ou seja, que movidos por gratidão, com o auxílio do Espírito Santo, estamos cumprindo sua lei.


Versículo 12

“A noite já vai avançada; o dia já vem raiando.”

Disse o ministro do púlpito: “Sobre o dia e a hora do Regresso de Cristo nada sabemos (Mt 24.36). Aliás, a Bíblia nos diz quase nada sobre a vida futura. Portanto, aqueles que desejam entregar-se às especulações extravagantes, que o façam. Eu concentrarei minha atenção em temas mais importantes. Tal posição está correta?


Sumário do Capítulo 13

Havendo comentado sobre a atitude própria do crente em relação a Deus, em relação aos irmãos na fé e em relação aos de fora (inclusive inimigos), Paulo agora descreve como os filhos de Deus devem relacionar-se com as autoridades governamentais . Declara que esses governantes foram designados por Deus, de modo que os que se lhes opõem estão resistindo à ordenação de Deus. Além do mais, os destinatários deveriam ter em mente que os magistrados foram designados por Deus com o fim de promover o interesse do povo sobre quem têm responsabilidade. Portanto, a fim de evitar a ira de Deus, e também por causa da consciência daqueles a quem a carta de Paulo foi escrita – os crentes de todas as épocas –, devem submeter-se às autoridades civis. Os que seguem o curso oposto, seria bom que se lembrassem de que estão se opondo ao próprio Deus; além disso, o magistrado não porta sua espada sem motivo.

Deve-se também pagar impostos, de todo e qualquer gênero, e os que judiciosa e fielmente os recolhem devem ser respeitados. Esta seção termina com as palavras: “Paguem a todos tudo quanto [lhes] é devido: imposto, a quem [devem] imposto; tributo, a quem tributo; respeito, a quem respeito; honra, a quem honra” (vv. 1-7).

Havendo acabado de declarar: “Paguem a todos tudo quanto [lhes] é devido”, Paulo agora acrescenta: “Não conservem nada do que pertence a outro, exceto amar uns aos outros.” Assim ele condena a prática daqueles que estão sempre pressurosos em tomar empréstimo e sempre lentos em reembolsá-lo; enfatiza que a dívida do amor que devemos a outros nunca poderá ser ressarcida plenamente; e deixa claro que em nosso amoroso amplexo devemos incluir não só os irmãos na fé, mas a todos quantos Deus tem posto em nosso caminho para de alguma forma ajudarmos e protegermos. Diz ele: “Pois isto: Não cometerá adultério, não matará, não furtará, não cobiçará”; e qualquer outro mandamento que porventura exista, está resumido no provérbio: amará a seu próximo como a você mesmo.” Paulo termina esta seção com uma extraordinária atenuante: “O amor não faz mal ao próximo. Portanto, o cumprimento da lei é o amor” (vv. 8-10).

É evidente, pois, que devemos amar a nosso próximo como amamos a nós mesmos, porque isso é o que exige a santa lei de Deus. O apóstolo agora acrescenta outra razão por que devemos agir assim, e provavelmente também por que devemos empenhar-nos em viver de concordância com todas as exortações encontradas em 12.1s. (pleno devotamento a Deus etc.). Ele escreve: “E [façam isso] especialmente porque vocês sabem quão crítico é o tempo. Já chegou a hora de vocês acordarem de [sua] modorra, porque nossa salvação está agora mais perto do que quando (inicialmente) cremos. A noite está bem adiantada; o dia já está raiando.” Ele está indubitavelmente se referindo ao dia do Regresso de Cristo em glória. Que é procedente ao que ele declarou com referência ao caráter iminente desse grande evento e da salvação plenária para o corpo e para alma, já se indicou anteriormente. Paulo, conseqüentemente, exorta os destinatários a que abandonem todo gênero de feitos associados às trevas (orgias, bebedeiras ... dissensão, inveja); em vez disso, que vistam “a armadura da luz”. Na seção final, ele declara: “Vistam-se do Senhor Jesus Cristo [ou seja, empenham-se em atingir a plena união espiritual com ele], e não façam nenhuma provisão para [a satisfação de] as concupiscências da carne” (vv. 11-14).


Fonte: William Hendriksen. Comentário de Romanos. Cultura Cristã.

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