Por Jean Seifert
O
livro de Romanos é a primeira das cartas apostólicas no novo testamento e
provavelmente a mais importante. Todas as outras cartas do Novo Testamento
parecem terem sido escritas e enviadas às igrejas, mas Romanos não tem paralelo
com o restante das escrituras, pois é destinada a igreja como um todo, pois o
propósito era de apresentar o Evangelho aos que nunca tinham se encontrado com
Paulo. Pelo Evangelho ser o foco da Carta, O Espirito Santo não tem tanta
frequência nas citações de Paulo.
O Espírito Santo é mencionado
no capítulo 8 da Carta aos Romanos dezenove vezes, mais frequentemente do que
em qualquer outro capítulo da Bíblia.
O Espírito Santo na Carta aos Romanos
Na
maioria das vezes não se sabe empregar a utilização do “e” maiúsculo ou
minúsculo quando se refere a palavra “espírito” na Escritura Sagrada.
O
primeiro episódio referente à palavra “Espírito” é um exemplo. Contudo, como
frequentemente é aceito que a frase “Espírito de santificação” se refira a
caráter, é mais certo explicar o termo ligado ao Espírito Santo do que
sobrepô-lo a alguma área marcada, onde a santidade é acentuada.
Estes
versículos geram uma declaração Cristológica como uma realidade básica do
Evangelho. Compreende o percurso de Cristo desde sua encarnação até a
ressurreição dos mortos. A participação do Senhor como homem sem pecado, Sua
experiência na morte e imediata ressurreição dentre os mortos através do poder
de Deus, foram completamente conciliável com o caráter Divino como revelado
pelo “Espírito de santificação”.
O
mesmo destaque é mantido na segunda passagem em que a palavra “espírito” é
utilizada e, no contexto, é fácil entender o motivo. Por mostrar a natureza
pecadora do homem com seus temíveis resultados, e pondo em pauta a eficácia do
Evangelho até o ponto onde afirma: ”tendo sido, pois, justificados pela fé,
temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”, Paulo soma a estas
palavras, em Romanos 5:5 que “o amor de Deus está derramado em nós corações
pelo Espírito Santo que nos foi dado”.
Numa
carta aplicada ao esclarecimento da Justiça comprometida com a provisão da
salvação para a humanidade, o foco é posto na santidade do Espírito. Nada
poderia estar mais afastado do santo caráter de Deus do que declarar um meio de
concordar sobre uma base que não fosse justa e santa. A santidade do Santo
Espírito é enfatizada pelo contato que Ele sustenta com a ressurreição de
Cristo e pela incumbência que Ele desenvolve em favor daqueles que, tendo sido
justificados pela fé, têm paz com Deus.
O
capítulo 8 de Romanos alicerça sobre a obra do Espírito Santo na Sua amizade
com o cristão, e muitos valores relevantes Lhe são conferidos. Dentre os
dezenove acontecimentos da palavra “Espírito” identificadas neste capítulo,
duas vezes é relatado o “Espírito de Deus” (versículos 9 e 14); uma, o Espírito
Santo é chamado o “Espírito de vida” (versículo 2); outra, temos o “Espírito de
Cristo” (versículo 9), e, o “Espírito de adoção” (versículo 15). Todas as
outras citações ou emprego da palavra espírito tem a ver com as
características, a obra e com o relacionamento que o Espírito Santo mantem com
seu povo.
O
pretexto de Paulo, pertinente à “justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo”
(capítulo 3 versículo 22), cumpre seu clímax neste capítulo. A morte do pecador
é necessária e não se pode fugir dela. O Evangelho de Deus anuncia que um
Substituto foi encontrado na Pessoa do Filho de Deus. A chave para uma vida
cristã se encontra no capítulo 6: “Sabendo isto, que o nosso homem velho foi
com Ele [Cristo] crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para
que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado
do pecado”.
No
desenvolvimento espiritual, o cristão vem a ter o mesmo entendimento de Paulo,
que disse: “Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu
entendimento” (Capítulo 7 versículo 23). Livre para sempre da punição do
pecado, o cristão se sente derrotado ao descobrir que é “carnal”, isto é,
exposto a todas as fraquezas da carne e, em si mesmo, impossibilitado de
combater o inimigo com fé na vitória.
A
constante solidão vista no capítulo 7 leva ao lamento: “Miserável homem que
sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (versículo 24). Paulo sabe que há
socorro. Falar sobre “o Espírito de Deus” e “o Espírito de Cristo” em absoluta
igualdade, define a relação das Pessoas Divinas.
Como
“Espírito de Vida”, Ele é o poder reformador o qual o cristão nasce e como o
“Espírito de Adoção”, o Espírito Santo instrui o filho de Deus a dizer: “Aba,
Pai” ao se aproximar de Deus (capítulo 8 versículo 15). No breve espaço desses
nove versículos, o Espírito Santo é relatado dez vezes. No versículo 9 O
Espírito Santo aparece três vezes e é chamado “o Espírito”, “o Espírito de
Deus” e “o Espírito de Cristo”. Aqui aparecem dois aspectos importantes. Um é
que a Divindade existe como uma Trindade. “O Espírito Santo, procedendo do Pai
e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória do Pai e do Filho, Deus
verdadeiro e eterno”.
Ser
chamado o “Espírito de Deus” dá ênfase à afirmação feita pelo Senhor, em João
15:26, de que Ele enviaria o Espírito Consolador, “aquele Espírito de verdade,
que procede do Pai”. O Espírito Santo de Deus habita no cristão como o Espírito
de Cristo e isso pelo poder do Espírito Santo. Ou seja, não é possível
pertencer a Cristo se o Espírito de Cristo não habitar em seu coração
(versículo 9).
Entende-se
que o corpo do cristão é remetido à morte e um dia, se a vinda de Cristo não
nos alcançar em vida, seremos levados por ela, mas nesse período, Deus é a
fonte de vida; nosso Senhor Jesus é o canal e o Espírito Santo o elemento da
sua concessão. Em Romanos vê-se de Deus, que ressuscitou a Jesus dentre os
mortos (Capítulo 4 versículo 24). O Espírito Santo é denominado “o Espírito de
Vida” (capítulo 8 versículo 2). A definição do Espírito Santo como “o Espírito
daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus” (capítulo 8 versículo 11) é
muito pertinente, pois está vinculado com a vida Divina sendo manifestada no
cristão.
Dentre
outras, a última das dez referências ao Espírito Santo neste pequeno trabalho
sobre o livro de Romanos tem a ver com Seu testemunho da realidade da posição
do cristão na família de Deus. O testemunho ao espírito do cristão, gerado pelo
poder do Espírito que nele habita tem a garantia segura de que somos nascidos
de Deus como Seus filhos. Ou seja, somos constituídos “herdeiros de Deus”
(versículo 17). E, também “coerdeiros de Cristo”, como nos foi conferido este
título maravilhoso.
Habitado
pelo “Espírito de vida, de Cristo e de Deus”, o cristão é livre e herda o
direito de clamar como filho de Deus. Na primeira parte da epístola aos
Romanos, o Apóstolo Paulo não se descuidou da execução prática da verdade, pois
enfocou no tema referente ao Espírito sendo de forma doutrinária, Incentivando
o povo de Roma a seguir segundo o espírito, não segundo a carne, e alerta que a
inclinação da carne é morte, mas a inclinação do Espírito é vida e paz
(versículo 6).
No
final da carta de Romanos, Paulo escreve aos romanos de modo exortativo. Vê-se
que o início do capítulo 12 é definido neste ponto. Paulo reforça a andar em
Espírito para que se experimente a vontade de Deus: “Para que experimenteis [na
prática] qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Capítulo 12
versículo 2).
Isto
que Paulo quer dizer é que não é a característica de andar em amor, ou alegria,
pois o reino de Deus é estabelecido em muito mais do que aquilo que comemos ou
bebemos. Suas características são Justiça, paz e alegria no espírito Santo
(Capítulo 14 versículo 17). Algumas características atribuídas Espírito Santo
são relatadas em Romanos capítulo 16 versículos 13,16,19 e 30. A virtude, ou
poder, do Espírito e amor do Espírito. Estas palavras descrevem atributos ou
atividades do Espírito Santo que estão em completa harmonia com o contexto
geral em que são encontradas.
Conclusão
Através
da carta escrita aos Romanos, Paulo apresenta, em uma linguagem obvia, o que
ele denomina de “meu evangelho”. Ele utiliza de uma situação jurídica em que os
romanos, ou a população em geral está perante o tribunal Divino, incriminada,
culpada e sobre quem aguarda a pior sentença: morte. De sobremaneira, um meio
de absolvição, ou perdão, é planejado e anunciado pelo próprio Juiz,
baseando-se em perfeita justiça.
O
grande poder que está nas mãos de Deus, abundado pelo espírito Santo, absorve a
agonia, o desespero do “réu” e convicto e o substitui por paz, gozo, alento e
esperança por meio da fé. Pelo mesmo poder produzido pelo Espírito Santo,
Sinais e prodígios, citados no capítulo 15 versículo 19 são revelados através
da pregação do Evangelho do apostolo Paulo, para que os homens sejam obedientes
e atentos à palavra de Deus.
Fonte: www.napec.org
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