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terça-feira, 8 de maio de 2012

Quantos Vão Para o Céu?

A Torre de Vigia ensina às Testemunhas de Jeová que apenas 144.000 cristãos irão para o céu (Apocalipse 7:4-8; 14:1). Esses cristãos foram escolhidos desde o primeiro século, e até 2007 ensinava-se que essa escolha terminou “oficialmente” em 1935. Todos os que têm essa esperança hoje em dia devem ser obrigatoriamente Testemunhas de Jeová. Antes a Torre de Vigia mantinha um relatório mundial do número destes, mas agora esta prática foi descontinuada.

As páginas das Escrituras Gregas (Novo Testamento) indicam que no primeiro século já havia milhares de cristãos. Por exemplo, a Bíblia relata que em um só dia, na festividade de Pentecostes de 33 E.C., 3.000 pessoas foram batizadas como cristãos. (Atos 2:41) Será, então, que em todos os 1.900 anos seguintes só existiram uns 100.000 cristãos genuínos? Note-se que, segundo esse texto de Atos só foi preciso um dia para que se alcançasse 3% de 100.000 (ou seja, três mil pessoas). Imagine o quanto os cristãos fizeram para disseminar a sua fé nas décadas seguintes. De fato, segundo a Bíblia, “as congregações continuavam deveras a ser firmadas na fé e a aumentar em número, dia a dia.” (Atos 16:5). Certamente isso resultou num grande crescimento, e, paradoxalmente, a Torre de Vigia menciona esse fato em suas publicações. Um dos textos prediletos é aquele que diz que as boas novas foram pregadas “em toda a criação debaixo do céu.” – Colossenses 1:3.

Mas como deve ter sido o crescimento do número de cristãos ao longo do tempo? Compare com o próprio exemplo de crescimento das Testemunhas de Jeová (na época que eram chamadas de Estudantes da Bíblia). Entre 1900 e 1941 o número de Testemunhas saltou de umas 2.600 para cerca de 100.000. Ou seja, em menos de 50 anos a Torre de Vigia atingiu o que teria sido a cifra de 1900 anos de Cristianismo! E isso numa época em que o crescimento era tímido, pouco abrangente e não havia a escola de missionários. Então isso leva a crer que ao longo dos séculos pode ter havido milhões de cristãos genuínos.

Evidentemente qualquer historiador sabe que desde o primeiro século bilhões de indivíduos realmente professaram o Cristianismo. Mas as Testemunhas de Jeová acham que quase todos eles eram falsos cristãos, e são descartados por Deus. Se esse é o ponto de vista correto, teria havido apenas uns 10.000 cristãos verdadeiros em 1900 anos?

Dos que professam o Cristianismo neste século 21, aproximadamente 0,2 % é composto por Testemunhas de Jeová, e elas se consideram os únicos cristãos aprovados do mundo. Mas durante os séculos passados, quantos foram os cristãos aprovados por Deus? Consideremos que tenham existido 400 milhões de cristãos professos em toda a História (sabe-se que foi mais). Agora  utilizemos o índice das Testemunhas de Jeová, e calculemos 0,2% desses 400 milhões:

400 milhões x 0,2% = 800.000

Então, seriam 800.000 cristãos verdadeiros em cerca de 1900 anos, e não apenas 144.000. Note que esse é um cálculo conservador, utilizado somente para se encaixar com a realidade da Torre de Vigia. O número correto deve ser bem superior a isso.

Além do mais, se no primeiro século os cristãos se multiplicaram numa proporção semelhante ao desempenho da Torre de Vigia em seus primeiros 50 anos, nem foi preciso adentrar no segundo século em diante para que esses 800.000 se tornassem cristãos. Isso porque esse hipotético índice de 0,2 % não seria constante ao longo do tempo. No primeiro século, à luz do entendimento da Torre de Vigia, esse índice chegava perto dos 100%, e foi diminuindo à medida que a apostasia avançava, porém nunca foi zero. Utilizando-se o índice “real” de todos os séculos é bem possível que tenha havido pelo menos 1 milhão de cristãos verdadeiros em todo o período histórico até o século 19.

Note que a Torre de Vigia realmente acredita que em todos os séculos da “Era Comum” sempre existiram cristãos fiéis, mesmo que eles tivessem alguma mancha de ensinos errados em sua adoração (A Torre diz que ela mesma era uma dessas religiões manchadas, mas afirma que hoje foi “purificada” depois de 1919). A Torre de Vigia só não diz quantos foram esses cristãos verdadeiros da “Era Comum” (d.C.). No entanto, quem já leu os relatos dela sobre esses cristãos do passado percebe que não foi pouca gente. Considerando apenas os socinianos, os valdenses e os membros da Igreja Reformada Menor, já se alcança uma população enorme. Todos os integrantes desses grupos religiosos são considerados pela Torre de Vigia como candidatos a cristãos verdadeiros, conforme dão a entender os muitos artigos favoráveis que ela já escreveu sobre eles em suas publicações.

Um texto bíblico decisivo

Além dos relatos bíblicos e históricos da franca expansão do Cristianismo nos três primeiros séculos, há um versículo na Bíblia que mostra que os cristãos verdadeiros superariam enormemente a marca de 144.000 membros, fazendo com que os cálculos acima estejam bem abaixo da realidade. É o capítulo 4 de Gálatas, que menciona duas mulheres simbólicas – uma mulher desolada (sendo estéril) e uma que tem marido (sendo fértil). A quem elas representam?

- A mulher “fértil” representa a Jerusalém terrestre, na aparente segurança usufruída pelos judeus do primeiro século, que se multiplicavam dia a dia.

- A mulher “estéril” representa a Jerusalém de cima que ainda não tinha gerado filhos da terra para que vivessem no céu. Esses seriam os cristãos com esperança celestial no decorrer da História.

A Sociedade Torre de Vigia concorda com a interpretação acima? Vejamos:

“A ‘Jerusalém de cima’ ficara ‘desolada’, como que sem filhos.... até que Jesus foi batizado em 29 EC. Foi então que Jesus foi gerado pelo espírito do Abraão Maior, Jeová.... Mas a ‘Jerusalém de cima’ deveria ter mais de um filho espiritual..... em Pentecostes de 33 EC.... cerca de 120 de seus discípulos fiéis foram gerados pelo espírito.... Mais tarde, naquele dia, mais cerca de 3.000 judeus foram batizados como discípulos de Jesus e foram ungidos.... De modo que a ‘Jerusalém de cima’, naquele dia, tornou-se ‘mãe’ de muitos filhos.” – A Sentinela, 15/03/85, p. 13, § 15.

Então fica muito claro que os filhos da ‘mulher desolada’ são os cristãos “ungidos” (termo muito usado pelas Testemunhas de Jeová). Obviamente os “muitos filhos” da ‘mulher desolada’ não seriam somente os 3.121 mencionados acima pela Sociedade. Outros mais entrariam nessas fileiras. Mas quantos seriam? A Bíblia tem a resposta, em Gálatas 4:27:

“Os filhos da desolada são mais numerosos do que os daquela que tem marido.”

Os filhos da ‘mulher com marido’ representam os judeus que habitavam a nação de Israel no primeiro século. Todos sabem que havia milhões de judeus naquele tempo. (Por exemplo, quando Jerusalém foi destruída, em 70 EC, um milhão de judeus morreram naquela cidade). Portanto, os filhos da ‘mulher com marido’ eram milhões de pessoas. Ora, se os filhos da ‘mulher desolada’ são mais numerosos ainda, como é possível dizer que estes filhos são apenas 144.000?

Sendo assim, embora não se saiba o número exato, pelo texto acima o número dos que são adotados como filhos espirituais de Deus chega a milhões de pessoas.

Considerações Finais

Qualquer Testemunha de Jeová tenderá a dizer que milhões de pessoas irem para o céu é desnecessário, pois os que lá estarão terão todos a função de governar, e para isso não precisa de milhões de indivíduos. No entanto, os que concluem isso devem considerar o seguinte:

1 - Essa conclusão se baseia num preconceito doutrinário, fruto de interpretação e não de algo muito claro nas Escrituras.

2 - Embora a Torre de Vigia não pense assim, não necessariamente todos esses serão reis sobre a Terra. Como Jesus Cristo disse, no céu há muitas moradas, e certamente muitas funções.

3 - Mesmo que todos os que forem para o céu venham a governar, milhões desses “adotados” podem sim participar de algum aspecto relacionado ao governo celestial. Para comparar, quantas pessoas no planeta ocupam algum cargo de governo, em seus vários níveis? Todos sabem que nos sistemas governamentais das mais de 200 nações do mundo, existem diversos escalões nas esferas governamentais, dentre ministros, secretários e outros. Ao somar todos no mundo que ocupam essas funções, não seria surpresa se o número desses indivíduos superasse a cifra de 1 milhão de pessoas. Mesmo assim isso seria apenas uma fração dos mais de 7 bilhões de habitantes da Terra. No caso do reino celestial, os milhões que nele participassem ainda seriam um número pequeno em comparação com bilhões de pessoas que vivem, ou já viveram, na Terra. Em termos comparativos esses milhões comprados da Terra ainda seriam um pequeno rebanho. (Estima-se em mais de 20 bilhões o número de humanos que já viveram na Terra).

4 - O texto de Gálatas 4:27 é que tem realmente peso no entendimento de quantos são os filhos espirituais da “mulher desolada” (a “Jerusalém de cima”), e esse texto está claramente em conflito com o ensino da Torre de Vigia sobre esse assunto. Para dirimir esse problema ela teria de alterar algum detalhe nesse ensinamento, fazendo uso das já famosas “novas luzes”.

Quanto ao número “144.000” mencionado em Apocalipse? Como entendê-lo? Há, pelo menos, duas possibilidades: (1) É um número simbólico que representa o total dos que vão para o céu, ou (2) é um número literal de cristãos (ou judeus fiéis) escolhidos por Jesus para uma função especial.

Um outro pormenor é que não há prova absoluta de que todos os da humanidade, bilhões de indivíduos, vão para o céu. Existem realmente versículos bíblicos que indicam que a Terra será um paraíso quando estiver sob o domínio do Reino de Deus, e nessa época futura a morte será eliminada, e muitos poderão viver na terra sem morrer.

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