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domingo, 29 de abril de 2012

Entendendo a Doutrina do Derramamento de Sangue


Brigham Young é certamente um dos mais controversos presidentes da igreja. Ele ensinou muitas doutrinas estranhas e o número de suas esposas ainda é motivo de grandes discussões.

Entre as doutrinas pregadas por ele é notória a conhecida como Derramamento de Sangue em Benefício Próprio ou Expiação Individual com Sangue. Ela foi inicialmente proposta por Joseph, mas a Brigham coube colocá-la em prática. 


Segundo esta doutrina, o sacrifício de Cristo poderia apenas remover certos pecados. Cristo sofreu e expiou apenas até um determinado limite, passado esse limite a própria pessoa deveria sangrar até a morte, para que assim Deus, em sua misericórdia, pudesse perdoá-la.

A doutrina foi escrita no Journal of Discourses (Diário de Discursos), onde os extensos sermões de Brigham eram registrados. Lê-se o seguinte no volume IV pág 219-20:

Quando amaremos o próximo como a nós mesmos”? - perguntou o profeta Brigham Young à sua congregação.

Suponhamos que ele (nosso vizinho) seja apanhado em um erro grave, que tenha cometido um pecado o qual ele sabe que o privará daquela exaltação almejada e que ele não pode alcançá-la sem o derramamento do próprio sangue, e também sabe que, tendo o seu sangue derramado, ele expiará aquele pecado e será salvo e exaltado como os deuses, não haverá nenhum homem ou mulher nesta casa (o Tabernáculo de Salt Lake City) que não diria: ‘derramai meu sangue a fim de que eu possa ser salvo e exaltado com os deuses’? 


Isso seria amar a si próprio, inclusive visando uma exaltação eterna. Amaríeis da mesma forma a vossos irmãos e irmãs, quando eles tiverem cometido um pecado que não pode ser expiado sem o derramamento de seu sangue? Amaríeis aquele homem ou mulher o bastante para derramar o sangue dele ou dela? …"

Nesse discurso Brigham Young incita as pessoas a praticarem essa doutrina caso saibam que alguma pessoa cometeu um pecado grave. A execução desta doutrina demandaria uma grande quantidade de amor ao próximo, evitando assim com que ele perdesse sua exaltação.

Mas quais pecados podem ser considerados como graves o suficiente para que possa haver o derramamento de sangue?


1- Assassinato:

Joseph escreveu: “Eu respondi que me opunha ao enforcamento, mesmo se um homem matasse a outro homem. Eu atiraria nele ou lhe cortaria a cabeça, derramaria seu sangue sobre a terra, e deixaria a fumaça de lá ascender até Deus.” (History of the Church, vol. 5, p. 296)


2- Roubo:

Se quereis saber o que fazer com um ladrão que encontrardes roubando, eu digo: matai-o no local e jamais sofrereis o fato de ele cometer outra iniquidade... Eu consideraria que é meu dever fazer isso (matar o ladrão) da mesma forma como considero minha tarefa batizar um homem para remissão de seus pecados.” (Brigham Young, Journal of Discourses, vol. I, p. 108, 09).


3- Casamentos de Brancos com Negros:


“Devo dizer-vos qual é a lei de Deus com relação à raça africana? Se o homem branco que pertence à semente escolhida misturar seu sangue com a semente de Caim (negros), a penalidade, sob a lei de Deus, é a morte no local.” (Brigham Young, Journal of Discourses, vol. X, p. 110).

Utah na época de Brigham era uma terra sem lei, portanto é difícil saber a abrangência dessa prática. Nada poderia intervir na vontade do profeta. Ele estava acima da “Lei dos Homens”.

Bruce R. McConkie, por exemplo, em seu famoso e controverso “Mormon Doctrine” ensina o seguinte sobre a Expiação com Sangue:

Mas sob certas circunstâncias, há alguns pecados sérios para os quais s purificação de Cristo não opera, e a lei de Deus é que esses homens devem então ter o seu próprio sangue derramado em expiação por seus pecados. Assassínio, por exemplo, é um desses pecados” (Mormon Doctrine, p. 92).

Por fim lemos na p. 93 da obra citada, que,

“Esta doutrina somente pode ser praticada em sua totalidade no dia em que as leis civis e eclesiásticas forem administradas pelas mesmas mãos."



Ocorre que as leis civis e eclesiásticas eram administradas pelas mesmas mãos por Brigham Young, governador de Utah, que, na ocasião, pertencia ao México. Mais tarde o território de Utah foi incorporado à Federação Americana e aí sim foram suspensas as execuções que eram feitas por uma classe de homens chamados de Anjos Destruidores ou “Danitas”- a polícia secreta da liderança mórmon.

Ainda é interessante notar o que Joseph Fielding Smith disse certa vez sobre a aplicação da doutrina (que mais tarde seria compilado com outros sermões seus por seu genro Bruce R. McConkie, tornando-se parte do quase canonizado “Doutrinas de Salvação”):


Utah incorporou nas leis do Território provisões para a pena capital daqueles que voluntariamente derramaram o sangue de outros homens. 

Esta lei, que agora é lei do Estado, concede ao homicida condenado o privilégio de escolher para si próprio se prefere morrer por enforcamento, ou se será morto a tiros, e dessa forma ter seu sangue derramado em harmonia com a lei de Deus; e dessa forma expiar, até onde estiver em seu poder expiar, pela morte de sua vítima. 

Quase sem exceção, a parte condenada escolhe essa última morte.” (Doutrinas de Salvação, vol. I, p.148)

A doutrina era praticada muitas vezes secretamente. A verdade é que nunca teremos certeza sobre esse assunto, já que quem controla os documentos, processos, registros históricos e quase tudo em Utah é a igreja SUD.


Fonte: 
http://averdadesud.blogspot.com

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