O que é a blasfêmia contra o Espírito Santo e o "pecado sem perdão"? - O Peregrino

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quinta-feira, 9 de julho de 2020

O que é a blasfêmia contra o Espírito Santo e o "pecado sem perdão"?

Nestes onze anos de apologética, poucas perguntas que eu já recebi foram tão recorrentes quanto a da blasfêmia contra o Espírito Santo, que Jesus chama de “pecado sem perdão”. Inexplicavelmente, eu nunca escrevi nada a respeito (na verdade até escrevi, mas é um artigo tão antigo, superficial e mal escrito que é melhor dizer que não escrevi). Então chegou o momento de escrever algo um pouco mais elaborado sobre esse tema tão controverso. Afinal, qual seria (ou melhor, o que seria) esse pecado sem perdão?

Há quem diga que se trata de um pecado específico cometido em algum momento da vida, como o adultério, ou o assassinato, ou atribuir ao diabo um milagre divino, ou qualquer coisa do tipo. Me assusta a simples hipótese de que uma palavra ou um ato isolado na vida de alguém possa culminar na perda da salvação para a vida inteira, sem possibilidade de resgate ou de arrependimento. Me apavora imaginar que alguém de 18 anos que tenha eventualmente feito uma dessas coisas tenha comprometido sua salvação para sempre, mesmo que viva 80 anos e não faça mais nada de errado.
É uma mensagem de desesperança e angústia, que não se parece em nada com as boas novas de esperança e arrependimento para a salvação por meio do evangelho. Além disso, se este fosse o critério para estabelecer que alguém não pode ser perdoado nunca mais, então Davi não poderia ser perdoado após ter adulterado com Bate-Seba, nem Moisés poderia ser perdoado após ter assassinado o egípcio, e qualquer um de nós que ouse afirmar que um milagre de cura do Valdemiro Saint James ou que um exorcismo da igreja do bispo da Record foi fraudulento ou demoníaco, já estaria arriscando sua salvação eterna e jamais poderia ser perdoado por tamanha insolência.
Mas se o “pecado sem perdão” não é um pecado específico que cometemos em um único ato ou em uma única palavra, então do que se trata? Vejamos o que diz o texto em questão:
“’Eu lhes asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: é culpado de pecado eterno’. Jesus falou isso porque eles estavam dizendo: ‘Ele está com um espírito imundo’” (Marcos 3:28-30)
O verso começa dizendo que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados, o que significa que não há um tipo de pecado específico que isoladamente possa condenar o homem para sempre, sem chances de ser perdoado. Entretanto, a continuação do verso parece contradizer isso, pois diz que há sim um tipo de pecado que não tem perdão: a blasfêmia contra o Espírito Santo. Como conciliar isso?
Como você verá neste artigo, o pecado contra o Espírito Santo não se trata de um pecado específico “catalogado” (como adultério, homicídio, mentira, roubo ou etc), mas se refere justamente à ausência do arrependimento produzido pelo Espírito Santo. Em outras palavras, o que nunca é perdoado é aquele que nunca se arrepende, e a ausência de arrependimento implica em um “pecado eterno” (i.e, em um pecado que nunca é perdoado, já que não houve arrependimento para que haja o perdão).
No entanto, o texto diz mais do que isso. Se observarmos o contexto, veremos que há um tipo de gente que chegou a um ponto em que não é mais suscetível ao arrependimento, por isso podemos dizer que já “blasfemaram contra o Espírito Santo”. Trata-se de uma rejeição total e contínua ao Espírito Santo, que é quem poderia conduzi-los ao arrependimento. Pelo contexto, os que blasfemavam contra o Espírito Santo eram aqueles que acusavam Jesus de estar com um espírito imundo (ou seja, endemoniado).
Mas não eram qualquer pessoa: eram mais especificamente os “mestres da lei” (v. 22), fariseus em sua maioria, que frequentemente acompanhavam Jesus com más intenções de pegá-lo em uma armadilha e colocá-lo à prova (Mc 10:2; Jo 8:3-6). Ou seja, eram pessoas que sabiam perfeitamente bem quem era Jesus, que viam os milagres que ele realizava e mesmo assim o insultavam e perseguiam, para não perder seus privilégios perante o povo.
Veja por exemplo o caso de Lázaro, a quem Jesus ressuscitou dos mortos. Os fariseus sabiam bem disso e não tinham como negar a ressurreição, mas em vez de reconhecer que Jesus era o Cristo, procuravam matar Lázaro novamente:
“Enquanto isso, uma grande multidão de judeus, ao descobrir que Jesus estava ali, veio, não apenas por causa de Jesus, mas também para ver Lázaro, a quem ele ressuscitara dos mortos. Assim, os chefes dos sacerdotes fizeram planos para matar também Lázaro, pois por causa dele muitos estavam se afastando dos judeus e crendo em Jesus” (João 12:9-11)
Em outra ocasião, Jesus curou um cego de nascença bem conhecido naquela região, fato que logo se tornou notório. A despeito disso, eles “haviam decidido que, se alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga” (Jo 9:22), e expulsaram o próprio cego curado (v. 34). Até mesmo a ressurreição de Jesus eles sabiam que tinha mesmo acontecido, mas mesmo assim elaboraram um plano para não deixar que isso se tornasse público:
“Quando os chefes dos sacerdotes se reuniram com os líderes religiosos, elaboraram um plano. Deram aos soldados grande soma de dinheiro, dizendo-lhes: ‘Vocês devem declarar o seguinte: Os discípulos dele vieram durante a noite e furtaram o corpo, enquanto estávamos dormindo. Se isso chegar aos ouvidos do governador, nós lhe daremos explicações e livraremos vocês de qualquer problema’. Assim, os soldados receberam o dinheiro e fizeram como tinham sido instruídos. E esta versão se divulgou entre os judeus até o dia de hoje” (Mateus 28:12-15)
João diz que “muitos líderes dos judeus creram nele. Mas, por causa dos fariseus, não confessavam a sua fé, com medo de serem expulsos da sinagoga; pois preferiam a aprovação dos homens do que a aprovação de Deus” (Jo 12:42-43). Em outras palavras, estamos falando aqui de pessoas que conheciam e muito bem a Palavra de Deus (não eram mestres da lei à toa), viram e testemunharam os milagres mais extraordinários de Jesus e sabiam que ele era o filho de Deus, mas mesmo assim o rejeitavam, perseguiam e insultavam, com medo de perder o status e os muitos privilégios que desfrutavam entre os judeus (inclusive financeiros). É este o tipo de gente que não tinha perdão.
Caso bem diferente é o do apóstolo Paulo, que perseguia os cristãos tanto quanto os outros fariseus ou até mais, mas nunca tinha testemunhado milagre algum de Jesus, nem qualquer experimentado qualquer coisa em sua vida. Contudo, quando Jesus lhe apareceu na estrada de Damasco, em vez de agir como os demais fariseus e continuar negando o que os seus olhos viam, ele se rendeu à Cristo e se tornou o crente mais fervoroso de todos. Essa é a grande diferença entre os que blasfemam contra o Espírito Santo e os que podem estar fazendo as mesmas coisas, mas não blasfemam desse modo: enquanto uns testemunharam da veracidade da fé mas mesmo assim a rejeitam, os outros a rejeitam porque não tiveram o mesmo testemunho.
Curiosamente, há um texto bíblico que também fala de um estado em que alguém não tem mais perdão, e que é extremamente esclarecedor, corroborando toda essa nossa análise. Ele está em Hebreus 6:4-6, que diz:
“Ora para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública” (Hebreus 6:4-6)
Note que estes que não podem mais ser reconduzidos ao arrependimento são pessoas que já foram iluminadas, já provaram o dom celestial, já se tornaram participantes do Espírito Santo e até mesmo experimentaram as bênçãos de Deus e o poder da “era que há de vir” (i.e, a vida eterna), mas mesmo assim preferiram negar a fé, crucificando de novo o filho de Deus, envergonhando o evangelho perante os de fora. Não se trata, portanto, de qualquer crente, nem de qualquer queda. Estamos falando de crentes que receberam dons espirituais, que tinham proximidade com Deus, que possuíam o Espírito Santo e realizavam sinais miraculosos, mas que por qualquer razão deram as costas a tudo aquilo que conheciam e sabiam ser a verdade.
Isso me lembra muito os israelitas do deserto, que viram diante de seus olhos as dez pragas do Egito, o mar Vermelho se abrir, a rocha dar água, o maná cair do céu, a coluna de nuvem os acompanhando de dia e a coluna de fogo à noite, e mesmo diante de tantos sinais estupendos e incontestáveis do agir e do mover de Deus preferiam murmurar contra Moisés, adorar um bezerro de ouro e reagir com incredulidade e espírito de rebeldia diante do depoimento dos espias, como se o mesmo Deus que os tirou do Egito não fosse capaz de lhes dar a terra prometida por herança.
Sabemos que a “terra prometida” é uma figura da nova terra, que herdaremos no estado eterno, e que a saga do povo hebreu serve de ilustração e exemplo para nós hoje, como expressou Paulo:
“Porque não quero, irmãos, que vocês ignorem o fato de que todos os nossos antepassados estiveram sob a nuvem e todos passaram pelo mar. Em Moisés, todos eles foram batizados na nuvem e no mar. Todos comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo. Contudo, Deus não se agradou da maioria deles; por isso os seus corpos ficaram espalhados no deserto. Essas coisas ocorreram como exemplos para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles fizeram. Não sejam idólatras, como alguns deles foram, conforme está escrito: ‘O povo se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra’. Não pratiquemos imoralidade, como alguns deles fizeram – e num só dia morreram vinte e três mil. Não devemos pôr o Senhor à prova, como alguns deles fizeram – e foram mortos por serpentes. E não se queixem, como alguns deles se queixaram – e foram mortos pelo anjo destruidor. Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos. Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (1ª Coríntios 10:1-12)
Em outras palavras, tudo o que os israelitas viveram prefigura a realidade da nova aliança em que vivemos. Se a terra prometida prefigurava a nova terra e o que aconteceu com os hebreus é um exemplo do que pode acontecer conosco, então tudo faz um perfeito sentido. O que aconteceu com toda aquela geração murmuradora e blasfema, que viu todos os sinais e mesmo assim permaneceu incrédula e idólatra? Todos eles – à exceção de Josué e Calebe, os únicos que demonstraram fé na promessa – pereceram no deserto, e não herdaram a terra prometida. Em um determinado momento, Deus se cansou de tanta rebeldia, e determinou que nenhum deles herdaria a promessa.
Isso é o mesmo que acontece hoje com quem testemunha o agir de Deus em nosso meio (ainda que de um modo diferente dos hebreus que saíram do Egito, mas não menos real), e mesmo assim apostatam da fé, como disse o autor de Hebreus. É com tristeza e pesar que tenho testemunhado casos de cristãos que considerava exemplares, que tinham dons espirituais, que exerciam ministérios na igreja, que tinham um vasto conhecimento teológico, que tinham um relacionamento com Deus e eram guiados pelo Espírito, e mesmo assim apostataram para o ateísmo ou para qualquer coisa longe do Cristianismo.
É importante ressaltar mais uma vez que não estamos falando de qualquer cristão, nem de qualquer nível de queda. Há crentes que ainda não experimentaram algo assim de Deus, e outros que estão afastados dEle (o que costumamos chamar de “desviados”), mas que não cuspiram na cruz de Cristo e nem chegaram ao ponto de “crucificar novamente o filho de Deus”, como fazem aqueles que apostataram ao ponto de fazer proselitismo ateu e tentar levar outros consigo à apostasia. Se você está desviado(a), saiba que Jesus sempre está disposto a perdoar todos aqueles que se voltam a Ele com arrependimento sincero, como o bom pastor que cuida das ovelhas e como o pai do filho pródigo.
Desde os tempos do Antigo Testamento Deus diz que “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra” (2Cr 7:14). Jesus disse que quem viesse a ele, ele jamais rejeitaria (Jo 6:37), e João declara que “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1:9). Não há pecado que Deus não possa perdoar, pois “o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado” (1Jo 1:7). O testemunho bíblico unânime é de que, se você se arrepender dos seus pecados, você será perdoado e aceito de volta aos braços do Pai.
Aqui estamos falando de pessoas que mergulharam tão fundo na apostasia deliberada que nem mesmo são levadas ao arrependimento, por isso o texto de Hebreus diz que “é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento(Hb 6:6). Note que o texto diz que é impossível que eles se arrependam, e não que é impossível que Deus ouça o arrependimento deles. Em outras palavras, Deus perdoa todo aquele que se arrepende, mas neste caso estamos falando de gente que nem mesmo se arrepende, e por isso não é perdoada.
Jesus foi claro ao dizer que é o Espírito Santo quem “convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16:8). Ou seja, uma pessoa só se arrepende porque o Espírito Santo tocou em seu coração primeiro, não porque ela própria é boa de coração e produz o arrependimento sozinha. Mas essas pessoas que desfrutaram do amor de Deus e mesmo assim o abandonaram e tentam levar outras ao mesmo caminho chegaram a um ponto em que o Espírito Santo não age mais no interior delas, de modo a propiciar um arrependimento que os reconduza a Deus. E como não há perdão de pecados sem arrependimento, elas acabam nunca alcançando o perdão.
Portanto, se você quer voltar a Deus, saiba que ele está sempre disposto a perdoá-lo, bastando apenas que se arrependa dos seus maus caminhos. Há milhares de versículos bíblicos falando disso, que eu sequer preciso passar aqui porque você deve conhecer tão bem quanto eu. O próprio fato de você sentir tristeza em seu coração por estar afastado do Pai e uma vontade ardente de voltar aos braços dEle já significa que o Espírito Santo continua tocando em seu coração, tentando te convencer do pecado, da justiça e do juízo. Em outras palavras, significa que ainda há esperança.
Se você estivesse entre os que cometeram o “pecado sem perdão”, nem mesmo sentiria isso. Provavelmente estaria zombando e debochando de um artigo como esse, e seu coração permaneceria tão endurecido quanto antes, sem qualquer peso de consciência ou culpa pelos pecados que comete. Trata-se de alguém totalmente depravado e apartado da graça de Deus, após recebê-la uma vez. E na maioria das vezes, só Deus sabe quem chegou a este ponto ou não, a não ser nos casos mais manifestos, os quais o próprio João diz que não devemos orar pela pessoa, já que não há mais chances de Deus tratar o coração de alguém assim (1Jo 5:16-17).
Tenha em conta que Pedro chegou até mesmo a negar Jesus publicamente, algo muito sério para alguém que conviveu três anos com o Mestre e tinha intimidade com ele, mas mesmo assim se arrependeu profundamente e não apenas foi perdoado e aceito de volta, mas se tornou um dos maiores exemplos de fé, sendo fiel a Cristo até o martírio. Nós estamos sujeitos a passar por momentos difíceis, de dúvidas e incertezas, de fraquezas e desvios, mas isso não significa necessariamente que chegamos ao ponto em que não há mais volta. Muitos chegam até mesmo a desanimar na fé pensando que Deus não pode mais perdoá-los, e por isso se desviam ainda mais. Só quem tem a ganhar com isso é o inimigo de nossas almas.
Deus não decretou que os israelitas pereceriam no deserto sem que eles murmurassem muitas vezes antes disso. Da mesma forma, Deus não vai fechar as portas da terra prometida pra você logo na primeira queda ou desvio, independentemente da gravidade do pecado cometido. A apostasia da qual não há mais volta trata-se de uma atitude deliberada, racionalizada e levada à cabo com persistência, não um ato de pecado isolado. Ninguém chega a este ponto da noite pro dia, por um ato inconsequente ou uma palavra imprudente. Trata-se antes de alguém que peca deliberadamente depois de já saber a verdade, desprezando aquilo que recebeu de Deus, como diz Hebreus:
“Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão-somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os inimigos de Deus. Quem rejeitava a lei de Moisés morria sem misericórdia pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: ‘A mim pertence a vingança; eu retribuirei’; e outra vez: ‘O Senhor julgará o seu povo’. Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo!” (Hebreus 10:26-31)
Essas pessoas presenciaram milagres e provavelmente já receberam algum; tinham dons espirituais, conheciam a Palavra, tinham todas as evidências do agir de Deus e foram acolhidas por Ele em tantos momentos difíceis, mas se deixaram levar pelo maligno e se tornaram incrédulas ao ponto de não se importar mais com o pecado. É para estas que já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas apenas o juízo que consumirá os inimigos de Deus. Este é o que se rebelou e endureceu seu coração a tal ponto que o tornou insensível à voz do Espírito, e “se o negarmos, ele também nos negará” (2Tm 2:12).


Fonte: http://www.lucasbanzoli.com

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