Uma correta abordagem da questão da pornografia
deve manter duas verdades, por vezes aparentemente contraditórias, mas não
mutuamente excludentes: (i) uma análise objetiva do pecado da pornografia deve
considerar a realidade da liberdade individual e responsabilidade pessoal do
sujeito: O sujeito de nossos comportamentos é o nosso ego (eu), sendo assim,
não importa o que levou uma pessoa a ver pornografia, nada muda o fato de que
quem viu pornografia foi a própria pessoa em sua capacidade de responder. Sendo
assim, ela é responsável por seus atos. Além disso, ela é livre, o que não
significa liberdade de indiferença, mas sim liberdade de vontade. Isto é, a
pessoa que vê pornografia não o faz por estar sendo “coagida” pela “dopamina do
cérebro” ou por algum determinante no ambiente, ela o faz porque quer, e contra
isso não há desculpas, e sim responsabilidades.
A segunda verdade que deve ser mantida é: (ii) existem condicionantes que devem ser considerados numa avaliação subjetiva de cada caso e esses condicionantes podem atenuar a culpa pelo pecado: Existem condicionantes neurológicos, psicológicos, sociais, e culturais que devem ser considerados ao se fazer uma avaliação de cada caso. Existem desde pessoas que veem pornografia por rebeldia deliberada até aquelas que sofrem de alguma patologia severa e que recorrem à pornografia como sintoma dessa patologia. Embora a responsabilidade pessoal sempre esteja presente, a liberdade de vontade pode variar e, às vezes, ser bastante reduzida. Dependendo do grau de liberdade de vontade, a culpa pode ser menor ou maior, e todos esses condicionantes precisam ser levados em conta com toda a singularidade subjetiva que constitua cada caso[1].
A segunda verdade que deve ser mantida é: (ii) existem condicionantes que devem ser considerados numa avaliação subjetiva de cada caso e esses condicionantes podem atenuar a culpa pelo pecado: Existem condicionantes neurológicos, psicológicos, sociais, e culturais que devem ser considerados ao se fazer uma avaliação de cada caso. Existem desde pessoas que veem pornografia por rebeldia deliberada até aquelas que sofrem de alguma patologia severa e que recorrem à pornografia como sintoma dessa patologia. Embora a responsabilidade pessoal sempre esteja presente, a liberdade de vontade pode variar e, às vezes, ser bastante reduzida. Dependendo do grau de liberdade de vontade, a culpa pode ser menor ou maior, e todos esses condicionantes precisam ser levados em conta com toda a singularidade subjetiva que constitua cada caso[1].
Sendo assim, vamos considerar alguns condicionantes. A fim de fazer uma análise sistemática, eles foram divididos em dois sub-tópicos (condicionantes biológicos e condicionantes psicossociais), esta distinção é apenas didática, visto que os condicionantes precisam ser avaliados em uma totalidade conjuntural para uma correta avaliação de cada caso.
CONDICIONANTES BIOLÓGICOS
Antes de tratar dos condicionantes biológicos, é
importante observar algumas coisas. Primeiro, eles jamais devem ser afirmados
ao ponto de excluir a liberdade e responsabilidade do sujeito. Nenhuma pessoa é
refém da dopamina do seu cérebro e dos hormônios do seu sistema endócrino.
Segundo, eles, com exceção de alguns casos, desempenham um papel secundário. Em
geral, se dá muita ênfase à questão dos fatores biológicos ao ponto de ver
neles um papel determinante muito maior do que o que realmente existe.
Terceiro, uma consideração dos condicionantes biológicos não deve nos levar a
uma visão médico-etiológico da pornografia. Termos biomédicos como “vício”,
“dependência neuroquímica” devem ser evitados. Ao longo do artigo, em alguns
casos usei o termo “sintoma”, na falta de um termo melhor, no entanto, alerto
aos leitores para que não tomem esse termo em sua designação médica.
Pornografia não é doença, pornografia é pecado. Quarto, os condicionantes
biológicos não podem ser vistos como fatores isolados, mas devem ser olhados
como parte integrante de todo um contexto que envolve outros condicionantes que
permitem a construção de um espaço que possibilita com que o pecado da
pornografia emerja. E, quinto, a neurociência é um campo de pesquisa novo, e
mais recentes ainda são as pesquisas em relação à pornografia. Devemos ser
cautelosos para não tomarmos as descobertas da neurociência como verdades
absolutas.
Com essas cautelas, podemos considerar mais de perto os fatores biológicos envolvidos. O circuito de recompensas visto na liberação de dopamina no núcleo achumbes do cérebro parece ter um papel importante na expressão biológica do pecado da pornografia. Esse sistema ativa uma busca por prazer similar à da caça, como se, ao clicar de vídeo em vídeo, o pornógrafo estivesse “caçando” uma mulher. Isso explica porque muitos não se detêm em um vídeo, mas saem clicando de vídeo em vídeo em sua farra masturbatória A pornografia leva a uma redução da dopamina e a uma queda dos receptores de dopamina, de forma a diminuir a resposta de prazer. Isso significa que quanto mais se busca prazer por meio da pornografia mais se provoca uma anestesia ao prazer, o que leva a pessoa a buscar novos estímulos. Entre as consequências que essa dinâmica biológica pode provocar estão: avanço em pornografias mais pesadas, impotência sexual, disfunção erétil, homossexualidade e ansiedade. [2]
Em casos em que os fatores biológicos são proeminentes, a pessoa que luta com pornografia pode ter crises de abstinência. Nesses casos, é importante que ela tenha em mente que esse período inicial de crise de abstinência é somente uma fase e por isso, ela deve buscar a companhia dos outros e aconselhamento durante esse processo. Em alguns casos mais extremos, pode ser necessário buscar ajuda especializada, especialmente quando a pornografia for o sintoma de alguma patologia psiquiátrica. Um método equivocado para combater os problemas neuroquímicos é a tentativa de “substituir” a pornografia por um outro estímulo que provoque a liberação de dopamina. Isso é substituir um problema por outro. Algumas pessoas, por exemplo, substituem a pornografia pelo pecado da gula. Além disso, as descobertas da neurociência em relação à plasticidade neural e a crença cristã no poder renovador da transformação da mente (Romanos 12.2) traz esperança para aqueles que acham que a pornografia “estragou lhes” o cérebro.
CONDICIONANTES PSICOSSOCIAIS
Com essas cautelas, podemos considerar mais de perto os fatores biológicos envolvidos. O circuito de recompensas visto na liberação de dopamina no núcleo achumbes do cérebro parece ter um papel importante na expressão biológica do pecado da pornografia. Esse sistema ativa uma busca por prazer similar à da caça, como se, ao clicar de vídeo em vídeo, o pornógrafo estivesse “caçando” uma mulher. Isso explica porque muitos não se detêm em um vídeo, mas saem clicando de vídeo em vídeo em sua farra masturbatória A pornografia leva a uma redução da dopamina e a uma queda dos receptores de dopamina, de forma a diminuir a resposta de prazer. Isso significa que quanto mais se busca prazer por meio da pornografia mais se provoca uma anestesia ao prazer, o que leva a pessoa a buscar novos estímulos. Entre as consequências que essa dinâmica biológica pode provocar estão: avanço em pornografias mais pesadas, impotência sexual, disfunção erétil, homossexualidade e ansiedade. [2]
Em casos em que os fatores biológicos são proeminentes, a pessoa que luta com pornografia pode ter crises de abstinência. Nesses casos, é importante que ela tenha em mente que esse período inicial de crise de abstinência é somente uma fase e por isso, ela deve buscar a companhia dos outros e aconselhamento durante esse processo. Em alguns casos mais extremos, pode ser necessário buscar ajuda especializada, especialmente quando a pornografia for o sintoma de alguma patologia psiquiátrica. Um método equivocado para combater os problemas neuroquímicos é a tentativa de “substituir” a pornografia por um outro estímulo que provoque a liberação de dopamina. Isso é substituir um problema por outro. Algumas pessoas, por exemplo, substituem a pornografia pelo pecado da gula. Além disso, as descobertas da neurociência em relação à plasticidade neural e a crença cristã no poder renovador da transformação da mente (Romanos 12.2) traz esperança para aqueles que acham que a pornografia “estragou lhes” o cérebro.
CONDICIONANTES PSICOSSOCIAIS
Muitas das vezes a pornografia aparece simplesmente
como um “sintoma” de questões psíquicas muito mais profundas. Nesse caso, não
adianta lutar contra a expressão comportamental sem lidar com o que está por
traz do problema. É importante que a pessoa esteja consciente de que está
buscando o alívio para alguma questão psicológica no “lugar” errado. Nestes
casos, a pessoa deve identificar qual sentimento está por traz de seu pecado e
assim desenvolver formas de lidar com esses sentimentos de maneira madura e
saudável, sem recorrer a pornografia. Em geral, existem duas dificuldades
psicológicas principais envolvidas na questão da pornografia:[3]
(i) Solidão: A
solidão é a crença ilusória de que estamos sozinhos. É uma ilusão porque é
impossível estar realmente sozinho quando se toma consciência da presença das
pessoas da Trindade e dos anjos. A pornografia é um sinal de que a pessoa não
consegue gerenciar seu tempo sozinha e não consegue estar “consigo mesma”. Ela
precisa aprender a conviver consigo mesma.
(ii) Frustrações: A vida tem muitos intempéries, sofrimentos e momentos de estresse. Foi
observado, em relação aos condicionantes biológicos, que o circuito de dopamina
leva a uma “anestesia do prazer”, isso torna a vida da pessoa chata e
enfadonha. Geralmente, a pessoa não aceita que a vida tem problemas e
frustrações e por isso, corre para a pornografia como uma forma de se refugiar.
O uso da pornografia como meio de aliviar-se das tensões da vida, é, na
realidade, a atitude covarde e infantil de não encarar a realidade como ela é.
No fundo, a pornografia só piorará o sentimento de vazio, porque ela não poderá
solucionar seus problemas e só ocasionará mais frustração. A pessoa acaba
vivendo numa espécie de imaturidade e infantilismo psíquico.
Questões socioculturais também influenciam no pecado da pornografia. Uma delas é a crença de que homens não podem viver sem sexo. Em geral, a ideia de que a fisiologia masculina torna necessário que homens façam sexo é um mito cultural que leva a um sentimento fatalista de que é praticamente impossível vencer o pecado sexual. Na realidade, questões psicossociais parecem desempenhar um papel muito mais importante do que questões biológicas.
Outra questão psicossocial que pode ser observada é a diferença entre homens e mulheres. Em geral, é mais próprio do homem ver e da mulher mostrar. Os homens são mais atraídos aos estímulos visuais de vídeos e imagens, já as mulheres são mais tentadas em sites de bate-papo no qual podem enviar imagens de si mesmas. No caso das mulheres, a presença de elementos “românticos” também são importantes. No entanto, na nossa sociedade, em que há uma desvalorização da masculinidade e da feminilidade, esses papéis podem se confundir, e muitos homens exibem seus corpos e muitas mulheres contemplam vídeos pornográficos.[4] Tanto o homem, como a mulher, devem fugir não só no momento da tentação, mas das ocasiões de tentação (Provérbios 7.5-8).
Outra crença social falsa é equiparar o sexo venal
(pornografia) com o sexo erótico (real). O sexo venal é o sexo no qual há um
mero encontro de corpos, enquanto o sexo erótico é aquele no qual há, além do
encontro de corpos, há um encontro de almas. Pornografia não é erotismo, mas
sim sexo venal.[5] Assim, engana-se quem acha que o casamento é a panaceia para
o seu problema com pornografia. Sexo real não é sexo pornográfico, e jovens que
veem pornografia estão aprendendo errado o que é sexo. Isso pode trazer
consequências sérias para as relações sexuais no casamento, sua esposa não será
uma atriz pornográfica! Tim Challies observa:
“A pornografia e o sexo dentro do casamento são
coisas completamente diferentes. Sim, quando você se casar, você pode achar que
no começo está bem satisfeito com a sua esposa e pode encontrar satisfação no
sexo com ela. Mas o pecado ainda pode estar adormecido. Se o pecado nunca for
tratado, é provável que volte. Mais cedo ou mais tarde, se você nunca realmente
se arrependeu daquele pecado, ele vai aparecer novamente com toda a sua feiúra.
Talvez seja num momento em que sua esposa viaje por alguns dias, ou quando você
viajar e encontrar-se sozinho em um quarto de hotel em uma cidade estranha.
Talvez seja após o nascimento de seu primeiro bebê, quando há aquele tempo de
espera em que, durante várias semanas, não se pode ter relações sexuais. Mas é
muito provável que o pecado vá voltar para ferir você e sua esposa.” [6]
Outra questão psicossocial que não pode ser ignorada é o fato de que as pessoas que compõem uma cena pornográfica são pessoas. Elas tem rostos, almas, subjetividade e histórias de vida. Um pornográfico comete o grave pecado de tratar uma pessoa como se ela fosse uma coisa ou um objeto para sua satisfação egoísta. A vida de um ator ou atriz pornô costuma ser triste, bem como suas histórias de vida, muitas delas morrem por doenças sexualmente transmissíveis, abuso de drogas ou suicídio[7]. Visto que uma pessoa que vê pornografia acaba tornando-se, em certa medida, responsável pelo sofrimento dos atores que assiste, eis uma questão: Você já orou pelos atores pornográficos que você já assistiu? Se não, faça isso, assim você não se esquecerá de que eles são pessoas[8]:
“Facilmente nos esquecemos que as pessoas que
compõem as imagens de uma cena pornográfica são pessoas. Elas possuem
subjetividade, alma, presença e consciência. A desumanização do outro e a
instrumentalização das relações humanas caracterizam a nossa sociedade
pansexual e pornográfica. Tratamos as pessoas como coisas, como entes-a-mão. A
pornografia é só um sintoma de que nossa sociedade está substituindo relações
humanas, por relações objetais, e isso não só no âmbito sexual. Uma analítica
da problemática da pornografia deve considerá-la, não como um fenômeno isolado,
mas como um sintoma de algo muito maior, como a denúncia de um mundo de
relações despersonalizadas, do qual cada um de nós é pessoalmente responsável e
culpado.”[9]
A VERDADEIRA RAIZ DO PROBLEMA
Embora tenhamos analisado várias condicionantes,
todos eles são só facetas de uma raiz ainda mais profunda, que é o que
verdadeiramente está por traz do pecado sexual – a idolatria. Por exemplo,
pessoas com baixa-autoestima e vitimistas, que recorrem a pornografia para
suprir a sua carência emocional, são pessoas que consideram a si mesmas
“merecedoras” de atenção e adoração. Quando alguém não aceita os problemas da
vida e recorre a pornografia na busca do alívio, está fazendo de si mesmo um
deus que quer determinar como a vida deveria ser. Quando alguém recai
continuamente na pornografia por causa de seu complexo de culpa, está fazendo
de si mesmo um deus que quer anular o perdão de Deus. Quando alguém estabelece
um “cronograma” para ser liberto, está querendo determinar quando Deus deve lhe
libertar. Tornar a libertação da pornografia como um alvo em si mesmo também é
idolatria. Depositar toda sua confiança em bloqueadores, cronogramas, técnicas
e métodos de libertação é uma forma idólatra de lutar contra o pecado.
Em todos os casos, creio eu, será possível identificar um ídolo por traz do pecado sexual. Enquanto a idolatria não for cortada pela raiz, o problema continuará lá. Mesmo que a pessoa abandone a pornografia exteriormente, isso não terá muito valor enquanto ela permanecer agarrada a seus ídolos. Aliás, o orgulho pode mortificar muitos pecados dando a falsa impressão de santidade.
Em todos os casos, creio eu, será possível identificar um ídolo por traz do pecado sexual. Enquanto a idolatria não for cortada pela raiz, o problema continuará lá. Mesmo que a pessoa abandone a pornografia exteriormente, isso não terá muito valor enquanto ela permanecer agarrada a seus ídolos. Aliás, o orgulho pode mortificar muitos pecados dando a falsa impressão de santidade.
O apóstolo Paulo identificou a imoralidade sexual
como um castigo de Deus à idolatria. É verdade que ele fala mais
especificamente da homossexualidade, talvez por ela ser uma expressão mais
representativa, mas creio que a mesma verdade pode ser expandida para os demais
pecados sexuais (leia: Romanos 1.21-28). Jesus Cristo também identificou o
coração idólatra como a verdadeira raiz por traz dos pecados sexuais:
“Pois do interior do coração dos homens vêm os
maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os
adultérios,” - Marcos 7:21
COMO VENCER A PORNOGRAFIA?
Existem muitos métodos e técnicas para vencer a
pornografia, mas que em geral não são eficientes em si mesmos e eles precisam
ser vistos apenas como técnicas paliativas, como o uso de bloqueadores, por
exemplo. A luta contra esse pecado não pode se tornar idólatra, por isso, o
cristão deve estar mais preocupado em fortalecer sua vida espiritual com Deus,
do que com a luta contra o pecado em si mesma. Geralmente, a libertação será
uma consequência natural de sua vida espiritual com Deus. Além disso, a luta contra
esse pecado, deve levar em conta os condicionantes subjetivos envolvidos e por
isso, cada abordagem acaba por ser singular. Não se pode, no entanto, perder de
vista a identificação e o combate aos ídolos do coração que, como vimos, são a
verdadeira raiz do problema.
É importante, que o cristão tenha em mente o perdão
de Deus e compreenda que a luta contra a pornografia costuma ser uma fase na
qual Deus está aperfeiçoando o caráter do crente. Aprender com os erros é
importante:
“O mui sábio, justo e gracioso Deus muitas vezes
deixa por algum tempo seus filhos entregues a muitas tentações e à corrupção
dos seus próprios corações, para castigá-los pelos seus pecados anteriores ou
fazer-lhes conhecer o poder oculto da corrupção e dolo dos seus corações, a fim
de que eles sejam humilhados; para animá-los a dependerem mais íntima e
constantemente do apoio dele e torná-los mais vigilantes contra todas as
futuras ocasiões de pecar, para vários outros fins justos e santos.”[9]
Os meios para vencer esse pecado continuam sendo aqueles já fornecidos por Deus. Isto é, o cristão tem a responsabilidade de fazer uso de tudo o que pode fortalecer sua vida espiritual, como a comunhão na igreja, a leitura da Palavra, os sacramentos, a guarda do dia do Senhor, a oração, etc [10]. Além disso, converse com seu pastor ou com um cristão maduro que possa acompanha-lo e ajuda-lo nessa luta. O Catecismo Maior de Westminster nos ensina a orar:
“...reconhecendo que o mui sábio, justo e gracioso
Deus, por diversos fins, santos e justos, pode dispor as coisas de maneira que
sejamos assaltados, frustrados e feitos por algum tempo cativos pelas
tentações; que Satanás, o mundo e a carne estão prontos e são poderosos para
nos desviar e enlaçar, que nós, depois do perdão de nossos pecados, devido à
nossa corrupção, fraqueza e falta de vigilância, estamos, não somente sujeitos
a ser tentados e dispostos a nos expor às tentações, mas também, de nós mesmos,
incapazes e indispostos para lhes resistir, sair ou tirar proveito delas: e que
somos dignos de ser deixados sob o seu poder -, pedimos que Deus de tal forma
reja o mundo e tudo o que nele há, subjugue a carne, restrinja a Satanás,
disponha tudo, conceda e abençoe todos os meios de graça e nos desperte à
vigilância no seu uso; que nós e todo o seu povo sejamos guardados, pela sua
providência, de sermos tentados ao pecado; ou que, quando tentados, sejamos
poderosamente sustentados pelo Espírito, e habilitados a ficar firmes na
hora da tentação; ou, quando, fracassados, sejamos levantados novamente,
recuperados da queda, e que façamos dela uso e proveito santos; que a nossa
santificação e salvação sejam aperfeiçoadas, Satanás calcado aos nossos pés e
nós inteiramente libertados o pecado, da tentação e de todo o mal, para
sempre.”[11]
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Lute contra esse pecado! Deus te criou para amar as
pessoas, não para usá-las como objeto. Além disso, encare essa luta como um
guerreiro em uma batalha, não se deixe dominar pela culpa e pelo vitimismo.
Cristo já pagou seu pecado na cruz, considere-se morto para o pecado (Romanos
6.4). Vale lembrar a exortação de João Crisóstomo a Teodoro:
“Assim também tu, querido Teodoro, não deves
precipitar-te a ti mesmo no abismo só porque te afastaste um pouco do teu
estado. Não. Resiste valorosamente e retorna depois ao lugar de onde saíste, e
não tenhas por desonra teres um dia recebido esse golpe. Se visses um soldado
que retorna ferido da guerra não o considerarias desonrado; desonra é lançar
fora as armas e deixar o campo de batalha. Mas enquanto a pessoa se mantiver
firme no seu posto e se empenhar em combater, mesmo que seja ferida, mesmo que
tenha de retroceder alguns passos, ninguém será tão insensato nem tão
inexperiente nas coisas da guerra que se atreva a lançar-lho em rosto.
Não ser ferido é próprio somente daqueles que não
lutam; mas aqueles que se lançam com grande ímpeto contra o inimigo, é natural
que vez por outra sejam atingidos por um golpe e caiam. Isto é o que te
aconteceu agora: quiseste matar a serpente de um só golpe e foste mordido por
ela. Mas anima-te; com um pouco de vigilância, não ficará o menor rasto dessa
ferida e até, com a graça de Deus, conseguirás esmagar a cabeça da
serpente.”[12]
FONTES E NOTAS:
[1] Os pontos 3 e 4 da resposta da
pergunta 151 do Catecismo Maior de Westminster observa que alguns
condicionantes que podem tornar um ato mais grave:
“Pela natureza e qualidade da ofensa,
se for contra a letra expressa da lei, se violar muitos mandamentos, se
contiver em si muitos pecados; se for concebida, não só no coração, mas
manifestar-se em palavras e ações, escandalizar a outrem e não admitir reparo
algum; se for contra os meios, misericórdias, juízos, luz da natureza,
convicção da consciência, admoestação pública ou particular, censuras da igreja,
punições civis; se for contra as nossas orações, propósitos, promessas, votos,
pactos, obrigações a Deus ou aos homens; se for feita deliberada, voluntária,
presunçosa, impudente, jactanciosa, maliciosa, frequente e obstinadamente, com
displicência, persistência, reincidência, depois do arrependimento.
Pelas circunstâncias de tempo e de
lugar, se for no dia do Senhor ou em outros tempos de culto divino,
imediatamente antes, depois destes ou de outros auxílios para prevenção ou
remédio contra tais quedas; se em público ou em presença de outros que são
capazes de ser provocados ou contaminados por essas transgressões.”
[2] Vício em Pornografia Como
Parar, páginas 17-26 – 1° Edição – Janeiro de 2014 – E-book. Confira: http://vicioempornografiacomoparar.com/
[3] Como Trilhar o Caminho da
Restauração? – Paulo Ricardo. Disponível em: https://padrepauloricardo.org/aulas/restauracao
[4] Destrave – Libertando-se da
Pornografia. – Paulo Ricardo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ijtpidgPe8M
[5] Eros cristão e Eros secular:
Desejo Sexual em Perspectiva Cristã – Guilherme de Carvalho - VI
Conferência L´Abri Brasil: Fé e Sexo (2013). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EqiT5XLNaAQ
[6] Desintoxicação Sexual – Um
Guia Para o Jovem Solteiro – Tim Challies, páginas 9-10.
[7] Video: Dead ‘Gay’ Porn Stars
Memorial – Created by Former Homosexual Joseph Sciambra. Disponível em: http://americansfortruth.com/2015/02/19/dead-gay-porn-stars-memorial-created-by-former-homosexual-joseph-sciambra/
[8] Confissão de Fé de Westminster
5.5. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/credos/cfw.htm
[9] Analítica Existencial do Fenômeno
da Pornografia, texto meu. Disponível em: http://brunosunkey.blogspot.com.br/2017/03/analitica-existencial-do-fenomeno-da.html
[10] Manual de Doutrina Cristã,
página 226 – Louis Berkhof -2° Edição, 2012.
[11] Catecismo Maior de Westminster,
pergunta 195. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/catecismos/catecismomaior_westminster.htm
[12] Exortações a Teodoro, II, 1
(PG 47, 309) — ARRARÁS, Felix. João Crisóstomo, vida e martírio. São Paulo:
Quadrante, 1999. Citado em: https://padrepauloricardo.org/blog/se-voce-caiu-levante-se
Autor: Bruno dos Santos Queiroz
Divulgação: Bereianos
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