Autor: Rev. Esli Soares
Algumas
palavras introdutórias:
Inicialmente
comecei a escrever um roteiro para um rápido vídeo em que pretendia responder
as indagações de amigos que pedindo explicações, insistiram em respostas mais
formais sobre tatuagens. Foi daí que veio esse ‘pequeno’ artigo.
O
tema é batido, muita gente boa já comentou. Eu nos últimos 4 anos já respondi
essa mesma pergunta uma meia-dúzia de vezes. Quase tudo que escrevi são
convicções antigas. O tema é recorrente para mim desde o início da
adolescência, quando integrante de uma banda de rock, pensei em me tatuar –
desejo não concretizado por detalhes, pelo menos inicialmente. Desde então
revisei alguns conceitos que progrediram e se estabeleceram mais firmes. São
eles que esboço.
Embora
seja mais comum o questionamento sobre “o cristão e as tatuagens”, abordarei a
temática mais ampla das modificações corporais. Isto é, basicamente, tratarei
tudo como uma coisa só; os argumentos serão necessariamente intercambiáveis,
valendo para as diversas modalidades dessa prática, seja tatuagens, piercings,
brandings, escarificações, implantes, alargadores, fendas, amputações e etc. –
se der tempo, ainda falo algo sobre cirurgias plásticas e de outros
procedimentos estéticos menos invasivos.
É
ou não pecado fazer uma tatuagem? O que a Bíblia diz sobre isso? Será que há
orientações Escriturísticas?
Não
ignoro que isso mexa com detalhes subjetivos, conceitos culturais e tabus. Boa
parte da argumentação está ligada a preconceitos, tradições e aparência física,
nada mais. Mas a Bíblia tratar desse tema – sem dúvida a Palavra de Deus trata
de todos os aspectos relativos à vida humana. E claro, tudo que contraria
diretamente uma ordem divina[1] é pecado e deve ser evitado! Não obstante,
antes de olhar textos bíblicos especificamente, vou analisar outros detalhes
relacionáveis ao tema, afinal há coisas que não estão estampadas nos Textos
Sagrados, mas que devem ser tratadas em associações a estes, bem interpretadas,
sob pena de orientações erráticas.
Marcando
o começo:
É
preciso considerar os motivos para essas modificações: por que pintar parte do
corpo? Por que fazer um desenho ou uma marca na pele? Estética, sensualidade,
identificação com grupos? Ficar mais bonito ou chocar o senso comum? Por detrás
das razões pode não haver mais que idolatria, que é pecado, seja do sexo – se
tornar mais sensual – ou do grupo de doidões que marcam o próprio corpo a
“ferro em brasas” para mostrar como são machos!
Talvez
seja apenas rebeldia, que também é pecado: quanto do desejo de ‘ter uma
tatuagem’ é apenas fetiche revolucionário? Ou quem sabe apenas atender à moda
pós-moderna? Quanto não passa de pura “birra da adolescência” que, muitas
vezes, já devia ter passado a décadas? Quanto é só para provar algo a si mesmo
ou a outros? Nada além de egolatria! Outro pecado.
Bem
pode ser algo essencialmente cúltico, religioso ou transcendental: apenas a
busca pelo equilíbrio ou paz de espírito; pode ser para lembrar de um fato
importante na vida; comunicar uma ideia ou suscitar questionamentos; talvez até
louvor, até cristão: tatuar um verso ou frase bíblica, por exemplo. Mas uma
afirmação ou declaração de fé sadia é mesmo válida se feita desse modo tão
diverso? A mistura desses aspectos culturais com a religiosidade cristã é
vantajosa? Há clareza nessas formas? A possível confusão trazida por esses
elementos diferentes (cultura popular e cristianismo) é superável?
O
eventual mal testemunho já não é um bom indicativo sobre a posição cristã?
Essas marcas ligadas, muitas vezes, a práticas pecaminosas, drogas,
prostituição, homossexualismo, etc., ainda são encaradas pela sociedade, de uma
forma geral, como algo ruim, criminal e violento. E mais, tais modificações
estão inegavelmente associadas as ritualísticas pagãs, ocultismo, e até
associação direta com o diabo.
Boa
parte dos desenhos é a-cristã quando não diretamente anticristã! Muitas vezes
são ofensivos e obtusos, outra tantas, abstratos, disformes, ilógicos,
subjetivistas apontando para uma irracionalidade, tão marca dos nossos dias,
profundamente contrária à perspectiva de um Deus que também se revela na ordem
das coisas criadas, desde a fundação do mundo.
Ora,
se nem a observância de sinais externos, biblicamente prescritos para o povo de
Deus, tem sua continuidade para a igreja neotestamentária, como justificar a
feitura de “tatuagens de louvor ou adoração” na igreja hodierna? Não seria
assimilar o mundo, trazer ‘fogo estranho’ para o culto, fazer aquilo que Deus
não mandou? Há como encontrar espaço para essas invencionices da modernidade
naquilo que Deus ordenou especificamente ao seu povo? É possível desenvolver a
nossa salvação através de uma “linguagem” tão mundana?
Afinal
essas modificações, em especial os implantes, alargadores, fendas e amputações,
as escarificações, servem, no mais das vezes, para falsear, perverter ou fugir
da figura humana; tornar-se mais parecido com animais ou com algum ser mítico
inventado por superstições, literatura ou outra mídia da cultura popular. Tudo
só afastando ainda mais a humanidade, coroa da Criação, da imagem e semelhança
divina que é!
Enfim,
se não é uma franca desobediência a alguma ordem de Deus, a ideia de alteração
fisionômica pode ser apenas desconsiderar a opinião do Criador sobre a forma
externa de suas criaturas. Não dar ouvidos ao que Ele diz! E isso é (ou deveria
ser) algo realmente impossível para aqueles que são suas ovelhas
É
mais que brincadeira:
Outro
aspecto importante a ser considerado é que embora algumas dessas modificações
corporais sejam simples, executadas com anestesia local em ambiente controlado,
a rigor, todas são procedimentos cirúrgicos. Se até mesmo a tatuagem envolve um
trauma significativo na pele, que dizer de fender a língua ou os lábios?
Parece
certo dizer que cada um desses procedimentos é em si uma agressão. Infecções e
doenças associadas são riscos constante. Além, é claro, da inutilização ou
perda significativa de função de algum membro ou parte do corpo. Tatuagens
podem esconder melanomas ou causar linfomas, fora o contágio – limitadíssimo, é
bem verdade, e quase (com ênfase no “quase”) impossível – da Aids ou Hepatite.
Piercings,
alargadores ou implantes podem gerar reações alérgicas e rejeições severas,
inclusive paralisias ou insensibilidades – mesmo que sejam feitos de materiais
cirúrgicos. Há casos de apodrecimento da carne em volta desses implantes.
Branding e escarificações trazem, sem nenhuma diminuição, todos os riscos de
incidentes com queimaduras e lacerações na pele!
Claro
que a amputação de membros ou partes do corpo podem estar numa categoria
elevada de distúrbios psicológicos – para falar pouco: a dismorfia[2] não seria
apenas pecado mas também uma doença séria e perigosa – mas é realmente possível
considerar a alteração de uma morfologia saudável, funcional, através de
procedimentos doloridos e arriscados, questões meramente estéticas?
Por
que atentar de modo tão direto contra a saúde? Por que desconsiderar o risco à
vida? Comprometer a saúde ativamente é pecado! Que sanha é essa de ser
diferente? Aparência é mesmo um motivo válido? Inda mais sabendo que aquilo que
hoje é considerado belo, pode muito bem, na estação seguinte, ser tratado como
feio, ridículo, ultrapassado! Assumir esses riscos, por algo tão transitório,
razões tão frívolas, é tolice! Ceder a isso acertadamente é associável ao
pecado, já apenas pelos perigos envolvido.
Um
sinal mais forte:
É
possível que para cada um desses argumentos e indagações se tenha uma proposta
alternativa viável que, se não todos, permitem ou justificam alguns dos
procedimentos. Talvez a variação cultural e a origem familiar ou mesmo a
ocorrência anterior de alguma alteração dê, pelo menos em tese única, a algum
individuo (ou situações[3]) boa réplica ao que foi colocado até aqui. Daí a
necessidade de uma abordagem estritamente escriturística.
Em
Lv 19;28 – trecho comumente usado para tratar desta questão – lemos: “Pelos
mortos não ferireis a vossa carne; nem fareis marca nenhuma sobre vós. Eu sou o
SENHOR!” (ARA) A forma como os especialistas traduziram essa passagem, impõe a
distinção de duas assertivas: A) não se autoflagelar por luto; B) não fazer
algum tipo de marca no corpo.
Em
certas versões/traduções, entretanto, o uso apenas da vírgula separando as
orações ou uma construção frasal diversa, enseja a continuidade e/ou submissão
dessas afirmações ao mesmo tema: honraria aos mortos, ritual fúnebre ou luto.
É
bem verdade que se a proibição for apenas da autoflagelação/marcação por luto,
esse verso, pouco teria a nos dizer em associação às mudanças fisionômicas de
um modo mais amplo. Exceto, claro, para as tatuagens, desenho ou nome, ou
modificações quaisquer por causa de parente (amigos) mortos – ou animal de
estimação morto – coisas claramente vetadas, neste verso, ao cristão.
Muito
mais que traços:
Ocorre
que na assertiva (A), primeira frase do verso 28, o termo importante para o
assunto é שֶׂרֶט (seret ou seh’-ret),
que segundo o dicionário Strong, significa incisão
(golpe ou talho) e foi traduzido por ferir. Já na assertiva
(B), o termo hebraico traduzido por marca é קַעֲקַע (qa`aqa` ou kah-ak-ah’) e aparece uma
única vez em todo o texto bíblico. E também, significa, segundo o dicionário
Strong, incisão ou corte.
Observe
que os termos de (A) e (B) têm significado parecido. Mas na assertiva (A), a
ferida é auto infligida – até só por mero consentimento – com a intensão da
flagelação, do suplício, tanto para simbolizar o luto ou tristeza pela perda
(morte), quanto para produzir este efeito, dor tipificada, comoção. Na
assertiva (B), não consta nenhum complemento.
Olhando
comparativamente a LXX (a antiga tradução do V.T. para o grego, septuaginta) o
mesmo termo da assertiva (B), foi traduzindo por στικτa (stikta), provavelmente
mancha/marca. De modo igual na vulgata (uma antiga versão bíblica em latim)
encontramos ‘stigmata’ que significa marca/sinal. Dando amplo suporte para
traduzir o termo por impressão (algum tipo de desenho aplicado na pele) ou
tatuagem. Tanto que na Nova Versão Internacional, dentre outras traduções,
consta: “…nem tatuagem em si mesmos”.
E
bom notar que a assertiva (B), parece estar vinculada a algum tipo de culto
(louvor, deferência ou ritualística)[4]: como que por sobre si (na pele) o nome
do deus a quem serve. A punição de marcar os condenados, desertores ou escravos
fujões recapturados com ferro em brasas bem pode estar relacionado esta
ocorrência[5]. Também é possível que tal prática tenha relação com termos de
posse (identificado visualmente na pele): marcar com o nome ou insígnia do
senhor, dono de escravos (também de soldados) – como ainda se faz, comumente,
com o gado.
Provavelmente
era a ideia na mente do apóstolo Paulo, quando em Gálatas 6;17, disse:
“…marcas[6] do Senhor Jesus”– prova de seu dom apostólico, seleção para o
ministério; ou quando o profeta Isaías no capítulo 44;5 fala: “…outro ainda
escreverá na (ou com a[7]) própria mão: Eu sou do SENHOR” – uma demonstração
figurativa do prazer do povo em pertencer a Deus; eles estariam (como que
escravos ou posse) se identificando alegremente como ‘do Senhor’. Outro
possível uso dessa figura pode ser visto em Apocalipse 13. No v.16 lemos: “A
todos… seja dada certa marca[8] sobre a mão direita ou sobre a fronte” –
dispensa comentários.[9]
Mas
o mesmo termo grego usado por Paulo para descrever as marcas de Cristo (Gl
6;17), aparece na versão grega (LXX) de Cantares 1;11 para traduzir do hebraico
a ideia de ‘incrustações’, um enfeite. Mostrando que o termo em si tem ligação
diretas com o visual, a símbolo/marca, seja para castigo, deferência ou
estética. O conceito que foi traduzido por marca/tatuagem, assertiva (B), não
impõe nenhum limite de significado a prática de se marcar; etimologicamente é
apenas isso: marca, símbolo, desenho.
Ficando
assim definido, sem sombra de dúvidas, que há no verso 28 duas proibições: (A)
machucar-se – indubitavelmente – pelos mortos (nos diz o complemento verbal); e
(B), marcar-se ou machucar/incidir algo no corpo (pele), com o objetivo de
produzir um desenho ou alteração corporal, um distintivo do natural para
diversos fins. Não havendo uma especificação das razões desses procedimentos na
assertiva (B), o caráter geral da proibição fica ressaltado. Lembrando que a
separação da Bíblia em versos não faz parte dos originais, mitigando últimas
dúvidas sobre a obrigatoriedade de um tema único no verso.
Os
versos próximos só confirmam essa hipótese: vemos no verso 26 a proibição de
comer carne com sangue, agourar (lançar pragas) e fazer adivinhações; já no 29
vemos sobre a proibição da prostituição (especialmente como um negócio de
família, não obstante todo tipo de prostituição seja condenável). O verso 19
fala contra a criação de animais híbridos, ou a plantação de duas espécies de
sementes diferentes juntas. O verso 28 proíbe um tipo específico de corte de
cabelo (imitar o costume local ou escalpelar), e uma possível tradução para a
proibição da “danificar as extremidades da barba” é fazer cortes no queixo.
Ele
falou desde os antigos:
Desde
de Gênesis há a clara noção que o visual é importante no mundo pós-queda, ao
ponto de Deus mesmo fazer roupas para cobrir a nudez de Adão e Eva, ou que ao
condenar Cain, Deus lhe tenha posto um sinal (provavelmente uma marca ou
desfiguração). Não ignore a conexão dessa verdade para o esboço, pois os
fatores espirituais não impedem um valor real e prático desses casos.
Embora
a roupa servisse para tipificar a justiça imputada por Deus ao homem – mais um
anúncio do Evangelho – e a nudez (pós-queda) demonstra a inaptidão humana
diante do Senhor, as roupas servem para cobrir e estar nu tanto é pecado,
quanto é veexatório. E até hoje é um comando divino para seu povo, mesmo para
os que já foram libertados do império do Pecado. Cain foi marcado para sua
lembrança do castigo, e havia uma mensagem nesse sinal tanto para o anúncio
público de sua sentença quanto um aviso da justiça divina, justiça exclusiva.
Talvez seja até a ligação antropológica com a tatuagem!
No
contexto mais próximo, os capítulos 17, 18 e 20 de Levíticos, uma série de
práticas comuns associadas a rituais ou costumes daquela época, são diretamente
proibidas pelo Senhor ao seu povo. Claramente para demonstrar a diferença
requerida de Israel frente as outras nações (ver Lv 18;3). Assim era a
circuncisão, as leis dietéticas, as relações sócias e comerciais do povo
hebreu. E por que não a estética desse povo? Essa diferenciação visual (ou
visível) dos filhos de Deus é fato em toda a Bíblia.
Outros
exemplos podem ser vistos quando os castrados são impedidos ministrar diante de
Deus. Ou do sacerdote não poder ter partes do corpo danificadas e nem se casar
com viúvas ou divorciadas. Lepra, diversas doenças de pele, impediam o convívio
no arraial de Israel. O cordeiro pascoal ou o animal para o sacrifício tinha
que ser perfeito e sem manchas! Até a conduta da esposa e o testemunho dos
filhos de um presbítero ou diácono e sua boa fama para com os de fora, deve ser
levada em conta.
Nos
Dez mandamentos vemos a proibição de imagens (figuras ou ídolos) para o culto;
o sacerdote usava roupas especiais; havia um incenso específico e exclusivo
para o holocausto. Fogo estranho no santuário era punido com a morte. As pedras
usadas no altar não podiam ser lavradas ou ajeitadas esteticamente nem para o
encaixe melhor. O Tabernáculo e depois o Templo, seus utensílios, medidas,
foram detalhadamente descritos e deviam ser precisamente seguidos. Paulo fala
do uso do véu para as mulheres e comenta da barba e do cabelo dos homens; as
vestes brancas são figuras da santidade do novo nascimento e a ligação com
Cristo nos é dado (meio de Graça) no pão e no cálice na comunhão, separados dos
tipos comuns, mas que são também espirituais.
Deste
modo fica aqui – en passant – vencida a eventual objeção quanto a continuidade
dessas leis do Velho Testamento para a Igreja na Nova Aliança. Em outros
termos, essas orientações, em princípios, devem ser entendidas como um alerta –
uma ordem! – contra a secularização ou assimilação cultural: não é para tomar a
forma do mundo (Rm 12;2)! É exatamente o que quer dizer ser santo ou povo de
propriedade exclusiva de Deus. Óbvio, o contrário disto será inegavelmente
pecado.
Cirurgias
plásticas, procedimentos menos invasivos e cosmética:
As
cirurgias plásticas corretivas, mesmo que só para corrigir problemas estéticos:
cicatrizes, manchas, diminuir o nariz, ajeitar as orelhas, reduzir as rugas,
retirar o excesso de pele ou ect., obviamente não se enquadram em nada do que
disse aqui. Até porque esses procedimentos não visam mudar a estética corporal
e sim compatibilizar certas características ao padrão funcional, muitas vezes,
principalmente por estética, com implicações à saúde.
O
exagero disto bem pode ser associável ao artigo. Buscar se parecer com uma
celebridade é loucura, idolatria, pecado! O culto a aparência, seja através do
vestuário, dos acessórios, do cabelo, do carro zero, da academia ou das
plásticas, incide praticamente em tudo o que foi condenado aqui.
Na
verdade, a ideia de que funcionalidade e beleza não caminham juntas é um erro
da mente pós-moderna. A Beleza é objetiva, certa, útil, mas o que estão
chamando de beleza ultimamente é tudo menos Belo. Assim qualquer procedimento
que visa (não necessariamente que consiga…) manter ou realçar a beleza, é
válido, desde que não invada os pontos abordados acima, não se torne um fim em
si mesmo, e não obstaculize a devoções e piedade cristã.
3
Argumentos simples e rápidos contra as alterações corporais:
1)
A continuidade entre o Velho e o Novo Testamento: a Bíblia toda e toda Bíblia.
Não existe essa separação entre Lei e Graça! O que foi dito e não foi
formalmente abolido no Novo Testamento, ainda tem seu valor. De algumas coisas
ficaram apenas os princípios, vivemos milhares de anos, em cultura distintas,
seria irracional esperar que só o que está termo a termo escrito é que vale ou
caiu.
2)
O princípio regulador do culto: Não invente, apenas obedeça. O culto ao Senhor
é totalmente limitado em cada detalhe pelo que diz a Palavra. Não há o elemento
cúltico “tatuagem de louvor”. “Mas a vida do cristão é um culto!” diriam. –
então comece a repensar o modo como você vive. Acrescente a seriedade dos
elementos prescritos para o culto ao seu dia a dia e não o contrário! Faça da
sua semana, em casa ou no trabalho, no trânsito, na escolha da roupa, no corte
de cabelo, no linguajar ou em qualquer outra coisa, tão somente o que Ele disse
para fazer; leve para a sua vida a santidade de Deus ao invés de levar o
mundanismo para o culto.
3)
A opção pela simplicidade: De fato nosso corpo – dos eleitos e só deles – é
templo do Espírito Santo e deveríamos cuidar dele como quem cuida da casa de
Deus. Isso incluía uma boa alimentação, exercícios físicos, consultas regulares
aos médicos, tomar os remédios (somente) prescritos e etc., bem como usá-lo de
modo adequado e honroso. E a estética? Bom, deixar o corpo mais bonito de
verdade será mantê-lo o mais próximo do projeto original (não do seu projeto
original, no dia do seu nascimento, mas daquele que foi lá no Éden criado; boa
‘sorte’ em tentar ser igual a Adão e Eva). Faça já o que é possível e pare de
ficar dando voltas para justificar modismos.
E
agora?!
Lamento
que eu tenha demorado e você acabou de fazer uma alteração no seu corpo… é
‘ruim’ dizer isso, mas você pecou! Talvez você nunca tenha se preocupou com
isso, talvez, nesse assunto, tudo sempre esteve em paz com você – e agora eu
venho te perturbar. Talvez algum líder te ensinou que estava tudo bem. A culpa
também é dele, mas você fez o que você quis! Admita seu erro, se arrependa.
Mas
não é o fim do mundo. Ter uma tatuagem ou qualquer (qualquer mesmo) modificação
corporal não vai te afastar ou impedir de se aproximar de Deus. Talvez o amor a
elas te afaste; talvez a dureza em reconhecer o erro; talvez a falta de
arrependimento. Mas certamente não a alteração em si! O sangue de Cristo
promove a paz com Deus, cobrindo a feiura do nosso pecado, lavando a imundície
da nossa injustiça. Marcas na pele ou qualquer outro pecado, não serão capazes
de retirar você das poderosas mãos do Pai – se, claro você estiver lá.
Mas
isso não libera quem fez ou quer fazer algum procedimento desses. A proposta de
Cristo aos seus é sempre de ir e não pecar mais. A Graça não é barata, o Senhor
os tirou das trevas para que andassem em clara luz, remindo o tempo, no
procedimento conveniente aos santos. As coisas velhas ficaram para traz, mas se
de fato morreram com Cristo para o mundo, como oferecerão seus membros para o
pecado? Se morremos com Cristo, com ele também ressuscitamos e com ele reinamos
sobre as obras da carne, do mundo e do diabo.
Veja
prudentemente como anda, os dias são maus, e o inimigo como um leão ruge em
volta, se possível ele enganaria até os eleitos, pois muitas vezes ele vem como
anjo de luz, e aparência de cordeiro, mas a sua voz é sempre de dragão, a
antiga serpente, que Cristo, nosso Senhor já, lá na Cruz, esmagando a cabeça,
expondo a humilhação pública, rasgando as dívidas que pesava contra nós. Assim habite
em você o que é concernente aos filhos de Deus, e não em profanações,
pensamentos vazios e coisas corruptíveis. Que a sua beleza seja o procedimento
santo, e não aquilo que se coloca sobre o corpo.
Minha
sugestão prática é que se você fez uma tatuagem ou alteração no corpo e tem
como desfazê-la, faça isso. Se não, deixe para lá, que sua vida de devoção fale
mais alto que sua aparência. A Graça do Evangelho nos inclui no corpo de
Cristo, e dele ninguém nos tira.
Fique
tranquilo, atualmente só há 2 ofícios na Igreja e a participação deles é
limitada apenas naquilo que está prescrito na Santa Palavra, não ter tatuagens
e outras modificações corporais não estão nesta lista[10]!
Enfrentando
algumas objeções:
Misturou
tudo: é bem verdade que tatuagens e piercings são muito mais comuns e até já
aceitos socialmente, e que as outras alterações são mais perigosas e estranhas,
mas se os argumentos valem para todas, então, tratá-las conjuntamente é antes
de tudo economia de tempo.
Mas
já é bem mais aceitável socialmente: divórcio/adultério, homossexualidade,
aborto também, mas nenhum deste é menos pecado hoje do que quando lá em
levítico foram condenados por Deus.
Isso
é uma questão de gosto: Eu gosto de tatuagens, acho lindas, tanto em homens
quanto em mulheres (guardadas as devidas proporções). Como disse, não me tatuei
por pouco e na época, eu não era um doidão – neto de crente, filho de crente,
frequente e ativo na igreja, certo da minha conversão. Não é gosto, é
obediência.
Você
pensa assim por imposição cultural: de fato o cristianismo é uma ‘cultura’, e
milenar, mas também ela é mais que isso, cristianismo é a cosmovisão bíblica!
Se você é cristão deveria viver segundo a concepção da Palavra de Deus, não a
partir de ditames sociais quaisquer.
Um
monte de coisa que faz mais mal que uma tatuagem e você não acha que é pecado
I: Isso é bem verdade. Mas lembre-se que não é o que entre no homem que
contamina, mas o que sai, sai e controla as práticas, gostos, decisões. O
exterior reflete o interior.
Um
monte de coisa que faz mais mal que uma tatuagem e você não acha que é pecado
II: Eu sou incapaz de saber efetivamente o que é ou não pecado. Eu preciso que
a Bíblia me diga. Sei que comer e beber muito é pecado, sei que adultério,
mentira e um monte de outras coisas são pecados porque Deus diz que é. Pecado
não tem essencialmente a ver com o que faz ou não mal, mas com aquilo que Deus
falou.
Você
não pode dizer isso porque vai afastar as pessoas da Igreja I: se alguém deixar
de frequentar a igreja por ler ou ouvir minhas considerações bíblicas, esse
nunca foi da Igreja mesmo, tanto é bom para nós (Igreja) que ele vá embora,
quanto, em termos (pelo menos nessa vida), para este será melhor se apartar da
igreja. Sugiro a leitura do artigo: http://acruzonline.blogspot.com.br/…
Você
não pode dizer isso porque vai afastar as pessoas da Igreja II: O Evangelho é
uma contradição com o jeito caótico do mundo sem Deus. Eu seria culpado do
sangue deles se ao invés de dizer o que creio ser certo, falasse aquilo que os
homens querem ouvir.
Você
não pode dizer isso porque vai afastar as pessoas da Igreja III: O homem
natural não quer e não pode querer as coisas de Deus. Seus pensamentos são
continuadamente maus e seu coração ama os prazeres e não ao Senhor.
Mas
isso tem servido aos propósitos de Deus: Judas também, nem por isso ele era
inocente.
Muitas
pessoas já se converteram por conta disso I: triste, era bom que eles tivessem
se convertido por causa da Palavra da Verdade.
Muitas
pessoas já se converteram por conta disso II: triste, o seu procedimento não
tem sido tão claro ao ponto de que sem esses apoios exteriores não há como
saber quem você é.
Tanta
gente indo para o inferno é você tratando de tatuagens I: muita gente também ia
para o inferno quanto Jesus resolveu falar sobre juramentos (Mateus 5;33 a 37),
ou quando Paulo falou sobre o respeito aos governantes.
Tanta
gente indo para o inferno é você tratando de tatuagens II: O mandamento de
Jesus, a grande Comissão (Mateus 28;18 a 20), é para que se ensine tudo (e não só
uma parte) que ele ensinou aos discípulos.
O
pastor, bispo, apóstolo, missionário, mestre, doutor, conferencista
internacional, campeão de boxe universitário, ungidão, que já converteu milhões
para Jesus, disse que não tem problema: a única coisa que deve constranger a
consciência do cristão é o que está no Texto Sagrado.
—————————-
[1] Essas ordens estão reveladas e preservadas
nos 66 livros da Bíblia, VT e NT.
[2] Um distúrbio ou transtorno psicológico
caracterizado por uma insatisfação profunda, obsessiva e desproporcional com a
aparência física. Em alguns casos a pessoa que sofre desse problema tenta
amputar seus membros mesmo saudáveis e funcionais.
[3] Talvez, por exemplo, encaixe aqui os brincos
colocados em meninas quando bebês. Em termos uma perfuração – virtualmente sem
riscos – nas orelhinhas da recém-nascida por pura estética. No meu modo de
pensar, quase desimportante para a esboço, mas que pode ser (e é! Faria questão
se tivesse uma filha) justificada diante do exposto até aqui pelo apregoar da
identidade de gênero já nas mais tenras idades, meninas são meninas – ponham
brincos e comprem roupinhas rosas para suas filhas!
[4] Neste sentido é possível uma ligação também
com o ritual fúnebre mas não de modo exclusivo que cesse as implicações para o
todo do presente esboço.
[5] Talvez isso explique a associação moderna das
tatuagens com a rebeldia: escravos fugidos, desertores, condenados que
marginalizados logo viravam criminosos. possuíam essas marcas.
[6] O termo grego nesta passagem traduzido por
marca é stigma, possivelmente da mesma raiz do termo presente na LXX em Lv
19;28, que interessantemente também foi traduzido na Vulgata por stigmata. É
possível que o apóstolo Paulo aludisse as marcas físicas – sociais ou morais –
deixadas pelas agressões sofridas por amor ao Nome, numa vinculação deste
costume de marcar o escravo ou animal. Como quem exibe as cicatrizes de guerra
ou as insígnias do exército em que serviu.
[7] Algumas versões trazem essa tradução “… com a
própria mão”, o que desfaria a ligação, mas por ser uma construção usada na ARA
(a versão/tradução de uso), serve – e me obriga a – de apontamento aqui.
[8] No grego χαραγμα charagma (característica).
Aparece em antigos textos gregos para nominar as inscrições feitas com ferro em
brasa em condenados ou escravos.
[9] Obviamente a existência destas passagens, ora
positivas, Isaías e Paulo, ora negativas, a marca da besta de Apocalipse, não
permitem e nem proíbem uso de tais alterações, servem aqui apenas para
demonstram a amplitude do significado desse termo e seu uso nas Escrituras.
[10] Leia 1Tm 3:1 a 13 e Tt 1:6-9.
Originalmente posta em:
http://acruzonline.blogspot.com.br/2016/04/o-cristao-e-as-tatuagens.html
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