“Como eu posso saber se sou cristão se não
lembro quando eu respondi pela primeira vez ao Evangelho?”
Minha pergunta favorita das que faço a cristãos é
como eles vieram a crer em Cristo. As respostas que ouço testificam as diversas
experiências que Deus usa para trazer pessoas a um relacionamento com ele.
Normalmente, elas dizem que creram quando criança em um acampamento ou na
Escola Bíblica ou enquanto oravam com os pais. De vez em quando, a resposta
continua com algo assim: “mas minha fé realmente se tornou minha quando eu era
um adolescente no colégio”.
Como entendemos essa variedade de experiências e o aparente processo em duas etapas que muitos parecem atravessar para chegar à fé salvífica?
Como entendemos essa variedade de experiências e o aparente processo em duas etapas que muitos parecem atravessar para chegar à fé salvífica?
O termo salvo é usado popularmente para se
referir à regeneração e à justificação. Mas quando a Bíblia usa a palavra salvação
em um sentido espiritual, ela descreve de maneira ampla a atividade de Deus em
resgatar pessoas do pecado e restaurá-las a uma relação correta diante dele.
Salvação na Bíblia, portanto, tem sentidos passado, presente e futuro. Um
crente foi salvo da culpa do pecado (na justificação, por exemplo), está
sendo salvo do poder do pecado (santificação), e será salvo do
julgamento e da presença do pecado (glorificação).
Enquanto a experiência subjetiva de ser salvo pode
parecer muito diferente de pessoa para pessoa, o estado objetivo de estar salvo
é definitivo e absoluto. Da perspectiva de Deus, há um ponto definitivo no
tempo em que aqueles que creram em Cristo passam da morte para a vida.
Quer alguém se lembre desse momento de renascimento
espiritual ou não, é um milagre que dá início a um bom número de novas
realidades. Através da obra do Espírito Santo na regeneração, a pessoa
espiritualmente morta é feita viva em Cristo. Os trajes imundos da
autojustificação são trocados pela perfeita justiça de Cristo. Ele ou ela pode
parar de tentar ser justificado, descansando, ao invés disso, na obra consumada
de Cristo. Como Paulo escreve: “agora já não há mais condenação para aqueles
que estão em Cristo Jesus”. O crente passou da morte para a vida, o que
significa que ele agora pode ter confiança no dia do juízo.
Muito do protestantismo americano foi influenciado
pelo reavivalismo, que coloca grande ênfase em “fazer uma decisão por Cristo”
de uma maneira pública e definitiva. Esses “momentos de decisão” frequentemente
tornam-se a evidência crucial de que alguém é salvo. Outras tradições
protestantes, menos influenciadas pelo reavivalismo (incluindo algumas igrejas
reformadas e luteranas), se satisfazem em deixar a experiência de conversão não
muito visível, concentrando-se na identificação do crente com a igreja. Ambas
as tradições têm benefícios, assim como problemas em potencial.
A perspectiva da Decisão corretamente enfatiza a
necessidade de um comprometimento pessoal com Jesus Cristo e a ideia de que a
regeneração tem lugar em um momento específico. A fraqueza potencial é que essa
visão pode levar a um entendimento simplista e antropocêntrico do que é ser
salvo, em que se depende exageradamente do ato específico de crer em Cristo
como evidência principal da conversão. Como resultado, alguém pode duvidar que
sua “decisão” foi real, levando a inúmeras idas à frente na hora do apelo (por
via das dúvidas). Além disso, alguém pode depender somente de sua “ida à
frente”, mesmo na ausência de fruto espiritual.
Por outro lado, as tradições reformadas valorizam a soberania de Deus e o papel da igreja no processo de salvação. Mas podem deixar a conversão tão vaga que a necessidade de fé pessoal em Cristo e de uma vida transformada é negligenciada.
Devemos estar atentos para as experiências variadas que Deus usa para chamar pessoas. Como C. H. Spurgeon disse: “O Espírito chama homens a Jesus de diversas maneiras. Alguns são trazidos tão gentilmente que eles dificilmente sabem quando aquilo começou, e outros são tão abruptamente tocados que sua conversão é percebida com esfuziante clareza”.
Por outro lado, as tradições reformadas valorizam a soberania de Deus e o papel da igreja no processo de salvação. Mas podem deixar a conversão tão vaga que a necessidade de fé pessoal em Cristo e de uma vida transformada é negligenciada.
Devemos estar atentos para as experiências variadas que Deus usa para chamar pessoas. Como C. H. Spurgeon disse: “O Espírito chama homens a Jesus de diversas maneiras. Alguns são trazidos tão gentilmente que eles dificilmente sabem quando aquilo começou, e outros são tão abruptamente tocados que sua conversão é percebida com esfuziante clareza”.
Para aqueles que questionam sua salvação, a melhor
evidência não é a memória de ter levantado a mão ou feito uma oração. Nem é ter
sido batizado. O verdadeiro teste da autêntica obra de Deus na vida de alguém é
o crescimento no caráter de Cristo, o crescente amor por Deus e pelos outros, e
o fruto do Espírito. Uma experiência de conversão memorável pode servir como
uma importante referência à obra salvífica de Deus na vida de alguém. Mas a
obra contínua do Espírito Santo em tornar a pessoa mais parecida com Jesus é o
indicador mais claro de que alguém foi feito uma nova criação em Cristo.
Sobre o autor: Erik Thoennes é professor de teologia na
Talbot School of Theology, Biola University.
Tradução: Josaías Jr.
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