por Mark
Jones
De todos os atributos infinitamente gloriosos de
Deus, talvez sua felicidade seja o que mais deveria nos provocar inveja. Em
Deus está a perfeita união de todas as coisas boas. Ele tem plenitude, deleite
e alegria eternamente infinitos em si – de um jeito que jamais seremos
capazes de apreciar completamente o que sua alegria é para ele.
Se Deus fosse infinitamente bom, mas incapaz de
efetuar o bem porque lhe falta poder, isso o tornaria infeliz. Se Deus fosse
misericordioso e santo, mas lhe faltasse sabedoria para salvar pecadores de uma
forma que fizesse justiça a sua misericórdia e santidade, ele também seria
infeliz. Se Deus não fosse triúno, seu amor por si mesmo o faria também
infeliz. De fato, se Deus fosse eterno, mas carecesse de conhecimento infinito,
ele seria mais infeliz que aqueles que estão no inferno.
Como o ser perfeito, em quem todos os
atributos gloriosamente harmonizam-se um com ou outro, Deus desfruta de uma
vida que é muito feliz pois ele tem completa realização em seu ser. Onde há
infinitas sabedoria, santidade, bondade, poder, conhecimento e mais, também há
felicidade infinita.
Todas as
Coisas Boas estão em Deus
Se há alguma felicidade verdadeira fora de Deus
neste universo, esta é uma felicidade que se deriva de Deus. De fato, segundo
John Owen, “a própria natureza humana de Cristo nos céus não está [fora de
Deus]; ela vive em Deus, e Deus nela, em total dependência de Deus, e recebendo
abençoadas e gloriosas comunicações dele” (Works of John Owen, 1:325).
Além disso, a felicidade – ou “bem-aventuraça” – de
Deus nunca deve ser considerada fora da triunidade de Deus. Sua bem-aventurança
não consiste apenas na perfeita união de todas as coisas boas nele, mas também
no inefável amor mútuo das três pessoas. O laço do Espírito entre o Pai e o
Filho traz infinita alegria ao nosso Deus triúno.
Os teólogos não têm falado da bem-aventurança de
Deus apenas como sua abundância de todas as coisas boas, mas também de ele
sendo livre de todas as misérias (1 Jo 1.5). Mas, outros não pararam aqui. Tem
sido tenazmente defendido por alguns que devemos afirmar que Deus conhece
perfeitamente sua bem-aventurança. Ele não deseja nada mais do que tem porque é
impossível para ele ser mais ou menos abençoado do que ele é.
A bem-aventurança de Deus é a fonte da qual bebemos
para ter a mais verdadeira felicidade. Porque a sua bem-aventurança é
abundância de todas as coisas boas, quando ele criou o mundo, ele criou todas
as coisas boas e, portanto, todas as coisas abençoadas. Adão era feliz porque
ele era bom; Adão era bom porque ele era feliz. Adão era feliz porque Deus o
capacitou a saber em que excelente estado ele foi criado. E Adão era feliz
porque ele conhecia o amor de Deus (1 Jo 4.8).
O pecado trouxe miséria. Mas Deus enviou seu Filho
para lidar com o pecado e a miséria e fazer-nos como ele – abençoado, feliz,
contente, satisfeito, alegre.
A Felicidade
de Cristo
Jesus foi feliz todos os dias de sua vida? O “homem
de dores” era um homem de alegria ao mesmo tempo?
Não temos qualquer razão para suspeitar que Cristo
não foi sempre feliz durante sua vida na terra – mesmo que, se alguém tivesse
uma desculpa para estar infeliz, esse alguém era Cristo.
Cristo tinha que ser feliz por diversas razões.
1. Ele estava cheio do Espírito Santo, sem medida (Jo 3.34). O fruto do
Espírito inclui alegria (Gl 5.22).
2. Ele era bom, livre do pecado; o Justo não tinha razão para não amar sua
santidade pessoal, que ele recebeu em abundância de seu Pai. O pecado nos torna
infelizes, mas Cristo não tinha pecado (Hb 4.15).
3. Ele confiou em seu Pai e submeteu-se à vontade de seu Pai. O Pai
desejava alegre obediência de Cristo, não apenas obediência. Portanto, Jesus
foi ao lugar mais aterrorizante do mundo (a cruz) com a alegria que lhe era
proposta (Hb 12.2).
4. Ele sabia que tudo o que estava fazendo em sua vida – isto é, toda a sua
obediência, mesmo em suas circunstâncias mais difíceis (como sua tentação) –
levaria à sua glória e à salvação de seu povo. Como isso não poderia deixá-lo
feliz mesmo quando ele chorava?
5. Ele afirmou estar alegre por causa dos propósitos de Deus. Em Lucas
10.21, Jesus “se alegrou no Espírito Santo” porque o Pai tinha revelado às
“criancinhas” a salvação que vem por meio de sua vitória sobre o diabo (Lc
10.18-20; Hb 2.14).
6. Ele amava seus amigos, como João, o que teria lhe dado alegria.
7. Ele tinha um conhecimento peculiar dos atributos de Deus; ele entendia
Deus como a fonte de bênção, o que significa que ele nunca precisou se
preocupar se algo lhe faltaria individualmente ou a seu povo corporativamente.
Se houvesse um lugar onde poderíamos escusar Cristo
por não ter alegria, seria o Gólgota. Mas, como Spurgeon escreve:
Um grande sofrimento estava sobre Cristo quando
nossa carga foi posta sobre ele; mas uma alegria maior brilhou em sua mente
quando ele pensou que estaríamos assim recuperados de nosso estado perdido…
Mesmo [“Meu Deus, meu Deus, por que me desamparastes?”] quando as
profundezas de seu ai soaram, encontramos pérolas de alegria em suas cavernas.
Por causa de sua obra em nossa favor, Cristo sabia
que alegria seria nossa recompensa. Deus ofereceria, por meio Cristo e seu
Espírito, comunicações continuamente novas da plenitude de seu ser
bem-aventurado. Nós beberemos dos “rios de prazer” e nos refrescaremos “nas
eternas fontes de vida, luz e alegria para sempre” (Owen, 1:553).
Mas aqui está a glória da nossa redenção: Essa
alegria começa nesta vida, não apenas na vida porvir. “Ao qual, não o havendo
visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo
inefável e glorioso” (1 Pe 1.8)
Tão Felizes
quanto Aquele a Quem Servimos
Como Deus é a fonte de toda bem-aventurança, não
podemos ser verdadeiramente felizes nesta vida até que ele se torne nosso Deus.
Nós seremos tão felizes, ou infelizes, quanto aquele ou aquilo a quem servimos,
pois nada pode nos oferecer mais alegria do que o que tem em si.
Deus é infinito em felicidade e, assim, provê alegria
e satisfação primeiro e preeminentemente para seu Filho – e, então, por virtude
de nossa união com Cristo e por meio da habitação do Espírito Santo, ele provê
essa mesma alegria a nós (Jo 16.24).
George Swinnock sabiamente afirma:
Aqueles que servem à carne como seu deus são
infelizes (Rm 16.18; Fp 3.18) porque seu deus é vil, fraco, enganador e
transitório (Sl 49.20; 73.25–26; Is 31.3; Jr 17.9). Similarmente, aqueles que
prezam o mundo como seu deus são infelizes porque seu deus é vão, problemático,
incerto e passageiro (Ec 1.2-3; 5.10; 1 Co 7.29-31; 1 Tm 6.9-10). Mas aqueles
que têm interesse nesse grande Deus são felizes: “bem-aventurado é o povo cujo
Deus é o Senhor” (Sl 144.15).
Swinnock acrescenta que a alegria é “o maior e mais
sublime dom que o Deus infinito pode nos dar. Ele pode nos dar coisas maiores
que riquezas, honras, amigos e relacionamentos… . . . Ele pode nos dar coisas
maiores que o perdão de pecados e paz de consciência. Mas ele não pode nos dar
algo maior que si”.
Cristo recebeu sua alegria de Deus por meio do
Espírito; então, nós recebemos nossa alegria de Deus por meio de Cristo pelo
poder do Espírito. Essa é a única alegria digna de se ter porque ela vem de uma
fonte inexaurível de bem-aventurança que fluirá em nossas almas por toda a
eternidade de forma que nossa alegria no céu apenas crescerá enquanto bebemos
de nosso Bendito Deus e Salvador.
Quando você estiver carregando várias cruzes nesta
vida, lembre-se de Jesus. Lembre-se de sua alegria e tome
posse dela – pois nele, e pelo Espírito, a alegria dele é sua.
Traduzido por Josaías Jr | Reforma21.org | Original aqui
Fonte: Reforma21
Imagem: google
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