A soteriologia TJ – arminiana, calvinista ou pelagiana? - O Peregrino

O Peregrino

Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade? Gálatas 4:16

test banner

Breaking

Post Top Ad

Minha Rádio

domingo, 26 de abril de 2015

A soteriologia TJ – arminiana, calvinista ou pelagiana?

Essa é a primeira postagem de uma série que pretendo expor, permitindo Deus. Se a soteriologia das seitas podem ser identificada com algum sistema conhecido entre o cristianismo protestante, ou com as heresias históricas a respeito do tema. As principais seitas ‘cristãs’ – Adventistas do Sétimo Dia, Espiritas, Mórmons, Testemunhas de Jeová, e as seitas Neopentecostais, possuem um sistema de doutrinas ligado ao livre-arbítrio. Não raro, a doutrina da depravação total nessas seitas é diluída, quer em sua forma mais branda com a chamada graça preveniente*, quer por negar que os efeitos da Queda sobre a alma humana, não chegam até esse ponto de uma morte espiritual plena. A causa é simples – as seitas flertam com algum tipo de racionalismo, ou apelo humanista, para introduzirem seus conceitos.

Percebe-se isso quando Adventistas, Espíritas e Testemunhas de Jeová apelam a um tipo de justiça racional, destituída da Divindade Soberana, ao questionarem o  tormento eterno. Com os sentimentos humanos estimulados, a pessoa recebe rapidamente seus questionamentos contra a doutrina do tormento eterno como legítimos, rejeitam tal ensino, apesar de estar claramente patenteado na Escritura.

Nesta primeira postagem tratarei especificamente da religião conhecida como Testemunhas de Jeová (TJ) no campo da soteriologia, e tentar entender em que classificação tal segmento religioso é corretamente classificado, ou pelo menos aproximado, até mesmo, definir o modo próprio da seita ver a salvação.

1. A Queda e seus resultados segundo a Teologia TJ: a perspectiva teológica da liderança TJ a respeito da Queda não é de imputação, mas apenas de hereditariedade. Não houve uma representação federal em Adão por toda raça humana, no sentido dessa raça pecar nele e com ele:

“Alguns têm explicado que isto significa que toda futura descendência de Adão compartilhou no ato inicial de pecado porque ele, como chefe da família, os representou e com isso, realmente, os tornou co-participantes no seu pecado. No entanto, o apóstolo diz que a morte “se espalhou” a todos os homens, o que dá a entender um efeito progressivo, em vez de simultâneo, nos descendentes de Adão [...] Responsabilizar todos os descendentes de Adão como participantes no pecado pessoal de Adão exigiria alguma expressão de vontade da parte deles quanto a terem-no como seu chefe de família [...] Portanto, a evidência indica que o pecado de Adão foi repassado para as sucessivas gerações em resultado da reconhecida lei da hereditariedade.” (Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 3, p. 199).

Desta forma os teólogos da Torre de Vigia defendem em um sentido primário o pecado como uma doença que conduz à morte. A pessoa que nasce acaba pecando, e assim, e somente assim, ela se torna culpada de morte – mas não de morte eterna, mais adiante veremos a respeito disso.

O homem continua sendo capaz de vencer o pecado, não por uma obra regeneradora interna (Rm 8.1-8), mas no devido uso das faculdades racionais por fazer a vontade de Deus. Em uma explicação a respeito do caso de Jacó e Esaú, os teólogos da seita, em seu compromisso com uma limitação de Deus, faz uma afirmação que nos interessa agora:

“Jeová tinha a capacidade de ler o padrão genético dos gêmeos por nascer. Ele pode ter considerado isso ao prever as qualidades que cada um dos meninos desenvolveria e predizer o resultado.” (Raciocínios, p. 118 [grifo meu]).

2. Salvação segundo a Torre: Outro fator estranho na teologia da liderança TJ é como que se dá o processo de salvação. Antes, porém, devemos mostrar que o conceito de salvação é dividido em dois grupos – os 144 mil e as “outras ovelhas” que habitarão para sempre na Terra paradisíaca:

“... Deus achou bom reconciliar Consigo mesmo, por meio de Cristo, todas as outras coisas, fazendo a paz por intermédio do sangue que Jesus derramou na estaca de tortura. Paulo também explica que essa reconciliação envolve dois grupos de pessoas: “as coisas no céu” e “as coisas na terra” (Colossenses 1:19,20; Efésios 1:10). O primeiro grupo é composto de 144 000 cristãos que recebem a esperança de servir como sacerdotes celestiais e reinar sobre a terra com Cristo Jesus  [...] Por intermédio deles os benefícios do resgate serão aplicados gradativamente à humanidade obediente por um período de mil anos.” (Achega-se a Jeová, p. 146).

O novo nascimento para a teologia da Liderança TJ não é o mesmo que para a fé cristã protestante – quer seja arminiana ou calvinista. Enquanto o novo nascimento, bíblico, está atrelado em um regenerar do estado de pecado, dando vida espiritual com Deus, filiação de Deus e justificação diante de Deus e paz com Deus (Romanos 5; veja Salvos Pela Graça, p. 26; Teologia Concisa, p. 147), o novo nascimento jeovista está mais ligado com a perspectiva escatológica do que com o estado diante de Deus, embora não o dispense. Explico:

A)    Para o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová o ser humano não tem alma, nem espírito, nem parte imortal alguma que sobrevive à morte do corpo. Segundo propagam, esse ensino é Babilônico, grego, etc., não bíblico (Brochura “Que Acontece Conosco Quando Morremos”, pp. 5-16).
B)    Já que o ser humano não possui parte imaterial alguma, como ele poderia morar no céu de Deus? Daí entra em cena o Novo Nascimento, ou seja, é produzido um direito de existência fora do corpo após a morte, onde apenas os 144 mil (Ap 14.1,2), recebem. Quando os mesmos morrem, ressuscitam “num piscar de olhos” em espírito, e vão para o céu. Isso ocorre, segundo a heresia, desde 1918 [não obtive conhecimento se essa data foi mudada, visto que a seita TJ constantemente muda doutrinas relacionadas a datas e profecias, que não seja 1914, claro.]
C)     Portanto, a questão é que o novo nascimento tem uma ligação mais ao Reino de Mil anos que apenas os 144 mil participarão com Cristo, sendo mediadores das outras ovelhas (um estudo mais extenso disso está em A Sentinela 15/071995, pp. 9-25). Nessa perspectiva, até mesmo Jesus teve que nascer de novo para os Teólogos da Torre:

“Nascer de novo envolve ser batizado em água (‘nascer da água’) e ser gerado pelo espírito de Deus (‘nascer do espírito’), tornando-se assim filho de Deus, com a perspectiva de ter parte do Reino de Deus (João 3:3-5) Jesus teve essa experiência, assim como a têm os 144 000 que são herdeiros com ele no Reino celestial.” (Raciocínios, p. 257[grifo meu]).

2. Salvação como uma filosofia de pensamento denominacional, não como um milagre soberano regenerativo na alma de quem crê. Para a Liderança TJ a salvação está relacionada com a afiliação às crenças da organização Torre de Vigia, ou como dizem “A Organização de Jeová”.

“Em razão de as Testemunhas de Jeová basearem na Bíblia todas as suas crenças, normas de conduta e procedimentos organizacionais, sua fé na própria Bíblia como sendo a Palavra de Deus lhes dá a convicção de que possuem a verdade.” (Raciocínios, p. 388).
“Quem, então, são os que formam o corpo de verdadeiros adoradores hoje? Não hesitamos em dizer que são as Testemunhas de Jeová.” (Viver Para Sempre, p. 190).
“... existe uma organização que é notavelmente diferente de todas as demais. A Palavra de Deus, junto com muitas provas registradas, identificam claramente que essa organização não é outra senão as Testemunhas de Jeová.” (Organizados Para Fazer a Vontade de Jeová, p. 5).

Precisamos definir bem as facetas das crenças jeovistas e o que eles pensam a respeito da salvação. Pois a falta de sintonia entre o que eles pensam e o que a Bíblia ensina, é gritante. Podemos errar por falta de conexão.

A)     O pensamento teológico da seita afirma que a salvação se dará, em dois momentos. Quando chegar o fim de todas as coisas no Armagedom, os que servirem a Jeová fielmente na Organização serão livres e passarão para viver no novo mundo. E os que forem dos 144 000 irem para o céu logo em seguida ao Armagedom para começar o reino de mil anos com Cristo na Terra.
B)     Aqueles que morreram servindo a Deus na Organização ‘verdadeira’, que são das outras ovelhas (incluindo todos os servos de Deus do Velho Testamento) ressuscitarão e se ajuntarão com a Grande Multidão de Testemunhas de Jeová que passaram do Armagedom, e viverão na Terra. Esses são os justos que herdarão a terra.
C)     Os que morreram na ignorância receberão a chance de ressuscitarem na nova terra – os injustos, para aprenderem a verdade da organização de Jeová. Serão erguidos a um estado de perfeição para que sejam habilitados em passarem na prova final, após o milênio, junto com todos os demais das outras ovelhas.
D)    Os que foram infiéis a Deus no passado, saíram da Organização, não ressuscitarão nem passarão com vida no Armagedom. Estarão para sempre mortos. Os que forem infiéis no milênio, na prova final e após serão eliminados por Jeová para sempre, sem a necessidade de nova vindicação mundial.
E)     Em um sentido a salvação após a prova final para as outras ovelhas é eterna enquanto permanecerem submissos. Eles poderão cair (apesar da possibilidade ser mínima) mesmo na eternidade. Para os 144 mil, Deus concederá a eles imortalidade, pois eles demonstraram fidelidade e foram provados. Eles jamais cairão.

Ø  Essas afirmações podem ser vistas em várias publicações da seita. Mas de modo específico no livro Revelação – Seu Grandioso Clímax Está Próximo pp. 113-129; 286-313.

Essa é, em linhas gerais, a salvação segundo a Liderança TJ.

Como adquirir direito de disputar no futuro por essa salvação [incerta]? Através do conhecimento dos ensinos e das atividades da religião Torre de Vigia. Eles classificam isso como o “conhecimento que conduz à vida eterna”. O perdão é oferecido a todos que clamam por perdão a Jeová. A base com que Deus perdoa é a morte de Jesus Cristo de Nazaré, que já não existe mais. Mas a permanência nessa salvação depende do esforço de cada um - por toda eternidade. Além disso, o que Jesus fez em um sentido jurídico, não é em um sentido pessoal. Para os TJs Jesus abriu caminho para termos as oportunidades de salvação. Ele garantiu vagas ilimitadas para a Terra, limitadas para o céu, mas não garantiu a salvação pessoal de quem quer que seja.

Existe alguma semelhança entre a soteriologia arminiana ou calvinista com a salvação da Torre de Vigia? Minha resposta é não. Ainda que possa ter suas semelhanças, mas não pode ter uma identificação direta nem indireta. Na verdade, a influência sociana e pelagiana é bem mais percebida do que das escolas ortodoxas do protestantismo.

*A Graça Preveniente é uma doutrina Arminiana, que segundo seus promotores, tem como objetivo capacitar o morto espiritual a ver e a ouvir, embora, não o regenere – ele continua morto, nem o salve, é irresistível para o objetivo proposto- iluminar e capacitar, mas o que ela apresenta pode ser resistido. A doutrina da graça preveniente nada mais é do que um arranjo solúvel entre manter o livre-arbítrio e a depravação total. É dito da graça preveniente:

A graça preveniente é um ato soberano de Deus pelo qual ele suspende a raça humana de sua depravação e nos concede a capacidade de respondermos à graça de Deus.” (grifo meu).


Fonte: MCA

Nenhum comentário:


Campanha:

Leia um livro!

Ad Bottom