Introdução
Infelizmente, muitas pessoas rejeitam a principal
doutrina cristã, a doutrina da Trindade. A doutrina
da Trindade exige reconhecer que Jesus é Deus, em gênero,
número e grau com o Pai e com o Espírito Santo. E por Deus entendemos ter
alguns atributos essenciais, próprios de seu ser, ou seja, para ser Deus.
Eternidade, Onipresença, Onipotência e Onisciência, entre outros, são atributos
primários e incomunicáveis.
A crença cristã, extraída da Bíblia, ensina que o
Filho, a segunda pessoa da divindade, tornou-se homem (Jo 1.14; Rm 9.5), assim
como nós, porém santo – não por concepção natural, mas sobrenatural. Não
obstante, não era um super-homem. Ele viveu sem pecado ou tendências
pecaminosas, mas punido pelo Pai, na vida e na morte, como fosse pecador. Nesse
estado, de humilhação, em seu ofício messiânico, ele passou por coisas que não
seriam próprias de Deus. Fome, sono, tristeza, medo, cansaço, mudanças,
decepções, descobertas, desenvolvimento. Tudo que passamos na nossa esfera
humana, debaixo da Providência, Jesus provou.
Como ele poderia ser Deus ao mesmo tempo que estava
voluntariamente sujeito a todas as situações comuns? A resposta bíblica é simples, e nos pressiona contra especulações vazias
em pontos onde Deus não nos revelou. Primeiro que a Bíblia chama isso de um
mistério grande, quando diz:
“Sem dúvida,
grande é esse mistério da fé:
Deus foi manifestado em carne, foi justificado no Espírito, contemplado
pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo e recebido acima na
glória.” (I Tm 3.16). Versão King James Atualizada
Portanto, estamos
diante de um assunto grandioso, para acharmos que não teríamos dificuldades de
conciliação em nossas mentes finitas. Eu disse conciliação em nossas mentes
finitas, não problemas com a revelação disso. Não existe nada de nebuloso na
informação que o Verbo/Deus, se fez carne. Isso é claro.
I. O PROBLEMA – A DATA
Além dos problemas já mencionados, um texto bíblico
chama a atenção. Mateus 24.36 Jesus nos diz:
“Entretanto,
a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão
exclusivamente o Pai.” (Versão
King James).
Alguns, diante desse texto, afirmam categoricamente
que Jesus não pode ser Deus, já que Deus sabe de todas as coisas (– quando essa
objeção vem de Testemunhas de Jeová é uma objeção dissimulada, pois para a
Teologia das Testemunhas de Jeová, Deus não sabe de todas as
coisas!). Para aumentar a argumentação, ainda acrescentam que o fato de
somente o Pai saber, mostra que não há como manter uma ligação ontológica entre
eles, pois ‘irresistivelmente’ um saberia o que o outro sabe. Por fim, o
Espírito Santo também não foi mencionado, saber o último dia.
II. RESPOSTA BÍBLICA
As objeções logram êxito quando o conhecimento da
doutrina da Trindade não encontra guarida, ou é limitado, no cristão que está
sendo questionado (alguns esclarecimentos a respeito da Trindade podem ser
visto AQUI). Como dito, o fato de se tornar homem, levou o Filho a ter limitações
- naturais, impostas e assumidas. Essas limitações não estão em sua
divindade, mas em como ELE agiu ou não em certa circunstância por causa de sua
missão. Tome por exemplo João 10.17, 18:
“[...] eu
dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha
espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai.”
NVI.
O Filho, como pessoa única, possuía duas naturezas,
e agia e falava em conformidade com essas naturezas distintas, mas não
necessariamente agia ativamente à partir das duas ao mesmo tempo. Essa
minha afirmação não quer dizer que Jesus era hora Deus e outra hora Homem, -
ele era, e é, ao mesmo tempo Deus e Homem. O que a Bíblia nos
mostra, é que ele agia levando em conta as propriedades de cada uma das
naturezas segundo a missão do Pai. A atitude consciente do Filho em cada
palavra e ação mostra que ele estava sendo obediente.
Diferente do que pensamos, não existiu uma
comunicação automática do conhecimento da divindade à humanidade, por dois
motivos: 1. Não era possível. 2. Não era necessário dentro, dentro certo
tempo ou não, saber algumas coisas. Ou seja, a Pessoa do Filho agia
livremente por meio dessas naturezas – ao mesmo tempo, ou não, o que a missão
e/ou ocasião exigia. Outro exemplo Bíblico pode nos ajudar aqui:
“Jesus
disse: - Quem tocou em mim? [...] Alguém tocou em mim, pois eu senti que de mim
saiu poder.” (Lc 8.45,46 [Novo Testamento Fácil de Ler]).
O texto acima é um exemplo claro de que O Verbo
Divino agia em conformidade com a sua natureza humana, e podia não comunicar a
ela informações até certo momento. O poder de cura que saiu dele, não era algo
ele não tinha controle. Estamos diante da realidade misteriosa da Encarnação.
Por outro lado, encontramos uma ‘onisciência’ comunicada em outra passagem da
Escritura:
“Jesus,
vendo a Natanael aproximar-se, disse a ele: Eis um verdadeiro israelita, em
quem não há dolo! Perguntou-lhe Natananel: Donde me conheces? Respondeu Jesus: Antes de Filipe chamar-te, eu te vi,
quando estavas debaixo da figueira.”(Jo 1.47,
48).
Outro fator a considerar, de extrema importância, é
em qual sentido bíblico ele é chamado de “Filho”. O que estaria incluído o
sentido atribuído a si mesmo quando ele mencionou as palavras de Mt 24.36? Pelo
menos, três sentidos básicos podem ser localizados na Escritura. 1º
Relacionamento da primeira pessoa da divindade com a segunda, como pai e filho.
Portanto, essa é a geração eterna, desde sempre e para sempre, a segunda
pessoa deriva da primeira a sua distinção por esse relacionamento. 2º
Nascimento humano, ou seja, natalício. Jesus não teve pai humano, mas seu Pai é
Deus, nesse sentido, ele é o Filho de Deus. 3º Como herdeiro de todas as
coisas, visto que a figura do filho na Bíblia é o que possui todas as coisas do
pai. Neste ultimo ponto, entra o seu papel messiânico
propriamente dito. Pois ao Messias/Cristo, Deus Pai disse em um dos principais
salmos messiânicos:
“Basta você
me pedir e lhe darei todas as nações da terra como herança e o mundo inteiro
como sua propriedade.”(Salmo 2.8
Bíblia Viva).
CONCLUSÃO
Diante
disso, podemos mesmo dizer que Mateus 24.36 [Marcos 13.32] prova que Jesus não
é Deus? Não, definitivamente, não prova isso. Prova que ele tem natureza humana, e que como tal, a Pessoa que detém a
natureza não agiu e falou com essa informação. Portanto, esse texto não prova
nada contra a divindade absoluta de Cristo. Por causa das duas naturezas afirmamos
que a Pessoa do Filho não sabia o dia de seu retorno, bem como também
afirmamos que a Pessoa do Filho sabia todas as coisas. Suas ações
por meio de qualquer uma das duas naturezas (ou ambas) podem ser atribuídas à
Pessoa, como é o uso da Escritura Sagrada.
Muitos cristãos, e outros religiosos de linha
herética, dizem que Jesus glorificado hoje sabe o dia. Essa é uma conjectura
curiosa e uma especulação vazia. Da mesma forma que enquanto ele estava na
Terra ele não sabia, nada na Palavra afirma que seria informado – nem que sim,
nem que não. Tal preocupação não deve ocupar a mente dos que possuem seus
intelectos sujeitos às Escrituras e não vão além do que ela nos revela. O que
tem revelado a nós é – O Filho disse que não sabia o dia e nem a hora, - e até
hoje ele não nos disse que isso mudou, ou não! Fiquemos com Mateus 24.36 - e
deixemos as curiosidades.
Fonte: MCA
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