Quando falamos de tomar uma decisão, em nosso
contexto nacional, cunhou-se como exteriorização disso o dizer “aceitar Jesus”
diante de um púlpito e receber uma oração para que o “nome seja inscrito no
céu”. Embora essa prática seja muito simplória, e hoje está diluída pelas
estranhas doutrinas do evangelicalismo brasileiro, ela em si não apresenta
heresia. Pela graça de Deus muitas pessoas de fato se tornaram cristãs assim,
tantas outras não. Teologicamente é uma expressão imprecisa, assim como existem
outras, mas não vejo isso como algo que deveria criar polêmicas - a não ser que
deixe o assunto parar aí, sem um discipulado e integração no corpo da Igreja
local.
Na ânsia de corrigir isso, os conservadores
tradicionais, especialmente os reformados, acabaram indo para outro extremo,
quase que não se envolvendo em evangelização significativa. Tanto que
percebemos isso no que está sendo produzido no Brasil a respeito de
Evangelização de cunho reformado. As Editoras conhecidas como reformadas, não
produzem nada de forma significativa na área de evangelismo pessoal ou
estratégias. Enquanto a preocupação máxima é produzir uma teologia
refinadíssima, em palestras, congressos, encontros, a missão da Igreja está
sendo deixada de lado. Pior ainda é quando ouvimos a respeito de
evangelização nesses encontros de quem não pratica... Em breve teremos o mesmo
destino das regiões do mundo onde a Fé Reformada [e outras tradicionais] se
tornou academicista, depois secularizada, não mais evangelística,
assistencialista, então liberal, deixou de ser Igreja, hoje é sinagoga de
Satanás.
O QUE É FORÇAR UMA DECISÃO?
O que deve ser destacado é o fato de que as
pessoas devem submeter suas vidas a Cristo. Na evangelização pessoal, na
pregação, na aula de EBD, nos estudos bíblicos, no discipulado, na visita
pastoral, isso deve ser enfatizado, sempre. Não é algo opcional, é uma
exigência divina que todo joelho se dobre e toda língua confesse que Jesus é Senhor
(Fl 2.9-11). A salvação está vinculada em crer e se submeter ao Senhorio de
Cristo (Rm 10.9). Na Bíblia Jesus é mais chamado de Senhor do que de Salvador.
Não existe na Bíblia uma praxe evangelística que
deixa as pessoas apenas ouvindo, sem um convite emocionado ao confronto, a uma
decisão. É um erro achar que você deve apenas pregar, sem levar as
pessoas a se converterem. Puxa, isso causa até desespero em alguns
reformados, pois dizem assim: “Ninguém se converte, é Deus que converte!” Esse
tipo de calvinismo, que rejeita o uso dessa expressão, é um tanto equivocado,
pois não molda um linguajar com a Bíblia, mas no geral está mais preocupado com
material de autores calvinistas cujo propósito é criticar arminianos – o que
temos também do outro lado, arminianos que estão mais preocupados com
calvinistas.
Deixo claro em primeiro lugar que na evangelização
não se pergunta o que Deus vai fazer ou o que decidiu desde a eternidade em
cada indivíduo (Ef 1.1-11), antes, devemos estar preocupados com o que devemos
fazer (I Co 9.16). Então, vamos repetir, devemos fazer de tudo para que
nossos ouvintes se convertam (I Co 9.19). Algumas passagens
bíblicas nos mostram essa advertência para a conversão, arrependimento ou
mudança:
“se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se
humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então
ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (II Cr
7.14)
“Agora, pois, ó reis, sede prudente deixai-vos
advertir, juízes da terra.” (Sl 2.10)
“Atentai para minha repreensão; eis que derramarei
copiosamente para vós outros meu espírito.” (Pv 1.23).
“Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de
vossos atos de diante de meus olhos; cessai de fazer o mal.” (Is 1.16)
“No momento em que eu falar acerca de uma nação ou
de um reino para o arrancar, derribar e destruir, se a tal nação se converter
da maldade contra qual eu falei, também eu me arrependerei do mal que pensava
em fazer-lhe. “ (Jr 18.7,8).
“Mas se avisares o perverso, e ele não se converter
da sua maldade e do seu caminho perverso, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu
salvaste a tua alma.” (Ez 3.19)
“[...] Convertei-vos e desviai-vos de todas as
vossas transgressões; e a iniquidade não vos servirá de tropeço.” (Ez 18.30)
“Não voltarão para a terra do Egito, mas o assírio
será seu rei, porque recusam converter-se.” (Os 11.5)
“Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e
assim, o SENHOR, o Deus dos Exércitos, estabelecerá convosco, como dizeis.” (Am
5.14)
“Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e
tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento?” (Rm 2.4)
Etc.
Um dos calvinistas mais equilibrados do nosso tempo
elucida a questão sabiamente:
“Evangelizar significa emitir uma convocação para a
conversão, bem como para confiar; é a entrega, não só de um convite divino para
se receber um Salvador, mas também de uma ordem divina para arrepender-se do
pecado. E não haverá evangelização alguma onde não for feito este tipo de
aplicação específica [...] o alvo de cada evangelista é converter [...].” (A Evangelização e a Soberania de Deus, p. 35,36).
O Catecismo Maior de Westminster não deixa
dúvidas dessa verdade quando diz a respeito de como a pregação deve ser
efetuada quando diz que o pregador deve procurar “converter, edificar e
salvar as almas.” (Pergunta 159).
CONCLUSÃO
Quando compreendemos que a Evangelização é ao mesmo
tempo um convite, apelo e ordem, estaremos engajados nos métodos, que de
alguma forma exponha essas realidades. Convidamos as pessoas a aceitarem o
convite de Jesus em ir a Ele e receberem perdão. Nesse convite está um forte
apelo emocionado, como que Deus e Cristo, em nós pelo Espírito, implorassem que
ouçam esse convite. Por último, junto ao convite e apelo, vem uma ordem
expressa, que a rejeição terá punições severas, pois foi o Soberano do Universo
que está sendo rejeitado – isso que acabei de escrever reflete a parábola da
grande ceia em Lucas 14.15-24. Interessante o que o versículo 22 sugere: “Sai
pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar [...]”.
Temos que insistentemente induzir as pessoas a tomarem uma decisão, a
aceitarem o convite do Evangelho e se renderem ao Senhor Jesus.
Fonte: MCA
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